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Efeitos do Ácido L-Glutâmico e da Vitamina D3 no Desempenho e nas Anomalias Ósseas de Pintos de Corte

Effects of L-Glutamic Acid and Vitamin D3 on Performance and Incidence of Leg Problems of Broilers Chicks

Resumos

Um experimento foi conduzido para estudar os efeitos de níveis de ácido L-Glutâmico (L-Glu) e vitamina D3 (VD) da dieta em pintos de corte de um dia, machos, Hubbard, recebendo dieta básica purificada, contendo todos os L-aminoácidos essenciais, minerais e vitaminas (exceto vitamina D3), suplementada com 5, 10 e 15% de L-Glu, combinados com 0, 5.000, 10.000 e 15.000 UI de vitamina D3. O experimento foi realizado utilizando-se esquema fatorial, em delineamento inteiramente casualizado 3 x 4, com quatro repetições de sete aves cada. O ganho de peso aumentou até o nível máximo estimado, de 8,56% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3. A melhor taxa de conversão alimentar foi verificada com nível estimado de 8,40% de L-Glu. O maior consumo de ração estimado foi obtido com 8,48% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3. Houve redução na incidência de problemas de pernas com 10% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3. L-Glu estimado em 8,56% e 15.000 UI de vitamina D3 permitiu um melhor desempenho das aves, confirmando que esse aminoácido é boa fonte de nitrogênio não-específico para maximizar o desempenho e reduzir a incidência de problemas de pernas.

ácido L-glutâmico; vitamina D3; frangos de corte; desempenho; problemas de pernas


An experiment was conducted to study the effects of L-Glutamic acid (L-Glu) and vitamin D3 on the performance of one-day-old male Hubbard broiler chicks, reared in heated batteries, for a 14 days period. The chicks were fed purified diets containing all essential L-amino acids, minerals, and vitamins (except Vitamin D3) and were supplemented with three levels of L-Glu (5, 10 and 15%) and with four levels of vitamin D3 (0; 5,000; 10,000 and 15,000 IU). The experimental design was a factorial 3 x 4 with four replicates with seven chicks each. The weight gains increased up to an estimated level of 8.56% of L-Glu and 15,000 IU of vitamin D3. The highest feed intake was obtained at an estimated level of 8.48% of L-Glu and 15,000 IU of vitamin D3. There was a reduction of leg problems with 10% of L-Glu and 15,000 IU of vitamin D3. L-Glu, at 8.56% estimated and 15.000 IU of vitamin D3 improved performance and reduced to a minimum the incidence of leg problems.

L-glutamic acid; vitamin D3; broiler chicks; performance; leg abnormalities


Efeitos do Ácido L-Glutâmico e da Vitamina D3 no Desempenho e nas Anomalias Ósseas de Pintos de Corte1 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br

Fernanda Alvares da Silva2 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , George Henrique Kling de Moraes2 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , Ana Cláudia Peres Rodrigues3 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , Maria Goreti de Almeida Oliveira2 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , Horacio Santiago Rostagno4 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , Luiz Fernando Teixeira Albino4 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , Cláudio César Fonseca5 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br , Cibele Silva Minafra4 1 Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail: falvares@ufv.br

RESUMO - Um experimento foi conduzido para estudar os efeitos de níveis de ácido L-Glutâmico (L-Glu) e vitamina D3 (VD) da dieta em pintos de corte de um dia, machos, Hubbard, recebendo dieta básica purificada, contendo todos os L-aminoácidos essenciais, minerais e vitaminas (exceto vitamina D3), suplementada com 5, 10 e 15% de L-Glu, combinados com 0, 5.000, 10.000 e 15.000 UI de vitamina D3. O experimento foi realizado utilizando-se esquema fatorial, em delineamento inteiramente casualizado 3 x 4, com quatro repetições de sete aves cada. O ganho de peso aumentou até o nível máximo estimado, de 8,56% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3. A melhor taxa de conversão alimentar foi verificada com nível estimado de 8,40% de L-Glu. O maior consumo de ração estimado foi obtido com 8,48% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3. Houve redução na incidência de problemas de pernas com 10% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3. L-Glu estimado em 8,56% e 15.000 UI de vitamina D3 permitiu um melhor desempenho das aves, confirmando que esse aminoácido é boa fonte de nitrogênio não-específico para maximizar o desempenho e reduzir a incidência de problemas de pernas.

Palavras-chave: ácido L-glutâmico, vitamina D3,frangos de corte, desempenho, problemas de pernas

Effects of L-Glutamic Acid and Vitamin D3 on Performance and Incidence of Leg Problems of Broilers Chicks

ABSTRACT - An experiment was conducted to study the effects of L-Glutamic acid (L-Glu) and vitamin D3 on the performance of one-day-old male Hubbard broiler chicks, reared in heated batteries, for a 14 days period. The chicks were fed purified diets containing all essential L-amino acids, minerals, and vitamins (except Vitamin D3) and were supplemented with three levels of L-Glu (5, 10 and 15%) and with four levels of vitamin D3 (0; 5,000; 10,000 and 15,000 IU). The experimental design was a factorial 3 x 4 with four replicates with seven chicks each. The weight gains increased up to an estimated level of 8.56% of L-Glu and 15,000 IU of vitamin D3. The highest feed intake was obtained at an estimated level of 8.48% of L-Glu and 15,000 IU of vitamin D3. There was a reduction of leg problems with 10% of L-Glu and 15,000 IU of vitamin D3. L-Glu, at 8.56% estimated and 15.000 IU of vitamin D3 improved performance and reduced to a minimum the incidence of leg problems.

Key Words: L-glutamic acid, vitamin D3,broiler chicks, performance, leg abnormalities

Introdução

Um problema que muito tem preocupado os pesquisadores é a ocorrência de deformações de pernas em frangos de corte, cuja incidência vem aumentando nos últimos anos, representando perdas econômicas significativas para a indústria avícola.

Seleção genética constante e melhoria na nutrição têm proporcionado às linhagens modernas de frangos de corte rápida taxa de crescimento. Segundo ZUBAIR e LEESON (1996), o tempo requerido para o frango alcançar dois quilos de peso corporal decresceu aproximadamente um dia por ano.

Dados dos últimos 20 anos mostram que o peso corporal de frangos comerciais com 56 dias de idade dobrou de 1.600 para 3.000 g. Durante o mesmo período, o crescimento do músculo Pectoralis major aumentou numa velocidade maior que o peso corporal (LILBURN, 1994).

Essa rápida taxa de crescimento é acompanhada por numerosos problemas, como: aumento da deposição de gordura corporal, alta incidência de doenças metabólicas, alta taxa de mortalidade e alta incidência de anomalias ósseas (SULLIVAN et al., 1994).

Desde 1930, inúmeras causas das deformidades do esqueleto em aves têm sido identificadas. Nutrientes (toxidez, deficiência e imbalanços), genética, micotoxinas e práticas de manejo afetam diretamente o crescimento e desenvolvimento do esqueleto (COOK, 2000).

A seleção para aumento de músculo peitoral e ganho de peso corporal pode contribuir para o aumento na incidência de fraqueza de pernas, que é responsável pelo baixo crescimento, pela mortalidade e pela redução da eficiência da produção comercial (EMMERSON et al.,1991; NELSON et al.,1992).

NESTOR (1984) sugeriu que aumentos no peso corporal e desenvolvimento do músculo do peito sem concomitantes aumentos no músculo da perna e osso são biologicamente incompatíveis com a manutenção normal do caminhar das aves.

A quantidade de vitamina D3 nas formulações de rações é normalmente 4 a 10 vezes o nível preconizado pelo NRC, e vários estudos são conduzidos para avaliar o efeito de altos níveis de D3 no desempenho de frangos de corte.

EDWARDS et al. (1992), utilizando dietas à base de milho e farelo de soja para pintos de corte de 1 a 16 dias de idade, verificaram que somente com níveis de vitamina D bem acima do recomendado houve redução significativa de problemas de pernas. MORAES et al. (1997) observaram que, aumentando-se o nível de vitamina D na dieta, houve redução na incidência de problemas de pernas. Nenhum problema de perna foi observado em frangos alimentados com 12,5% de L-Glutâmico e 25.000 UI de vitamina D/kg de dieta.

No metabolismo de aves, além dos aminoácidos essenciais, o suprimento em dietas de aminoácidos purificados de uma fonte de nitrogênio não-específico é necessário para a síntese dos aminoácidos não-essenciais e outros compostos nitrogenados.

A elevada incidência de anomalias nas pernas de frangos de corte alimentados com dietas purificadas, contendo baixos níveis de nitrogênio não-específico fornecidos pelo ácido L-Glutâmico (L-Glu), ou por L-Alanina (L-Ala), ou por misturas isonitrógenas destes, foi observada por GUIMARÃES et al. (1993a, b), RIBEIRO et al. (1995a, b), RODRIGUES e MORAES (1995) e SILVA e MORAES (1995).

Tem sido demonstrado que a elevação do nível de nitrogênio não-específico melhora o desempenho (ganho de peso corporal e conversão alimentar) e reduz a incidência de problemas de pernas (GUIMARÃES et al., 1993 a, b; CORNÉLIO, 1995).

De acordo com SILVA e MORAES (1995), embora o nível de 7,5% de L-Glu na dieta pareça satisfazer o requerimento de nitrogênio não-específico para crescimento máximo, o nível de 12,5% de L-Glu foi necessário para reduzir significativamente a incidência de problemas de pernas.

O nível de L-Glu é, ainda, variável, conforme observações feitas por diversos autores. MORAES et al. (1984) e GUIMARÃES et al. (1993a) verificaram ser necessário 10% de L-Glu ou quantidades isonitrógenas da mistura de L-Glu e L-Ala para pintos criados em bateria aquecida ou no chão.

O objetivo deste estudo foi testar níveis de nitrogênio não-específico, na forma do aminoácido sintético ácido L-Glutâmico (L-Glu), e níveis de vitamina D3, visando maximizar o desempenho e reduzir as anormalidades de pernas em pintos de corte de 1 a 14 dias de idade.

Material e Métodos

O experimento foi realizado utilizando-se 336 pintos de corte de um dia, machos, Hubbard, com peso médio de 40 gramas, em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 4 (três níveis de ácido L- Glutâmico x quatro níveis de vitamina D3).

Os tratamentos consistiram de uma dieta básica purificada (GUIMARÃES, 1988) (Tabela 1), contendo todos os aminoácidos essenciais , vitaminas (exceto vitamina D3) e minerais, suplementada com três níveis de ácido L-Glutâmico (5, 10 e 15%) combinados com quatro níveis de vitamina D3 (0, 5.000, 10.000 e 15.000 UI/kg). Cada tratamento consistiu de quatro repetições e sete aves por unidade experimental. As aves foram alojadas em baterias aquecidas com pisos de tela elevados e receberam água e dieta à vontade durante o período experimental.

As aves e a ração foram pesadas no início do experimento e a cada semana após a sua montagem, sendo então registrados o ganho de peso e o consumo de ração e calculada a conversão alimentar.

Aos 14 dias de idade, as aves foram avaliadas visualmente quanto aos problemas de pernas. A seguir, foram sacrificadas por deslocamento cervical.

Na avaliação da incidência de anomalias ósseas utilizou-se o sistema de escore, adaptado de KESTIN et al. (1992), dividido em categorias, conforme o grau de deformidade das pernas por exame visual, por cinco pessoas simultaneamente:

a) Escore 0 - normal

b) Escore 1 - ligeiramente deformada

c) Escore 2 - deformidade severa, com dificuldade na movimentação.

d) Escore 3 - completamente deformada.

O método de escore entre as categorias fornece uma indicação útil do estado geral das aves, quantificando a incidência de problemas de pernas e a distribuição dos escores obtidos.

A análise estatística dos dados obtidos foi feita por regressão. A escolha do melhor modelo baseou-se no coeficiente de determinação (R2), na significância dos coeficientes de regressão pelo teste t de Student e na coerência com o fenômeno biológico.

Resultados e Discussão

Os valores médios de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar encontram-se na Tabela 2. O ganho de peso foi significativamente influenciado (P<0,01) (Tabela 3) pelos níveis de ácido L-Glutâmico (L-Glu) e vitamina D3 (VD) estudados. Nas Figuras 1 e 2, verificou-se ganho de peso máximo estimado em 192,61 g, correspondente ao nível de 8,56% de L-Glu como fonte de nitrogênio não-específico e 15.000 UI de VD, que foram efetivos para promover ganho de peso.



Os resultados obtidos estão de acordo com SCOTT et al. (1963), MORAES et al. (1984) e GUIMARÃES (1988), os quais verificaram que a suplementação de dietas contendo aminoácidos sintéticos com um mínimo de 10% de L-Glu ou misturas isonitrógenas de aminoácidos não-essenciais equivalentes a 10% de L-Glu foi efetiva como fonte de nitrogênio não-específico para promover máximo ganho de peso.

Com 15% de L-Glu houve decréscimo significativo (P<0,01) no desempenho das aves, provavelmente devido à prioridade de excreção do excesso de nitrogênio não-específico fornecido pela dieta, uma vez que todo aminoácido causa toxidez acima da exigência.

Sempre a resposta máxima em termos de deposição de proteínas na forma de ganho de peso estará sob os limites do potencial genético. Proteínas perfeitamente balanceadas são utilizadas com maior eficiência, como o observado com 10% de L-Glu (Tabela 2).

Existe uma hierarquia de crescimento entre os tecidos, implicando que, em determinado momento, a prioridade é o crescimento do tecido ósseo ou do tecido muscular. Assim, em cada fase do desenvolvimento, há uma fase específica de afluxo de nutrientes para o tecido em crescimento.

Para que o animal possa sintetizar proteínas corporais, todos os aminoácidos devem estar presentes em quantidades adequadas a partir das dietas; a outra parte o animal pode sintetizar, desde que tenha uma fonte de nitrogênio disponível, como ácido L-Glutâmico.

O ácido L-Glu foi eficiente como fonte de nitrogênio não-específico para a síntese de aminoácidos não essenciais, utilizados para deposição de proteína, favorecendo, assim, o crescimento da ave.

De acordo com o verificado, SUMMERS et al. (1984) e PERRY et al. (1991) constataram decréscimos no ganho de peso corporal e piora na conversão alimentar de frangos de corte alimentados com dietas deficientes em vitamina D, no período de 1 a 21 dias de idade.

O consumo de ração também foi afetado significativamente (P<0,01) (Tabela 3) pelos níveis dietéticos de L-Glu e VD. Na Figura 3, observa-se aumento no consumo de ração até o valor máximo, estimado em 320,24 g, obtido com 8,48% de L-Glu e 15.000 UI de VD.


Observou-se aumento linear no consumo de ração com a suplementação de vitamina D, o que confirma os resultados de MORAES et al. (1997), quando os pintos de corte consumiram mais ração proporcionalmente à suplementação com vitamina D.

Quanto aos valores de conversão alimentar, verificou-se que a melhor taxa estimada foi de 1,58, obtida com nível estimado de 8,40% de L-Glu (Figura 4). Os resultados obtidos quanto aos níveis de L-Glu estudados estão de acordo com os de MORAES et al. (1984), GUIMARÃES (1988) e MORAES et al. (1997), em que foi necessária a suplementação das dietas com aminoácidos não-essenciais para melhorar a conversão alimentar.

Verificou-se piora significativa (P<0,01) na conversão alimentar com 5 e 15% de L-Glu, devido ao menor consumo de ração e ganho de peso dessas aves.

As aves com baixa capacidade de locomoção, devido à severidade dos problemas de pernas, não foram capazes de competir com as outras aves para alcançar água e ração e, conseqüentemente, apresentaram desempenho inferior ao das demais.

A partir dos resultados obtidos, verificou-se que o L-Glu foi considerado boa fonte de nitrogênio não-específico, e que os pintos jovens devem ser supridos com níveis de vitamina D3 mais altos que os normalmente utilizados em dietas purificadas, para prevenir raquitismo e outros problemas ósseos, além de otimizar as variáveis de desempenho, levando-se em consideração o fato de as aves comerciais serem criadas na presença limitada da luz solar.

Os percentuais médios de incidência de problemas de pernas obtidos experimentalmente estão relacionados na Tabela 4.

O maior percentual de pintos sem deformidades nas pernas foi observado nas aves que receberam ração com 15% de L-Glu, mas, apesar da redução na incidência e na severidade dos problemas de pernas, essas aves apresentaram o pior desempenho.

À medida que a dificuldade de locomoção das aves se acentuava, elas assumiam posturas anormais e, nos casos mais graves, apoiavam-se e arrastavam-se sobre os tarsos, nos quais apareciam ulcerações.

Pode-se admitir que o fornecimento às aves, em fase inicial de crescimento, de dietas deficientes em proteína (5% de L-Glu) comprometeu a formação normal do tecido ósseo.

As deformações de pernas podem estar relacionadas com a síntese inadequada da matriz orgânica óssea (SILVA et al., 2001). Essas observações indicam que são bastante promissores os estudos envolvendo diferentes níveis de proteína e aminoácidos nas rações de aves e seus efeitos sobre a fração orgânica dos ossos desses animais.

As lesões mais graves, observadas nas aves com problemas de pernas, localizavam-se na extremidade proximal do tibiotarso, especificamente na placa epifisária. Alterações no comprimento e na organização do disco epifisário do tibiotarso foram diretamente relacionadas com a alta incidência de problemas de pernas.

As aves alimentadas com dietas suplementadas com altos níveis de vitamina D (5.000 UI) apresentaram maior percentual de aves normais, o que confirma os resultados obtidos por EDWARDS et al. (1992) e YARGER et al. (1995), em que somente com níveis de vitamina D bem acima do recomendado houve redução dos problemas de pernas.

No entanto, CRUICKSHANK e SIM (1987) verificaram aumento na incidência de problemas de pernas com alto nível de vitamina D associado à alta densidade, em frangos de corte, Hubbard, alojados em baterias aquecidas.

RIBEIRO et al. (1995a) e MORAES et al. (1997) também observaram incidência significativa (P<0,01) de problemas de pernas nas aves alimentadas com baixo nível de nitrogênio não-específico e acentuada redução deste quando se elevou o nível de nitrogênio não-específico da dieta para 12,5% de L-Glu ou quantidades isonitrógenas de L-Glu e L-Ala.

Os resultados obtidos estão de acordo, ainda, com CHEVILLE e HORST (1981), ROBERSON e EDWARDS (1994), SINGH e GREWALL (1994) e XU e SOARES (1998), os quais verificaram que houve redução nos problemas de pernas e a suplementação de níveis de vitamina D na dieta reduziu a incidência destes.

Corroborando o que foi verificado neste trabalho, GOFF e HORST (1995), utilizando pintos Peterson e Arbor Acres alimentados com ração à base de milho e farelo de soja ou dietas purificadas suplementadas com 0 a 75 mg de colecalciferol/kg de dieta, observaram que as aves que receberam dietas deficientes em colecalciferol se tornaram severamente raquíticas e de baixo peso corporal. As aves que receberam dieta purificada foram eliminadas aos 15 dias de idade, devido à severidade das deformações.

Conclusões

Foi observada elevada incidência de problemas de pernas nos pintos alimentados com baixo nível de nitrogênio não-específico (5% de L-Glu) e acentuada redução dos destes quando se elevou o nível de nitrogênio não-específico da dieta.

O fornecimento às aves, em fase inicial de crescimento, de rações deficientes em aminoácidos (proteína) comprometeu a formação normal do tecido ósseo.

O nível de vitamina D3 deve ser superior àquele atualmente utilizado (2.250 UI/kg de dieta), para que haja desempenho adequado de pintos jovens.

Levando em consideração as respostas biológicas das aves quanto aos parâmetros avaliados, recomenda-se 8,56% de L-Glu e 15.000 UI de vitamina D3 para pintos de corte de 1 a 14 dias de idade, a fim de se obter melhoria no ganho de peso, no consumo de ração, na conversão alimentar e redução na incidência de problemas de pernas.

Referências Bibliográficas

Recebido em: 15/06/00

Aceito em: 02/07/01

2 Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFV, 36571-000, Viçosa, MG.

3 Departamento de Bioquímica da UFJF, Juiz de Fora, MG.

4 Departamento de Zootecnia da UFV, 36571-000, Viçosa, MG.

5 Departamento de Veterinária da UFV, 36571-000, Viçosa, MG.

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    Parte da tese do primeiro autor apresentada à Universidade Federal deViçosa, para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" em Zootecnia. Projeto financiado pela FAPEMIG. E.mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Abr 2002
    • Data do Fascículo
      Dez 2001

    Histórico

    • Aceito
      02 Jul 2001
    • Recebido
      15 Jun 2000
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