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Características da carcaça de cordeiros alimentados com dietas contendo grãos de milho conservados em diferentes formas

Characteristics of the carcass of lambs fed diets with corn grains conserved in different forms

Resumos

O objetivo do presente estudo foi avaliar o uso de grãos de milho em diferentes formas (grãos secos, silagem de grãos úmidos, grãos hidratados e ensilados) na dieta de cordeiros confinados, e seus possíveis efeitos sobre a qualidade da carcaça, compreendendo avaliações quantitativas e qualitativas. Vinte cordeiros machos cruza Bergamácia x Corriedade foram utilizados. Os animais foram confinados, distribuídos em cinco tratamentos, que consistiram de diferentes relações grãos de milho secos:silagem de grãos úmidos ou de milho hidratado (0:100, 50:50, 100:0). Não houve efeito dos tratamentos sobre as características de carcaça. O rendimento verdadeiro médio de carcaça foi de 51,5% e o rendimento de carcaça comercial, de 42,4%. Não foram observadas diferenças entre as variáveis condição corporal e conformação da carcaça, em função dos tratamentos. As variáveis cobertura de gordura, cor da gordura e espessura de gordura foram semelhantes. As formas dos grãos de milho utilizados na alimentação dos cordeiros não causaram efeitos sobre a carcaça, considerando-se as variáveis quantitativas e qualitativas.

característica de carcaça; ovinos; rendimento de carcaça; silagem de grãos


The objective of this study was to evaluate the use of corn grains in different forms (corn dry grain, high moisture corn silage, moisturized corn silage) in the diet of confined lambs, and its possible effects on the qualitative and quantitative characteristics of the carcass. Twenty male Bergamacia x Corriedade lambs were used. The animals were confined and fed ad libitum, assigned to five treatments consisted of dry corn: high moisture corn silage or moisturized corn silage (0:100, 50:50, 100:0). There was not effect of the treatments on the main carcass characteristics. The average true yield of carcass was 51.5%, while the yield of commercial carcass was 42.4%. Differences were not observed between the variable body condition and conformation of the carcass, in function of the treatments. The variables fat covering, fat color and fat thickness were similar. The forms of the corn grains used in the feeding of the lambs did not affect the qualitative and quantitative characteristics of the carcass.

carcass characteristic; carcass yield; high moisture corn; lambs


Características da Carcaça de Cordeiros Alimentados com Dietas Contendo Grãos de Milho Conservados em Diferentes Formas1 1 Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae".

Wagner dos Reis2 1 Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae". , Clóves Cabreira Jobim3* 1 Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae". , Francisco A. F. Macedo3 1 Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae". , Elias Nunes Martins3* 1 Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae". , Ulysses Cecato3* 1 Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae".

RESUMO - O objetivo do presente estudo foi avaliar o uso de grãos de milho em diferentes formas (grãos secos, silagem de grãos úmidos, grãos hidratados e ensilados) na dieta de cordeiros confinados, e seus possíveis efeitos sobre a qualidade da carcaça, compreendendo avaliações quantitativas e qualitativas. Vinte cordeiros machos cruza Bergamácia x Corriedade foram utilizados. Os animais foram confinados, distribuídos em cinco tratamentos, que consistiram de diferentes relações grãos de milho secos:silagem de grãos úmidos ou de milho hidratado (0:100, 50:50, 100:0). Não houve efeito dos tratamentos sobre as características de carcaça. O rendimento verdadeiro médio de carcaça foi de 51,5% e o rendimento de carcaça comercial, de 42,4%. Não foram observadas diferenças entre as variáveis condição corporal e conformação da carcaça, em função dos tratamentos. As variáveis cobertura de gordura, cor da gordura e espessura de gordura foram semelhantes. As formas dos grãos de milho utilizados na alimentação dos cordeiros não causaram efeitos sobre a carcaça, considerando-se as variáveis quantitativas e qualitativas.

Palavras-chave: característica de carcaça, ovinos, rendimento de carcaça, silagem de grãos.

Characteristics of the Carcass of Lambs Fed Diets with Corn Grains Conserved in Different Forms

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the use of corn grains in different forms (corn dry grain, high moisture corn silage, moisturized corn silage) in the diet of confined lambs, and its possible effects on the qualitative and quantitative characteristics of the carcass. Twenty male Bergamacia x Corriedade lambs were used. The animals were confined and fed ad libitum, assigned to five treatments consisted of dry corn: high moisture corn silage or moisturized corn silage (0:100, 50:50, 100:0). There was not effect of the treatments on the main carcass characteristics. The average true yield of carcass was 51.5%, while the yield of commercial carcass was 42.4%. Differences were not observed between the variable body condition and conformation of the carcass, in function of the treatments. The variables fat covering, fat color and fat thickness were similar. The forms of the corn grains used in the feeding of the lambs did not affect the qualitative and quantitative characteristics of the carcass.

Key Words: carcass characteristic, carcass yield, high moisture corn, lambs

Introdução

A ovinocultura no Brasil encontra-se em desenvolvimento nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, sendo a carne ovina considerada uma excelente fonte de proteína de alto valor biológico. No Rio Grande do Sul, ênfase já foi dada à produção de lã, porém o potencial desta espécie na produção de carne é uma de suas particularidades; com algumas raças apresentando alta eficiência para ganho de peso e qualidade de carcaça. Atualmente, o enfoque da atividade no Rio Grande do Sul está voltado para a produção de carne, principalmente em função da atual desvalorização da lã.

Uma das peculiaridades da espécie ovina é apresentar alta eficiência para ganho de peso e qualidade da carcaça, nos primeiros seis meses de vida, somando-se, ainda, o rápido ciclo reprodutivo, pois com oito meses, incluindo cinco de gestação, já é possível o abate dos animais.

Em vista disto, a ovinocultura é uma atividade com retorno econômico garantido em vários países, como a Nova Zelândia, Austrália, Uruguai e inúmeros países europeus, conhecidos pelo alto nível de industrialização (FIGUEIRÓ e BENAVIDES, 1990). Essa atividade, desenvolvida inicialmente na região Sul do país, vem aumentando significativamente no Brasil, estimulada principalmente pelo elevado potencial de consumo nos grandes centros urbanos. Porém, a produção e a comercialização da carne de ovinos no Brasil ainda não se encontra organizada. Apresenta baixa oferta, sendo que além disso, a maioria dos produtores não estão conscientizados da necessidade de se produzir carne de boa qualidade, levando ao mercado carcaças de animais com idade avançada, o que vem contribuir para dificultar ainda mais o crescimento do consumo. Tem-se comprovado o crescimento do consumo em algumas regiões que abatem animais jovens, com carcaças apresentadas ao consumidor em cortes especiais (MACEDO, 1998).

Essas características podem ser otimizadas pelo uso de sistemas adequados de cruzamentos e de terminação. Desse modo, a prática de terminação de ovinos em confinamento, ou em pastagens de alta qualidade, possibilitaria disponibilizar ao mercado consumidor um animal mais jovem com características de carcaça favoráveis, o que contribuiria com certeza para expansão do consumo.

O sistema de comercialização habitual, a exemplo do que ocorre em bovinos, é feito em função do peso vivo, não sendo considerada deste modo a qualidade da carcaça. Com isto ocorre desestímulo pelo criador em produzir animais de melhor qualidade, o que seria possível com o abate de animais jovens.

Segundo MACEDO (1998), a maior valorização das terras próximas aos grandes centros consumidores orienta à adoção de alta tecnologia para produção de carne de cordeiros. Desse modo, buscam-se animais que tenham alto potencial genético para ganho de peso e, principalmente, um sistema de terminação eficiente, para obtenção de maior quantidade de carne com qualidade, no menor espaço de tempo, a custos compatíveis.

O confinamento é uma alternativa que conduz a produção de carne de cordeiro com maior rapidez, ao mesmo tempo que facilita o controle da verminose, pois não entram em contato com as pastagens, principal fonte de contaminação dos animais. BORDA et al. (1993) afirmam que, em um rebanho de ovinos, apenas uma pequena parcela da população parasitária, menos de 5%, encontra-se dentro dos animais, enquanto o restante, mais de 95%, encontra-se nas pastagens. Além do mais em confinamento é possível produzir carcaças sem resíduos de vermífugos. O confinamento passa a ser uma opção aos ovinocultores de regiões susceptíveis às altas cargas endoparasitárias.

Medidas objetivas e subjetivas poderão ser utilizadas a fim de se avaliar as condições de uma carcaça, de maneira que podemos encontrar características diferentes dentro de uma espécie animal. Para COLOMER-ROCHER (1992) as carcaças de mesmo peso que apresentarem maior proporção de músculo e menor de gordura, originam-se de raças com aptidão para produção de carne, de morfologia compacta, sendo que carcaças bem conformadas causam melhor impressão aos consumidores. FARIAS et al. (1986) afirmam que a conformação permite avaliar, principalmente, o desenvolvimento muscular da carcaça.

A alimentação animal tem se tornado um assunto de alta prioridade, face às relações desfavoráveis entre os custos dos insumos, principalmente concentrados. Diante disso, deve-se buscar a utilização de tecnologias que permitam eficiência e economicidade em qualquer exploração pecuária. Nesse sentido, o uso de silagem de grãos úmidos de milho pode constituir-se em importante alternativa do uso desse cereal.

O uso desta tecnologia traz inúmeras vantagens, permitindo, por exemplo, antecipação da colheita, liberando terra para outras culturas; utilização de um sistema de armazenamento mais simples e econômico, evitando o ataque de roedores e carunchos nos grãos, diminuindo deste modo as perdas a campo; e conservação do valor nutritivo por um maior período de tempo.

De acordo com SANTOS (1992) e JOBIM et al. (1997), além das perdas quantitativas, são bastante acentuadas as referentes à qualidade dos grãos. Assim, além da silagem de grãos como opção para minimizar estas perdas, também existe a possibilidade de utilização dos grãos de milho hidratados e ensilados. Esta opção, por sua vez, permite a utilização do grão seco, que após a elevação de sua umidade, permite o processo de ensilagem, trazendo dessa forma alternativas de armazenamento com perdas reduzidas. Este estudo foi conduzido com o objetivo principal de avaliar o uso de grãos de milho em diferentes formas (grãos secos, silagem de grãos úmidos, grãos hidratados e ensilados), na dieta de cordeiros confinados, e seus possíveis efeitos sobre a qualidade da carcaça.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Universidade Estadual de Maringá-UEM, no Câmpus do Arenito, localizado no Município de Cidade Gaúcha ¾ PR. Foram utilizados 20 cordeiros machos cruza Bergamácia x Corriedale, desmamados com 50 dias de idade. Entre o 3o e 5o dia de vida todos foram caudectomizados, e com 15 dias foram vacinados contra ectima contagioso e aos 45 dias receberam vacina contra carbúnculo, gangrena gasosa e enterotoxemia.

Os tratamentos constaram de concentrado formulado com grãos de milho conservados em diferentes formas como segue: grãos de milho secos: silagem de grãos úmidos ou silagem de milho hidratado (0:100, 50:50, 100:0). A composição química dos alimentos utilizados nesse estudo está apresentada na Tabela 1.

Os animais foram alojados em instalação com piso ripado suspenso, onde receberam ad libitum ração completa, constituída de feno de aveia (Avena strigosa Schereb) como volumoso mais ração concentrada (Tabela 2).

Para a confecção da silagem de grãos úmidos de milho a colheita foi efetuada na fase de maturação fisiológica, ocasião em que os grãos apresentavam em torno de 70% de MS, o que na prática é verificado quando um quarto do grão está mole e o resto farináceo. O milho foi colhido manualmente, debulhado em trilhadeira estacionária ligada a tomada de potência do trator, e a seguir triturado em desintegrador de grãos e ensilado em silo trincheira.

Para o processo de ensilagem dos grãos de milho hidratados, procedeu-se primeiramente à moagem do milho em desintegrador de grãos, produzindo o que é conhecido na prática como milho moído grosso. Realizada a hidratação, na proporção de 65 litros de água para cada 100 kg de milho, procedeu-se à ensilagem em silo trincheira revestido com lona plástica, sendo compactado a medida que o silo ia sendo carregado. Após enérgica compactação (850 kg/m3), o silo foi vedado com lona plástica, permanecendo fechado por 45 dias.

Os animais, em todos tratamentos, apresentaram diferentes pesos na origem (28, 32, 36 e 40 kg), após permanecerem por 18 horas em dieta hídrica, exclusivamente. Previamente ao abate, determinou-se a condição corporal (CC), por meio da palpação da região lombar, conferindo-se nota de 1,00 a 5,00 (1,00 para pior e 5,00 para a melhor).

Ao abate, os animais foram novamente pesados (peso vivo ao abate) para determinação da perda de peso da origem ao abate. Após o sacrifício, o aparelho gastrointestinal foi esvaziado para obtenção do peso vivo vazio (PVV= peso vivo ao abate menos o peso do conteúdo gastrointestinal), visando determinar o rendimento verdadeiro (RV), que é a relação entre o peso da carcaça quente e aquela variável (SAÑUDO e SIERRA, 1986). Terminada a evisceração, pesaram-se as carcaças (peso da carcaça quente - PCQ), transferindo-as para uma câmara frigorífica a 4oC, onde permaneceram por 24 horas, penduradas pelos tendões em ganchos apropriados para manutenção das articulações tarso metatarsianas distanciadas em 17 cm. Ao final desse período, pesou-se a carcaça fria, calculando-se então a porcentagem de perda de peso por resfriamento e o rendimento comercial (relação entre o peso da carcaça fria e o peso vivo ao abate).

As carcaças foram avaliadas visualmente, segundo metodologia citada por COLOMER-ROCHER (1988), para as seguintes características: Grau de Conformação (GC), considerando a carcaça como um todo, dando ênfase às diferentes regiões anatômicas: perna, garupa, lombo e escápula, bem como à espessura de seus planos musculares e adiposos, em relação ao esqueleto que a suporta, atribuindo-se 1,00 para muito pobre e 5,00 para excelente; Cobertura de Gordura (CBG), sendo 1,00 para excessivamente magra e 5,00 para excessivamente gorda. Para cor da gordura, consistência da gordura e cor da carne, utilizou-se a escala de 1,00 a 3,00 pontos, sendo cor da gordura (CG), (1,00 para branca e 3,00 amarela); consistência da gordura (COG) (1,00 para firme e 3,00 mole) e cor da carne (CC), (1,00 para rosa e 3,00 roxa). Todas as notas referentes à avaliação subjetiva foram fracionadas em 0,25.

No longissimus dorsi tomou-se a área transversal em transparência e, posteriormente, através do programa computacional AUTOCAD, foi determinada a área de olho de lombo. Ainda no longissimus dorsi, utilizando-se paquímetro, foi medida a espessura de gordura de cobertura sobre a secção do mesmo (entre a última vértebra dorsal e primeira lombar).

Para cálculo dos índices de compacidade, realizaram-se as seguintes mensurações, segundo SAÑUDO e SIERRA (1986) e MACEDO (1998): comprimento da perna (distância entre o períneo e o bordo anterior da superfície articular tarso metatarsiana), largura da garupa (largura máxima entre os trocânteres de ambos os fêmures, tomada com compasso), comprimento interno da carcaça (distância máxima entre o bordo anterior da sínfese isquio-pubiana e o bordo anterior da primeira costela em seu ponto médio). Foram calculados os índices de compacidade da carcaça (peso da carcaça fria dividido pelo comprimento interno da carcaça) e de compacidade da perna (largura da garupa dividida pelo comprimento da perna). Posteriormente, a carcaça foi seccionada ao meio e a metade esquerda foi pesada e subdividida em 7 regiões anatômicas, as quais foram pesadas individualmente, determinando-se posteriormente as porcentagens que representavam em relação ao todo: Pescoço (compreende a região anatômica das sete vértebras cervicais, sendo obtida através de um corte oblíquo que passa entre a sétima vértebra cervical e a primeira torácica, buscando a ponta do esterno e terminando no bordo interior do pescoço); Paleta (região que tem como base anatômica a escápula, úmero, ulna, rádio e carpo); Costelas descobertas (apresentam como base óssea as cinco primeiras vértebras dorsais, junto com a metade superior do corpo das costelas correspondentes); Costelas (são as oito últimas vértebras dorsais, juntamente com a metade superior das costelas correspondentes); Baixos (obteve-se traçando uma linha reta da borda dorsal do abdômen à ponta do esterno); Lombo (tem como base anatômica as vértebras lombares, sendo a zona que incide perpendicularmente com a coluna, entre a 13ª vértebra dorsal e a última lombar); Perna (conjunto que compreende as regiões glútea, femural e da perna, tendo como base óssea, o tarso, a tíbia, o fêmur, ísquio, púbis e ílio, separado por um corte perpendicular à coluna, entre as duas últimas vértebras lombares). As regiões foram agrupadas em cortes anatômicos de primeira (pernil e lombo), segunda (paleta e costelas) e terceira (costela descoberta, baixos e pescoço).

Os tratamentos foram arranjados em delineamento experimental inteiramente casualizado com quatro repetições e analisados segundo o modelo Yij = m + Ti + b (PVij¾ PV) + eij, em que: Yij = observação referente ao animal j recebendo o tratamento i; m = constante geral; Ti = efeito do tratamento i, i = 1,...,5; b = coeficiente linear de regressão da variável Y em função do peso vivo; PVij = peso vivo ao abate do animal j do tratamento i; PV = peso vivo médio dos animais ao abate; eij = erro aleatório associado a cada observação.

Resultados e Discussão

Não houve efeito dos tratamentos sobre as características das carcaças estudadas (Tabela 3). Com relação aos pesos de carcaça quente e de carcaça fria, não foram evidenciados efeitos das formas de conservação dos grãos de milho empregados nos concentrados, com pesos médios de 14,52 kg e 14,13 kg, respectivamente. A perda de peso por resfriamento (PPR) foi em média de 2,72%, valores considerados normais de acordo com a literatura consultada (BONIFÁCIO et al.,1979); FIGUEIRÓ, 1979; CARVALHO et al.,1980; SILVEIRA et al.,1980), estando dentro da faixa aceitável (3,0 - 4,0%) segundo SAÑUDO e SIERRA (1981).

Nota-se pelos resultados apresentados na Tabela 3, que os rendimentos verdadeiro, comercial e perda na origem, não foram afetados pelos tratamentos. O RVC médio, considerando-se todos os tratamentos, foi de 51,50%; o RCC, de 42,40%; e perda na origem, de 4,54%. Esses valores podem ser considerados bons, sendo equivalentes àqueles registrados por MACEDO (1998). Os rendimentos verdadeiro e comercial são equivalentes àqueles apresentados por outros autores, em estudos com cordeiros (LATIF e OWEN (1980), SAÑUDO et al. (1981), SAÑUDO e SIERRA (1986), GUNEY (1989), MARTINS (1997) e MACEDO (1998). Não se observaram diferenças nos índices de compacidade da carcaça entre os tratamentos, sendo que os valores obtidos se encontram próximos aos citados por SAÑUDO et al. (1981), que é de 201,84. Porém, as carcaças mais pesadas apresentaram maior (P<0,05) índice de compacidade, o que é corroborado por OSÓRIO (1992), segundo o qual carcaças de melhor conformação subjetiva são as mais curtas.

Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre as variáveis Condição Corporal (CC) e Conformação (CO), em função dos tratamentos (Tabela 4). As variáveis Cobertura de Gordura (CBG), Cor da Gordura (CG) foram semelhantes, com valores para coloração da gordura equivalentes aos apresentados por JONES et al. (1984). Com relação aos valores constatados para cobertura de gordura, não houve diferenças (P>0,05) entre as dietas avaliadas. Entretanto, constatou-se que maior peso ao abate (Tabela 3) proporciona maior cobertura de gordura na carcaça. As médias para Área de Olho de Lombo (AOL) e Espessura de Gordura (EG), de acordo com os tratamentos, encontram-se na Tabela 4. Constatou-se que não houve efeito dos tratamentos sobre o parâmetro AOL, ressaltando-se que os valores obtidos são compatíveis com carcaças de alta qualidade de acordo com JONES et al. (1984) e MACEDO (1998). Não houve efeito de tratamento sobre espessura de gordura; entretanto, constatou-se que, à medida que o peso vivo aumenta, eleva-se a medida desta variável, ressaltando-se, porém, os excelentes níveis de tecido adiposo nestas carcaças (média de 2,11), estando de acordo com JONES et al. (1984).

A cor da carne foi semelhante para todos os tratamentos, apresentando-se mais próxima da cor rosa (média 1,56), concordando com JONES et al. (1984). No entanto, a análise de variância (Tabela 6) aponta alteração na cor da carne em relação ao peso vivo, em que maior peso do animal ao abate resultou em carne mais escura.

Na Tabela 5, são apresentados os valores referentes aos pesos e rendimentos dos cortes.

Na Tabela 5, são apresentados os dados referentes a rendimento de pescoço, em que, pela análise de variância, observa-se tendência de aumento neste percentual com a evolução do peso vivo, o que vem concordar com os resultados obtidos por SAÑUDO et al. (1992) e SOUSA (1993). As demais variáveis, em relação a rendimento dos cortes, não apresentaram diferenças significativas em relação aos tratamentos utilizados.

Os RPE, RPA, RC e RL foram semelhantes aos registrados por COLOMER-ROCHER e ESPEJO (1972), que trabalharam com cordeiros mestiços Manchega x Aragonesa, abatidos ao redor de 30 kg. O mesmo ainda foi verificado em trabalhos efetuados por outros autores (SIERRA, 1970; BONIFÁCIO et al., 1979; SILVEIRA et al., 1980; e SIQUEIRA, 1983). De acordo com CAÑEQUE et al. (1989), somente têm-se encontrado pequenas diferenças no peso dos cortes das carcaças de diferentes conformações. Resultados de pesquisa revelam que carcaças de melhor conformação apresentam mesmos pesos e cortes que as demais, mostrando, assim, que essa diferença na conformação, sob o ponto de vista prático, é desprezível.

Conclusões

As formas dos grãos de milho utilizados na alimentação dos cordeiros não afetaram as variáveis quantitativas e qualitativas estando os valores observados relacionados a carcaças de qualidade elevada.

O peso da carcaça afetou parâmetros como índice de compacidade, cobertura de gordura, espessura de gordura, cor da carne e rendimento do pescoço, concluindo-se que estas variáveis apresentam valores mais elevados quanto maior for o peso ao abate.

A utilização de silagens de grãos úmidos de milho ou de grãos hidratados, em substituição ao grão de milho seco, pode ser utilizada sem restrições na alimentação de cordeiros para produção de carne, sem prejuízo à qualidade da carcaça.

Referências Bilbiográficas

Recebido em: 10/02/00

Aceito em: 19/04/01

2 Professor do Dep. de Zootecnia da ESAPP - Escola Superior de Agronomia e Zootecnia de Paraguaçu Paulista-SP.

3 Professor do Departamento de Zootecnia - UEM. E.mail: ccjobim@uem.br

* Pesquisador do CNPq.

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  • 1
    Parte da Dissertação apresentada pelo primeiro Autor à Universidade Estadual de Maringá (UEM) para obtenção do título "Magister Scientiae".
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Nov 2001
    • Data do Fascículo
      Jul 2001

    Histórico

    • Recebido
      10 Fev 2000
    • Aceito
      19 Abr 2001
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