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Exigência de Lisina para Machos Castrados de Dois Grupos Genéticos de Suínos na Fase de Terminação, com Base no Conceito de Proteína Ideal

Lysine Requirement for Castrated Males of Two Genetic Groups of Swine During Finishing Phase, Based on the Ideal Protein Concept

Resumos

Foi conduzido um experimento para determinar as exigências de lisina de machos castrados, em fase de terminação, de dois grupos genéticos de suínos, com base no conceito de proteína ideal. Foram utilizados 16 suínos do grupo genético comum (GGC) e 16 suínos do grupo genético melhorado (GGM), distribuídos em quatro tratamentos que consistiram de uma ração basal, à base de milho e farelo de soja, contendo 0,60% de lisina e outras três rações, acrescentando-se níveis crescentes de lisina para se obter 0,75, 0,90 e 1,05% de lisina total na ração. Adicionaram-se aminoácidos sintéticos (L-Lisina HCl, DL-metionina, L-treonina e L-triptofano), para manter os níveis de aminoácidos, de acordo com o perfil de proteína ideal. Foi feita a determinação das concentrações de nitrogênio da uréia plasmática (NUP). Fez-se a medição de características de carcaça in vivo, utilizando um aparelho de ultra-som Sono Grader e, ao final do período experimental, 12 animais de cada grupo genético foram abatidos e suas carcaças avaliadas, de acordo com o Método Brasileiro de Classificação de Carcaça. Não foi observado efeito (P>0,05) dos níveis de lisina sobre o NUP para os grupos genéticos. Para suínos do GGM em fase de terminação (53 a 92 kg de PV), a exigência de lisina total é superior a l,05%, enquanto, para o GGC (50 a 90 kg de PV), é de 0,60% de lisina total.

aminoácido; características de carcaça; lisina; nitrogênio da uréia plasmática; proteína ideal; suínos em terminação


A trial was carried out to determine lysine requirements for castrated males during finishing phase of two genetic swine groups, based on the ideal protein concept. Sixteen animals from genetic common group (GCG) were used and another sixteen, from the genetic improved group (GIG) were allotted to four treatments. The treatment consisted on a basal diets, based on corn and soybean meal containing 0.60% of lysine and other three diet, adding increasing lysine levels to achieve 0.75, 0.90 and 1.05% of total lysine. Synthetic amino acids were added (L-lysine HCl, DL-methionine, L-threonine and L-tryptophan) to keep amino acid levels according to the ideal protein profile. The plasma urea nitrogen (PUN) concentrations were recorded. The carcass traits were done with in vivo pigs using the Sono Grader ultra sound equipment. At the end of the experimental period, 12 animals were slaughtered and their carcasses were evaluated according to the Brazilian Method of Carcass Classification. It was observed no effect of lysine levels (LL) on PUN for different genetic groups. Lysine requirement for GIG pigs, during finishing phase (53 to 92 kg of live weight), is over 1.05%, whereas for GCG (50 to 90 kg of live weight) is 0.60% of total lysine.

amino acid; carcass traits; finishing swine; ideal protein; lysine; plasma urea nitrogen


Exigência de Lisina para Machos Castrados de Dois Grupos Genéticos de Suínos na Fase de Terminação, com Base no Conceito de Proteína Ideal1 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto.

Ivan Moreira2 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto. , Luiz Fernando Gasparotto3 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto. , Antônio Cláudio Furlan2 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto. , Valquíria Mayumi Ishida Patrício4 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto. , Gisele Cristina de Oliveira4 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto.

RESUMO - Foi conduzido um experimento para determinar as exigências de lisina de machos castrados, em fase de terminação, de dois grupos genéticos de suínos, com base no conceito de proteína ideal. Foram utilizados 16 suínos do grupo genético comum (GGC) e 16 suínos do grupo genético melhorado (GGM), distribuídos em quatro tratamentos que consistiram de uma ração basal, à base de milho e farelo de soja, contendo 0,60% de lisina e outras três rações, acrescentando-se níveis crescentes de lisina para se obter 0,75, 0,90 e 1,05% de lisina total na ração. Adicionaram-se aminoácidos sintéticos (L-Lisina HCl, DL-metionina, L-treonina e L-triptofano), para manter os níveis de aminoácidos, de acordo com o perfil de proteína ideal. Foi feita a determinação das concentrações de nitrogênio da uréia plasmática (NUP). Fez-se a medição de características de carcaça in vivo, utilizando um aparelho de ultra-som Sono Grader e, ao final do período experimental, 12 animais de cada grupo genético foram abatidos e suas carcaças avaliadas, de acordo com o Método Brasileiro de Classificação de Carcaça. Não foi observado efeito (P>0,05) dos níveis de lisina sobre o NUP para os grupos genéticos. Para suínos do GGM em fase de terminação (53 a 92 kg de PV), a exigência de lisina total é superior a l,05%, enquanto, para o GGC (50 a 90 kg de PV), é de 0,60% de lisina total.

Palavras-chave: aminoácido, características de carcaça, lisina, nitrogênio da uréia plasmática, proteína ideal, suínos em terminação.

Lysine Requirement for Castrated Males of Two Genetic Groups of Swine During Finishing Phase, Based on the Ideal Protein Concept

ABSTRACT - A trial was carried out to determine lysine requirements for castrated males during finishing phase of two genetic swine groups, based on the ideal protein concept. Sixteen animals from genetic common group (GCG) were used and another sixteen, from the genetic improved group (GIG) were allotted to four treatments. The treatment consisted on a basal diets, based on corn and soybean meal containing 0.60% of lysine and other three diet, adding increasing lysine levels to achieve 0.75, 0.90 and 1.05% of total lysine. Synthetic amino acids were added (L-lysine HCl, DL-methionine, L-threonine and L-tryptophan) to keep amino acid levels according to the ideal protein profile. The plasma urea nitrogen (PUN) concentrations were recorded. The carcass traits were done with in vivo pigs using the Sono Grader ultra sound equipment. At the end of the experimental period, 12 animals were slaughtered and their carcasses were evaluated according to the Brazilian Method of Carcass Classification. It was observed no effect of lysine levels (LL) on PUN for different genetic groups. Lysine requirement for GIG pigs, during finishing phase (53 to 92 kg of live weight), is over 1.05%, whereas for GCG (50 to 90 kg of live weight) is 0.60% of total lysine.

Key Words: amino acid, carcass traits, finishing swine, ideal protein, lysine, plasma urea nitrogen

Introdução

A suinocultura é uma atividade amplamente difundida no sul e em vários estados do Brasil, obtendo índices de produtividade que não ficam aquém dos americanos e europeus.

Na atual situação econômica, para aumentar o lucro, a melhor alternativa é diminuir o custo de produção, sem prejudicar a produtividade. Dentre os custos variáveis da suinocultura, o mais importante é a alimentação, portanto, é oportuno desenvolver pesquisas que buscam mecanismos de redução no custo nutricional.

Tem sido abordada uma nova concepção na estratégia de alimentação com o advento dos problemas ambientais, relacionado com a poluição do nitrogênio (N) e amônia (NH3) do esterco animal. Os nutricionistas têm como objetivo ajustar as exigências dos suínos, para maximizar a performance de produção no que concerne em evitar o excesso de proteínas e aminoácidos. Este problema não está relacionado somente com o N retido na produção, mas, também, em termos da fração de N não utilizado do N ingerido. Sendo assim, o perfeito manejo de alimentação protéica, de acordo com as necessidades dos suínos, é fechar o ajuste proteína/aminoácido para suprir a exigência e obter um baixo nível de produção de N e NH3. Em dietas práticas, a lisina é o primeiro aminoácido limitante, sucedido por metionina e treonina. Portanto, a suplementação de lisina, metionina e treonina proporciona um meio para aumentar a eficiência da utilização da proteína e resulta em diminição na excreção de N e NH3 (Shutte, 1997).

Dessa forma, tem-se formulado o conceito de proteína ideal, que pode ser definida como a proteína da dieta com todos os aminoácidos essenciais e a soma dos não essenciais, que são igualmente limitantes (Wang & Fuller, 1989), objetivando fornecer uma dieta com um perfil de aminoácidos essenciais em relações adequadas para cada função, tendo como base a lisina (ARC, 1981).

Como no conceito de proteína ideal, deve-se determinar as proporções ideais entre diversos aminoácidos e, conhecendo-se a exigência de um aminoácido referencial, pode-se determinar o teor dos outros na dieta.

Um importante benefício do conceito de proteína ideal é que, após estabelecer a exigência para um aminoácido, pode-se determinar a exigência para todos os demais e para o total de proteína bruta da dieta (Tuitoek et al., 1997). O conceito também visa reduzir o excesso de aminoácidos que ocorre em rações protéicas de suínos, sem afetar o desempenho dos animais.

A exigência de aminoácido na dieta para a deposição de proteína no animal se comporta como uma função quadrática, conforme aumenta o peso metabólico (kg0,75), contudo, a exigência de aminoácidos para mantença, em contraste, responde linearmente ao aumento do peso metabólico (Hahn & Baker, 1995). Dessa forma, a exigência de aminoácidos para mantença, de animais em terminação é maior que para animais em crescimento. Portanto, o perfil de aminoácidos varia nas diferentes etapas da vida do suíno.

Trabalhando com marrãs puras da raça Landrace, Donzele et al. (1994) concluíram que marrãs, na fase de terminação (60 aos 100 kg), exigem 0,83% de lisina na dieta.

Segundo dados obtidos em literatura, Ferreira et al. (1996) concluíram que suínos de 60 a 100 kg exigem 0,75% de lisina. No entanto, em trabalho de compilação de dados nutricionais de dez empresas que atuam no mercado brasileiro, Benati (1996) encontrou, como média nas rações de terminação, adição prática de 0,78% de lisina total. O NRC (1998), em sua mais recente publicação, informou a exigência de lisina para suínos de 50a 80 e 80 a 120 kg como sendo de 0,75 e 0,60%, respectivamente.

O objetivo deste trabalho foi determinar a exigência de lisina de dois diferentes grupos genéticos de suínos, na fase de terminação, com base no conceito de proteína ideal.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no período de 24 de junho a 05 de agosto de 1998, sendo que as médias de temperatura mínima e máxima foram de 14,24 e 26,48oC, respectivamente. Os animais foram alojados em um galpão de alvenaria, coberto com telhas de fibrocimento, dividido em duas alas, sendo as mesmas divididas em oito baias (7,60 m2 cada), separadas por um corredor central. Cada baia possuía um comedouro semi-automático de duas bocas, localizado na parte frontal e dois bebedouros do tipo chupeta, no fundo da baia.

Foram utilizados 32 suínos, de dois grupos genéticos diferentes, sendo 16 machos castrados (Landrace x Large White x Duroc), com peso médio inicial de 50,4±1,61 kg, e 16 machos castrados, de elevada produção de carne magra (Agroceres PIC C15 x Ag 400 e C15 x Ag 405), com peso médio inicial de 53,4±2,16 kg, denominados, respectivamente, de grupo genético comum (GGC) e grupo genético melhorado (GGM).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 4x2 (quatro níveis de lisina e dois grupos genéticos), com duas repetições. A unidade experimental foi composta de dois animais por baia. O parentesco e o peso inicial dos leitões foram considerados para a formação das unidades experimentais.

Os tratamentos consistiram de uma ração referência (Tabela 1), à base de milho e farelo de soja, contendo 0,60% de lisina total e outras três rações, nas quais foram adicionados aminoácidos sintéticos (L-lisina HCl, DL-metionina, L-treonina e L-triptofano), para manter os níveis crescentes de aminoácidos (0,75; 0,90; e 1,05% de lisina), de acordo com o perfil de proteína ideal indicado por Baker (1996) para suínos dos 50 aos 110 kg. Da mesma forma, os demais aminoácidos sintéticos foram adicionados para manter constante a relação aminoácido/lisina. A adição dos aminoácidos foi em substituição ao amido do milho. A composição centesimal, química e energética das rações experimentais utilizadas estão nas Tabelas 1 e 2.

As análises de proteína bruta (PB), cálcio (Ca) e fósforo (P) das dietas (Tabela 2) foram realizadas de acordo com as metodologias descritas por Silva (1990).

Foram fornecidas água e ração farelada à vontade, durante todo o período experimental. Foram realizadas as pesagens dos animais e consumo de ração, aos 14, 28 e 42 dias de avaliação, após o inicio do período experimental.

As coletas do sangue foram realizadas, após as pesagens dos animais, sem jejum, seguindo indicação de Cai et al. (1994). Foi feita punção na veia cava cranial, retirou-se em torno de 10 ml de sangue, que foi armazenado em tubo de ensaio, devidamente identificado e mantido em gelo até o processamento em laboratório. Aí foi realizada a centrifugação a 3.000 rpm, durante 15 minutos para a obtenção do plasma que foi devidamente identificado e mantido armazenado à temperatura de -20°C.

Na determinação das concentrações de nitrogênio da uréia plasmática (NUP), foi utilizado o processo enzimático (Kit comercial).

Após a pesagem, aos 42 dias de experimento, realizaram-se as medições das características de carcaça in vivo, utilizando-se um aparelho de ultra-som (RENCOâSono Grader), em que a espessura de toucinho (ET) foi o resultado médio das medidas de espessura de toucinho na altura da primeira costela, espessura de toucinho na altura da última costela e espessura de toucinho na altura da última vértebra lombar. A profundidade de lombo (PL) foi obtida na altura da última costela.

Ao final do período experimental, 24 animais, 12 de cada grupo genético, foram abatidos e suas carcaças avaliadas de acordo com o Método Brasileiro de Classificação de Carcaça (ABCS, 1973).

As variáveis estudadas foram submetidas à análise de variância, de acordo com o modelo estatístico:

em que: Yijk = variáveis estudadas. m = constante geral; Ni= efeito do nível de lisina i, sendo (i= 0,60; 0,75; 0,90; e 1,05%); Gj= efeito do grupo genético j (1= comum, 2= melhorado); Bk= efeito do bloco k (k= l e 2); e eijk= erro aleatório associado a cada observação.

Os graus de liberdade referentes a níveis de lisina nas dietas foram desdobrados em polinômios.

Para as variáveis que apresentaram efeito quadrático, foram feitas as derivações das equações, de acordo com o modelo quadrático, para obtenção do melhor nível de lisina.

Resultados e Discussão

Na Tabela 3, encontra-se a composição em aminoácidos, resultado da análise laboratorial das dietas experimentais.

Os resultados de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD) conversão alimentar (CA) e consumo de lisina (CL), em função dos níveis de lisina nos períodos 0-14, 0-28 e 0-42 dias de avaliação na fase de terminação, nos dois grupos genéticos, são apresentados na Tabela 4.

Para os animais do grupo genético comum, as variáveis CRD, GPD e CA não sofreram efeito (P>0,05) dos níveis de lisina, em qualquer dos períodos experimentais.

Os níveis de lisina não exerceram efeito (P>0,05) sobre o CRD para o grupo genético melhorado, nos períodos de 0-14, 0-28 e 0-42 dias de avaliação. Os resultados encontrados para CRD, em todos os períodos experimentais, tanto para os animais do grupo genético comum, quanto para o melhorado, são semelhantes aos resultados obtidos por Souza et al. (1999), utilizando seis níveis de lisina em suínos mestiços castrados, que não encontraram efeito dos níveis de lisina sobre o consumo de ração.

No grupo genético melhorado, nos períodos de 0-14, 0-28 e 0-42 dias de avaliação, o GPD elevou-se de forma linear (P<0,05) com o aumento dos níveis de lisina, de acordo com as equações Y = 0,4827 + 0,6093X (R2 = 0,98), Y = 0,6459 + 0,4206X (R2 = 0,94) Y = 0,6672 + 0,2784X (R2=0,94), respectivamente. Estes resultados, são semelhantes aos obtidos por Hansen & Lewis (1993) que encontraram um comportamento linear do GPD, em função dos níveis de lisina da dieta. Já Willians et al. (1984) observaram comportamento quadrático do GPD, em função dos níveis de lisina (0,48 a 0,88%), em suínos inteiros dos 55 aos 100 kg, com máximo de ganho para 0,78% de lisina na ração. Friesen et al. (1994), trabalhando com suínos de alto e médio ganho muscular, com peso vivo de 44 a 104 kg, e níveis de lisina de 0,70ou 0,90%, concluíram que, com o nível mais alto, os animais de alto ganho muscular aumentaram o ganho diário e a eficiência alimentar, comparados com o grupo de médio ganho muscular. Entretanto, Donzele et al. (1998) não encontraram efeito dos níveis de lisina (0,63; 0,73; 0,83; 0,93; e 1,03%) sobre o GPD em suínos machos inteiros dos 60 aos 100 kg. Souza et al. (1999) também não obtiveram efeito dos níveis de lisina sobre GPD.

Não houve efeito (P>0,05) dos níveis de lisina sobre a CA para o grupo genético melhorado, nos períodos de 0-14, 0-28 e 0-42 dias de avaliação, diferindo dos resultados encontrados por Donzele et al. (1998), os quais verificaram comportamento quadrático da CA que reduziu até o nível de 0,86% de lisina para suínos inteiros de 60 a 100 kg de peso vivo. Segundo Souza et al. (1999), a mesma variável apresentou comportamento quadrático, concluindo que o nível de lisina para machos castrados mestiços, de 60 a 95 kg de peso vivo é de 0,72%.

De acordo com o NRC (1988), suínos com peso vivo entre 50 a 110 kg, alimentados com farelo de soja e milho, requerem 0,60% de lisina na dieta. Cromwell et al. (1993), trabalhando com suínos machos castrados, com peso vivo entre 51,2 e 105 kg, alimentados com dieta contendo 0,60; 0,75 e 0,90% de lisina, observaram melhores resultados ao nível de 0,60%. Já Ferreira et al. (1996) constataram variação de 0,68 a 0,86% nos valores de exigência de lisina total para suínos de 60 a 100 kg de peso, enquanto Benati (1996) encontrou valores entre 0,66 e 0,85% de lisina total, utilizados em rações comerciais, em trabalho de compilação de dados de dez empresas brasileiras.

Na Tabela 5, encontram-se os resultados da concentração do nitrogênio da uréia plasmático (NUP), nos períodos de 14, 28 e 42 dias de avaliação na fase de terminação, em função dos níveis de lisina na ração para os dois grupos genéticos.

Não foi observado efeito (P>0,05) dos níveis de lisina sobre o NUP, nos animais dos diferentes grupos genéticos, em nenhum dos períodos experimentais. Estes resultados diferem dos obtidos por Loughmiller et al. (1998), que, trabalhando com marrãs de alto potencial genético (PIC L326 X C 22), com peso vivo de 91 a 113 kg, em dois experimentos, alimentados com dietas em que os níveis de lisina variaram de 0,40 a 0,70% e 0,60 a 0,90%, verificaram efeito linear (P<0,01) dos níveis de lisina sobre o NUP, aos 113 kg de peso vivo.

Houve efeito de grupo genético para o CRD no período de 0-28 e 0-42 dias de avaliação, sendo que, nos dois períodos, o grupo genético melhorado apresentou menor consumo de ração. Não houve efeito (P>0,05) de grupo genético sobre o NUP.

Os valores médios de espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (PL), rendimento de carcaça (RC), comprimento de carcaça (CC), espessura de toucinho da carcaça fria (ETCF), RP, área de olho de lombo (AOL) e relação carne:gordura (C/G) ao final do experimento, em função dos níveis de lisina, nos diferentes grupos genéticos encontram-se na Tabela 6.

O grupo genético melhorado apresentou maior rendimento de pernil (P=0,010).

No grupo genético comum, observou-se efeito quadrático (P<0,05), dos níveis de lisina sobre o RP e CC, de acordo com as equações Y= 47,629046 ¾ 42,380415X + 25,08697X2 (R2=0,34), Y= 62,66887 + 94,06992X ¾ 62,96295X2 (R2=0,61), respectivamente. Para o grupo genético melhorado, observou-se efeito quadrático (P<0,05) dos níveis de lisina sobre ETCF, de acordo com a equação Y= -58,625958 + 223,19616X ¾ 131,23X2 (R2=0,44).

As variáveis ET, PL, RC, AOL e C/G não sofreram efeito dos níveis de lisina da ração. Friesen et al. (1994), trabalhando com genótipos de alto e médio ganho muscular, de 44 a 104 kg de peso vivo, obtiveram efeito do grupo genético sobre o comprimento da carcaça e não encontraram efeito dos níveis de lisina sobre a espessura de toucinho na décima costela e área do músculo longissimus. Resultados similares foram também encontrados por Cromwell et al. (1993), os quais não obtiveram efeito (P>0,05) dos níveis de lisina sobre as características de carcaça-(espessura de toucinho e área de olho de lombo) em suínos machos castrados, de 51 a 105 kg de peso vivo. Da mesma forma, Loughmiller et al. (1998), trabalhando com marrãs com peso vivo de 91 a 113 kg, não verificaram efeito dos níveis de lisina (0,60; 0,70; 0,80 e 0,90%) sobre a espessura de toucinho e área de olho de lombo.

Conclusões

Os resultados de desempenho indicam que a exigência de lisina, baseada no conceito de proteína ideal, para suínos do grupo genético melhorado em fase de terminação (53 a 92 kg de PV), é superior a l,05%, enquanto para o grupo genético comum (50 a 90 kg de PV) é de 0,60% de lisina total.

Agradecimento

Em especial, à AJINOMOTO BIOLATINA Ind. e Comércio Ltda., pelo fornecimento dos aminoácidos, bem como pelas análises de aminoácidos.

Literatura Citada

Recebido em: 12/02/01

Aceito em: 27/08/01

2 Professor do Departamento de Zootecnia - Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790 - CEP:87020-900 - Maringá, PR. E.mail: imoreira@uem.br; acfurlan@uem.br

3 Aluno do curso de Mestrado em Zootecnia da UEM.

4 Aluno do curso de Zootecnia, bolsistas de Iniciação Científica, respectivamente, do PIBIB/CNPq e PET/CAPES.

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  • 1
    Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiado pelo CNPq e pela Ajinomoto.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Jul 2002
    • Data do Fascículo
      Fev 2002

    Histórico

    • Aceito
      27 Ago 2001
    • Recebido
      12 Fev 2001
    Sociedade Brasileira de Zootecnia Universidade Federal de Viçosa / Departamento de Zootecnia, 36570-900 Viçosa MG Brazil, Tel.: +55 31 3612-4602, +55 31 3612-4612 - Viçosa - MG - Brazil
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