Disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Ricardo A. G. Barbosa Rua Cardoso de Siqueira, 67 casa 10 Aclimação São Paulo (SP) CEP 01530-090 Tel. (+55 11) 9934-4765 E-mail: navajasbarbosa@ig.com.br
INTRODUÇÃO
O feocromocitoma apresenta incidência de 1:200.000 indivíduos e caracteriza-se clinicamente por aumento intermitente da pressão arterial, episódios de sudorese, cefaléia e palpitações, associados a aumento de catecolaminas sanguíneas e urinárias. A ressecção cirúrgica representa um tratamento curativo, porém traumático, além de apresentar risco relativamente alto e custo elevado. Portanto, alternativas inovadoras e menos invasivas de tratamento têm sido propostas, como a injeção percutânea de etanol guiada por tomografia computadorizada.
RELATO DO CASO
Paciente de 57 anos, hipertensa e diabética, apresentando lesão adrenal unilateral (esquerda) medindo 8 cm de diâmetro, com diagnóstico estabelecido de feocromocitoma hiperfuncionante. A paciente realizou preparo pré-anestésico com prazosin por duas semanas e recebeu midazolam (7,5 mg) intramuscular como medicação pré-anestésica. Após venóclise em membro superior direito com cateter 14 G, foi submetida à anestesia geral com propofol, fentanil e atracúrio, e manutenção com sevoflurano. A monitorização foi realizada com cardioscópio, oximetria de pulso e pressão arterial média (PAM) invasiva contínua com cateter 20 G em artéria radial esquerda. O procedimento evoluiu sem intercorrências. Durante a injeção de etanol, a paciente evoluiu com aumento súbito da PAM até 130 mmHg e taquicardia (140 bpm) com controle imediato após infusão de nitroprussiato de sódio (NPS) até a dose de 10 mg/kg/min. Após o procedimento, permaneceu estável hemodinamicamente, com NPS 0,5 mg/kg/min, sendo extubada sem intercorrências e encaminhada à UTI pós-operatória, onde permaneceu em observação por 24 horas.
DISCUSSÃO
A injeção de etanol para tratamento de feocromocitoma é um procedimento novo, realizado pela primeira vez no Brasil. Apenas um artigo na literatura relata uma série de 41 casos com boa evolução, mas não discute a monitorização e os cuidados anestésicos.
CONCLUSÃO
Concluímos que a monitorização invasiva da pressão arterial é fundamental para bom controle pressórico durante a injeção de etanol. Maior experiência com esse procedimento ainda é necessária para determinar seu perfil de segurança.
REFERÊNCIA
1. Wang P, et al. Computerized tomography guided percutaneous ethanol injection for the treatment ofhyperfunctioningpheochromocytoma. J Urol. 2003;170:1132-4.
Anestesia para injeção percutânea de etanol guiada por tomografia computadorizada para tratamento de feocromocitoma
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
14 Set 2005 -
Data do Fascículo
2005