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Motricidade Orofacial e Disfagia: análise de teses defendidas por fonoaudiólogos brasileiros

RESUMO

Objetivo:

o objetivo desta pesquisa foi investigar o perfil das teses defendidas por fonoaudiólogos brasileiros titulados doutores, que analisaram questões relacionadas a Motricidade Orofacial e Disfagia.

Métodos:

estudo documental retrospectivo do tipo exploratório, realizado a partir de dados coletados no site da Plataforma Lattes em 2017. Foram consideradas as variáveis: sexo, tempo entre término da graduação e defesa, localização geográfica das instituições, tipo de instituições, área do programa e subáreas.

Resultados:

considerando o total de 1125 teses, foram registradas 92 (8,1%) referentes à Motricidade Orofacial e 58 (5,1 %) à Disfagia; quanto ao sexo do fonoaudiólogo, foi predominantemente feminino (97,9% e 98,3% para Motricidade Orofacial e Disfagia, respectivamente); a média de tempo entre o término da graduação e a defesa do doutorado é próxima nas duas áreas (13,8 anos para a Motricidade Orofacial e 13,5 anos para a Disfagia); a maioria de título concedido foi em instituições na região Sudeste (70,0%); em instituições de ensino federais; quanto à área de conhecimento, a maioria concentra-se em Ciências da Saúde (96,8%); analisando dados referentes a alterações presentes em adultos, 54,3% em Motricidade orofacial e 82,7% em Disfagia.

Conclusão:

as teses defendidas por fonoaudiólogos sobre a temática da Motricidade Orofacial e Disfagia foram escritas por mulheres, em média um pouco mais de uma década após a graduação em Fonoaudiologia, defendidas em Programas situados na região Sudeste e oferecidos em instituições federais, na área das Ciências da Saúde. A maior parte focalizou análise de alterações presentes em adultos.

Descritores:
Fonoaudiologia; Indicadores de Produção Científica; Terapia Miofuncional; Transtornos de Deglutição

ABSTRACT

Purpose:

this study aimed to investigate the profile of the theses defended by Brazilian speech-language pathologists with a Doctoral Degree that analyzed issues related to Orofacial Motricity and Dysphagia.

Methods:

an exploratory retrospective documentary study, performed based on data collected on the Lattes Platform in 2017. The following variables were included: gender, time between graduation and defense, geographic location of institutions, type of institutions, program area and subareas.

Results:

among the 1,125 theses, 92 (8.1%) were related to Orofacial Motricity and 58 (5.1%) to Dysphagia; as for the gender of the speech-language pathologist, most were females (97.9% and 98.3% for Orofacial Motricity and Dysphagia, respectively); the average time between completing graduation and defending a doctorate was similar in both areas (13.8 years for Orofacial Motricity and 13.5 years for Dysphagia); most of the post-graduation degrees granted were in institutions in the Southeast region (70.0%) and in federal educational institutions. As for the area of knowledge, most were concentrated in Health Sciences (96.8%). Analyzing data referring to alterations present in adults, 54.3% in Orofacial Motricity and 82.7% in Dysphagia.

Conclusion:

the theses defended by speech-language pathologists addressing Orofacial Motricity and Dysphagia were written by women, on average a little over a decade after graduation in Speech-Language Pathology, and defended in programs offered by federal institutions, located in the Southeast region, in the area of Health Sciences. In addition, most of them focused on the analysis of alterations in adults.

Keywords:
Speech, Language and Hearing Sciences; Scientific Production Indicators; Myofunctional Therapy; Swallowing Disorders

Introdução

A pós-graduação no Brasil, instituída e regulamentada nos anos 60, contava com 38 cursos no país, sendo onze de doutorado e os demais de mestrado. Os cursos de doutorado instalados antes da regulamentação, concentravam-se nas áreas de Biologia, Física, Matemática e Química, ao mesmo tempo que os de mestrado se distribuíam de modo variado pelas áreas do conhecimento. Inclui-se neste contexto as Ciências Humanas, as Ciências Sociais e Aplicadas, Ciências Agrárias e as Engenharias. No decorrer das décadas seguintes, a pós-graduação no Brasil passou por expansão e fortalecimento, especialmente na década de 90, com ampliação quanto às áreas de conhecimento. No ano de 2000, o número de pós-graduandos no país aproximava-se dos 80 mil, com mais de 15 mil titulados doutores. Neste universo, cerca de 40% dos alunos - equivalente a um terço - encontravam-se nas áreas de Humanas e de Artes, indicando um índice de titulação pouco mais elevado nas chamadas ciências duras11. Velloso J. A Pós-graduação no Brasil: formação e trabalho de mestres e doutores no país. Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. 2003;2(20):209..

Acrescentam-se a essa expansão outros movimentos, a saber, maior número de programas interdisciplinares, criação de novas universidades e institutos federais que impactaram no aumento quantitativo de titulações e consequentemente de pesquisas22. Cirani CBS, Campanario MA, Silva HHM. A evolução do ensino da pós-graduação senso estrito no Brasil: análise exploratória e proposições para pesquisa. Rev. da Aval. da Educ. Sup. 2015;20(1):163-87..

Esse aumento na formação científica no país, com consequente incremento nos índices de publicação, baseado nos aspectos de difusão, colaboração e impacto internacional, reflete possibilidades de ampliar a projeção da ciência brasileira no meio científico internacional. Tal fato colocou o país em 13º lugar do ranking mundial de produção científica no início do século XXI33. Santin DM, Vanz AS de S, Stumpf IRC. Internacionalização da produção científica brasileira: políticas, estratégias e medidas de avaliação. Rev. Bras. de Pós-Grad. 2016;13(30):20-31.,44. Oliveira GX, Vestena D, Costa CRR, Traverso LD, Bichueti RS. Internacionalização das universidades: estudo sobre a produção científica. Rev. Gest. e Desenv. 2020;17(1):196-217..

No que diz respeito a análise da produção de teses na Fonoaudiologia, cabe destacar os trabalhos pioneiros, apresentados a seguir conforme sua temporalidade. Por meio de levantamento executado a partir da Plataforma Lattes e nos Programas de Pós-Graduação foram registradas 91 teses defendidas entre 1976 e o início de 1998. Nesse levantamento verificou-se que as produções foram feitas na sua maioria por mulheres (96,7%). A partir da década de 1990 foi notado um aumento significante (83,5%), sendo que a maior parte foi defendida em Programas relacionados a Distúrbios da Comunicação (42,9%), na Universidade Federal de São Paulo (33%), sobre temáticas relacionadas a Audição e Equilíbrio (40,6%), e Linguagem (27,5%)55. Ferreira LP, Russo I. O perfil das teses de doutorado defendidas por fonoaudiólogos brasileiros. Pro-Fono R. Atual. Científ. 1998;10(2):64-70..

Posteriormente, objetivando atualizar os dados, nova pesquisa foi desenvolvida abordando o início de 1998 até o final de 2003, ocasião na qual constatou-se o registro de 203 teses defendidas por fonoaudiólogos. Notou-se que a escolha de Programas relacionados a Distúrbios da Comunicação manteve-se muito próxima à pesquisa anterior (42,4%), assim como as temáticas (respectivamente 40,3% sobre Audição e Equilíbrio e 37%, Linguagem). Esse trabalho apresentou também uma análise comparativa entre a área de Fonoaudiologia e as áreas de Fisioterapia, Educação Física e Psicologia e diferenças entre a formação lato sensu e stricto sensu66. Russo ICP, Ferreira LP. Fonoaudiólogos doutores no Brasil: análise das teses segundo áreas de atuação e programas. Pro-Fono R. Atual. Científ. 2004;16(1):119-30..

Em 2010, novo levantamento compreendeu o período de 1976 a 2008, e, na ocasião, foram encontradas um total de 504 teses, ainda com notória prevalência de pesquisadoras mulheres (97,0%), um maior número em instituições estaduais (47,62%), em programas inseridos na área de Ciências da Vida (57,54%), em especial sobre a temática Linguagem (34,52%). Na ocasião foi realizada uma análise de regressão revelando o crescimento do número de teses segundo o ano, quando foi registrada prevalência na escolha do Programa, com ênfase nas áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Ciências da Vida em instituições públicas, com destaque para as estaduais, bem como as áreas de Linguagem e Motricidade e Funções Orofaciais77. Ferreira L, Russo I, Adami F. Fonoaudiólogos doutores no Brasil: perfil da formação no período de 1976 a 2008. Pro-Fono R. Atual. Científ. 2010;22(2):89-94..

Em 2015, nova coleta de dados foi publicada considerando o período de 2009 a 2013. Os dados revelaram 271 doutorados defendidos, que somados aos registros anteriores, totalizou a titulação de 775 doutores. O perfil mais uma vez se manteve semelhante, apontando maior número de defesas realizadas por mulheres (98,2%), em universidades públicas (79,7%), situadas na região Sudeste (69,4%), e de temática relacionada à Linguagem (35,1%). Ao analisar a inserção de fonoaudiólogos em programas de pós-graduação não relacionados apenas à área de saúde (35,8%), verificou-se a ampliação dos diversos campos de atuação desse profissional88. Paz-Oliveira A, Carmo MP, Ferreira LP. Brazilian Speech-Language Pathologists with PhDs in the period from 2009 to 2013: training profile. Rev. CEFAC. 2015;17(2):586-94. https://doi.org/10.1590/1982-0216201511814
https://doi.org/10.1590/1982-02162015118...
.

Em pesquisa recente, observou-se que, dentre os 1.125 profissionais, a maioria (81,7%) mais uma vez titulou-se em instituição de ensino superior pública, sendo 41,5% Estaduais e 40,2% Federais, localizadas na região Sudeste, defendendo temática em Programa pertencente à área de Ciências da Saúde, sobre Linguagem e Audiologia. Percebe-se, portanto, que o perfil encontrado se assemelha a levantamentos realizados anteriormente e evidencia-se o contínuo crescimento de fonoaudiólogos doutores, fato que garante a inserção do fonoaudiólogo em atividades de pesquisa e produção científica qualificada99. Ferreira LP, Ferraz PRR, Garcia ACO, Falcão ARG, Ragusa-Mouradian CA, Herrero E et al. Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: profile from 1976 to 2017. CoDAS. 2019;31(5):179-98..

Com esse resgate histórico, acredita-se que a progressiva ampliação do número de doutores tem influenciado na maior quantidade e qualidade de pesquisas brasileiras. Somam-se a isso, a possibilidade da consolidação da área e a internacionalização dos envolvidos.

Cabe destacar que Ferreira e colaboradores registraram, no período analisado, a variabilidade de crescimento de temáticas sobre Motricidade Orofacial (MO) de 73,3% e sobre Disfagia, de 59,7%99. Ferreira LP, Ferraz PRR, Garcia ACO, Falcão ARG, Ragusa-Mouradian CA, Herrero E et al. Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: profile from 1976 to 2017. CoDAS. 2019;31(5):179-98..

Refletir sobre o que está sendo pesquisado nessas áreas torna possível entender melhor os caminhos que a Fonoaudiologia tem percorrido visto ser uma ciência que completa 40 anos de oficialização neste ano e precisa de maior aprofundamento para efetiva consolidação.

Nesse sentido, analisar o produto da pós-graduação brasileira se faz pertinente, visto que é a área responsável por produzir ciência, tecnologia e inovação para o setor produtivo. Somam-se a isso os benefícios para a sociedade como um todo, uma vez que os achados dessas pesquisas poderão impactar diretamente no bem-estar social com consequente implantação de políticas públicas e, portanto, retorno para a coletividade.

A análise apresentada vai na direção de primeiro considerar que um indicador tradicional para entender a movimentação científica é o quantitativo de doutores de uma área; e segundo que, pelo exposto acima, outras análises semelhantes a esta foram feitas, mas nenhuma chegou a aprofundar dados referentes a Motricidade Orofacial e Disfagia. O fato dessas áreas não estarem presentes nos primórdios da Fonoaudiologia, mas terem crescido nos últimos anos, justifica também a apresentação desta pesquisa.

Assim sendo, o objetivo desta pesquisa foi investigar o perfil das teses defendidas por fonoaudiólogos brasileiros titulados doutores, que analisaram questões relacionadas a Motricidade Orofacial e Disfagia.

Métodos

Trata-se de estudo documental retrospectivo do tipo exploratório, que prescinde de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

A coleta de dados foi realizada considerando banco de dados utilizado na pesquisa de Ferreira et al.99. Ferreira LP, Ferraz PRR, Garcia ACO, Falcão ARG, Ragusa-Mouradian CA, Herrero E et al. Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: profile from 1976 to 2017. CoDAS. 2019;31(5):179-98.. Nessa pesquisa foi feita consulta à Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no dia 3 de abril de 2018. Os passos para levantamento das variáveis foram: na sessão “Buscar Currículo Lattes”, busca simples - doutores - nacionalidade brasileira; e na sessão “Tipo de Filtro”, atuação profissional - na grande área, descritores “Ciências da Saúde”; subseção “área” = “Fonoaudiologia”. Até esta etapa foram identificados 1333 registros.

Numa etapa subsequente, foram aplicados como critérios de exclusão pesquisador sem doutorado, não ter como graduação a Fonoaudiologia e ser estrangeiro, ficando a amostra, ao final, composta por 1125 teses, elegíveis para análise.

A seguir foram selecionadas apenas as teses que tratavam de temáticas relacionadas a Motricidade Orofacial (MO) e Disfagia. Para tal classificação, inicialmente foi utilizada a leitura do título e, no caso de dúvida, o resumo era acessado. Pelo menos dois pesquisadores estiveram envolvidos nessa tarefa.

Ao final a amostra foi composta por 153 teses, sendo três pesquisas experimentais realizadas com animais excluídas da análise, detalhada a seguir.

As variáveis selecionadas foram, com relação ao pesquisador, sexo (masculino x feminino) e tempo entre término da graduação e defesa da tese. Quanto à tese, ano de defesa (classificado por década) localização geográfica da Instituição de Ensino Superior (IES) em que foi defendida (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste); tipo de IES (Pública, Privada); Área dos Programas de Pós-graduação segundo proposta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Ciências da Saúde, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra, Linguística, Letras e Arte - ; Subáreas de acordo com a divisão em Comitês do Departamento de Motricidade Orofacial e de Disfagia da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia a saber, Motricidade Orofacial, se criança/adolescente, adulto ou idoso; e Disfagia, se neurogênica, mecânica ou mista.

A análise contou com descrição numérica e percentual dos dados a partir de registro realizado em planilha elaborada no programa Microsoft Excel 2016.

Resultados

No período pesquisado (1976-2017) houve o registro de 1125 teses, sendo dessas 92 (8,1%) referentes a temática relacionada à MO e 58 (5,1 %) à Disfagia.

A variável que registrou o sexo dos pesquisadores evidenciou a presença de 98% de mulheres (Tabela 1).

Tabela 1:
Descrição numérica e percentual dos pesquisadores por sexo

Quanto à temporalidade da produção científica, a primeira tese defendida na área de MO data de 1994 e duas inauguram a área de Disfagia no ano 2000. A Figura 1 registra um aumento das defesas na última década, em ambas as áreas.

Figura 1:
Defesas de teses nas áreas de Motricidade Orofacial e Disfagia, no decorrer dos anos

A média de tempo entre o término da graduação e a defesa do doutorado é próxima na comparação das duas áreas. Na MO encontra-se a média de 13,8 anos (mínimo de 5 anos e máximo de 30 anos) e, na Disfagia, de 13,5 anos (mínimo de 7 anos e máximo de 34 anos).

Quanto à instituição em que o título foi concedido, a maior parte está localizada na região Sudeste. Os programas de Pós-Graduação oferecidos pelas instituições públicas são os mais procurados pela maior parte dos fonoaudiólogos, e quanto à área de conhecimento, segundo classificação da CAPES, a maior parte dos doutores optou pelas Ciências da Saúde (Tabela 2).

Tabela 2:
Descrição numérica e percentual das teses defendidas nas áreas de Motricidade Orofacial e Disfagia, segundo localização geográfica e tipo da Instituição de Ensino superior e área do conhecimento

A Tabela 3 evidencia que as teses defendidas por doutores fonoaudiólogos sobre a temática de MO, ao serem analisadas de acordo com a divisão em Comitês do Departamento de MO, da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, priorizaram pesquisar a faixa etária de adultos e idosos, seguida pela infância e adolescência.

Tabela 3:
Descrição numérica e percentual das teses defendidas na área de Motricidade Orofacial, categorizadas segundo as temáticas dos Comitês propostos pelo Departamento de Motricidade Orofacial da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) (n=92)

Na mesma direção, na Tabela 4 evidencia-se que a maioria dos doutores que defendeu suas teses relacionadas a Disfagia também optou por pesquisar a faixa etária do adulto, considerando em maior número as questões relacionadas a disfagia neurogênica.

Tabela 4:
Descrição numérica e percentual das teses defendidas na área de Disfagia, categorizadas segundo os Comitês propostos pelo Departamento de Disfagia da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) (n=58)

Neste estudo encontraram-se três trabalhos experimentais realizados com ratos que não foram considerado1010. Silva MC. Manipulação nutricional e/ou serotoninérgica no período gestacional em ratos: estudo do comportamento alimentar dos filhotes [dissertation]. Recife (PE): Universidade Federal de Pernambuco; 2006.

11. Romão AM. Lesão do nervo fibular comum. Avaliação neuronal, muscular e funcional após neurotmese parcial: estudo no rato [dissertation]. Marília (SP): Universidade Estadual Paulista; 2011.
-1212. Althoff KNFP. Efeitos precoces da restrição proteica neonatal sobre morfofisiologia da mastigação em ratos [dissertation]. Recife (PE): Universidade Federal de Pernambuco; 2012..

Discussão

Um indicador tradicional para entender a movimentação científica de uma área é a análise de teses. Neste estudo pode-se constatar que, até 2017, 92 fonoaudiólogos se titularam doutores em Motricidade Orofacial e 58 em Disfagia99. Ferreira LP, Ferraz PRR, Garcia ACO, Falcão ARG, Ragusa-Mouradian CA, Herrero E et al. Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: profile from 1976 to 2017. CoDAS. 2019;31(5):179-98..

No que tange a variável sexo, culturalmente no Brasil, algumas profissões apresentam essa distinção. Os dados apresentados evidenciam que de todas as pesquisas desenvolvidas, somente três pesquisadores eram homens, sendo que dois pesquisaram questões da MO e um, Disfagia.

Se por um lado estes dados evidenciam o quanto as mulheres avançaram no campo da ciência, por outro revelam o quanto a Fonoaudiologia é uma profissão maciçamente feminina. Essa questão pode ser compreendida na contemporaneidade ao considerar as categorias de análise gênero, patriarcado e divisão sexual do trabalho como determinantes da maneira pela qual o sistema capitalista absorve a mão-de-obra feminina. O lugar ocupado pelas mulheres no mercado de trabalho e a divisão social de papéis entre homens e mulheres, que historicamente as tem colocado em uma posição de desprestígio, são consequências de um processo sócio-histórico marcado por determinantes diversos de uma maneira geral em cada sociedade. No Brasil, de maneira específica, esta configuração se deu pela influência do sistema patriarcal e da colonização violenta a qual o povo brasileiro foi submetido1313. Castro ABC, Santos JS, Santos JS. Gênero, patriarcado, divisão sexual do trabalho e a força de trabalho feminina na sociabilidade capitalista. Anais do VI Seminários CETROS sobre Crise e mundo do trabalho no Brasil; 22 - 24 agosto 2018; Itaperi..

Cabe ressaltar que o presente estudo trata a variável “sexo” como “gênero”, ou seja, remete-se ao papel do feminino na sociedade. Sabe-se que esta temática exige um debate mais denso, o qual não será discutido neste trabalho, entretanto, os dados recorrentes de estudos anteriores e da configuração da profissão da Fonoaudiologia ser composta na maioria por mulheres trazem esta reflexão, e, portanto, o predomínio de doutoras nas áreas pesquisadas.

Em relação ao especialista em Motricidade Orofacial e Disfagia, as pós-graduações latu-sensu, segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia, têm detido um número superior à stricto sensu em ambas as áreas. No mesmo período da pesquisa, havia um total de 122 especialistas em Disfagia para 58 doutores. Já em Motricidade Orofacial, 1880 especialistas para 92 doutores. Tal diferença provavelmente ocorre por fatores financeiros ou mesmo pelo número reduzido de programas que possibilitam a continuidade de estudos em nível stricto sensu. O processo de formação do pesquisador implica em tempo e uma dedicação diferenciada do que o de especialização, sendo dois anos de mestrado e de três a cinco no doutorado. Para além desta questão, o profissional formado pode se ver dependente financeiramente da possibilidade de bolsa de estudos, tanto para sua subsistência como para a efetivação de sua pesquisa. Com especial atenção ao momento vigente, no qual os cortes de fomento têm ocorrido de maneira vertiginosa, teme-se o comprometimento na formação de novos doutores.

Outra justificativa pode ser em razão da falta de projetos de integração entre os cursos de graduação e principalmente de pós-graduação com o ensino fundamental e médio. A presença de ações educativas em todos os níveis de educação, apontando para a importância da produção científica e seus impactos nas questões sociais e culturais, geraria a valorização do processo de construção do conhecimento.

Em relação à diferença de tempo entre a graduação e o doutorado, os dados evidenciaram similaridade nas duas áreas, ou seja, em média 10 anos, resultado verificado também em publicação recente1414. Garcia ACO, Ragusa-Mouradian C, Raignieri J, Silva R, Umeoka-Hidaka M, Ferraz P et al. Audição, equilíbrio e envelhecimento: análise de teses produzidas por fonoaudiólogos doutores brasileiros. Revista Kairós-Gerontologia. 2020;23(3):179-98., quando os autores analisam a diferença entre o tempo de formação na graduação e a realização do doutorado. Essa questão merece destaque, pois há na literatura pontos divergentes. Mendes et al.1515. Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Organização Pan-Americana da Saúde Organização Mundial da Saúde Conselho Nacional de Secretários de Saúde. 2. Ed. Brasília; 2011. argumentam que a idade é um fator importante no exercício de um futuro pesquisador e asseveram que quanto mais cedo o estudante entrar no curso de mestrado, os resultados serão mais satisfatórios, pois, as agências de fomento sustentam que o doutoramento deveria ser concluído até os 30 anos. O modelo de pós-graduação internacional segue esse padrão, qual seja, ter jovens doutores, uma vez que preconiza o amadurecimento profissional para a atividade científica. Entretanto, pondera-se que a experiência profissional, e neste caso, a clínica fonoaudiológica, contribua para agregar as perspectivas vividas na prática às pesquisas, considerando que reflexões feitas a partir dessa experiência certamente colaboram na elaboração da discussão dos achados.

Para ilustrar a ponderação acima, a quantidade maior de teses em disfagia abarcou estudos sobre disfagia neurogênica. Uma possibilidade de tal ocorrência possivelmente diz respeito ao número de acometimentos de Acidente Vascular Encefálico (AVE) no país. A cada ano, são registrados no Brasil aproximadamente 90 mil óbitos por doenças cerebrovasculares. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou no ano de 2008 cerca de 200 mil internações por AVE1616. Abramczuk B, Villela E. A luta contra o AVC no Brasil. ComCiência. [journal on the internet]. 2009 [accessed 2021 oct 17]; 109. Available from: http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542009000500002&lng=en&nrm=iso24.
http://comciencia.scielo.br/scielo.php?s...
. Esses dados corroboram outros estudos1717. Suárez-Escudero JC, Cano SCR, Ramírez EP, Bedoya CL, Jiménez I. Descripción clínica, social, laboral y de la percepción funcional individual en pacientes con accidenre cerebrovascular. Acta Neurol Colomb. 2011;27(2):97-105. ao referir que uma das grandes causas da disfagia são as afecções neurológicas, como acidente vascular encefálico, traumatismos cranianos, doença de Parkinson, escleroses múltiplas, demências etc., dado que explicaria o porquê de as disfagias neurogênicas serem o fenômeno mais estudado.

Sobre a localização geográfica nas quais os estudos foram realizados, a análise ilustra que há a concentração de estudos realizados na região Sudeste, em especial no estado de São Paulo. Esse resultado pode ser em razão de um polo expressivo de universidades e faculdades instaladas nessa região. Consequentemente as IES que mais produziram artigos científicos foram as paulistas, destacando, dentre as públicas, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que titulou maior representatividade de fonoaudiólogos nas áreas de MO e Disfagia, além de ser a instituição com maior número de parcerias com outras instituições de pesquisa1818. Danuello JC, Francina E, Oliveira T. Análise cientométrica: produção científica e redes colaborativas a partir das publicações dos docentes dos programas de pós-graduação em Fonoaudiologia no Brasil. Em Questão. 2011;18(Esp.):65-79..

Neste momento, no Brasil, 12 cursos de pós-graduação stricto sensu são reconhecidos na área da Fonoaudiologia pela CAPES, que oferecem mestrado99. Ferreira LP, Ferraz PRR, Garcia ACO, Falcão ARG, Ragusa-Mouradian CA, Herrero E et al. Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: profile from 1976 to 2017. CoDAS. 2019;31(5):179-98., sendo um em mestrado profissional. Sete deles ofertam o doutorado e a possibilidade de o fonoaudiólogo realizar sua pesquisa em programas de outras áreas correlatas. De acordo com o MEC1919. Cirani CBSi, Campanario MA, Silva HHM. A evolução do ensino da pós-graduação senso estrito no Brasil: análise exploratória e proposições para pesquisa. Rev. da Aval. da Educ. Sup. 2015;20(1):163-87., a região Sudeste abarca 49% da pós-graduação. Por outro lado, a região Norte detém a menor concentração de instituições, representando apenas 6% da totalidade do país. A região Nordeste possui 18% da totalidade, assumindo assim o segundo lugar em número de IES, especialmente em razão de fenômeno recente de investimento no ensino superior nessa região. Essa região é seguida pelas Regiões Sul e Centro-Oeste, consecutivamente.

Em relação ao tipo de instituição, o levantamento do presente estudo mostrou que as IES federais lideram, seguidas das estaduais e privadas. As IES internacionais representam o menor número dentro desse espectro. Dentre as privadas, destacam-se as Pontifícias Universidades Católicas. Estes resultados também foram confirmados em estudo prévio99. Ferreira LP, Ferraz PRR, Garcia ACO, Falcão ARG, Ragusa-Mouradian CA, Herrero E et al. Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: profile from 1976 to 2017. CoDAS. 2019;31(5):179-98..

Sobre a produção de pesquisa dos profissionais fonoaudiólogos doutores observou-se que a área que mais concentrou estudos de Motricidade Orofacial e Disfagia foi a Ciências da Saúde, justificada pela natureza da pesquisa e inserção da própria Fonoaudiologia.

Neste estudo foi possível verificar também que, ao categorizar as teses em Motricidade Orofacial e Disfagia, segundo as temáticas dos Comitês propostos pelo Departamento de Motricidade Orofacial e de Disfagia da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, o maior percentual de pesquisas foi realizado com a população adulta/idosa (45,7% e 43,1 respectivamente). Supõe-se que por se tratar de uma faixa etária mais madura, há uma possível adesão maior ao tratamento. Por outro lado, em especial na área da Disfagia, pode-se dizer que adulto/idosos constituem uma população mais afetada por alterações advindas do envelhecimento e, portanto, acometidos por doenças que tendem a piorar com a idade.

Em ambas as categorias, as pesquisas trataram de processos terapêuticos que visam à retomada de importantes funções vitais.

Como considerações finais, ressalta-se que embora a MO aponte para uma produção maior de teses, a área da Disfagia detém um quantitativo maior considerando o reconhecimento mais recente da área pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, ocorrido em 2010. Assim sendo, pontua-se que a produção de teses em Disfagia está ocorrendo de forma mais acelerada do que em MO.

Entretanto, mesmo não sendo realizada nenhuma política pública por meio dos estudos em disfagia, uma vez que não foram encontradas referências nos documentos oficiais, a entrada dos fonoaudiólogos nos hospitais é um grande passo para a manutenção da qualidade de vida dos pacientes. A atuação do profissional, dentre outras coisas, possibilita diminuição do tempo de uso das sondas de alimentação, os riscos de broncoaspiração e, consequentemente, de internação do paciente, além de atuar com as questões de linguagem e realizar orientações e intervenções em beira de leito. É incontestável a necessidade de maiores reflexões sobre a categoria da Fonoaudiologia Hospitalar, que se deu pelo trabalho com a disfagia. Uma das pontuações seria também a participação do profissional dentro do quadro fixo de trabalhadores no hospital, compondo as equipes, também nas unidades de terapia intensiva, com pagamento equivalente, e não somente como profissionais esporádicos contratados por terceirizadas e com participação ou não no quadro a depender da leitura da gerência hospitalar2020. Padovani AR, Moraes DPM, Mangilli LD, Andrade CRF. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(3):199-205..

Atualmente, com a pandemia do COVID 19, a atuação dos profissionais de saúde tem ganhado papel de destaque no atual cenário. Pacientes que evoluem para o quadro mais grave da doença apresentam necessidade de intubação orotraqueal, chegando a ficar entre 10 e 14 dias entubados, respirando por meio de ventilação mecânica. Com a recuperação e retirada do tubo orotraqueal (extubação), alguns pacientes podem evoluir para um distúrbio da deglutição. Nesse momento, o fonoaudiólogo deverá ser acionado (fase de maior estabilidade do quadro clínico do paciente) para realizar a avaliação e intervenção fonoaudiológica, quais sejam, consulta, terapias diretas ou indiretas de cognição, motricidade orofacial, deglutição, respiração ou alterações na comunicação nos estágios de tratamento pós intubação orotraqueal2121. Furkim AM, Silva RG. Programas de reabilitação em disfagia neurogênica. São Paulo (SP): Frôntis. 1999..

Espera-se que o conhecimento advindo das teses defendidas possa contribuir para a implantação de políticas públicas e cooperar para que a sociedade tenha melhores condições de saúde e, consequentemente, qualidade de vida.

Ao final, destacam-se as limitações encontradas na execução deste trabalho. Inicialmente, a Plataforma Lattes depende da atualização do próprio pesquisador, portanto, pode não refletir de fato a quantidade de teses defendidas. O outro aspecto diz respeito à busca ter sido feita até 2017 e não contempla a evolução dos últimos quatro anos de pesquisa.

Conclusão

As teses defendidas por fonoaudiólogos sobre a temática da Motricidade Orofacial e Disfagia foram escritas por mulheres, em média um pouco mais de uma década após a graduação em Fonoaudiologia, defendidas em Programas situados na região Sudeste e oferecidos em instituições federais, na área das Ciências da Saúde. A maior parte focalizou em analisar as alterações presentes em adultos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    17 Out 2021
  • Aceito
    14 Jan 2022
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