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Exigências de treonina digestível para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 15 aos 30 kg

Digestible threonine requirement for gilts maintained in thermoneutral environment from 15 to 30 kg

Resumos

Este estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar as exigências de treonina digestível em rações para leitoas no período de 15 aos 30 kg, mantidas em ambiente termoneutro. Setenta leitoas, mestiças, com peso inicial de 15,1 ± 0,4 kg, foram distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (níveis de treonina digestível), sete repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos corresponderam aos níveis de 0,54; 0,58; 0,61; 0,65 e 0,69% de treonina digestível. Os níveis de treonina digestível da ração aumentaram o ganho de peso diário de forma quadrática até o nível de 0,61% e a conversão alimentar até o nível de 0,62%. As deposições de proteína e gordura na carcaça dos animais também se elevaram de forma quadrática, atingindo valor máximo no nível de 0,61%. Constatou-se efeito linear dos tratamentos sobre os pesos absoluto e relativo do intestino. O nível calculado de 0,62% de treonina digestível, correspondente a uma relação com a lisina digestível de 67% e a um consumo diário de 7,11 g, proporcionou melhor desempenho de leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 15 aos 30 kg.

desempenho; relação treonina digestível; lisina digestível; temperatura ambiente


This study was carried out to evaluate the requirements of digestible threonine in diets of gilts from 15 to 30kg, maintained in thermoneutral environment. Seventy crossbreed gilts with an initial weight of 15.1 ± 0.4 kg were used in a randomized blocks design, with five treatments (levels of digestible threonine), seven replicates and two animals per experimental unity. The treatments corresponded to the levels of 0.54, 0.58, 0.61, 0.65, e 0.698% of digestible threonine. Digestible threonine levels in the diet increased the daily weight gain in a quadratic way up to the level of 0.61% and the feed:gain ratio up to the level of 0.62%. Protein and fat deposition rates also increased in a quadratic way reaching maximum value up to the level of 0.61%. A linear effect of the treatments was evidenced on the absolute and relative weights of the intestine. The calculated level of 0.62% of digestible threonine corresponding to a relation with digestible lysine of 67% and a daily intake of 7.11 g, provided better performance of gilts maintained in a thermoneutral environment from 15 to 30 kg.

environmental temperature; digestible threonine; digestible lysine ratio; performance


MONOGÁSTRICOS

Exigências de treonina digestível para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 15 aos 30 kg1 1 Parte da tese de Doutorado do primeiro autor.

Digestible threonine requirement for gilts maintained in thermoneutral environment from 15 to 30 kg

Edilson Paes SaraivaI; Rita Flávia Miranda de OliveiraII; Juarez Lopes DonzeleII; Francisco Carlos de Oliveira SilvaIII; Jefferson Costa de SiqueiraI; Maria Cristina MannoI; Will Pereira de OliveiraIV; Christiane Garcia Vilela NunesI

IPós-graduação do DZO/UFV, Viçosa - MG

IIDepartamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa - Viçosa - MG, CEP: 36571-000

IIIEPAMIG/CTZM, Viçosa - MG, CEP: 36571-000

IVGraduação em Zootecnia do DZO/UFV. Bolsista CNPq

RESUMO

Este estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar as exigências de treonina digestível em rações para leitoas no período de 15 aos 30 kg, mantidas em ambiente termoneutro. Setenta leitoas, mestiças, com peso inicial de 15,1 ± 0,4 kg, foram distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (níveis de treonina digestível), sete repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos corresponderam aos níveis de 0,54; 0,58; 0,61; 0,65 e 0,69% de treonina digestível. Os níveis de treonina digestível da ração aumentaram o ganho de peso diário de forma quadrática até o nível de 0,61% e a conversão alimentar até o nível de 0,62%. As deposições de proteína e gordura na carcaça dos animais também se elevaram de forma quadrática, atingindo valor máximo no nível de 0,61%. Constatou-se efeito linear dos tratamentos sobre os pesos absoluto e relativo do intestino. O nível calculado de 0,62% de treonina digestível, correspondente a uma relação com a lisina digestível de 67% e a um consumo diário de 7,11 g, proporcionou melhor desempenho de leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 15 aos 30 kg.

Palavras-chave: desempenho, relação treonina digestível:lisina digestível, temperatura ambiente

ABSTRACT

This study was carried out to evaluate the requirements of digestible threonine in diets of gilts from 15 to 30kg, maintained in thermoneutral environment. Seventy crossbreed gilts with an initial weight of 15.1 ± 0.4 kg were used in a randomized blocks design, with five treatments (levels of digestible threonine), seven replicates and two animals per experimental unity. The treatments corresponded to the levels of 0.54, 0.58, 0.61, 0.65, e 0.698% of digestible threonine. Digestible threonine levels in the diet increased the daily weight gain in a quadratic way up to the level of 0.61% and the feed:gain ratio up to the level of 0.62%. Protein and fat deposition rates also increased in a quadratic way reaching maximum value up to the level of 0.61%. A linear effect of the treatments was evidenced on the absolute and relative weights of the intestine. The calculated level of 0.62% of digestible threonine corresponding to a relation with digestible lysine of 67% and a daily intake of 7.11 g, provided better performance of gilts maintained in a thermoneutral environment from 15 to 30 kg.

Key Words: environmental temperature, digestible threonine:digestible lysine ratio, performance

Introdução

As principais características do suíno atual – alto potencial de deposição de carne magra, baixo consumo e maior exigência nutricional – exigem melhores ajustes na formulação das rações, as quais, durante muitos anos, foram feitas com base no ingrediente mais caro, a proteína bruta.

De acordo com Stahley (1993), o excesso de aminoácidos na dieta reduz a energia disponível para crescimento, pois parte dessa é utilizada na degradação dos produtos nitrogenados. A ingestão de rações deficientes em aminoácidos, por outro lado, diminui a taxa de crescimento. Em ambas as situações, o desequilíbrio entre os aminoácidos essenciais e não-essenciais produz efeitos adversos no desempenho do suíno.

Em razão dos problemas com poluição ambiental, tem-se reduzido a quantidade de proteína nas rações fornecidas aos suínos (Pedersen et al., 2003). Com esta prática, a determinação da correta proporção dos aminoácidos na proteína tornou-se fundamental para garantir o bom desempenho dos animais.

Entre os aminoácidos a serem avaliados, destaca-se a treonina, por ser, normalmente, o segundo ou terceiro aminoácido limitante nas dietas à base de cereais e farelo de soja fornecidas aos suínos (Lewis, 2001). Segundo Saldana et al. (1994), a treonina pode se tornar o primeiro aminoácido limitante quando a lisina industrial é adicionada à dieta.

Considerando a possibilidade de variação das exigências nutricionais de aminoácidos pelo suíno, é fundamental a determinação das exigências desses nutrientes, em função do ambiente térmico, sobretudo quando se visa à alimentação econômica e tecnicamente mais viável.

Este estudo foi conduzido para avaliar níveis de treonina digestível em rações para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 15 aos 30 kg.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em salas climatizadas no Setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG.

Setenta leitoas mestiças (Landrace x Large White), com peso inicial de 15,1 ± 0,42 kg, foram distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (0,538; 0,577; 0,614; 0,651 e 0,688% de treonina digestível), sete repetições e dois animais por unidade experimental, mantidos em ambiente de conforto térmico. Na formação dos blocos, considerou-se o peso inicial dos animais.

Os animais, em grupo de dois, foram alojados em gaiolas metálicas suspensas (1,65 m x 1,10 m), com piso ripado, providas de comedouro semi-automático e bebedouro tipo chupeta. Essas gaiolas foram mantidas em sala de alvenaria com janelas de vidro do tipo basculante, cobertura de telha de barro e forro de madeira e controle de temperatura e umidade relativa.

A temperatura e a umidade relativa internas da sala foram monitoradas três vezes ao dia (8, 13 e 17 h) durante o período experimental.

Os equipamentos de medição ambiental (termômetros de máxima e mínima, de bulbo seco e bulbo úmido e de globo negro) foram mantidos em uma gaiola vazia, no centro da sala, à meia altura do corpo dos animais. Os valores obtidos de temperatura e umidade foram, posteriormente, convertidos no índice de temperatura de globo e umidade (ITGU), segundo Buffington et al. (1981), caracterizando-se o ambiente térmico em que os animais foram mantidos.

As rações experimentais (Tabela 1), à base de milho, farelo de soja, glúten de milho e amido, foram formuladas para serem isoenergéticas e isolisínicas e suplementadas com minerais, vitaminas e aminoácidos, de acordo com as recomendações contidas em Rostagno et al. (2000), com exceção da treonina. A inclusão de L-treonina ocorreu em substituição ao ácido glutâmico, com base nos seus equivalentes protéicos, sendo o amido utilizado para compensar as diferenças de equivalência em peso.

Durante o experimento, os animais receberam ração e água à vontade.

Os resíduos de ração no chão foram coletados diariamente e somados às sobras do comedouro, para determinação do consumo de ração no final do período experimental.

No final do período experimental (24 ± 1,8 dias), os animais foram submetidos a jejum alimentar de 24 horas, abatendo-se um animal de cada unidade experimental com o peso mais próximo de 30 kg. Retiraram-se o fígado, os rins e o intestino para pesagem.

As carcaças inteiras (incluindo cabeça e pés), evisceradas e sem sangue, foram pesadas e cortadas longitudinalmente. A metade direita de cada carcaça foi triturada em "cutter" comercial de 30 HP e 1.775 rpm, durante 15 minutos. Após homogeneização do material triturado, foram retiradas amostras, que foram congeladas para determinação das deposições de proteína e gordura, conforme metodologia descrita em Donzele et al. (1992).

Para determinação da composição inicial das carcaças e das deposições de proteína e gordura na carcaça, foi utilizada a técnica do abate comparativo. Para isso, um grupo adicional de cinco leitoas com peso médio de 15 kg foi abatido no início do experimento. Adotaram-se os mesmos procedimentos de abate dos animais utilizados no final do experimento.

No preparo das amostras, em razão do alto teor de água e gordura do material, procedeu-se à pré-secagem em estufa com ventilação forçada, por 72 horas a ± 60ºC, e ao pré-desengorduramento a quente, em aparelho extrator do tipo "Soxhlet", durante quatro horas. As amostras pré-secas e pré-desengorduradas foram moídas e acondicionadas para posteriores análises laboratoriais. Para correção dos valores das análises subseqüentes, foram consideradas a água e a gordura retiradas no preparo das amostras.

As análises de PB e EE dos ingredientes das rações e das carcaças foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da UFV, conforme técnicas descritas em Silva (1990).

As análises estatísticas das variáveis avaliadas (desempenho, pesos de órgãos e deposições na carcaça) foram realizadas por meio do programa computacional Sistemas de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG, 1997).

A estimativa da exigência de treonina digestível foi feita com base nos resultados de desempenho e carcaça, utilizando-se os modelos linear, quadrático e, ou, descontínuo "Linear Response Plateau" (LRP), descritos por Braga (1983), conforme melhor ajuste obtido de cada variável.

Resultados e Discussão

Durante o período experimental, a temperatura interna da sala manteve-se em 22,0 ± 0,8ºC e a umidade relativa em 78,1 ± 5,7% e o índice de temperatura de globo e umidade (ITGU) foi calculado em 70,0 ± 1,4.

Os níveis de treonina digestível da ração propiciaram resposta quadrática (P<0,05) no ganho de peso diário (GPD), que aumentou até o nível de 0,606% (Figura 1a). Variação significativa do ganho de peso de leitões em fase inicial de crescimento, em razão do aumento do nível de treonina da ração, também foi observada por Lewis & Peo Jr. (1986), Saldana et al. (1994) e Berto et al. (2002), que estimaram, respectivamente, em 0,83; 0,69 e 0,76% os níveis de treonina total como o de máximo ganho de peso. Por outro lado, Pozza et al. (1999), avaliando o efeito de níveis crescentes de treonina sobre o desempenho de leitões dos 15 aos 30 kg, não observaram efeito dos tratamentos sobre o ganho de peso diário dos animais (Tabela 2). As variações nas condições experimentais, especialmente no que se refere à genética dos animais e aos ingredientes utilizados nas rações, podem, entre outros fatores, justificar a variação dos resultados.



No nível em que se estimou a melhor resposta de ganho de peso (0,606%), a relação treonina digestível:lisina digestível calculada correspondeu a 65%, semelhante à recomendação de Rostagno et al. (2000). Assim, de acordo com Berto et al. (2002), o nível de lisina das rações não pode ser superior ao exigido pelos animais, devendo-se respeitar as proporções entre esse aminoácido e os demais, principalmente os limitantes, e considerar o conceito da proteína ideal.

Não houve efeito (P>0,10) dos níveis de treonina sobre o consumo de ração diário (CRD), enquanto o consumo de treonina aumentou (P<0,01) de forma linear segundo a equação: = 0,82634 + 10,1207X (r2 = 0,97). Resultados similares foram obtidos por Lewis & Peo Jr. (1986) e Borg et al. (1987), em suínos jovens. No entanto, Saldana et al. (1994), Pozza et al. (1999) e Rodrigues et al. (2001) observaram aumento e Rosell & Zimmerman (1985), redução linear no consumo de ração, em função de níveis crescentes de treonina da ração.

Os diferentes padrões de resposta de consumo de ração dos suínos, em razão da variação do nível de treonina, podem estar relacionados, entre outros fatores, a diferenças nos níveis deste aminoácido utilizados nas rações experimentais.

Foi verificado efeito (P<0,10) quadrático dos níveis de treonina digestível sobre a conversão alimentar (CA), que melhorou até o nível estimado de 0,621% de treonina digestível (Figura 1b). Este resultado corrobora o de 0,63% recomendado pelo NRC (1998) e situa-se acima daquele de 0,60% recomendado por Rostagno et al. (2000), para suínos dos 10 aos 20 kg.

A exigência de treonina determinada pela CA, neste trabalho, pode estar relacionada ao efeito quadrático dos níveis de treonina sobre o GPD, uma vez que não houve efeito significativo (P>0,10) dos níveis de treonina sobre o CRD.

Efeito quadrático do nível de treonina da ração sobre a CA de suínos em fase inicial de crescimento também foi observado por Pozza et al. (1999) e Berto et al. (2002), que estimaram, respectivamente, em 0,63% (leitões dos 15 aos 30 kg) e 0,76% (leitões dos 12 aos 23 kg) os níveis de treonina total que promoveram os melhores valores de CA.

As relações treonina digestível:lisina digestível estimadas neste estudo, de 67% para melhor resultado de CA e de 65% para máximo ganho de peso, foram semelhantes às de 67 e 66%, respectivamente, recomendada por Rostagno et al. (2000) e Wang & Fuller (1990) e superiores à de 63% proposta por Rhodimet (1993). Constata-se que o nível de treonina para se obter a melhor eficiência de utilização do alimento pelo suíno é maior que aquele necessário para maximizar o ganho de peso, o que está consistente com os resultados obtidos por Rosell & Zimmerman (1985) e Defa et al. (1999).

O nível de treonina digestível da ração propiciou variação quadrática (P<0,01) nas deposições de proteína (DP) e gordura (DG) na carcaça dos animais, que aumentaram até os níveis estimados de 0,608 e 0,609%, respectivamente (Figuras 2a, b).


Variação da DP na carcaça de suínos na fase inicial de crescimento, em razão do nível de treonina da ração, também foi observada por Adeola (1995). No entanto, estes resultados diferem dos obtidos por Rodrigues et al. (2001), que não constataram efeito dos níveis de treonina da ração sobre a deposição de proteína de suínos na fase inicial de crescimento. A variação genética dos animais utilizados nos estudos pode consistir em um dos principais fatores responsáveis pela diferença de resposta de DP dos animais ao nível de treonina da ração. De acordo com dados obtidos Thong & Liebert (2004), a exigência de treonina dos animais varia de acordo com a capacidade genética para deposição de proteína dos animais.

O aumento de DP até o nível de 0,608% de treonina justifica a melhora gradativa ocorrida no GPD, entre os níveis de 0,538 e 0,606%. Estes resultados não confirmam o relato de De Blas et al. (1999) de que a exigência de treonina para máximo crescimento de tecido magro seria maior que aquela estabelecida para melhor resposta de ganho de peso.

Os resultados referentes à DG na carcaça dos animais contrastam com os de Taylor et al. (1982), Adeola (1995) e Rodrigues et al. (2001), que observaram redução da DG em função de níveis crescentes de treonina da ração.

Apesar do aumento (P<0,01) de 21% verificado no consumo de treonina digestível entre os tratamentos (0,538 e 0,68%), não se verificou efeito (P>0,10) dos níveis de treonina digestível da ração sobre os pesos absoluto e relativo do fígado e dos rins (Tabela 3).

Esses dados contrastam com os obtidos por Chen et al. (1998), Hannas et al. (2000) e Le Bellego & Noblet (2002), que observaram efeito do aumento dos níveis de proteína bruta e, ou, aminoácidos sobre os órgãos de suínos em fase inicial de crescimento. Considerando que o fígado e os rins são órgãos que alteram o seu metabolismo e, conseqüentemente, seu peso, por estarem diretamente envolvidos no catabolismo do excesso de aminoácidos (D'Mello, 1994), pode-se inferir que, provavelmente, o perfil de aminoácidos das rações experimentais utilizados neste estudo estavam mais ajustados que o das rações dos autores referenciados.

Os pesos absoluto e relativo de intestino aumentaram, de forma linear, com os níveis de treonina digestível da ração, segundo as equações = 584,098 + 548,972X(r2 = 0,84); = 2,59085 + 2,76711X (r2 = 0,84), respectivamente. Ficou evidenciado que o desenvolvimento da mucosa intestinal é significativamente dependente do suprimento de treonina na dieta. Comprovando essa proposição, Bertolo et al. (1998) e Schaart et al. (2005), avaliando a utilização de treonina para leitões na fase inicial de crescimento, constataram que a exigência de treonina é substancialmente menor quando se fornece o alimento via parenteral em comparação ao fornecimento via enteral.

De acordo com Faure et al. (2005), entre os aminoácidos essenciais, a treonina é o mais importante para a mantença do trato gastrintestinal, posto que até 60% deste aminoácido na dieta é retido no intestino delgado dos suínos.

Conclusões

O nível calculado de 0,62% de treonina digestível, correspondente a uma relação com a lisina digestível de 67% e a um consumo diário de 7,11 g, proporcionou melhor desempenho de leitoas mantidas em ambiente de conforto térmico dos 15 aos 30 kg.

Literatura Citada

Recebido: 25/1/2006

Aprovado: 30/5/2007

Projeto apoiado pela Ajinomoto.

Correspondências devem ser enviadas para: edpsaraiva@mailcity.com

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  • 1
    Parte da tese de Doutorado do primeiro autor.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      30 Nov 2007
    • Data do Fascículo
      Dez 2007

    Histórico

    • Aceito
      30 Maio 2007
    • Recebido
      25 Jan 2006
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