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Exigência nutricional de lisina para poedeiras leves e semipesadas nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade

Nutritional requirement of lysine for white-egg and brown-egg laying hens from 1 to 3 and 4 to 6 weeks of age

Resumos

Com o objetivo de determinar a exigência nutricional de lisina para poedeiras leves e semipesadas em crescimento nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade, foram utilizadas 480 aves no período de 1 a 3 semanas de idade e 432 aves no período de 4 a 6 semanas de idade. Em ambos os períodos, foram utilizadas aves Hy Line, 50% Hy-line W 36 (leves) e 50% Hy-line Brown (semipesadas), em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 × 2, composto de seis níveis de lisina (0,00; 0,06; 0,12; 0,18; 0,24 e 0,30%) e duas linhagens de aves de postura. Considerando os resultados obtidos para as variáveis analisadas, a exigência de lisina total para o período de 1 a 3 semanas de idade foi 1,052% para aves leves e de 0,981% para aves semipesadas ou 207,38 mg de lisina total/dia para aves leves e 198,63 mg de lisina total/dia para aves semipesadas. Para o período de 4 a 6 semanas, a exigência de lisina foi de 0,939% de lisina para aves leves e de 0,889% de lisina para aves semipesadas ou 323,30 mg de lisina total/dia para aves leves e 300,29 mg de lisina total/dia para aves semipesadas.

aminoácidos; crescimento; exigência lisina; poedeiras comerciais


With the objective of determine the nutritional requirement of lysine for growing white-egg and brown-egg laying hens in the period from 1 to 3 and 4 to 6 weeks of age, 480 birds were used in the period from 1 to 3 weeks of age and 432 birds in the period from 4 to 6 weeks of age. In both periods, Hy-line birds were used; 50% Hy-line W 36 (White) and 50% Hy-line Brown in completely randomized design in a 6 × 2 factorial arrangement (level of lysine [0.00, 0.06, 0.12, 0.18, 0.24, and 0.30%] and strains of laying hens). Based on the obtained results for the analyzed variable, the total lysine requirement for the period from 1 to 3 weeks of age was 1.052% for white birds and 0.981% brown birds or 207.38 mg of total lysine/day for white birds and 198.63 mg of total lysine/day for brown birds. For the period from 4 to 6 weeks of age the lysine requirement was 0.939% for white birds and 0.889% for brown birds or 323.30 mg of total lysine/day for white birds and 300.29 mg of total lysine/day for brown birds.

amino acids; growth; commercial laying hens; lysine requirement


MONOGÁSTRICOS

Exigência nutricional de lisina para poedeiras leves e semipesadas nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade1 1 Parte da dissertação apresentada pelo primeiro autor à Universidade Federal de Viçosa para obtenção do título de Doctor Scientiae.

Nutritional requirement of lysine for white-egg and brown-egg laying hens from 1 to 3 and 4 to 6 weeks of age

Ramalho José Barbosa RodrigueiroI; Horacio Santiago RostagnoII; Luiz Fernando Teixeira AlbinoII; Paulo Cezar GomesII; Ricardo Vianna NunesIII; Rafael NemeI

IZootecnista

IIDepartamento de Zootecnia, UFV - CEP: 36571-000 - Viçosa, MG

IIICurso de Zootecnia, UNIOESTE - CEP: 85960-000 - Marechal Candido Rondon - PR

RESUMO

Com o objetivo de determinar a exigência nutricional de lisina para poedeiras leves e semipesadas em crescimento nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade, foram utilizadas 480 aves no período de 1 a 3 semanas de idade e 432 aves no período de 4 a 6 semanas de idade. Em ambos os períodos, foram utilizadas aves Hy Line, 50% Hy-line W 36 (leves) e 50% Hy-line Brown (semipesadas), em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 × 2, composto de seis níveis de lisina (0,00; 0,06; 0,12; 0,18; 0,24 e 0,30%) e duas linhagens de aves de postura. Considerando os resultados obtidos para as variáveis analisadas, a exigência de lisina total para o período de 1 a 3 semanas de idade foi 1,052% para aves leves e de 0,981% para aves semipesadas ou 207,38 mg de lisina total/dia para aves leves e 198,63 mg de lisina total/dia para aves semipesadas. Para o período de 4 a 6 semanas, a exigência de lisina foi de 0,939% de lisina para aves leves e de 0,889% de lisina para aves semipesadas ou 323,30 mg de lisina total/dia para aves leves e 300,29 mg de lisina total/dia para aves semipesadas.

Palavra-chave: aminoácidos, crescimento, exigência lisina, poedeiras comerciais

ABSTRACT

With the objective of determine the nutritional requirement of lysine for growing white-egg and brown-egg laying hens in the period from 1 to 3 and 4 to 6 weeks of age, 480 birds were used in the period from 1 to 3 weeks of age and 432 birds in the period from 4 to 6 weeks of age. In both periods, Hy-line birds were used; 50% Hy-line W 36 (White) and 50% Hy-line Brown in completely randomized design in a 6 × 2 factorial arrangement (level of lysine [0.00, 0.06, 0.12, 0.18, 0.24, and 0.30%] and strains of laying hens). Based on the obtained results for the analyzed variable, the total lysine requirement for the period from 1 to 3 weeks of age was 1.052% for white birds and 0.981% brown birds or 207.38 mg of total lysine/day for white birds and 198.63 mg of total lysine/day for brown birds. For the period from 4 to 6 weeks of age the lysine requirement was 0.939% for white birds and 0.889% for brown birds or 323.30 mg of total lysine/day for white birds and 300.29 mg of total lysine/day for brown birds.

Key Words: amino acids, growth, commercial laying hens, lysine requirement

Introdução

Quando se busca entender o programa de alimentação de aves para postura de ovos de mesa durante a fase de crescimento, acredita-se que o manejo nutricional seja o ponto crítico, pois as aves leves e semipesadas têm apresentado mudanças na idade à maturidade sexual, que é reduzida em um dia por ano (Leeson & Summers, 1997). Tem-se considerado, portanto, que a chave para o sucesso do manejo nutricional é maximizar o peso corporal das aves durante a fase de crescimento. Desse modo, supõe-se que as aves que atingirem o peso ideal à maturidade sexual apresentarão maior produção e melhor formação da casca de ovos.

Geralmente, os programas alimentares para poedeiras leves e semipesadas em crescimento são divididos em três fases. A fase inicial corresponde às seis primeiras semanas de vida. Para essa fase, o National Research Council (NRC, 1994) recomenda 0,850% de lisina para aves leves e 0,820% de lisina total para as aves semipesadas. No manual da linhagem Hy-line (1995), a recomendação de lisina total é 1,10 e 1,04% para aves leves e semipesadas, respectivamente. Rostagno et al. (2000) sugeriram para a fase inicial 0,916 e 0,850% de lisina total em rações com 2.900 kcal de EM/kg para aves leves e semipesadas, enquanto Silva et al. (2000) recomendam 0,950% de lisina para aves leves e semipesadas, em razão do máximo retorno econômico obtido com a produção de ovos. Essas referências comprovam a variação de resultados experimentais apresentados na literatura.

O crescimento da ave é marcado por alguns aspectos fisiológicos determinantes, como formação óssea e muscular, empenamento e formação do aparelho reprodutor. Assim, o fracionamento da fase inicial de criação pode proporcionar esclarecimentos mais precisos ao permitir estimar a exigência nutricional.

Com base nessas informações, procurou-se determinar a exigência nutricional de lisina para poedeiras comerciais leves e semipesadas nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade.

Material e Métodos

Foram realizados dois experimentos na sala de baterias do Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, incluindo a fase inicial de criação das aves.

No início de cada experimento, as aves foram pesadas e distribuídas uniformemente em quatro baterias, cada uma com 12 gaiolas, totalizando 48 gaiolas para estudos de metabolismo com dez e nove aves por unidade experimental nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade, respectivamente. Para período de 1 a 3 semanas de idade, foram utilizadas pintainhas da marca comercial Hy-line, 50% de cada linhagem (leves e semipesadas), com peso vivo médio inicial de 66,68 g (leves) e 71,81 g (semipesadas). Para o período de 4 a 6 semanas de idade, o peso vivo médio inicial foi de 216,96 e 238,92 g para aves leves e semipesadas, respectivamente, de modo que, no período de 1 a 3 semanas, as aves foram criadas em galpão convencional e alimentadas com ração inicial à base de milho e farelo de soja.

As temperaturas médias, máxima e mínima, observadas no interior da sala de metabolismo foram, respectivamente, 31,5 ± 1,25 e 25,8 ± 1,10ºC para o período de 1 a 3 semanas de idade e 28,07 ± 2,15 e 22,0 ± 0,71ºC para o período de 4 a 6 semanas de idade.

As rações experimentais foram isocalóricas e com níveis nutricionais, exceto os de lisina, calculadas segundo recomendações do NRC (1994). Na ração basal, adicionou-se em substituição ao amido 0,30% de L-lisina.HCl com 78,4% de pureza, adotando, em seguida, a técnica de diluição a fim de se obterem os níveis nutricionais de 0,752; 0,812; 0,872; 0,932; 0,992 e 1,052% de lisina total em rações contendo 20% de PB e 2.900 kcal de EM/kg de ração para o período de 1 a 3 semanas de idade (Tabela 1).

Durante o período de 4 a 6 semanas de idade, utilizaram-se os níveis nutricionais de 0,639; 0,699; 0,759; 0,819; 0,879 e 0,939% de lisina total em rações contendo 18% de PB e 2.900 kcal de EM/kg de ração. A ração com 18% de PB e 0,639% de lisina total foi obtida pela incorporação de 15% de uma ração purificada isenta de lisina (Tabela 1) à ração basal, adotando-se em seguida a técnica de diluição.

A técnica de diluição consistiu em utilizar proporções (0, 20, 40, 60, 80 e 100%) das rações com menor e maior nível de lisina total, proporcionando os seis níveis nutricionais de lisina total.

A exigência de lisina digestível foi determinada considerando o conteúdo de lisina digestível verdadeiro de cada alimento utilizado nas rações experimentais, segundo Rostagno et al. (2000). A soma dos valores obtidos para cada ingrediente determinou a quantidade de lisina digestível na ração basal, entretanto, a suplementação de L-lisina.HCl sintética para atender aos níveis de lisina foi considerada como 100% digestível.

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 × 6 (duas linhagens de aves de postura comercial e seis níveis nutricionais de lisina total), com quatro repetições de dez e nove aves por unidade experimental para os períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade, respectivamente.

Nos períodos de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade, avaliaram-se os consumos de ração e de lisina, o ganho de peso e a conversão alimentar.

As análises estatísticas das características estudadas foram realizadas de acordo com o programa SAEG (UFV, 1997) e a estimativa da exigência de lisina total estabelecida por meio de modelos de regressão polinomial, considerando-se as características de desempenho.

Resultados e Discussão

O aumento dos níveis de lisina total da ração promoveu efeitos linear (P<0,05) e quadrático (P<0,05) no ganho de peso nas leves e semipesadas, respectivamente (Tabela 2).

As estimativas de exigência de lisina total obtidas a partir de modelos de regressão denotam exigência de 0,959% para ganho de peso de aves semipesadas, enquanto, para aves leves, em virtude do efeito linear significativo, sugere-se o mínimo de 1,052%, ou seja, o maior valor de lisina total utilizado nesta fase, o que indica que os níveis de lisina total utilizados não foram suficientes para determinar o ponto de máximo e, portanto, a exigência de lisina pode ser maior para esse tipo de ave.

Erickson (1993) sugeriu a ocorrência de aumento pronunciado no volume de eritrócitos, leucócitos e plaquetas quando o animal é submetido à atividade física com mais freqüência. Por sua vez, Jansen (1962) comentou que a hemoglobina contém relativamente alta proporção de lisina (10,1%) e que talvez altos níveis de lisina sejam requeridos para manter altos níveis de hemoglobina. No entanto, Leeson & Summers (1997) comentaram que frangas semipesadas podem ter maiores exigências nutricionais em virtude da maior exigência de mantença em relação às frangas leves.

Os resultados obtidos neste experimento para aves leves foram semelhantes aos encontrados por Edwards et al. (1956), de 1,10% de lisina para aves de reposição na fase de 1 a 4 semanas de idade. Chung et al. (1973) estimaram em 0,940% a exigência de lisina para aves leves em crescimento no período de 1 a 3 semanas de idade.

Com base nos valores obtidos para ganho de peso, pode-se estimar que a exigência de lisina total para aves semipesadas é 8,84% inferior à das aves leves. O valor sugerido pelo NRC (1994) é 5,90% inferior para as aves semipesadas em relação às leves. Essa divergência percentual provavelmente se deve ao período experimental observado, ou seja, neste trabalho, os dados são referentes ao período de 1 a 3 semanas de idade, enquanto os valores sugeridos pelo NRC (1994) baseiam-se em toda a fase inicial (0 a 6 semanas de idade).

Os menores valores de ganho de peso diário quando as aves foram alimentadas com uma ração basal deficiente em lisina (0,752%) demonstraram que esse aminoácido foi limitante na síntese de proteína corporal e teve efeito negativo de desbalanço aminoacídico. D'Mello (1994) comentou que a redução do crescimento animal é um sintoma evidente do consumo desproporcional de aminoácidos, sejam eles dispensáveis ou não.

O consumo de ração é importante para avaliar o efeito do desbalanço de aminoácidos (Cieslak & Benevenga, 1984). Entretanto, esse efeito não foi evidente no período quando avaliados diferentes níveis de lisina. Assim, as aves alimentadas com rações contendo 0,752% de lisina total consumiram a mesma quantidade de ração (P>0,05) que aquelas aves alimentadas com 1,052% de lisina.

A linhagem das aves teve efeito (P<0,05) sobre o consumo de ração; as semipesadas consumiram 4,91% a mais de ração que as leves. Scott et al. (1982) preconizaram que aves semipesadas consomem 5 a 10% a mais de alimento em comparação a aves leves.

Essa diferença não-significativa dos níveis nutricionais de lisina total sobre o consumo de ração provavelmente se deve ao fato de que a amplitude dos níveis de lisina total utilizados não foi suficiente para agir sobre o mecanismo bioquímico subjacente ao efeito anoréxico (Harper & Rogers (1965), citado de D'Mello (1994). Outro fato pode ser atribuído ao atendimento da relação lisina:arginina e à ausência do efeito antagônico. Allen & Baker (1972) encontraram variação no consumo de rações quando alteraram a relação lisina:arginina.

Nas aves leves, não houve efeito (P>0,05) dos níveis de lisina sobre a conversão alimentar, o que indica que rações com 2.900 kcal de EM, 20% de PB e 0,752% de lisina total atenderam à exigência para conversão alimentar. As aves semipesadas apresentaram melhor conversão alimentar (P<0,05) em comparação às aves leves.

A exigência de lisina total para as aves semipesadas na fase de 1 a 3 semanas de idade obtida a partir de equação de regressão foi de 0,981% de lisina total para melhor conversão alimentar. Edwards et al. (1956) encontraram melhora na conversão alimentar com o aumento dos níveis de lisina total na ração no período de 1 a 4 semanas de idade. Entretanto, esses autores estimaram os resultados com base no ganho de peso. Silva et al. (2000) encontraram efeitos quadráticos para conversão alimentar ao fornecerem diferentes níveis de lisina para aves leves e semipesadas. Esses autores estimaram as exigências em 0,860 e 0,870%, respectivamente, para a fase de 1 a 3 semanas de idade.

A ingestão de lisina total (P<0,05) foi motivada pelo aumento da concentração de lisina nas rações experimentais; assim, as aves semipesadas consumiram mais lisina que as aves leves.

Utilizando as equações de regressão estimada para o consumo de lisina total (= -20,1324 + 216,271X para aves leves e = 11,2650 + 190,994X para aves semipesadas) obtido a partir da concentração de lisina total nas rações experimentais, estimou-se o consumo de lisina da exigência. Nesse sentido, obtiveram-se consumos de lisina total de 207,38 e 194,43 mg/ave/dia para aves leves e semipesadas, respectivamente, para ganho de peso (Tabela 3). O consumo de lisina total para melhor conversão alimentar em aves semipesadas é de 198,63 mg/ave/dia.

O ganho de peso das pintinhas leves sofreu efeito linear (P<0,05) dos níveis de lisina na ração, sugerindo o mínimo de 0,939% de lisina total. O peso das pintinhas semipesadas, no entanto, sofreu efeito quadrático (P<0,05) da concentração de lisina total na ração e, segundo a equação de regressão, o nível de lisina total para melhor ganho de peso é de 0,888%. Esses resultados confirmam a maior exigência de lisina total para ganho de peso de aves leves (o valor foi 5,43% superior ao das aves semipesadas).

A maior exigência nutricional das aves leves provavelmente está relacionada ao seu temperamento mais agitado, o que leva a um comportamento mais ativo e, portanto a maior atividade física em comparação às aves semipesadas, exigindo, assim, maior aporte nutricional (Helander, 1961; Fitts et al., 1976; Jansen, 1962). Entretanto, durante este período experimental as aves foram criadas em gaiolas.

Edwards et al. (1956) e o Manual da Linhagem Hy-line (1995) indicaram exigência de 1,100% lisina para aves leves durante os períodos de 3 a 6 e de 1 a 6 semanas, respectivamente. Todavia, Chung et al. (1973) estimaram em 0,700% a exigência de lisina para aves Leghorn branca de 5 a 7 semanas de idade. Staldelman & Cotterill (1984) e NRC (1994) recomendaram 0,850% de lisina durante toda a fase inicial das aves leves. As exigências de 0,916 e 0,850% (Rostagno et al., 2000) de lisina para aves leves e semipesadas, respectivamente, criadas durante toda a fase inicial são as melhores recomendações para as condições brasileiras.

A importância econômica do ganho de peso como referência para estimar a exigência de lisina é evidente nas condições práticas. As exigências de lisina total estimadas para aves leves e semipesadas, neste experimento, com base no ganho de peso, estão classificadas na amplitude de valores apresentados pela literatura. As estimativas de exigência obtidas foram inferiores às relatadas por Silva et al. (2000), que encontraram 0,950% de lisina na ração inicial para linhagens leve e semipesada, em razão do máximo retorno econômico obtido com a produção de ovos.

O valor médio obtido nas fases de 1 a 3 e de 4 a 6 semanas de idade foi de 0,996% de lisina total para aves leves e de 0,923% de lisina para aves semipesadas. Esses níveis de lisina são considerados, portanto, próximos àqueles obtidos por Silva et al. (2000), com base no máximo retorno econômico obtido com a produção de ovos.

Houve diferença no ganho de peso diário (P<0,05), pois as aves semipesadas apresentaram valores superiores em relação às aves leves. Os níveis de lisina total não influenciaram (P>0,05) o consumo de ração em aves leves e semipesadas, o que contraria os resultados obtidos por Klasing (1998), que verificou que a deficiência de um aminoácido se manifesta com a redução no crescimento da ave, podendo causar ainda deficiência mais severa. Assim, a amplitude dos níveis de lisina total utilizados nessa fase de criação parece não ter agido sobre o mecanismo bioquímico subjacente ao efeito anoréxico da ração desbalanceada, o que inviabiliza a hipótese de Harper & Rogers (1965), citados por D'Mello (1994), sobre o mecanismo bioquímico do consumo de ração desbalanceada. As aves semipesadas consumiram 5,49% mais ração (P<0,05) em comparação às aves leves. Estes resultados corroboram a afirmação de Scott et al. (1982) de que aves semipesadas consomem 5 a 10% mais alimentos que aves leves. Silva et al. (2000) observaram variação no consumo de ração durante a fase inicial de criação de aves leves. Nesse caso, os autores atribuíram essa variação à redução da temperatura ambiental.

Tabela 4

Os níveis de lisina total influenciaram (P<0,05) a conversão alimentar das aves semipesadas. A estimativa de exigência de lisina total para esta linhagem foi de 0,889%. As aves leves, por sua vez, apresentaram melhora linear (P<0,05) à medida que se acrescentou L-lisina.HCl na ração, sugerindo o nível mínimo de 0,939%, ou seja, o maior valor de lisina total utilizado nesta fase em estudo. Esse resultado comprova que os níveis utilizados não foram suficientes para determinar o nível ótimo para aves leves. Nesse sentido, essas aves apresentaram exigência de lisina total de 5,32%, superior à de aves semipesadas, com valores próximos aos obtidos quando avaliado o efeito do nível de lisina sobre o ganho de peso (5,43%). Silva et al. (2000), no entanto, avaliando a conversão alimentar, observaram que a exigência de lisina estimada para aves leves foi 1,15% inferior à das aves semipesadas e estimaram exigência de 0,860 e 0,870% de lisina para aves leves e semipesadas, respectivamente.

O aumento da concentração de lisina total nas rações influenciou linearmente (P<0,05) o consumo de lisina (Tabela 5), de modo que as aves semipesadas consumiram significativamente mais lisina que as aves leves. A estimativa do consumo de lisina total, considerando a exigência estimada para ganho de peso, foi de 323,20 mg/ave/dia para aves leves e de 299,96 mg/ave/dia para aves semipesadas. Analisando a conversão alimentar, o consumo de lisina total estimado foi de 323,30 e 300,29 mg/ave/dia, respectivamente, para aves leves e semipesadas.

Conclusões

A exigência de lisina total na fase de 1 a 3 semanas de idade é de 1,052% para aves leves e de 0,981% para aves semipesadas, ou 207,38 e 198,63 mg de lisina total/dia para aves leves e semipesadas, respectivamente. A exigência estimada de lisina digestível é de 0,954 e 0,883% para aves leves e semipesadas, respectivamente. Na fase de 4 a 6 semanas de idade, a exigência de lisina total é de 0,939% para aves leves e de 0,889 para aves semipesadas, ou 323,30 e 300,29 mg de lisina total/dia para aves leves e semipesadas, respectivamente. A exigência estimada de lisina digestível é de 0,856 e 0,806% para aves leves e semipesadas, respectivamente.

Literatura Citada

Recebido: 21/6/2006

Aprovado: 26/3/2007

Correspondências devem ser enviadas para: rrodrigueiro@hotmail.com

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  • 1
    Parte da dissertação apresentada pelo primeiro autor à Universidade Federal de Viçosa para obtenção do título de Doctor Scientiae.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      30 Nov 2007
    • Data do Fascículo
      Out 2007

    Histórico

    • Aceito
      26 Mar 2007
    • Recebido
      12 Jun 2006
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