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Editorial

EDITORIAL

Profa. Dra. Fernanda Dreux M. Fernandes

O ano de 2009 inicia-se com uma serie de questões importantes a serem consideradas em profundidade pela Fonoaudiologia.

A regulamentação da carga horária mínima dos cursos de graduação pelo Ministério da Educação exige um posicionamento crítico que deve ser fundamentado em debates amplos, fundamentados na história, baseados na realidade atual e, principalmente, comprometidos com o futuro da nossa profissão e da nossa ciência. Esse compromisso exige a consideração da qualidade da formação profissional, que parece estar sendo também um foco das equipes de avaliação de cursos que estão sendo constituídas nesse momento pelo Ministério da Educação. Esta é, sem dúvida, uma ótima oportunidade de participação na construção de uma Fonoaudiologia mais preparada para enfrentar novos desafios.

Outra discussão importante diz respeito às áreas de especialização e à identidade profissional. Num momento em que diversas profissões com caráter eminentemente multidisciplinar estão lutando por seu reconhecimento, as interfaces características da Fonoaudiologia muitas vezes enfrentam questionamentos quanto à sua identidade. A responsabilidade pela fundamentação científica de toda a atuação profissional cresce nesse contexto. Por outro lado, a proposta de um debate amplo e aprofundado a respeito das áreas de especialização da Fonoaudiologia oferece mais uma oportunidade de consolidação do crescimento, mas exige a abordagem de fatores como a competição e a cooperação com outras áreas da saúde e a real vinculação entre especialidade e alternativas de emprego.

Nenhuma dessas questões pode ser respondida sem ponderações cuidadosas. Só a participação ampla e aberta trará resultados acolhidos e respeitados por toda a categoria.

A Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia participará ativamente desse processo, que não poderá ficar restrito a ela.

A Fonoaudiologia continua a crescer. Isso pode ser comprovado pelo aumento do número de bolsistas de produtividade do CNPq e pelo aumento da participação de fonoaudiólogos em programas de saúde coletiva. Essa é uma área de crescente importância na Fonoaudiologia e é o tema do nosso Editorial Convidado, assinado pela Dra. Vera Mendes, presidente do Departamento de Saúde Coletiva da SBFa.

Esta primeira edição de 2009 da Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia conta com 15 Artigos Originais, três Relatos de Caso, dois Artigos de Revisão, um Refletindo Sobre o Novo, uma Resenha e dois Resumos.

Ferreira e colaboradores apresentam artigo sobre Políticas públicas e voz do professor: caracterização das leis brasileiras, que caracterizou as leis sobre saúde vocal no Brasil desde 2006 e concluiu que existem poucas leis a respeito da saúde vocal do professor.

Gama e Behlau relatam a pesquisa Estudo da constância de medidas acústicas de vogais prolongadas e consecutivas em mulheres sem queixa de voz e em mulheres com disfonia que estudou parâmetros acústicos selecionados em emissões de vogais de 50 mulheres e concluiu que a maioria dos sinais acústicos de emissões consecutivas de uma mesma consoante é constante.

O estudo intitulado Modificações vocais acústicas produzidas pela fonação reversa apresentado por Finger e Cielo descreve as modificações vocais acústicas e as sensações ocorridas após a técnica vocal de fonação reversa em jovens adultas sem queixas vocais. As autoras concluem que a fonação reversa pareceu promover efeito positivo sobre a vibração da mucosa das pregas vocais e sobre o seu alongamento.

A Evolução das manifestações pré-lingüísticas em crianças normais no primeiro ano de vida é o estudo descrito por Pedroso e colaboradores, que avaliou o desenvolvimento pré-linguístico de um grupo de 33 crianças nascidas normais, a termo. Segundo os autores, é necessário revisar os dados de avaliação de linguagem estabelecidos por pesquisas anteriores.

Flabiano e colaboradores apresentam o Protocolo para Observação do Desenvolvimento Cognitivo e de Linguagem Expressiva - versão revisada (PODCLE-r): proposta de complementação que propõe a inclusão de dois quadros que permitem a análise da diversidade das realizações e produções apresentadas pela criança e um quadro com a síntese das produções relacionadas à linguagem expressiva, organizadas em conjuntos.

A Análise dos processos fonológicos em crianças com desenvolvimento fonológico normal é o estudo relatado por Ferrante, Van Borsel e Pereira, que teve como objetivo verificar o uso de processos fonológicos em crianças com desenvolvimento fonológico normal. Os autores afirmam que os dados evidenciam dificuldades na produção de líquidas e de estruturas silábicas mais complexas.

Boli-Mota e colaboradores relatam a pesquisa Alterações no vocabulário expressivo de crianças com desvio fonológico que estudou o desempenho de 44 crianças entre três anos e cinco meses e oito anos e seis meses com desvio fonológico na prova de vocabulário do ABFW. As autoras concluem que o processo de substituição mais realizado é o uso de co-hipônimo e o campo conceitual "locais" é o que mais apresenta alteração pelas crianças de um modo geral.

A Competência ortográfica e metafonológica: influências e correlações na leitura e escrita de escolares da 4ª série é o estudo apresentado por Paolucci e de Ávila, que estudaram o desempenho de 32 escolares em tarefas de leitura e escrita e de consciência fonológica. As autoras concluem que houve correlação moderada entre a consciência fonológica e escrita e que a baixa familiaridade determinou as maiores médias de erro, tanto na leitura quanto na escrita.

Cunha e Capellini descrevem o Desempenho de escolares de 1ª a 4ª série do ensino fundamental nas provas de habilidades metafonológicas e de leitura - PROHMELE. Cento e vinte escolares da 1ª à 4ª séries foram avaliados a partir de provas especificamente desenvolvidas e observou-se que há prevalência da rota fonológica nas séries iniciais (1ª e 2ª) e maior uso da rota lexical na 4ª série.

Engelmann e Ferreira apresentam o estudo intitulado Avaliação do processamento auditivo em crianças com dificuldades de aprendizagem cujo objetivo foi esclarecer a relação entre dificuldades de aprendizagem e os transtornos do processamento auditivo em crianças da segunda série. Em sua conclusão as autoras questionam o diagnóstico de transtorno primário do processamento auditivo.

Santana e colaboradores descrevem o estudo Conhecimento auditivo da população usuária do Sistema Único de Saúde que aplicou questionários a 255 usuários do Sistema Único de Saúde e identificou grande prevalência de hábitos auditivos prejudiciais e pouco conhecimento a respeito da audição.

A Caracterização da normalidade do P300 em adultos jovens é o estudo descrito por Machado e colaboradores que investigou os valores de amplitude e latência no P300 de 22 indivíduos saudáveis. A comparação com os valores encontrados na literatura mostrou variações significativas.

Manso e colaboradores descrevem a pesquisa intitulada Achados à prova calórica e canal semicircular acometido na vertigem posicional paroxística benigna que analisou 1033 prontuários de pacientes submetidos à pesquisa de nistagmo posicional e de posicionamento e a eletronistagmografia.

Características da sucção nutritiva na liberação da via oral em recém-nascidos pré-termo de diferentes idades gestacionais é a pesquisa relatada por Yamamoto e colaboradores. Foram estudados 32 recém-nascidos pré-termo e as autoras concluem que a idade gestacional corrigida parece interferir diretamente nos resultados referentes à sucção nutritiva.

Rossarolla e colaboradores descrevem o estudo Validade discriminatória do instrumento de avaliação da prontidão para início da alimentação oral de bebês prematuros que investigou 19 bebês prematuros segundo o instrumento de avaliação da prontidão do prematuro proposto por Fujinaga e concluiu que esse instrumento tem validade discriminatória.

O Relato de Caso apresentado por Albuquerque e colaboradores intitula-se Seqüência de Möbius: protocolo de anamnese e avaliação - relato de caso e descreve tanto as manifestações fonoaudiológicas características da síndrome de Moebius como as particularidades do indivíduo.

O próximo Relato de Caso intitula-se Atuação fonoaudiológica na UTI em bebê com síndrome de pterígeo poplíteo e é descrito por Delgado. O relato de um caso clínico é usado para descrever a intervenção fonoaudiológica para adequação da função alimentar.

Balestro, Souza e Rechia apresentam o Relato de Caso Terapia fonoaudiológica em três casos do espectro autístico que descreve a abordagem dialética na terapia fonoaudiológica de três crianças autistas.

O Artigo de Revisão apresentado por Azevedo e Cardoso aborda a Ação da levodopa e sua influência na voz e na fala de indivíduos parkinsonianos. Os autores comentam que a levodopa é capaz de proporcionar melhora em alguns parâmetros vocais e de fala.

Schmidt e Tochetto apresentam outro Artigo de Revisão, que abordou a Investigação genética da surdez hereditária: mutação do gene da conexina 26. As autoras sugerem que a mutação 35delG da Conexina 26 poderia ser incluída na investigação etiológica da surdez.

No artigo Refletindo sobre o Novo, Fernandes comenta o livro Children with autism spectrum disorders que apresenta diretrizes úteis para os processos terapêuticos de crianças autistas.

A Resenha elaborada por Guedes apresenta o livro Fissura palatina: fundamentos para a prática fonoaudiológica organizado por Di Ninno e Jesus, que é o primeiro da Coleção Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia - Fundamentos para a Prática Clínica.

Galea apresenta o resumo de sua tese de doutorado Percurso da aquisição dos encontros consonantais, fonemas e estruturas silábicas em crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sob orientação da Profa. Dra. Haydée F. Wertzner.

Elias apresenta o resumo de sua tese Doença cerebrovascular na infância e adolescência: estudo das habilidades de processamento auditivo (central) defendida na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, sob orientação da Profa. Dra. Maria Valeriana Leme de Moura-Ribeiro.

O Regimento Interno da SBFa está disponível em nosso portal. O processo de votação on-line é muito simples e rápido. Não deixe de participar, a SBFa é construida pela atuação de cada um de seus associados.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Abr 2009
  • Data do Fascículo
    2009
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