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Efeito da restrição alimentar qualitativa no desempenho, na incidência de distúrbios metabólicos e no rendimento de carcaça em frangos de corte

Qualitative feed restriction effects on growth performance, metabolic disorders and carcass traits of broiler chickens

Resumos

Este estudo foi realizado para avaliar o desempenho, o controle da manifestação de doenças metabólicas e o rendimento de carcaça de frangos de corte machos submetidos à restrição alimentar no período de 8 a 14 dias de idade. A restrição nutritiva da dieta foi obtida diluindo-se a dieta inicial (21,5% PB e 3050 kcal/kg EM) com 25 e 50% de casca de soja. Os tratamentos de restrição envolveram a oferta dessas dietas de forma contínua ou intercalada (com a dieta inicial não-diluída). Após o período de restrição, as aves retornaram ao consumo da ração inicial até os 21 dias de idade. No período seguinte, 22 a 35 dias de idade, as aves receberam ração de crescimento (21% PB e 3200 kcal/kg EM) e de 36 a 42 dias, ração final (19% PB e 3200 kcal/kg de EM). Após terem sido submetidas à restrição alimentar, as aves mostraram pesos corporais inferiores aos das aves do tratamento controle em todas as idades avaliadas. A diluição da dieta não influenciou a manifestação da síndrome ascítica ou morte súbita. Não houve diferença no rendimento de carcaça, peito e coxas. O conteúdo em gordura abdominal não mostrou diferenças consistentes entre tratamentos. Os tratamentos em que se utilizou a diluição com 50% de casca de soja apresentaram menor margem bruta. A estratégia nutricional, para reduzir as perdas por mortalidades de origem metabólica e o teor de gordura abdominal na carcaça foi acompanhada por perdas em termos de desempenho das aves.

composição da carcaça; desempenho; dieta; diluição; frangos de corte; restrição; síndrome ascítica; síndrome da morte súbita


This experiment was conducted to evaluate the performance, control of the of metabolic diseases incidence, and carcass yield of male broiler chickens allotted to a feed restriction from 8-14 days of age. The nutrient restriction was achieved by feeding a starter diet (21,5% CP and 3050 ME, kcal/kg) with 25 or 50% soybean hulls. The treatment of restriction involved the feeding of these diets either on continuously or intercalated form (with the non-diluted starter diet). After the restriction period, the birds returned to the regular starter diet up to 21 days of age. In the following period, from 22 to 35 days of age, the birds were fed a growing diet (21% CP - 3200 ME, kcal/kg) and from 36 to 42 days, a finishing diet (19% CP - 3200 ME, kcal/kg). After they have been submitted to the feed restriction, the birds showed lower body weights as compared to the control treatment for all ages. The diet dilution did not influence the incidence of ascites or sudden death syndromes. There were no differences on carcass breast or thigh yield. Abdominal fat content presented no consistent differences among treatment. The treatments with diet dilution of 50% of soybean hulls resulted on inferior gross margin. The nutritional strategy to reduce the losses by metabolic diseases and the abdominal carcass fat content was accomplished by losses on the performance of the birds.

carcass composition; performance; diet; dilution; broilers; nutrient; restriction; ascites syndrome; sudden death syndrome


MONOGÁSTRICOS

Efeito da restrição alimentar qualitativa no desempenho, na incidência de distúrbios metabólicos e no rendimento de carcaça em frangos de corte

Qualitative feed restriction effects on growth performance, metabolic disorders and carcass traits of broiler chickens

Helenice Mazzuco; Fátima Regina Jaenisch; Antonio Lourenço Guidoni

Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves - BR 153 km 110, Vila Tamanduá, Caixa Postal 21 Concórdia, SC - Brasil

RESUMO

Este estudo foi realizado para avaliar o desempenho, o controle da manifestação de doenças metabólicas e o rendimento de carcaça de frangos de corte machos submetidos à restrição alimentar no período de 8 a 14 dias de idade. A restrição nutritiva da dieta foi obtida diluindo-se a dieta inicial (21,5% PB e 3050 kcal/kg EM) com 25 e 50% de casca de soja. Os tratamentos de restrição envolveram a oferta dessas dietas de forma contínua ou intercalada (com a dieta inicial não-diluída). Após o período de restrição, as aves retornaram ao consumo da ração inicial até os 21 dias de idade. No período seguinte, 22 a 35 dias de idade, as aves receberam ração de crescimento (21% PB e 3200 kcal/kg EM) e de 36 a 42 dias, ração final (19% PB e 3200 kcal/kg de EM). Após terem sido submetidas à restrição alimentar, as aves mostraram pesos corporais inferiores aos das aves do tratamento controle em todas as idades avaliadas. A diluição da dieta não influenciou a manifestação da síndrome ascítica ou morte súbita. Não houve diferença no rendimento de carcaça, peito e coxas. O conteúdo em gordura abdominal não mostrou diferenças consistentes entre tratamentos. Os tratamentos em que se utilizou a diluição com 50% de casca de soja apresentaram menor margem bruta. A estratégia nutricional, para reduzir as perdas por mortalidades de origem metabólica e o teor de gordura abdominal na carcaça foi acompanhada por perdas em termos de desempenho das aves.

Palavras-chave: composição da carcaça, desempenho, dieta, diluição, frangos de corte, restrição, síndrome ascítica, síndrome da morte súbita

ABSTRACT

This experiment was conducted to evaluate the performance, control of the of metabolic diseases incidence, and carcass yield of male broiler chickens allotted to a feed restriction from 8-14 days of age. The nutrient restriction was achieved by feeding a starter diet (21,5% CP and 3050 ME, kcal/kg) with 25 or 50% soybean hulls. The treatment of restriction involved the feeding of these diets either on continuously or intercalated form (with the non-diluted starter diet). After the restriction period, the birds returned to the regular starter diet up to 21 days of age. In the following period, from 22 to 35 days of age, the birds were fed a growing diet (21% CP - 3200 ME, kcal/kg) and from 36 to 42 days, a finishing diet (19% CP - 3200 ME, kcal/kg). After they have been submitted to the feed restriction, the birds showed lower body weights as compared to the control treatment for all ages. The diet dilution did not influence the incidence of ascites or sudden death syndromes. There were no differences on carcass breast or thigh yield. Abdominal fat content presented no consistent differences among treatment. The treatments with diet dilution of 50% of soybean hulls resulted on inferior gross margin. The nutritional strategy to reduce the losses by metabolic diseases and the abdominal carcass fat content was accomplished by losses on the performance of the birds.

Key Words: carcass composition, performance, diet, dilution, broilers, nutrient, restriction, ascites syndrome, sudden death syndrome

Introdução

A maior parte das pesquisas referentes à restrição alimentar foi conduzida para se reduzir o crescimento inicial das aves, para posterior recuperação do peso final, visando, principalmente, ao incremento da produção de carcaças com reduzido conteúdo em gordura. Os estudos de GRIFFITHS et al. (1977), PLAVNIK e HURWITZ (1985) e ZUBAIR e LEESON (1994) são clássicos nesse sentido. Com o aumento na demanda de produtos avícolas pós-processados, existe interesse considerável na composição e qualidade da carcaça de frangos de corte. Como a presença de gordura na carcaça pode ser alterada por intermédio da manipulação dos níveis energéticos da dieta, há possibilidade de redução na deposição dessa gordura corporal, limitando-se à ingestão de energia pelas aves (LEESON et al. 1996).

Na tentativa de reduzir a manifestação da síndrome ascítica em frangos de corte, diferentes formas de aplicação de programas de restrição alimentar também foram abordadas em estudos como os de ARCE et al. (1992), ROBINSON et al. (1992) e ACAR et al. (1995). Com a restrição alimentar, há redução do peso corporal e conseqüente diminuição na atividade metabólica e demanda por O2, o que limita a predisposição das aves à hipoxia, que origina a hipertensão pulmonar - característica em aves que apresentam o quadro da síndrome ascítica. ARCE et al. (1992) concluíram que a restrição alimentar foi um instrumento eficaz no controle da Síndrome Ascítica (SA) em frangos de corte, porém, autores como SHLOSBERG et al. (1991) e ROBINSON et al. (1992) não obtiveram resultados satisfatórios no controle da SA, ao aplicarem os programas de restrição alimentar. LEESON e SUMMERS (1988) afirmaram que menor velocidade de crescimento durante determinado período pode ser importante para se alcançar o desenvolvimento normal das aves, prevenindo-se problemas de pernas e reduzindo o número de aves refugos. Segundo YU et al. (1990), a restrição alimentar, aplicada em idade precoce e a posterior realimentação alteram a curva de crescimento, resultando em economia de ração e redução na deposição de gordura abdominal na carcaça. No entanto, o fenômeno da compensação do peso em frangos de corte, segundo PALO et al. (1995), é complexo e multifatorial, uma vez que interagem aspectos fisiológicos, nutricionais, metabólicos e endócrinos. O presente experimento foi delineado com o objetivo de estudar as respostas de frangos machos submetidos à restrição alimentar, entre o 8º e 14º dia de criação, imposta por intermédio da diluição da dieta (redução do nível energético e protéico) no controle da incidência da síndrome ascítica e morte súbita, rendimento da carcaça e cortes, desempenho e resultado bioeconômico. A influência do fornecimento das dietas diluídas em períodos alternados ou contínuos também foi avaliada no presente estudo.

Material e Métodos

Três mil e quinhentos pintos machos de um dia, de uma linhagem comercial, foram equalizados por peso inicial e distribuídos em 25 boxes (11,38 m2) com 140 aves/box e criados até o 7º dia de idade sob uma dieta inicial (conforme Tabela 1), formulada de acordo com as exigências da linhagem e recebendo a mesma composição nutritiva. Optou-se pela utilização de machos, por serem mais suscetíveis à manifestação de distúrbios metabólicos, bem como pelo período de inverno, para a condução do estudo. As temperaturas foram monitoradas em dois horários, 8 e 16 h, obtendo-se respectivos valores de 18; 23,5; 12,5; 32; e 5ºC para temperaturas médias, médias das mínimas, médias das máximas, máximas e mínimas absolutas.

Cada tratamento foi representado por cinco repetições totalizando 700 aves por tratamento e, no período de 8 a 14 dias, foram aplicados os tratamentos experimentais descritos a seguir: T1 = ração inicial (controle); T2 e T3 = ração inicial diluída com 25 e 50% de casca de soja, respectivamente, fornecida de 8 a 14 dias; e T4 e T5 = ração inicial diluída com 25 e 50% de casca de soja respectivamente, fornecida nos dias 8,10,12 e 14, intercalada com a ração controle nos dias 9,11 e 13. Após o 14º dia, todas as aves receberam a dieta inicial regularmente; dos 22 aos 35 dias de idade, consumiram a ração de crescimento (21% PB e 3200 kcal/kg EM); e dos 36 dias até o abate (42 dias), receberam a ração final (19% PB e 3200 kcal/kg EM). Aos 42 dias de idade, foram selecionadas seis aves pelo peso corporal médio do box, oriundas de cada repetição para o abate e cortes. As aves foram abatidas por sangria, depenadas, evisceradas e as carcaças submetidas aos cortes para posterior mensuração dos pesos. A gordura abdominal também foi extraída e pesada. O consumo e o peso das aves foram obtidos em intervalos de sete dias, até os 42 dias.

As mortalidades avaliadas diariamente foram classificadas da seguinte forma: Síndrome Ascítica (SA), quando detectado líquido abdominal de cor clara em qualquer volume; Síndrome da Morte Súbita (SMS), quando, a campo, a ave se apresentava em decúbito dorsal, peso médio igual ou superior à média do lote, com inglúvio repleto de ração e à necropsia, conforme GONZALES et al. (1994), trato gastrintestinal com alimento, coração dilatado ou contraído, aurículas cheias de sangue, vesícula biliar pequena ou vazia, pulmão congesto ou normal e ausência de lesões por outras causas; aves Refugos, eliminadas por apresentarem algum defeito físico e/ou peso corporal muito abaixo da média do box; e mortalidade por Outras Causas (OC), quando não classificadas nos itens anteriores.

No cálculo da margem bruta e obtenção do resultado bioeconômico, consideraram-se o preço da ave viva/kg na idade de 42 dias, o consumo e o preço das rações nas diferentes fases e o número de aves alojadas no primeiro dia, conforme a fórmula: Margem bruta = [preço do frango em reais (kg/ave viva) x peso médio do frango aos 42 dias - (consumo da ração x preço da ração nas diferentes fases) - preço do pinto de um dia].

O delineamento estatístico adotado foi em blocos casualizados, com cinco repetições e cinco tratamentos. As análises foram realizadas pelo programa SAS, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste t a 5% de probabilidade, por intermédio do teste F. A mortalidade foi avaliada de acordo com Pimentel Gomes (1987).

Resultados e Discussão

Peso corporal

Segundo ENSMINGER (1992), as exigências energéticas diárias das aves durante a 2a semana de idade é 118,57 kcal de EM. Considerando os tratamentos mais severos do presente estudo (3 e 5), as aves foram submetidas à restrição energética, nesta idade, em 73 e 103 kcal EM/ave•dia, respectivamente. Foram observados baixos pesos corporais (p<0,05) nas aves submetidas aos tratamentos de restrição a partir dos 14 dias de idade. A limitação da ingestão da energia da dieta aquém das exigências de mantença mostrou-se deletéria à recuperação do peso corporal, uma vez que as aves não atingiram o peso vivo das aves controle aos 42 dias de idade (Tabela 2). Mesmo após a realimentação, as aves não exibiram taxas de crescimento que viessem a compensar a perda do peso corporal durante o período da restrição. O peso corporal aos 42 dias das aves dos tratamentos 2 e 4, embora não tenham diferido significativamente do peso das aves que receberam a dieta controle, apresentaram baixos valores para essa variável. Resultados semelhantes foram obtidos por ARCE et al. (1992), quando mostraram que a restrição alimentar (8 horas de acesso ao alimento ou 10% de redução do consumo a vontade) reduziram o peso corporal das aves significativamente aos 53 dias de idade. Do mesmo modo, ROBINSON et al. (1992) concluíram que a dieta de restrição imposta às aves durante sete dias acarretou pesos corporais menores que os das aves controle. Ao aplicar a restrição qualitativa da dieta (50% dieta inicial:50% cascas de aveia moída) durante a segunda semana, ROBINSON et al. (1992) observaram pesos inferiores das aves em relação aos das aves submetidas à restrição quantitativa.

Conforme FONTANA et al. (1992), as médias de peso foram significativamente menores para as aves que receberam os tratamentos de restrição (40 kcal/ave•dia) aplicados durante 5 dias, a partir do 4º dia de idade. Os autores discutem que os pesos corporais foram baixos a partir do 14º dia de idade, não havendo recuperação na idade de 42 dias. Quando se aplicaram análises de regressão, estimou-se que as aves necessitariam de aproximadamente 2 dias adicionais para atingir peso corporal comparável ao das aves controle aos 42 dias, ou seja, deveriam ser criadas até 44 dias de idade. Com base nas taxas de ganho de peso, ROBINSON et al. (1992) também argumentaram que as aves sob restrição necessitariam de 2 a 3 dias adicionais para atingir o peso das aves do tratamento controle.

Autores como ACAR et al. (1995) obtiveram pesos corporais abaixo do peso demonstrado pelas aves do tratamento controle aos 28, 35, 42 e 49 dias, ao aplicarem restrição alimentar com base na limitação da ingestão diária em 75% da EM exigida para o crescimento durante sete dias. Variando-se o período da restrição (sete dias contínuos ou intercalados com a dieta inicial), não houve recuperação do peso final. Isso concorda com as observações de ZUBAIR e LEESON (1994), quando aplicaram a restrição qualitativa da dieta (diluída com 50% de cascas de aveia) de forma intercalada ou contínua, o que, segundo os autores, pressupõe que o modo de distribuição da ração diluída em períodos intercalados não tem efeito sobre o crescimento compensatório.

Ganho de peso (GP)

No período total (0 a 42 dias, Tabela 2), as médias para o GP do tratamento controle não foram alcançadas pelas aves dos tratamentos em que se aplicou a restrição alimentar utilizando dietas diluídas com 50% de casca de soja. Embora apresentando taxas de crescimento compatíveis com os ganhos das aves do tratamento controle, após os 28 dias, os frangos não alcançaram o peso corporal aos 42 dias de idade. Resultado semelhante ficou caracterizado no estudo de FONTANA et al. (1992), mostrando que, embora as taxas de ganho de peso entre os tratamentos não fossem diferentes, as aves sob restrição não superaram o atraso no crescimento causado pela restrição alimentar. ZUBAIR e LEESON (1994) empregaram a restrição alimentar diluindo-se a dieta inicial com 50% de cascas de aveia e, durante o período de 42 a 49 dias, as aves submetidas à restrição ganharam significativamente mais peso que as aves controle. Sugere-se que as aves, no presente estudo, necessitariam de maior período de recuperação ou retorno à alimentação normal para a manifestação do ganho compensatório.

Consumo

As aves submetidas à restrição, no período de 8 a 14 dias, dos tratamentos 3 e 5 não aumentaram o consumo da ração de forma a compensar a menor ingestão energética (Tabela 2), resultado este distinto dos estudos de GRIFFITHS et al. (1977) e ZUBAIR e LEESON (1994).

O limite físico de consumo das aves pode ser causa provável para esse comportamento, associado ao maior volume de ração obtido com a diluição.

O oferecimento da ração diluída em períodos alternados (Tratamentos 4 e 5, Tabela 2) não mostrou efeito significativo no consumo durante o período total, o mesmo ocorrendo com o tratamento 2. ROBINSON et al. (1992) observaram que as aves submetidas à restrição quantitativa e qualitativa de forma contínua consumiram menos ração que as aves com consumo ad libitum e as que receberam a ração diluída de forma intercalada apresentaram consumo ainda menor.

Conversão alimentar (CA)

No período de 0 a 35 dias, não houve diferença entre os tratamentos; já no período de 0 a 42 dias esta diferença foi significativa (p<0,05) para os tratamentos em que se aplicou a restrição (Tabela 2). Ao aplicar a restrição qualitativa da dieta (50% de cascas de aveia moídas), ROBINSON et al. (1992) também não obtiveram diferenças na CA aos 42 dias, ao compararem a restrição quantitativa (27 g/ave•dia) durante a segunda semana. ARCE et al. (1992) concluíram que a restrição aplicada com o objetivo de reduzir a incidência de SA acarretou em diminuição significativa do peso corporal e da conversão alimentar ao final do período de criação.

Mortalidade

Nenhum dos tratamentos de restrição alterou a incidência da mortalidade por SA ou SMS (P>0,05) (Tabela 3). O efeito dos tratamentos de restrição nas mortalidades por AS e SMS não pôde ser mensurado, em função da baixa incidência destas no lote.

ROBINSON et al. (1992), utilizando restrição qualitativa e quantitativa da dieta, também concluíram que os tratamentos aplicados não resultaram em diminuição significativa da mortalidade por SA e SMS. No entanto, os regimes de restrição alimentar aplicados por ACAR et al. (1995) reduziram significativamente a mortalidade por SA (P>0,05), quando empregaram a limitação diária do consumo a 75% da EM, exigida para o crescimento normal. ARCE et al. (1992) também aplicaram diferentes restrições alimentares (8 horas de acesso ao alimento ou 10% a menos do consumo a vontade) e obtiveram redução da incidência de SA.

Rendimento de carcaça e cortes

Para o rendimento de carcaça, não houve diferenças entre tratamentos (Tabela 4). O rendimento do peito em relação ao peso da carcaça também não diferiu entre tratamentos, o mesmo ocorrendo com relação ao peso e rendimento de sobrecoxas (Tabela 4). As diferentes formas de aplicação dos programas de restrição não resultaram em redução da gordura abdominal da carcaça. Para essa variável não houve diferenças de resposta entre as aves do tratamento controle e as aves sob restrição contínua ou alternada. Diferença significativa foi mostrada apenas entre as aves sob restrição (tratamento 5) e as aves dos tratamentos controle, conforme mostrado na Tabela 4. Estes resultados estão em concordância com FONTANA et al. (1993), os quais concluíram que a restrição alimentar influiu na deposição de gordura em frangos de corte. Conforme estudo de GARCIA et al. (1993), o nível de energia da dieta influenciou (p<0,05) o rendimento de coxas e gordura abdominal, porém não mostrou efeito sobre o rendimento de carcaça eviscerada, peito e sobrecoxa. Aplicando-se restrição alimentar, que permitiu taxas de crescimento 60 a 75% do normal, PLAVNIK e HURWITZ (1991) constataram redução significativa (p<0,05) na gordura abdominal (g/kg) de frangos machos abatidos aos 56 dias de idade.

Margem bruta

Aplicou-se a análise bioeconômica, considerando-se o preço do frango (kg/ave viva) aos 42 dias e descontando-se o custo das rações nas diferentes fases e o preço do pinto de um dia, conforme mostrado na fórmula da margem bruta. Os resultados obtidos para cada tratamento foram : T1= 0,13; T2 = 0,10; T3= 0,08; T4= 0,09; e T5= 0,08.

Os tratamentos em que se aplicaram as restrições não alcançaram a mesma eficiência, apresentando menor margem bruta (p<0,05) que o tratamento controle (T1).

Conclusões

A estratégia nutricional de restrição qualitativa da dieta, na tentativa de reduzir as perdas por mortalidade de origem metabólica e o teor de gordura abdominal na carcaça, foi acompanhada por perdas no desempenho das aves.

Recebido em: 19/06/98

Aceito em: 25/05/99

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Set 2011
  • Data do Fascículo
    1999

Histórico

  • Recebido
    19 Jun 1998
  • Aceito
    22 Maio 1999
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