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Nossa revista, nossa missão

Nota dos editores

Nossa revista, nossa missão

Possuir e utilizar informação pode ser considerado a "arma" de nossa sociedade. No entanto, a produção e a divulgação do conhecimento têm atingido níveis que tornam impraticável a um médico e/ou pesquisador a detenção e manipulação de toda a informação veiculada. Estima-se que mais de 14.000 jornais e revistas da área biomédica sejam publicados no mundo. Evidentemente é impossível que alguém possa tranqüilamente afirmar estar atualizado totalmente sobre a literatura médica. Seria necessário, ao menos, ler dezenas de milhares de índices. Para que a comunidade possa manter-se atualizada, foram criados vários instrumentos.

Cumprem essa função os bancos de dados, os indexadores. Esses bancos organizam as informações de tal maneira que é possível procurar assuntos específicos ou determinados autores etc., permitindo a atualização sobre um certo assunto de uma área de um campo do conhecimento. O index medicus talvez seja um dos mais conhecidos pela comunidade médica, já que, desde os anos de escola, os médicos vão às bibliotecas procurar informações nos "livros verdes". Mas existem muitos outros indexadores ¾ por exemplo, SciELO, Biosis, PsychoInfo, Lilacs etc. ¾ que cobrem uma expressiva parte da publicação biomédica no mundo. Alguns desses bancos são atualizados mensalmente, como o Embase da Elsevier Science, e outros, semanalmente, como o Medlineâ, o banco de dados da National Library of Medicine do National Institute of Health do governo americano, a versão on-line do index medicus. O Medline reúne aproximadamente 4.500 títulos oriundos de mais de 70 países, incluindo os 3.650 jornais que constituem o index medicus e outros bancos como a HealthSTAR. É possível acessar o Medline utilizando-se vários endereços da internet, como o PubMedâ, o site da National Library of Medicine para acessar o Medline e outros bancos de dados, como um banco de dados do genoma humano.

Além dos indexadores, existem instituições que avaliam os veículos de informação, como o ISI (Institute for Scientific Information), uma empresa privada que, entre outros produtos, veicula índices que permitem comparar os diferentes jornais (Journal Citation Reports). Análises demonstram que, das dezenas de milhares de jornais, menos de duas centenas respondem por um quarto do que é publicado no mundo e por metade dos artigos que são citados. Estendendo a lista para dois milhares de periódicos, ter-se-ão 85% de todo o material publicado e 95% do material citado no mundo. Empresas como a ISI oferecem um serviço de "seleção" constante dessa informação, criando parâmetros de avaliação, divulgando jornais promissores e eliminado outros que não mais divulgam conhecimento.

Um índice que tem sido muito utilizado é o fator de impacto; outro talvez menos conhecido, porém extremamente útil, é o índice de "imediatismo" (immediacy index). O fator de impacto é calculado pelo número de vezes que os artigos foram citados em artigos científicos, dividido pelo número de artigos que determinado jornal publicou. Para se ter uma idéia, o maior fator de impacto obtido por um jornal da área de psiquiatria pertence ao Archives General Psychiatry, com um índice de 11,981, vindo em segundo lugar o American Journal of Psychiatry, com 6,913. Não se pode considerar uma regra, mas jornais com mais fatores de impacto tendem a ser mais rigorosos com a seleção de seus artigos, resultando em um corpo de conhecimento mais consistente. Nesse sentido, o leitor não familiarizado com determinado campo do conhecimento pode basear-se no impacto do jornal que publicou um artigo para saber se esse artigo é ou não relevante para a comunidade científica. Exemplos práticos podem ser apreendidos com os artigos que sugerem a utilização de novas intervenções terapêuticas: quando publicadas por jornais de grande impacto, pode-se inferir que os resultados tenham sido melhor controlados. Já o immediacy index revela o quão rápido a informação veiculada por um jornal é utilizada pela comunidade científica. Esse índice tende a reduzir a vantagem que grandes jornais têm sobre pequenos, assim como mostra quais temas estão mais em voga no debate científico.

O Brasil tem programas próprios de avaliação dos periódicos. Entre eles, o Qualis, instrumento de classificação utilizado pela Capes para a avaliação dos programas de pós-graduação do país. Como anteriormente comentado em artigo na RBP,1 o sistema Qualis tem permitido que a comunidade científica tenha melhores critérios para a divulgação de seus trabalhos.

A RBP está indexada em cinco bancos de dados (Embase, SciELO, Biosis, PsychoInfo e Lilacs) e foi classificada no biênio 98/99 como Qualis A nacional. No final desse ano, termina o período de avaliação para possível integração no index medicus/Medline, e a revista está em processo de avaliação, pelos próximos dois anos, para constar no Journal Citation Report da ISI. Para que se possa melhorar ainda mais a revista, precisa-se de mais participação da comunidade científica brasileira, veiculando seus trabalhos e havendo citação em outros periódicos de artigos originalmente publicados na RBP. Participando do Medline e do Journal Citation Report, a RBP estará constantemente sob avaliação quanto à qualidade e à relevância dos trabalhos e quanto nossa capacidade de comunicação com a comunidade.

Visando aumentar essa comunicação, criamos uma nova área editorial. Para assumir o comando, convidou-se a colega Andréa Horvath Marques, doutoranda do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Sua experiência como preceptora e, posteriormente, como colaboradora do curso de psiquiatria da graduação e da residência em psiquiatria dessa faculdade preenche as qualidades para o editor responsável pela sessão de Relato de Casos.

O objetivo dessa nova área é incentivar que residentes e clínicos mais experientes divulguem casos de interesse, para que se discutam questões pertinentes à prática clínica, como novas terapêuticas, métodos de diagnóstico, evolução do paciente etc., estimulando o debate. Estamos certos de que Andréa cumprirá, com sua particular eficiência e simpatia, a tarefa de captar e participar do desenvolvimento desses relatos de casos. Propomos que os colegas enviem propostas com casos, para que, junto com a editora, sejam desenvolvidos e posteriormente publicados.

Em conjunto com essa iniciativa, também investimos na seção de cartas aos editores. Queremos estimular, principalmente, que os pós-graduandos brasileiros enviem comentários sobre os artigos publicados na RBP ou mesmo divulguem preliminarmente seus trabalhos.

Em resumo, continua-se buscando o melhor desempenho possível para a revista, em sua missão de divulgar o conhecimento produzido por nossos pesquisadores, na tarefa de manter atualizada nossa comunidade e na educação/formação de novos profissionais.

Marcos T. Mercadante

Isabel Altenfelder Santos Bordin

Jair de Jesus Mari

Eurípedes C. Miguel

Editores

Referência

1. Laranjeira R. Os critérios de avaliação da pós-graduação em psiquiatria pela Capes. Rev Bras Psiquiatr 2000;22(4):157-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Set 2002
  • Data do Fascículo
    Set 2002
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