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Saúde Mental na Escola: v. 2

LIVROS

Sônia Azambuja Fonseca

Faculdades Porto-Alegrenses (FAPA) e Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER)

Saúde Mental na Escola

Ana Margareth S Bassols, Paulo Wanderlei Cristóvão, Miriam de Santis, Suzana Fortes, Paulo Berél Sukiennik. Organizadores. v. 2: Consultoria como estratégia de prevenção. Porto Alegre: Mediação, 2003.

Os dois volumes da série Saúde Mental na Escola, da Editora Mediação, vêm atender a uma demanda crescente: a de compartilhar e divulgar, numa linguagem acessível, conhecimentos e experiências que alguns grupos de profissionais vêm construindo e que se situam na complexa fronteira da saúde mental e da educação. A obra, organizada por cinco médicos gaúchos com reconhecida atuação em programas de supervisão e consultoria – quatro psiquiatras e um foniatra –, reúne vários artigos escritos por médicos, psiquiatras, residentes, psicólogos e psicopedagogos.

O primeiro volume, Uma abordagem multidisciplinar, traz uma rica coletânea de 20 artigos com fundamentos teóricos e os mais freqüentes processos psicopatológicos que afetam crianças e adolescentes, discutindo também alguns problemas graves que a escola brasileira vêm enfrentando com alunos vítimas de violência, de diferentes formas de maus-tratos, apáticos e contaminados por HIV.

O segundo volume, intitulado Consultoria como estratégia de prevenção, depois de uma breve introdução sobre o histórico desta atividade em nosso meio, apresenta sete artigos que relatam programas de consultoria em escolas públicas, instituições formadoras e outros ambientes terapêuticos.

Neste volume, os autores vão tecendo articulações entre a teoria e a prática a partir de suas vivências de consultoria e de supervisão. Quais os primeiros passos num trabalho de consultoria escolar? Que conceito de instituição subjaz a ele? Com quem o consultor trabalha e com que objetivos? O que se espera dele? Como as diferentes fases do trabalho se caracterizam? A que tipo de questões o consultor deve estar atento? Que canais de comunicação deve estabelecer? Como se expressam os conteúdos manifestos e os latentes na instituição escola? Como lidar com os estigmas de fracasso e incapacidade atribuídos ao aluno com necessidades educativas especiais? O que é fundamental na formação do consultor? O que diferencia o seu papel do de um agente de saúde direto? Os resultados nas instituições requerem mais ou menos tempo, quando comparados com situações clínicas? O que é um modelo tradicional e um modelo aberto de consultoria escolar? Estas e muitas outras questões são tratadas neste segundo volume, cujas escritas expressam as marcas da formação, do olhar e das vivências profissionais de seus autores.

No espaço sucinto de uma resenha é praticamente impossível sintetizar a riqueza e a profundidade desses relatos sem desconsiderar elementos fundamentais. Corre-se o risco de escorregar apenas na superfície. Sua leitura, contudo, nos permite acessar um conjunto de conhecimentos e reflexões construídos em equipe, com base em trabalhos concretos de consultoria.

Como afirmam Portella e Kappel (v. 2, p. 43), conduzir adequadamente o desenvolvimento psíquico de um ser humano é uma tarefa complexa e uma responsabilidade que não deveria ser subestimada. Apesar dos enormes avanços dos conhecimentos sobre as vicissitudes do desenvolvimento infantil, defrontamo-nos com desafios que ainda configuram uma situação preocupante. Tais conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, aliados às construções que vêm sendo feitas nos trabalhos de consultoria escolar, podem favorecer ações mais efetivas em prol dos cuidados infantis, dos direitos da infância e das responsabilidades e funções de pais e educadores.

Apoiando o professor e a equipe escolar nas dificuldades cotidianas, instrumentalizando esses profissionais como agentes de saúde mental e os auxiliando a enfrentar as ansiedades que emergem do contato com os alunos, o programa de consultoria escolar objetiva torná-los mais capacitados para a tarefa educativa (Bassols e Netto, v. 1, p. 21).

Os dois volumes da série Saúde Mental na Escola colocam-se assim, como importantes referências de consulta para pais e educadores. Com ênfase na prevenção e no trabalho dentro da comunidade escolar, constituem provas de como num território interdisciplinar os trabalhos em parceria podem ser desafiadores e produtivos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Fev 2005
  • Data do Fascículo
    Set 2004
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