RESUMO
Compreensão literal e inferencial em crianças com distúrbio específico de linguagem
Joyce Raquel Toba
Mestre, Fonoaudióloga da Prefeitura de Jandira Jandira (SP), Brasil
Endereço para correspondência Endereço para corrrespondência: Joyce Raquel Toba R. Justino Alves Batista, 89/220 Osasco (SP), Brasil CEP: 06126-120 E-mail: joyce.raquel@yahoo.com
Toba JR. Compreensão literal e inferencial em crianças com distúrbio específico de linguagem [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2010. 90p.
O diagnóstico precoce das alterações de compreensão oral é imprescindível para a intervenção efetiva. Porém, avaliar a compreensão é uma tarefa difícil, pois estratégias compensatórias podem mascarar dificuldades. Dada a importância de instrumentos apropriados para a avaliação de habilidades receptivas, o estudo comparou crianças com Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) com um Grupo Controle quanto à compreensão de discurso. Participaram do estudo 47 sujeitos, distribuídos em dois grupos: Pesquisa e Controle. No Grupo Pesquisa, havia 21 sujeitos com DEL entre 8:0 e 8:9 anos, frequentadores do Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Desenvolvimento da Linguagem e suas Alterações da Universidade de São Paulo. No Controle, 26 sujeitos com desenvolvimento normal de linguagem entre 7:10 e 8:11 anos, frequentadores de duas escolas públicas de São Paulo. Ambos os grupos responderam a perguntas literais e inferenciais sobre duas narrativas gravadas digitalmente. Os materiais e os procedimentos basearam-se nos critérios de Bishop e Adams (1992), Norbury e Bishop (2002). Havia três formas de resposta: espontânea, com incentivo e por múltipla escolha. Priorizou-se a primeira. Ausente a resposta, forneceu-se auxílio na forma de encorajamento ou de alternativas. Utilizou-se um sistema de três pontos para a análise quantitativa das respostas. As completamente corretas receberam dois pontos. As parcialmente corretas, um ponto. Já as ausentes ou totalmente incorretas, nenhum. Os erros foram classificados quanto à natureza em: (1) Alternativa Incorreta; (2) Falha de Compreensão Literal; (3) Inferência Errada; (4) Resposta Atípica I; (5) Resposta Atípica II e (6) Falha de Compreensão do Escopo da Pergunta. Foram observadas diferenças quantitativas e qualitativas entre os grupos. O teste não paramétrico de Wilcoxon revelou que o Grupo Pesquisa obteve pontuações estatisticamente mais baixas, tanto em compreensão literal como inferencial de discurso. Ambos os grupos produziram predominantemente respostas espontâneas. Porém, a Análise de Variância demonstrou que as crianças com DEL precisaram de alternativas com mais frequência. Essa análise também confirmou diferenças nos padrões de erro. A tipologia de erro predominante em ambos os grupos foi a Inferência Errada. Contudo, o Grupo Pesquisa cometeu os seguintes erros com mais frequência que o Controle: Alternativa Incorreta, Falha de Compreensão Literal e Resposta Atípica I. Por fim, o Modelo de Regressão de Poisson revelou que o desempenho do grupo com DEL esteve diretamente relacionado ao tempo de terapia e inversamente à idade. Em suma, as crianças com DEL apresentaram desempenho quantitativa e qualitativamente pior que os pares cronológicos na tarefa de compreensão de discurso. Tais resultados corroboram os achados descritos na literatura. Portanto, reforçam a necessidade de identificação precoce das dificuldades de compreensão de escolares com DEL.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo USP São Paulo (SP), Brasil, para obtenção do título de Mestre em Ciências, sob orientação da Profa. Dra. Debora Maria Befi-Lopes.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
16 Dez 2010 -
Data do Fascículo
Dez 2010