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Tratado de Psiquiatria Clínica 5. Ed: Hales, Yudofsky e Gabbard

BOOK REVIEW

Tratado de Psiquiatria Clínica 5. Ed. - Hales, Yudofsky e Gabbard

Flávio Shansis

Laboratório de Cronobiologia da UFRGS/HCPA Programa de Pesquisa e Ensino em Transtornos de Humor (PROPESTH), Hospital Psiquiátrico São Pedro, Porto Alegre, RS

Porto Alegre, Artmed, 2012, 1819 p

Já no prefácio dessa quinta edição do Tratado de Psiquiatria Clínica, os autores declaram que a atual publicação " passou pela mudança mais abrangente e significativa de seus 20 anos de história. " Entre outras causas, essa importante alteração se deve ao fato de ter sido incluído Glen Gabbard como um de seus co-organizadores. Gabbard é, certamente, o principal nome dentro da Psiquiatria norte-americana na interface entre a Psiquiatria Clínica e a dita de Orientação Psicodinâmica ou Psicanalítica. Ele é, por exemplo, autor do importante manual intitulado "Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica", publicado em Língua Portuguesa desde sua primeira edição. Ele vem a se somar aos antigos autores Robert Hales, com seu referencial em Psiquiatria Clínica, e a Stuart Yudofsky com seu reconhecido referencial em Neuropsiquiatria.

A atual edição recebeu oito novos capítulos, totalizando 44 capítulos. Nota-se aqui a influência de Glen Gabbard ao serem incluídos os capítulos de psicoterapia de apoio, de psicoterapia combinada à farmacoterapia e ao capítulo dedicado ao tratamento de pacientes homossexuais, bissexuais e transexuais. No campo das neurociências foram incluídos os capítulos de biologia celular e molecular, assim como o de neuroanatomia para o psiquiatra. Ainda, foi incluído um novo capitulo sobre sexualidade humana e o antigo capítulo sobre violência foi re-orientado como de avaliação da periculosidade. Dessa forma, aliás, o Tratado de Psiquiatria Clínica fica mais de acordo com o momento atual da Psiquiatria norte-americana em que o pêndulo movimenta-se para uma posição mais intermediária. Abandonando, com isso, um pouco a visão unicamente psicofarmacológica, para situar-se em um campo mais clínico no qual - reconhecendo os importantes avanços trazidos pela psicofarmacologia - retoma o importante papel das psicoterapias, assim como as raízes humanísticas de nossa especialidade.

Esses novos ares ficam evidenciados pela inclusão de 66 novos autores dos 104 existentes. Quinze capítulos acabam por ter autores completamente novos. Dessa forma, 23 dos 44 capítulos ou abordam novos temas ou possuem novos autores tornando, com isso, essa edição a mais revisada de todas. Mas, como afirmam os autores, à essa renovação, permaneceu a experiência representada pela manutenção de autores mais antigos. Essa mescla da sabedoria experiente com a juventude de novas pesquisas terminou por dar um bom tempero a esse livro.

A divisão geral parece ser tanto simples, quanto bastante interessante. A estrutura geral do livro divide-se da seguinte forma: entrevista e exames, ciência básica e desenvolvimento, transtornos psiquiátricos, tratamentos psiquiátricos, populações de pacientes especiais e, por último, questões clínicas importantes (que envolvem questões culturais, leis, ética, suicídio e periculosidade).

Muito original, na presente edição, foi a formação de um conselho consultivo internacional. Nesse conselho cons-tam nomes de reconhecidos psiquiatras como os doutores Giovanni Fava da Itália, Marianne Kastrup da Dinamarca, Juan Lopez-Ibor da Espanha, Norma Sartorius da Suica, entre outros. A principal função do conselho internacional será a de revisar essa quinta edição e recomendar capítulos e fragmentos de capítulos para a inclusão em uma versão básica do livro que será publicada oportunamente.

Cabe ressaltar, aqui, a equipe de colegas brasileiros que esteve envolvida na consultoria, supervisão e revisão técnica dessa edição. São jovens colegas, todos veiculados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tanto como egressos de seus Cursos de especialização, como de seu Programa de Pós-Graduacao em Psiquiatria. Isso, certamente, avaliza os leitores de Língua Portuguesa de terem em suas mãos uma correta e cuidadosa edição em nossa Língua do ponto de vista científico.

Por fim, cabe sublinhar as palavras de Allan Schatzberg na introdução desse livro quando diz: "Qualquer ser vivo deve adaptar-se e mudar a fim de sobreviver e prevalecer. (...) Analogicamente ao campo da psiquiatria nos últimos 20 anos, o Tratado de psiquiatria clínica continua mudando, adaptando-se, sobrevivendo e prosperando em sua quinta edição. " O leitor de Língua Portuguesa possui agora, em suas mãos, a ultima edição de um livro que, por saber se adaptar e mudar, continua sendo uma das duas ou três maiores referências de livros-textos em Psiquiatria.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2012
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