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Utilização do farelo de germe de milho desengordurado na alimentação de suínos em crescimento e terminação: digestibilidade e desempenho

Utilization of defatted corn germ meal on growing-finishing pigs feeding: digestibility and performance

Resumos

Foram conduzidos dois experimentos (Digestibilidade e Desempenho), objetivando avaliar o valor nutricional e a viabilidade de utilização do farelo de germe de milho desengordurado (FGMD) em rações de suínos, na fase de crescimento e terminação. I) Ensaio de digestibilidade: foram utilizados 12 suínos com peso vivo médio de 42,0±5,4 kg, alojados em gaiolas de metabolismo, em que seis receberam rações compostas de 70% de ração referência e 30% de FGMD e seis receberam ração referência. O FGMD apresentou coeficiente de digestibilidade da energia de 80,98 % e coeficiente de metabolização de 78,04%, o que corresponde a 3.060 kcal de ED/kg e 2.949 kcal de EM/kg. II) Ensaio de desempenho: foram utilizados 32 suínos mestiços, sendo metade de fêmeas e metade de machos castrados, com peso inicial médio de 31,9±3,6 kg. Os suínos foram alojados em 16 baias, perfazendo, assim, 2 animais por baia. Os animais receberam ração à vontade, contendo níveis crescentes (0, 15, 30 e 45%) de farelo de germe de milho desengordurado. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados, com quatro tratamentos, quatro repetições, com dois animais por unidade experimental. A inclusão de níveis crescentes de FGMD prejudicou o desempenho dos suínos, reduziu a espessura de toucinho e não influenciou a profundidade do lombo, medidas no animal vivo. A análise econômica, considerando o preço do FGMD, sendo 80% do preço do milho, mostrou que o nível de 15% de inclusão do FGMD é o mais econômico, tanto para a fase de crescimento, quanto para a fase de terminação.

características de carcaça; desempenho; digestibilidade; processamento; subproduto


Two studies (Digestibility and Performance) were carried out to evaluate the nutritional value and the feasibility of using defatted corn germ meal (DCGM) fed to growing-finishing pigs. I) Digestibility trial: Twelve pigs with initial body weight of 42.0±5.4 kg were hold in metabolism cage. Six pigs were fed a diet with 70% of basal diet plus 30% of DCGM and six received basal diet. DCGM showed an energy digestibility coefficient of 80.98% and metabolisation coefficient of 78.04%, that means 3,060 kcal of DE/kg and 2,949 Kcal of ME/kg. II) Performance trial: A total of 32 crossbreed swine were used, half castrated males and half females, with an initial body weigh of 31.9±3.6 kg. Pigs were placed on 16 pens with two animals per pen. The animals were fed a ration containing increasing levels (0, 15, 30 e 45%) of defatted corn germ meal. It was used a randomized complete block design, with four treatments and four replicates with two animals per experimental unit. Increasing levels of DCGM impaired swine performance decreased backfat thickness and did not affected loin depth, measured on animal alive. Economical study, considering DCGM price as 80% of corn price, showed that 15% level of DCGM is the most profitable, either on growing or finishing phase.

byproduct; carcass traits; digestibility; performance; processing


Utilização do farelo de germe de milho desengordurado na alimentação de suínos em crescimento e terminação – digestibilidade e desempenhoI

Utilization of defatted corn germ meal on growing-finishing pigs feeding – digestibility and performance

Ivan MoreiraII; Cleber Rogério RibeiroIII; Antonio Cláudio FurlanII; Cláudio ScapinelloII; Marianne KutschenkoIII

IParte do trabalho de Graduação do segundo autor, parcialmente financiado pela Kowalsky Alimentos Ltda

IIProfessores do DZO/UEM

IIIAlunos do curso de Zootecnia, bolsistas de Iniciação Científica, respectivamente, de IC/CNPq e PIBIB/CNPq. Endereço: Universidade Estadual de Maringá

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Ivan Moreira E.mail: imoreira@uem.br

RESUMO

Foram conduzidos dois experimentos (Digestibilidade e Desempenho), objetivando avaliar o valor nutricional e a viabilidade de utilização do farelo de germe de milho desengordurado (FGMD) em rações de suínos, na fase de crescimento e terminação. I) Ensaio de digestibilidade: foram utilizados 12 suínos com peso vivo médio de 42,0±5,4 kg, alojados em gaiolas de metabolismo, em que seis receberam rações compostas de 70% de ração referência e 30% de FGMD e seis receberam ração referência. O FGMD apresentou coeficiente de digestibilidade da energia de 80,98 % e coeficiente de metabolização de 78,04%, o que corresponde a 3.060 kcal de ED/kg e 2.949 kcal de EM/kg. II) Ensaio de desempenho: foram utilizados 32 suínos mestiços, sendo metade de fêmeas e metade de machos castrados, com peso inicial médio de 31,9±3,6 kg. Os suínos foram alojados em 16 baias, perfazendo, assim, 2 animais por baia. Os animais receberam ração à vontade, contendo níveis crescentes (0, 15, 30 e 45%) de farelo de germe de milho desengordurado. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados, com quatro tratamentos, quatro repetições, com dois animais por unidade experimental. A inclusão de níveis crescentes de FGMD prejudicou o desempenho dos suínos, reduziu a espessura de toucinho e não influenciou a profundidade do lombo, medidas no animal vivo. A análise econômica, considerando o preço do FGMD, sendo 80% do preço do milho, mostrou que o nível de 15% de inclusão do FGMD é o mais econômico, tanto para a fase de crescimento, quanto para a fase de terminação.

Palavras-chave: características de carcaça, desempenho, digestibilidade, processamento, subproduto

ABSTRACT

Two studies (Digestibility and Performance) were carried out to evaluate the nutritional value and the feasibility of using defatted corn germ meal (DCGM) fed to growing-finishing pigs. I) Digestibility trial: Twelve pigs with initial body weight of 42.0±5.4 kg were hold in metabolism cage. Six pigs were fed a diet with 70% of basal diet plus 30% of DCGM and six received basal diet. DCGM showed an energy digestibility coefficient of 80.98% and metabolisation coefficient of 78.04%, that means 3,060 kcal of DE/kg and 2,949 Kcal of ME/kg. II) Performance trial: A total of 32 crossbreed swine were used, half castrated males and half females, with an initial body weigh of 31.9±3.6 kg. Pigs were placed on 16 pens with two animals per pen. The animals were fed a ration containing increasing levels (0, 15, 30 e 45%) of defatted corn germ meal. It was used a randomized complete block design, with four treatments and four replicates with two animals per experimental unit. Increasing levels of DCGM impaired swine performance decreased backfat thickness and did not affected loin depth, measured on animal alive. Economical study, considering DCGM price as 80% of corn price, showed that 15% level of DCGM is the most profitable, either on growing or finishing phase.

Key Words: byproduct, carcass traits, digestibility, performance, processing

Introdução

Na suinocultura brasileira, os gastos com alimentação representam cerca de 70% dos custos médios de produção de suínos para abate (Girotto & Santos Filho, 2000). Face a isso, o sucesso financeiro de qualquer granja está, diretamente, relacionado com os preços dos ingredientes das rações. Considerando-se que as rações são constituídas, basicamente, por milho e farelo de soja, que apresentam constante quadro de instabilidade de preços, é clara a necessidade da procura de novas alternativas que possam substituir economicamente esses ingredientes.

Segundo Patience et al. (1995), os suínos alimentados com rações à base de milho possuem diferenças quanto à gordura da carcaça, em comparação aos suínos alimentados com trigo ou cevada, pois o milho contém, aproximadamente, 3,5% de gordura, sendo este valor alto, se comparado com o de 1,7% de gordura do trigo e da cevada.

Dentre os ingredientes não convencionais, pode-se destacar o farelo de germe de milho desengordurado como uma opção para substituir o milho. Este alimento é um subproduto da industrialização do milho para retirada do amido por via úmida. Durante o processo, o milho é umedecido para amaciar a semente e facilitar a separação do glúten, proteína e germe. Após a remoção do germe de milho, restam apenas o glúten, o amido e a casca do milho (Patience et al., 1995).

Aproximadamente, 25% da composição do germe de milho é óleo (Ohiocorn, 2000b). O farelo de germe de milho desengordurado é obtido da extração do óleo dos gérmens do milho os quais, depois de retirados da semente na moagem úmida, são secados e prensados (Andriguetto et al., 1982).

Segundo Honeyman (1989), citado por Trindade Neto et al. (1995), para cada 100 kg de milho em grãos, são produzidos 62 a 68 kg de amido, 3 kg de óleo, 3,2 kg de farelo de germe, 20 kg de glúten e 4,5 kg de farelo de glúten.

Lassiter & Edwards (1982) informam que os farelos de germe de milho e de glúten, possuem baixa palatabilidade e que, embora o germe de milho possua um melhor balanço de aminoácidos (maior quantidade de lisina e triptofano), possui valor limitado na alimentação de não-ruminantes.

Entretanto, Freitas (1998) afirma que o germe de milho apresenta boa palatabilidade. Por ouro lado, Simmons (1979) informa que o germe de milho é facilmente consumido por todos os suínos.

Em função dos altos teores de fibra e gordura, existe restrição a altas inclusões do germe de milho. Além disto, tem sido observado que granjas de suínos que utilizam o gérmen, em combinação com outro ingrediente de menor valor energético, têm seus resultados melhorados, principalmente, em conversão alimentar (Freitas, 1998).

Estas informações sugerem que é possível que a utilização do farelo de germe de milho desengordurado poderá superar estes problemas e propiciar melhor desempenho dos suínos, em relação ao farelo de germe de milho integral.

Em trabalho realizado com farelo de glúten de milho, com suínos em crescimento e terminação, Trindade Neto et al. (1995) observaram efeitos prejudiciais no desempenho dos animais e baixa palatabilidade devidos à acidez e ao sabor amargo adquiridos no processo de industrialização do subproduto.

Butolo et al. (2000), em trabalho realizado com frangos de corte, determinou valores energéticos do farelo de germe de milho desengordurado. Os valores para energia metabolizável aparente e corrigida são, respectivamente, 2.393 kcal/kg e 2.310 kcal/kg. Estes resultados mostram que o valor energético do farelo de germe de milho desengordurado, para aves, é cerca de 68% dos valores energéticos do milho grão. Para suínos, também espera-se que o valor energético seja menor.

Diante deste quadro, devido à disponibilidade do alimento e à falta de pesquisas com o farelo de germe de milho desengordurado, este experimento foi realizado com os objetivos de avaliar a digestibilidade, o desempenho e as características de carcaça de suínos em crescimento e terminação e estudar a viabilidade econômica de sua utilização em rações práticas de suínos.

Material e Métodos

Foram conduzidos dois experimentos, utilizando o produto comercializado com o nome de "Farelo de gérmen de milho peletizado". O produto utilizado em ambos os experimentos foi recebido ensacado e na forma peletizada, sendo moído na mesma peneira de moagem do milho grão, antes de ser incorporado às rações experimentais.

Experimento 1 (Ensaio de digestibilidade)

Os animais foram alojados em uma sala de metabolismo e mantidos em gaiolas de digestibilidade semelhantes às descritas por Pekas (1968). Foram utilizados 12 suínos mestiços, todos machos castrados, pesando em média 42,0±5,36 kg de peso vivo. Os suínos foram submetidos a um período de sete dias de adaptação às gaiolas e às rações, seguido de cinco dias de coleta de fezes e urina.

A ração referência (RR), à base de milho e farelo de soja (Tabela 1), foi formulada para atender às exigências apresentadas pelo NRC (1998). A ração teste (RT) foi composta por 70% de RR e 30% de farelo de germe de milho desengordurado.

As rações foram oferecidas em duas refeições diárias, às 8 e 16 h. A quantidade fornecida diariamente foi estabelecida de acordo com o consumo médio e o peso metabólico (kg0,75) dos suínos obtidos durante o período de adaptação. A água foi fornecida no comedouro após as refeições, na proporção de 3,0 mL/g de ração.

Foi utilizado o método de coleta total de fezes, onde se determinou o início e o fim da coleta, através da adição de marcador (2% de Fe3O2) às rações. As fezes foram coletadas, diariamente, às 8 h, em sacos plásticos e armazenados em freezer, até a analise laboratorial.

A urina foi recolhida em baldes plásticos, contendo 20 mL de HCl (diluído na proporção 1:1). No funil coletor, foi colocado um pedaço de "tule (filó)", objetivando reter as impurezas. A coleta foi feita diariamente às 8h30 e o volume foi completado com água destilada para um valor constante para todos os animais. Após a homogeneização, foi retirada uma alíquota de 20 %, que foi armazenada em frascos de vidro no freezer, até a análise laboratorial.

Para determinação dos coeficientes de digestibilidade, foram obtidos os valores de matéria seca, proteína bruta e energia bruta dos ingredientes, da ração teste, da ração referência e das fezes e, a energia bruta da urina, de acordo com os procedimentos indicados por Silva (1990) e Mara (1992).

Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), da proteína bruta (CDPB), da energia bruta (CDEB) e o coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB) do FGMD, foram calculados utilizando-se o método de coleta total. Foi aplicada a fórmula de Matterson et al. (1965) para a obtenção dos valores energéticos do FGMD.

Experimento 2 (Desempenho)

Os animais foram alojados em um galpão pré-moldado, subdividido em 16 baias, com dois animais por unidade experimental. Cada baia continha um bebedouro tipo chupeta, um comedouro semi-automático com duas divisões e piso com lâmina d'água. Foram utilizados 32 suínos mestiços (Landrace x Large White x Duroc), sendo 16 fêmeas e 16 machos castrados, com peso médio inicial de 31,9±3,61 kg, na fase de crescimento e 54,8±5,02 kg, na fase de terminação.

A composição química, os valores energéticos e preço do FGMD e de alguns alimentos utilizados na elaboração das rações encontram-se na Tabela 2.

Os tratamentos consistiram de rações, contendo quatro níveis (0, 15, 30 e 45%) de inclusão de FGMD, em rações formuladas à base de milho e farelo de soja (Tabela 3).

As rações foram elaboradas para atender às exigências (Tabela 4), sugeridas pelo NRC (1998). As rações e a água foram fornecidas à vontade, do início ao término do experimento.

Os animais foram pesados no início e no final de cada fase (crescimento e terminação), sendo também anotado o consumo de ração de cada período.

Ao final da fase de terminação, foi determinada a espessura de toucinho e profundidade de lombo, em todos os suínos, por intermédio de aparelhos de ultra-som.

Posteriormente ao abate dos suínos, três por tratamento, foi efetuada a avaliação das carcaças através do Método Brasileiro de Classificação de Carcaças – MBCC (ABCS, 1973).

Para verificar a viabilidade econômica da inclusão do FGMD na ração, determinou-se o custo médio em ração por quilograma de peso vivo durante o período experimental, conforme Bellaver et al. (1985).

Também foram calculados o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo Médio (IC), propostos por Barbosa et al. (1992).

Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições, com dois animais por unidade experimental (UE). Os blocos e as EU foram formados, de acordo com o peso e o sexo dos suínos.

As variáveis ganho diário de peso, consumo diário de ração, conversão alimentar, características de carcaça e o IEE, foram submetidas à análise de variância e regressão polinomial ,utilizando-se o seguinte modelo estatístico:

Yij = m + Ni + Bj + eij

em que: Yij = variáveis observadas; m = média geral; Ni = efeito dos níveis de inclusão de FGMD i (i = 0, 15, 30, 45%); Bj = efeito do bloco j (j = 1, 2, 3 e 4); Eij = erro aleatório associado a cada observação.

Para as variáveis de características de carcaça (Tabela 9), o peso de abate foi considerado como co-variável.

Para a determinação do nível ótimo de inclusão do FGMD foi utilizado o modelo quadrático.

Resultados e Discussão

Experimento 1 (Ensaio de digestibilidade)

Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), da energia bruta (CDEB), da proteína bruta (CDPB), o coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB) e os valores de EB, ED e EM do FGMD estão apresentados na Tabela 5.

Os valores de composição química obtidos (Tabela 5) são semelhantes aos indicados por Butolo et al. (2000) que encontraram: 88,46% de MS, 10,75% de PB, 3,49% de FB, 1,23% de EE, 0,26% de cálcio e 0,58% de fósforo total.

O valor de 3.060 kcal de ED/kg para o FGMD (Tabela 3), determinado no presente experimento, é cerca de 88% do valor de 3.460 kcal de ED/kg do milho grão (EMBRAPA, 1991). Por outro lado, Butolo et al. (2000), trabalhando com aves, mostra que o valor de 2.310 kcal de EM/kg do FGMD é cerca de 68% do valor de 3.390 kcal de EM/kg do milho grão indicado pela EMBRAPA (1991).

O coeficiente de digestibilidade da proteína do FGMD (51,2%) é bem inferior ao valor (86,5%) indicado pela EMBRAPA (1991) para o milho grão integral. Resultados semelhantes são obtidos quando a comparação é feita com os dados apresentados por Rostagno et al., (2000).

Experimento 2 (Desempenho)

Na Tabela 6, são apresentados os resultados de consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão alimentar (CA) média, na fase de crescimento e terminação.

Na fase de crescimento (Tabela 6), observou-se que a inclusão de níveis crescentes de FGMD não influenciou (P>0,05) o CDR, nem a CA. Por outro lado, o GDP apresentou redução linear (P=0,0105), com a inclusão de níveis crescentes de FGMD. O CDR foi cerca de 8% menor, em termos numéricos (P>0,05), para os tratamentos em que o FGMD estava presente. A ausência de significância estatística pode ter sido em função do elevado CV (12,07%).

Estes resultados mostram que o FGMD, avaliado nesta pesquisa, não apresentou o problema de baixa palatabilidade indicado por Lassiter & Edwards (1982) e Trindade Neto et al. (1995). Por outro lado, concordam com Freitas (1998) que afirma ser o germe de milho um produto de boa palatabilidade. Estes resultados conflitantes podem ser explicados pelos diferentes métodos de industrialização do milho para a obtenção do FGMD.

A inclusão de níveis crescentes de FGMD, na fase de terminação, apresentou efeito quadrático (P=0,0205) sobre o CDR (y= 3,01863 - 0,02548x + 0,00055x2), tendo como valor mais baixo o nível de 23,1% de FGMD. Estes resultados diferem dos obtidos na fase de crescimento, onde a inclusão do FGMD não influenciou o CDR.

O GDP (P=0,0266) e a CA (P=0,0260) pioraram de forma linear com a inclusão de FGMD. Esta redução linear do GDP é semelhante à obtida na fase de crescimento. Entretanto, a CA apresentou comportamento diferente em relação à fase de crescimento, a qual foi semelhante para os diferentes níveis de FGMD.

Na Tabela 7, são apresentados os resultados de ganho diário de peso, consumo diário de ração e conversão alimentar na fase de crescimento-terminação.

Quando se considerou o período total (crescimento-terminação), observou-se redução linear (P=0,0025) do GDP (Tabela 7), com a inclusão crescente de FGMD. Esta resposta foi semelhante à das fases de crescimento e terminação. Por outro lado, diferente da fase de terminação, porém, semelhante à fase de crescimento, não houve efeito (P>0,05) dos níveis de FGMD sobre as variáveis CDR e CA.

A CA, embora não tenha sido influenciada (P=0,0942), mostrou uma diferença numérica importante (2,4 e 8,29 %), respectivamente para os níveis 30 e 45%, em comparação ao nível 0% (sem FGMD). Este comportamento (Tabela 7) foi fortemente influenciado pela piora linear na CA, observada na fase de terminação (Tabela 6), porém, não suficiente para mostrar significância no período total.

Apesar de o FGMD passar por um processo de industrialização semelhante ao do glúten de milho, não foi verificado efeito de redução do consumo de ração (Tabela 7) no período total, como encontrado por Trindade Neto et al. (1995), em trabalho com glúten de milho.

Estes resultados de desempenho dos suínos discordam por um lado de Lassiter & Edwards (1982), os quais mencionam que o FGMD possui baixa palatabilidade, por outro lado, concordam com os mesmos autores, quando estes sugerem que a inclusão do FGMD nas rações de suínos deve ser limitada.

A piora na CA, observada na fase de terminação, pode indicar que pode ter havido uma superestimativa do valor energético do FGMD ou mesmo ser um reflexo da baixa digestibilidade da proteína, que foi de 51,15% (Tabela 5), o que refletiu na redução do ganho de peso, tanto nas fases de crescimento e terminação (Tabela 6), como na fase total (Tabela 7).

Nas Tabelas 8 e 9, são apresentados os resultados da avaliação de carcaça, feitas ao final da fase de terminação.

Observou-se que a espessura de toucinho (ET) medida em suínos vivos, ao final do experimento (Tabela 8), apresentou redução linear para leitura P2 (P=0,0182), feita com o aparelho RENCO Lean Meaterâ e para leitura P2 (P=0,0301), realizada com o aparelho RENCO Sono Graderâ. Porém, este efeito não foi observado na espessura de toucinho medida na carcaça (Tabela 9), em que apenas alguns animais foram abatidos.

A diferença de resultados entre a espessura de toucinho medidas no suíno vivo e na carcaça, pode ser em função do pequeno número (três por tratamento) de animais abatidos por tratamento. A redução na ET na posição P2 não era esperada, já que as rações possuem níveis energéticos bastante semelhantes.

As características de carcaça (Tabela 9) avaliadas segundo o MBCC (ABCS, 1983) não foram influenciadas (P>0,05) pelos níveis crescentes de inclusão de FMGD nas rações. Como as rações possuem níveis energéticos bastante semelhantes, não eram esperadas alterações nas características de carcaça.

Nas Tabelas 10 e 11, é apresentada a análise econômica, com simulação de preço do FGMD de 80% do valor do milho, índice normalmente utilizado no mercado, para fase de crescimento e terminação, respectivamente.

Na simulação de preço de 80% do preço do milho para o FGMD, nas fases de crescimento e terminação, observou-se que não houve efeito (P>0,05) sobre o custo médio em ração por quilograma de peso vivo. Entretanto, o nível de 15% de FGMD apresentou resultados mais econômicos em ambas as fases, de acordo com o ICM e IEE. Estes resultados sugerem que o FGMD com preço de 80% ou menor, em relação ao preço do milho, torna-se viável economicamente, tanto na fase de crescimento, quanto na fase de terminação de suínos.

Os resultados promissores, mas não conclusivos, sugerem que mais estudos sejam feitos, objetivando melhor conhecer o valor nutricional do FGMD para alimentação de suínos. Ênfase deve ser dada no estudo do conteúdo de fibra e balanço de aminoácidos do FGMD.

Conclusões

O coeficiente de digestibilidade da energia, coeficiente de metabolização, ED e EM do FGMD é: 80,98%, 78,04%, 3.060 kcal/kg e 2.949 kcal/kg, respectivamente.

A inclusão de níveis crescentes de FGMD nas rações de suínos, na fase de crescimento e terminação, leva à piora no desempenho dos animais, reduz a espessura de toucinho e não influencia a profundidade do lombo, medidas no animal vivo.

Se o preço do FGMD for 80% do preço do milho, o nível de 15% de inclusão do FGMD é o mais econômico, tanto para a fase de crescimento, quanto para a fase de terminação.

Agradecimento

À KOWALSKY Alimentos Ltda., pelo fornecimento do farelo de germe de milho desengordurado, bem como pelo apoio à condução do experimento.

Literatura Citada

Antonio Cláudio Furlan

acfurlan@uem.br

Cláudio ScapinelloII

cscapinello@uem.br

Marianne Kutschenko

Av. Colombo, 5790

CEP: 87.020-900,Maringá, PR

Recebido em: 10/12/01

Aceito em: 08/08/02

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  • Endereço para correspondência
    Ivan Moreira
    E.mail: imoreira@uem.br
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Set 2005
    • Data do Fascículo
      Nov 2002

    Histórico

    • Aceito
      08 Ago 2002
    • Recebido
      10 Dez 2001
    Sociedade Brasileira de Zootecnia Universidade Federal de Viçosa / Departamento de Zootecnia, 36570-900 Viçosa MG Brazil, Tel.: +55 31 3612-4602, +55 31 3612-4612 - Viçosa - MG - Brazil
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