Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

Editorial

Profa. Dra. Fernanda Dreux M. Fernandes

O 17º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e 1º Congresso Ibero-Americano de Fonoaudiologia, realizado entre 21 e 24 de outubro em Salvador, foi mais um momento de celebração da Fonoaudiologia Brasileira que evidenciou a qualidade e o crescimento de nossa ciência. As atividades que contaram com a participação dos convidados internacionais seguramente marcaram o início de diversos processos de colaboração e intercâmbio.

Depois de quatro anos na presidência da SBFa, sei que falo em nome de todas as companheiras da diretoria quando digo da grande oportunidade de aprendizado que esse período representou para cada uma de nós e, por isso, de nossa gratidão pela oportunidade.

O que nós fizemos nesse período à frente dessa sociedade científica foi tentar acompanhar e refletir o desenvolvimento da nossa ciência.

Nos últimos cinco anos, o número de artigos publicados nas quatro revistas arbitradas específicas da Fonoaudiologia cresceu 65% e duas dessas revistas foram indexadas na SciELO; os programas de pós-graduação, que tinham notas entre 3 e 4, passaram para conceitos 4 e 5, com mais dois programas de doutorado; o número de fonoaudiólogos bolsistas de produtividade do CNPq praticamente dobrou e os recursos alocados pelas agências de fomento para o Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia quase triplicaram.

Esses dados refletem uma ciência pujante e que vem conquistando espaço e respeito junto à comunidade científica brasileira.

Essa nova edição da Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia confirma essa tendência, com a publicação de 15 artigos originais, três relatos de caso, dois artigos de revisão e um refletindo sobre o novo.

Ceballos e Cardoso investigaram os Determinantes sociais de alterações fonoaudiológicas a partir de entrevistas domiciliares com 543 adultos residentes na cidade de Salvador (BA) e concluíram que condições adversas de vida relacionam-se à alta prevalência de distúrbios fonoaudiológicos em diferentes comunidades.

Ribeiro e Ortiz estudaram o Perfil populacional de pacientes com disartria atendidos em hospital terciário a fim de caracterizar o perfil populacional dos pacientes disártricos atendidos em um hospital terciário e identificar as alterações mais freqüentes a partir da aplicação de um protocolo de disartria com 60 pacientes.

Queiroz, Haguette e Haguette apresentam a pesquisa Achados da videoendoscopia da deglu tição em adultos com disfagia orofaríngea neurogênica, um estudo retrospectivo de 46 prontuários de pacientes com diagnóstico de disfagia orofaríngea neurogênica. Foi observado que as principais manifestações disfágicas relacionaram-se às alterações das fases voluntárias da deglutição e ao aumento das consistências dos alimentos.

O estudo de Park e Behlau, intitulado Grau de impacto de uma eventual perda de voz em professores e não-professores investigou 205 indivíduos e concluiu que os professores valorizam sua voz de modo diverso dos não-professores, mas nenhum dos grupos avalia a perda da voz como algo com consequências negativas.

A pesquisa Verificação da morfologia verbal em pré-escolares falantes do Português Brasileiro, apresentada por Befi-Lopes e Cáceres, buscou analisar os aspectos de uso do tempo, modo, número e pessoa dos verbos enunciados em situação de fala espontânea por pré-escolares falantes do Português Brasileiro. Os resultados indicam que há aprimoramento no emprego da morfologia verbal ao longo do desenvolvimento.

Mota e Melo Filha descrevem o estudo do Segmento tardio do desempenho em linguagem de crianças com desvio fonológico após terapia fonológica que investigou a linguagem escrita a partir da aplicação de atividades de compreensão de texto, complementação de sentenças, formação de sentenças, seqüencialização de parágrafos e combinação de sentenças.

Barbosa e Fernandes pesquisaram a Qualidade de vida dos cuidadores de crianças com transtorno do espectro autístico a partir da aplicação do Questionário de Qualidade de Vida da OMS a 150 cuidadores de crianças do espectro autístico. As autoras concluem que fatores como: acesso a lazer, saúde e transporte têm papel importante na qualidade de vida percebida por essa população.

Sousa, Lima, Tamanaha, Perissinoto, Azevedo e Chiari investigaram a associação entre a suspeita inicial de perda auditiva e a ausência de comunicação verbal em crianças com transtornos do espectro autístico por meio do estudo retrospectivo de 54 anamneses. As autoras propõem a reflexão sobre a importância da sensibilização dos profissionais que atuam em clínica infantil quanto à busca pelo diagnóstico diferencial entre a deficiência auditiva e os transtornos do espectro autistico.

Zaboni e Iório investigaram o Reconhecimento de fala no nível de máximo conforto em pacientes adultos com perda auditiva neurossensorial e concluíram que a avaliação do IPRF no nível de máximo conforto para indivíduos com perda auditiva neurossensorial de grau leve a moderadamente severo, proporciona melhores resultados de Reconhecimento de Fala.

Ramos, Dabbur e Gil descrevem a pesquisa intitulada Atenuação interaural: estudo compa rativo com dois tipos de transdutores que investigou 15 indivíduos com anacusia unilateral quanto ao limiar de detecção de voz e à audiometria tonal liminar com os diferentes transdutores, concluindo que oss fones de inserção forneceram maior atenuação interaural quando comparados aos supraaurais.

Queiroz, Branco-Barreiro e Momensohn-Santos apresentam o estudo Desempenho no Teste de Detecção de Intervalo Aleatório – Random Gap Detection Test (RGDT): estudo comparativo entre mulheres jovens e idosas, que avaliou 72 mulheres. Nesse grupo o avanço da idade mostrou-se um fator de piora no desempenho do RGDT.

Sousa, Fiorini e Guzman investigaram o Incômodo causado pelo ruído à população de bom beiros num estudo epidemiológico transversal de inquérito na população de 72 bombeiros a partir da aplicação de um protocolo com questões referentes a dados pessoais, queixas auditivas, não auditivas e de incômodo.

Gonçalves, Lacerda, Zocoli, Oliva, Almeida e Iantas estudaram a Percepção e o impacto da música na audição de integrantes de banda militar e concluíram que os músicos estudados expõem-se diariamente a NPS elevados que podem desencadear problemas na sua saúde, como zumbido e alterações auditivas.

Características das emissões otoacústicas em lactentes expostos à medicação ototóxica é o título da pesquisa apresentada por Santos, Durante, Taguchi, Almeida e Greco, que investigou 40 lactentes, 14 dos quais submetidos a drogas ototóxicas por, no mínimo, cinco dias. A ação dos ototóxicos pode ser observada pela resposta típica das EOA em altas frequências, o que foi mais bem avaliado pelas EOAPD.

O estudo intitulado Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico em usuários de crack e múltiplas drogas é descrito por Nigri, Samelli e Schochat, que concluíram que não houve diferenças significativas dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico dos usuários de drogas quando comparados ao grupo controle.

O Relato de Caso apresentado por Rodrigues, Almeida e Lewis é intitulado Potenciais evo cados auditivos de tronco encefálico por frequência específica e de estado estável na audiologia pediátrica: estudo de caso e afirma que tanto os Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico por Freqüência Específica (PEATE-FE) quanto os Potenciais Evocados Auditivos de Estado Estável (PEAEE) são eficientes para estimar os limiares auditivos, com uma vantagem dos PEAEE devido ao tempo de duração de exame.

Zumpano, Bevilacqua, Frederigue-Lopes e Costa descrevem um relato de caso a respeito da Programação remota dos sistemas de implante coclear sugerindo que a teleconsulta é um modelo de acompanhamento efetivo, viável e inovador no Brasil. Chamam a atenção, contudo, para a necessidade de mais pesquisas, para viabilizar em escala nacional.

Rechia, Souza, Mezzomo e Moro apresentam um relato de caso a respeito dos Processos de substituição e variabilidade articulatória na fala de sujeitos com dispraxia verbal que descreve sete sujeitos cuja fala foi analisada por meio do pacote computacional VARBRUL.

O artigo de revisão apresentado por Navas, Pinto e Dellisa aborda os Avanços no conhecimento do processamento da fluência em leitura: da palavra ao texto que teve como objetivo reunir informações relevantes para o entendimento do processamento de leitura, sobretudo em relação à importância do desenvolvimento de sua fluência, por meio de uma revisão crítica da literatura nesta área.

Achados fonoaudiológicos na hanseníase: considerações teóricas é o título do outro artigo de revisão escrito por Quintas, Salles, Costa, Alvarenga, Miranda e Attoni que comentam que essa doença pode provocar alterações que comprometem significativamente a voz, a audição, os órgãos fonoarticulatórios e as funções estomatognáticas.

O artigo Refletindo sobre o novo é apresentado por Behlau e Oliveira, que comentam a Recomendação da American Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery Foundation (AAO-HNSF) sobre "rouquidão" (disfonia).

Mello e Silva escreveram a resenha a respeito da Pesquisa de estrógeno e progesterona no epitélio das pregas vocais de mulheres por imunohistoquímica.

Pagliarin apresenta o resumo do original A abordagem contrastiva na terapia fonológica em diferentes gravidades do desvio fonológico, dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade de Santa Maria.

Por fim, Ceron apresenta o resumo Oposições múltiplas: abordagem contrastiva para sujeitos com desvio fonológico, dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade de Santa Maria.

O Editorial Convidado é escrito por todo o grupo que esteve na diretoria da SBFa nesse último biênio, numa proposta informal de encerramento e prestação de contas.

Não posso encerrar esse editorial sem destacar o lançamento da Segunda Edição do Tratado de Fonoaudiologia da SBFa. Não tenho a menor dúvida de que, assim como a primeira edição, essa obra será referência para toda a Fonoaudiologia Brasileira. Obrigada e parabéns a cada um dos autores, que ajudaram a construir mais um importante marco de nossa ciência.

Que 2010 seja mais um ano de muitas alegrias e realizações.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Jan 2010
  • Data do Fascículo
    2009
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684 - 7º andar, 01420-001 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (55 11) 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@sbfa.org.br