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Influência das estações do ano na temperatura retal e freqüência respiratória de carneiros

Influence of the season of year on the rectal temperature and breathing rate of rams

Resumos

Este trabalho foi conduzido para avaliar o efeito das estações do ano na temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) de carneiros das raças Bergamácia, Corriedale e Hampshire Down, com três a quatro anos de idade, no período de março/96 a março/97. Foram usados vinte e quatro carneiros, nove da raça Bergamácia (Be), oito da raça Corriedale (Co) e sete da raça Hampshire Down (Hd). Houve influência do mês sobre a TR apenas para a raça Hd, sendo maior no verão (39,31°C), diminuindo no outono (38,63°C) e no inverno (38,93°C) e aumentando novamente na primavera (39,15°C). A FR dos ovinos das raças Co e Hd, em temperatura elevada (31,8°C), foi maior (130 e 120 resp./min, respectivamente) que a da raça Be (68 resp./min), enquanto, sob baixa temperatura (21,2°C), foram observados valores de 79,89 resp./min para Co e Hd, respectivamente, e 33 resp./min para a raça Be, demonstrando que a via respiratória é o principal mecanismo pelo qual as raças Co e Hd perdem calor.

carneiro; estações do ano; freqüência respiratória; temperatura retal


This work was carried out to evaluate the effect of the season of the year, from March/96 to March/97, on the rectal temperature (RT) and breathing rate (RR) of rams from Bergamacia, Corriedale and Hampshire Down (Hd) breeds, with three-four years of age. Twenty-four rams, nine Bergamacia (Be) eight Corriedale (Co) and seven Hampshire Down (Hd), were used. The month of the year had a significant effect on RT for Hd breed. The observed rectal temperatures was higher in the summer (39.31ºC), decreased in the autumn (38.63°C) and in the winter (38,93°C) and increased again in the spring (39.15ºC). The RR in the Co e Hd breeds, under high temperature (31.8°C), was higher (130 and 120 breaths/min, respectively) than the Be breed (68 breaths/min), while under low temperature (21.2°C), values of 79.89 breaths/min for Co and Hd breed and 33 breaths/min for Be breed were observed, showing to be the respiratory tract the main mechanism used by the breeds Co and Hd to dissipate the heat.

lamb; year seasons; respiratory frequency; rectal temperature


Influência das estações do ano na temperatura retal e freqüência respiratória de carneiros1 1 Parte da Dissertação de Mestrado em Zootecnia, apresentada à Universidade Estadual de Maringá - UEM, PR , pelo primeiro autor.

Influence of the season of year on the rectal temperature and breathing rate of rams

Leira TutidaI; Orlando Rus BarbosaII; Elias Nunes MartinsII; Francisco de Assis Fonseca de MacedoII; Márcio José da Rocha RomanIII; Sandra Maria SimonelliIII

I Estudante do Curso de Mestrado em Zootecnia da UEM - Maringá, PR

II Professor do Departamento de Zootecnia da UEM - Maringá, PR

III Estudante de graduação em Zootecnia da UEM - Maringá, PR - Bolsista CNPq

RESUMO

Este trabalho foi conduzido para avaliar o efeito das estações do ano na temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) de carneiros das raças Bergamácia, Corriedale e Hampshire Down, com três a quatro anos de idade, no período de março/96 a março/97. Foram usados vinte e quatro carneiros, nove da raça Bergamácia (Be), oito da raça Corriedale (Co) e sete da raça Hampshire Down (Hd). Houve influência do mês sobre a TR apenas para a raça Hd, sendo maior no verão (39,31°C), diminuindo no outono (38,63°C) e no inverno (38,93°C) e aumentando novamente na primavera (39,15°C). A FR dos ovinos das raças Co e Hd, em temperatura elevada (31,8°C), foi maior (130 e 120 resp./min, respectivamente) que a da raça Be (68 resp./min), enquanto, sob baixa temperatura (21,2°C), foram observados valores de 79,89 resp./min para Co e Hd, respectivamente, e 33 resp./min para a raça Be, demonstrando que a via respiratória é o principal mecanismo pelo qual as raças Co e Hd perdem calor.

Palavras-chave: carneiro, estações do ano, freqüência respiratória, temperatura retal

ABSTRACT

This work was carried out to evaluate the effect of the season of the year, from March/96 to March/97, on the rectal temperature (RT) and breathing rate (RR) of rams from Bergamacia, Corriedale and Hampshire Down (Hd) breeds, with three-four years of age. Twenty-four rams, nine Bergamacia (Be) eight Corriedale (Co) and seven Hampshire Down (Hd), were used. The month of the year had a significant effect on RT for Hd breed. The observed rectal temperatures was higher in the summer (39.31ºC), decreased in the autumn (38.63°C) and in the winter (38,93°C) and increased again in the spring (39.15ºC). The RR in the Co e Hd breeds, under high temperature (31.8°C), was higher (130 and 120 breaths/min, respectively) than the Be breed (68 breaths/min), while under low temperature (21.2°C), values of 79.89 breaths/min for Co and Hd breed and 33 breaths/min for Be breed were observed, showing to be the respiratory tract the main mechanism used by the breeds Co and Hd to dissipate the heat.

Key Words: lamb, year seasons, respiratory frequency, rectal temperature

Introdução

É totalmente falso o conceito de que os ovinos, principalmente os de lã, apenas se adaptam às regiões frias, onde o inverno é rigoroso. Na verdade, os maiores empecilhos ao desenvolvimento dos ovinos são as altas temperaturas do ar (Ta), associadas à alta umidade relativa do ar (Ur), o que faz com que o animal tenha dificuldade em perder calor e, conseqüentemente, regular a temperatura de seu organismo, adaptar-se ao meio ambiente e ter produção satisfatória de lã e carne (ORTOLANI, 1986).

O conhecimento da interação ambiente-animal em qualquer tipo de exploração de animais domésticos tem grande importância para a determinação das técnicas de manejo de forma acertada, o que é imperativo para se obter maior produtividade. Segundo McDowell (1980), citado por SOUZA et al. (1990), a principal razão do mal desempenho dos animais pode ser atribuída ao impacto direto das extremas condições climáticas, citando que a baixa produtividade é uma das características dos animais que vivem em clima quente.

A adaptação do ovino às condições ambientais específicas é necessária para que o animal procure seu alimento na pastagem. É importante também quando se quer importar e introduzir novos genótipos para melhorar as raças locais por meio de cruzamentos. Quando se realizam cruzamentos com raças locais, deve-se avaliar o resultado destes cruzamentos, comparando-os com as raças nativas, para se determinar a aclimatização para as condições prevalentes. Os critérios de tolerância, durabilidade e adaptação dos animais são determinados por medidas fisiológicas da respiração, batimento cardíaco e temperatura corporal (ABI SAAB e SLEIMAN, 1995). BIANCA e KUNZ (1978) também preconizam que a TR e FR são consideradas as melhores referências fisiológicas para estimar a tolerância dos animais ao calor.

O objetivo do presente trabalho foi verificar os efeitos das estações do ano na TR e FR de carneiros das raças Bergamácia, Corriedale e Hampshire Down e, assim, encontrar, entre as raças, a que melhor se adapta às condições de ambiente em que são criadas no Brasil.

Material e Métodos

O experimento foi realizado no setor de Ovinocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá (UEM) - PR, no período de março/96 a março/97.

Foram utilizados 24 carneiros de três a quatro anos de idade, sendo oito da raça Corriedale (Co), sete da raça Hampshire Down (Hd) e nove da raça Bergamácia (Be), pertencentes ao rebanho da UEM/Campus Arenito Cidade Gaúcha. Estes animais foram mantidos, durante o período experimental, em regime de semi-confinamento, sob luminosidade natural, alimentados a pasto, com suplementação de 0,5 kg/cabeça•dia de concentrado com 14% de proteína, mais mistura mineral e água ad libitum.

Mensalmente foi feito exame parasitológico dos animais por intermédio da contagem de ovos na fezes. Os animais foram tosquiados antes (jan/96) e durante (jan/97) o experimento.

As variáveis fisiológicas (TR e FR) foram aferidas mensalmente, uma vez ao dia, no período das 10 às 14 h. A TR foi obtida por intermédio de termômetro clínico digital e a FR, pela contagem dos movimentos do flanco, com o auxílio de um cronômetro, durante 10 segundos, multiplicando-se o resultado por 6, para obtenção em minuto.

No dia reservado às determinações das variáveis fisiológicas, foram determinadas de hora em hora: temperatura do ar (Ta) e umidade relativa (Ur), por meio de um psicrômetro não-ventilado de bulbo seco e bulbo úmido; a velocidade do vento (v), por intermédio de um catatermômetro, conforme SILVA e BRASIL (1986); e temperatura do globo negro (Tg) ao sol, com o uso de um globo de Vernon de 0,15 m de diâmetro (SILVA, 1989).

Médias meteorológicas mensais referentes aos 12 meses do experimento foram obtidas no campus da UEM, em Maringá, para correlações com as medidas fisiológicas.

A análise dos dados consistiu de uma análise de regressão das variáveis climáticas separadamente e teste de identidade de modelos, segundo GRAYBILL (1976), seleção de variáveis por meio do "Stepwise", conforme DRAPER e SMITH (1981), e análise de trilha, segundo SILVA (1980) e CRUZ e REGAZZI (1994).

Para a análise de regressão e o teste de identidade de modelo, foi utilizado o seguinte modelo matemático:

Y ijk = μ + Ri +Aj/Ri + b1i (Vc ijk - Vc) + b2i (Vcijk - Vc)2 + b3i (Vcijk - Vc)3 + eijk

em que

Y ijk = observação da variável fisiológica sob a medida k da variável climática, no animal j, da raça i;

μ = constante geral;

R i = efeito da raça i, i = 1;2;3;

Aj/R i = efeito do animal j na raça i;

Vcijk = medida k da variável climática, no animal j, da raça i;

Vc = média da variável climática;

b1i(Vcijk-Vc) = coeficiente linear de regressão da variável fisiológica em função da variável climática, na raça i;

b2i(Vcijk-Vc)2 = coeficiente quadrático de regressão da variável fisiológica em função da variável climática, na raça i;

b3i(Vcijk-Vc)3 = coeficiente cúbico de regressão da variável fisiológica em função da variável climática, na raça i; e

eijk = erro aleatório associado à observação Yijk.

Resultados e Discussão

A Tabela 1 mostra que não houve efeito de mês (M) e da Ta, Tg, Ur e v na TR das raças Be e Co, porém, estas variáveis, com exceção da Ur, influenciaram (P<0,05) a TR da raça Hd, sendo observada diferença entre os animais desta raça.

Houve comportamento linear (Figura 1-A) e cúbico (Figura 1-B), em função do mês e da Ta, respectivamente, na TR dos animais da raça Hd, em que o M representa a ação conjunta das variáveis climáticas sobre a TR. A equação de regressão, embora não ajuste corretamente a curva aos valores reais obtidos durante o experimento, como mostra o baixo coeficiente de determinação, demonstra o comportamento da TR da raça Hd. Nota-se aumento gradativo na TR a partir do mês de março (38,62ºC) até dezembro (39,31ºC), caindo no mês de janeiro (38,47ºC), retomando valores inferiores aos do mês de março/96, fechando, assim, o ciclo. Isto mostra que há relação entre a TR e as estações do ano. VIHAN e SAHNI (1981) observaram diferença significativa entre as estações do ano para a TR em ovinos puros e mestiços das raças Suffolk, Dorset Horn e Muazffarnagri. KAUSHISH e SAHNI (1975) observaram menor TR no inverno (38,5ºC), quando comparado com a TR no verão (39,8ºC), que está significativamente relacionada com a Ta e a Ur.



Nos meses em que a Ta foi elevada (33,1ºC - março e 28,6ºC - janeiro), a TR atingiu valores de 39,91 e 38,5ºC, respectivamente. SILVA e MINOMO (1995) relataram que a variação estacional da TR acompanha a da Ta e o metabolismo varia no mesmo sentido. É provável que a variação anual da temperatura corporal seja conseqüência desse ciclo metabólico (KLEITMAN, 1949). Porém, a ocorrência da termogênese reduzida na época em que se esperaria incremento da mesma ocorre com o intuito de compensar as perdas causadas pelo maior diferencial de temperatura entre o organismo e o ambiente.

Quando se verifica o efeito da Tg (Figura 2-A) e da v (Figura 2-B), nota-se efeito quadrático e cúbico, respectivamente, sobre a TR da raça Hd, o qual acompanhou a variação da Ta. Constata-se, também, que a intensidade de radiação foi maior nas diferentes épocas do ano. Embora os animais estivessem no interior da cabanha durante a coleta dos dados, o comportamento foi muito variável, à medida que aumentou ou diminuiu a carga de radiação. Assim, esta variável climática passa a ter grande importância, quando se avalia o estresse calórico em ovinos. Para a v, quando é maior, melhor é o processo de transferência de calor, beneficiando o animal e permitindo, assim, queda em sua temperatura. O vento aumenta a perda de calor nos animais de pouca cobertura, mas tem pouco efeito nos animais de pelâmes mais densos.



Por outro lado, a eficiência da velocidade do vento está ligada também à Ta, visto que em condições de temperatura elevada (março) seu efeito foi de pouca magnitude e, em temperaturas mais baixas (novembro), foi possível encontrar efeito positivo. Já a variação da Ur não foi capaz de influenciar a TR dos animais.

Pela análise da Tabela 2, pode-se inferir que a Ta e a v apresentaram efeito linear e cúbico, respectivamente, na FR da raça Be; o M, a Ta e a v, efeito cúbico para a raça Co; o M e a Ta, efeito cúbico; e a v, efeito linear para a raça Hd. A Ur e a Tg não apresentaram efeito na FR para nenhuma das raças estudadas, demonstrando sua pequena importância na termorregulação do carneiro.

Com a hipótese de a FR nas raças Co e Hd apresentar o mesmo comportamento cúbico, procedeu-se ao estudo de identidade de modelos. Como mostra a Figura 3-A, o comportamento da curva foi idêntico para as raças Co e Hd e que a mesma acompanhou o mês do ano, correspondendo às diferentes estações, visto que a raça Co apresentou valores sempre superiores aos da raça Hd.



Variação significativa entre as estações do ano (P<0,05) na FR também foram encontradas por KAUSHISH e SAHNI (1975), sendo menor (18 resp./min) no inverno e maior (132,6 resp./min) no verão. A FR foi altamente significativa (P<0,01), apresentando correlação positiva com a Ta (r=0,84).

O aumento na FR em resposta à determinada carga de calor é, em geral, indicação de que o animal é pouco adaptado (LEE, 1959). O Merino mostrou ritmos periódicos de ofego nas épocas mais quentes do ano (acima de 27-32ºC), indicando que estava sob estresse térmico (KAUSHISH e SAHNI, 1975).

Visto que a raça Co apresenta em sua constituição genética características da raça Merino, constata-se, assim, reflexo da sua adaptação ao ambiente estudado. Embora não tenha ocorrido efeito na TR dos animais desta raça, pode-se dizer que o aumento na FR teve como objetivo principal a manutenção da homeotermia, o que foi conseguido. SLEIMAN e ABI SAAB (1995) relataram que os animais nativos (Awassi) foram mais tolerantes às condições ambientais, por apresentarem menor FR (63,8 resp./min) que os mestiços da mesma raça (76,5 resp./min).

Nas Figuras 3-B e 4, observa-se que a raça Be sempre apresentou menores valores para a FR que as raças Co e Hd, quando relacionada à Ta e v. Isto pode ser explicado pelo fato de que as raças Co e Hd, por apresentarem maior quantidade de lã que a raça Be, utilizaram as vias respiratórias mais intensamente, o que não ocorreu com a Be, que estaria utilizando outra via de perda de calor, possivelmente através da evaporação pela pele (DUKES e SWENSON, 1968). O mesmo foi verificado por MAcMANUS (1995), quando trabalhou com animais da raça Bergamácia e Santa Inês.


Estas respostas fisiológicas às mudanças estacionais foram compensatórias, à medida que os animais utilizaram esses mecanismos para reduzir o estresse ambiental e, principalmente, manter o balanço térmico.

A ação do clima foi avaliada separadamente por meio das análises dos coeficientes de trilha para TR e FR nas raças Be, Co e Hd.

As Figuras 5-A e 5-B mostram, respectivamente, as correlações entre as variáveis climáticas e seus efeitos diretos sobre a TR e FR da raça Bergamácia. A Ta apresentou efeito direto de 1,02 sobre a TR, enquanto os efeitos indiretos da Ta via Tg e v foram de - 0,66 e 0,17, respectivamente. A Tg teve efeito direto de - 0,86, enquanto os efeitos indiretos via Ta e v foram de 0,78 e 0,035, respectivamente. A v teve efeito direto de 0,527, enquanto os efeitos indiretos via Ta e Tg foram de 0,34 e - 0,06 , respectivamente.



A Ta teve efeito direto e correlação com a TR elevados, o que determinou a variação da TR, ao passo que a Tg teve efeito direto elevado, mas baixa correlação com a TR, podendo ser benéfica para as estimativas, quando em conjunto com outras variáveis, porém não podendo ser utilizada isoladamente. Por sua vez, a v teve efeito direto baixo e alta correlação com a TR, indicando que seus efeitos ocorrem, principalmente, por intermédio de outras variáveis e seu uso passa a ser de pequena utilidade na determinação desta variável fisiológica.

Na FR a Ur teve efeito direto de - 0,61, enquanto os efeitos indiretos da Ur via Ta, Tg e v foram de - 0,098, - 0,009 e 0,01, respectivamente. A Ta teve efeito direto de 0,606 sobre a FR, enquanto os efeitos indiretos da Ta via Tg, Ur e v foram de 0,024; 0,010; e 0,056, respectivamente. A v teve efeito direto de 0,17, enquanto os efeitos indiretos da v via Ta, Ur e Tg foram de 0,20, - 0,035 e 0,006, respectivamente. A Tg teve efeito direto de 0,029, enquanto os efeitos indiretos da Tg via Ta, Ur e v foram de 0,49; 0,19; e 0,035, respectivamente. A Ta e Ur mostraram efeitos diretos e correlação elevadas, sendo consideradas bons determinantes da variação da FR. A Tg mostrou efeito direto reduzido e alta correlação com a FR, mostrando que seus efeitos ocorrem, principalmente, por intermédio de outras variáveis, sendo seu uso de pequena utilidade na determinação dos efeitos climáticos sobre a FR. A v apresentou efeito direto e correlação reduzidos, sendo de pequena utilidade para as estimativas.

As correlações entre as variáveis climáticas (Ta, Tg, Ur e v) e seus efeitos diretos sobre a TR e FR, para a raça Hampshire Down, estão presentes nas Figuras 6-A e 6-B, respectivamente.



A Ta teve efeito direto de - 0,44 sobre a TR, enquanto os efeitos indiretos da Ta via Tg, Ur e v foram - 0,35; 0,047; e - 0,137, respectivamente. A Tg teve efeito direto de - 0,38, enquanto os efeitos indiretos da Tg via Ta, Ur e v foram - 0,40; 0,082; e - 0,12, respectivamente. A v teve efeito direto de - 0,38, ao passo que os efeitos indiretos da v via Ta, Ur e Tg foram 0,16; - 0,024; e - 0,12, respectivamente. A Ur teve efeito direto de - 0,24, enquanto os efeitos indiretos da Ur via Ta, Tg e v foram 0,084; 0,13; e - 0,037, respectivamente.

A Ta, Tg e v mostraram efeitos diretos e correlações elevadas com a TR, sendo consideradas variáveis determinantes da variação da TR. A Ur apresentou efeito direto e correlação reduzidos, mostrando sua pouca importância para a estimativa da TR.

A Tg teve efeito direto na FR de 1,10, enquanto os efeitos indiretos da Tg via Ta, Ur e v foram - 0,726; - 0,049; e 0,26, respectivamente. A v teve efeito direto de 0,82, ao passo que os efeitos indiretos da v via Ta, Ur e Tg foram - 0,289; 0,014; e 0,35, respectivamente. A Ta teve efeito direto de - 0,79 sobre a FR, enquanto os efeitos indiretos da Ta via Tg, Ur e v foram 1,007; - 0,028; e 0,297, respectivamente. A Ur teve efeito direto de 0,15, ao passo que os efeitos indiretos da Ur via Ta, Tg e v foram 0,15; - 0,37; e 0,078, respectivamente. A Ta, Tg e v tiveram efeitos diretos e correlação com a FR elevados, demonstrando serem determinantes da variação da FR, enquanto a Ur teve efeito direto e correlação reduzidos, sendo, portanto, de pequena utilidade para as estimativas.

As correlações entre as variáveis climáticas (Ta, Tg, Ur e v) e seus efeitos diretos sobre a TR e FR para a raça Corriedale, estão presentes nas Figuras 7-A e 7-B, respectivamente.



A v teve efeito direto de 0,89 sobre a TR, enquanto os efeitos indiretos da v via Ta, Ur e Tg foram de - 0,086; 0,0002; e 0,077, respectivamente. A Ur teve efeito direto de 0,486, ao passo que os efeitos indiretos da Ur via Ta, Tg e v foram 0,017; - 0,064; e 0,0003 respectivamente. A Tg teve efeito direto de 0,30, enquanto os efeitos indiretos da Tg via Ta, Ur e v foram - 0,21; - 0,10; e 0,23, respectivamente. A Ta teve efeito direto de - 0,26 sobre a TR, enquanto os efeitos indiretos da Ta via Tg, Ur e v foram 0,24; - 0,031; e 0,29, respectivamente. A v e a Ur tiveram efeito direto elevado e alta correlação com a TR, ou seja, ambas são determinantes da variação da TR. A Ta e a Tg tiveram efeito direto e correlação com a TR reduzidos, indicando ser de pouca utilidade para as estimativas da TR para esta raça.

A Ta teve efeito direto de 0,64 sobre a FR, enquanto os efeitos indiretos da Ta via Tg, Ur e v foram 0,085; 0,005; e 0,15, respectivamente. A v teve efeito direto de 0,47, ao passo que os efeitos indiretos da v via Ta, Ur e Tg foram 0,21; 0,00; e 0,028, respectivamente. A Tg teve efeito direto de 0,11, enquanto os efeitos indiretos da Tg via Ta, Ur e v foram 0,50; 0,016; e 0,12, respectivamente. A Ur teve efeito direto de -0,07, enquanto os efeitos indiretos da Ur via Ta, Tg e v foram - 0,041; - 0,023; e 0,0002, respectivamente.

A Ta e v apresentaram efeitos diretos e correlação com FR elevados, mostrando serem determinantes da variação da FR. A Tg teve efeito direto reduzido e alta correlação com a FR, indicando que seus efeitos ocorrem, principalmente, por intermédio de outras variáveis, sendo seu uso de pequena utilidade nas determinações dos efeitos climáticos sobre a FR. A Ur apresentou efeito direto e correlação reduzidos, sendo de pequena utilidade para as estimativas.

Conclusões

A raça Hampshire Down mostrou dificuldade em manter a homeotermia corporal.

A Bergamácia foi a raça que apresentou melhor comportamento fisiológico para a FR, mostrando ser mais tolerante ao estresse calórico.

As variáveis climáticas Ta, Tg, v e Ur, conforme a associação entre si, exerceram efeito maior ou menor sobre a TR e/ou FR, independente da raça estudada.

Recebido em: 10/03/98

Aceito em: 08/02/99

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  • 1
    Parte da Dissertação de Mestrado em Zootecnia, apresentada à Universidade Estadual de Maringá - UEM, PR , pelo primeiro autor.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Out 2012
    • Data do Fascículo
      1999

    Histórico

    • Aceito
      08 Fev 1999
    • Recebido
      10 Mar 1998
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