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25 anos de educação continuada em hematologia

25 years of continuous education in hematology

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25 anos de educação continuada em hematologia

25 years of continuous education in hematology

Paulo César Naoum

Biomédico, Professor Titular da Unesp. Ex-assessor técnico da OMS para o controle de hemoglobinopatias no Brasil (1988-1992). Diretor da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto-SP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Paulo C. Naoum Academia de Ciência e Tecnologia Rua Bonfá Natale, 1860 – Bairro Santos Dumont 15020-130 – São José do Rio Preto-SP Fone/Fax: (17) 233-4490 – E-mail a.c.t.@zaz.com.br

Em julho de 2003 completaram-se 25 anos de cursos ininterruptos sobre Diagnóstico das Hemoglobinopatias, os quais instituí e coordenei. A inspiração para realizá-los teve início em 1971, em Caracas, Venezuela, durante estágio realizado no Instituto Venezolano de Investigaciones Científicas, sob orientação do Professor Tulio Arends. Em novembro daquele ano, o Dr. Arends promoveu um curso de hemoglobinopatias e enzimopatias com a participação dos dois maiores especialistas desses temas, o Professor Herman Lehmann e Ernest Beutler. Anos mais tarde, quando realizava meu pós-doutoramento no Department of Clinical Biochemistry, University of Cambridge, Inglaterra, sob orientação do Professor Lehmann, ocorreu um fato inesquecível durante um encontro de especialistas em hemoglobinopatias. Lá estavam os autores dos mais importantes trabalhos em hemoglobinopatias e talassemias, além de renomados autores de livros e um prêmio Nobel, o Dr. Max Perutz. Apesar de todos serem eminentes pesquisadores, suas aulas se caracterizavam pela singeleza das abordagens que envolviam bioquímica molecular, hematologia clínica e laboratorial, história, antropologia, e conhecimentos recentes sobre biologia molecular. Demonstraram enfaticamente a importância do diagnóstico laboratorial dos genótipos das hemoglobinas variantes e talassemias para a complementação do diagnóstico médico. Mas, além de tudo, nos passaram a idéia da ciência abrangente, que envolve não somente um ângulo específico do conhecimento mas aquela a quem se somam a arte, filosofia, política, religião, entre outros. Uma ciência capaz de tornar fatos isolados em eventos biológicos harmoniosos.

Foi justamente nessa escola de renomados pesquisadores, com caráter de absoluta amplitude de conhecimentos que suportam a ciência de uma especialidade, que busquei os princípios básicos que regeram os cursos de Hemoglobinopatias e que ocorrem anualmente desde 1978, a princípio na Unesp, de Botucatu, depois na Unesp, de São José do Rio Preto, e, atualmente, após a minha aposentadoria da universidade, na Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto.

De 1978 a 2003 passaram pelos cursos exatamente 883 profissionais de todos os estados do Brasil, além de colegas da Bolívia, Paraguai, Colômbia e Venezuela. Foram médicos, bioquímicos, biomédicos, biólogos, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos e assistentes sociais, que somaram e dividiram conhecimentos. Muitos desses colegas iniciaram seus projetos científicos sobre hemoglobinopatias inspirados nas bases científicas obtidas nesses cursos. Outros, com o passar do tempo, assumiram posições importantes nos comandos de laboratórios, hemocentros, clínicas, e órgãos públicos de saúde, incluindo até ministério e secretarias estaduais e municipais de saúde. Assim, as técnicas de identificação de hemoglobinopatias e talassemias se difundiram em vários laboratórios e hemocentros, beneficiando o diagnóstico laboratorial de portadores e doentes com síndromes falcêmicas e talassêmicas. Politicamente, alguns dos nossos ex-alunos influenciaram com competência no estabelecimento de programas de tratamento e prevenção dessas hemopatias. Portanto, sinto-me realizado com o trabalho desenvolvido na educação continuada das hemoglobinopatias. Mas seria injusto, ao terminar este editorial, se deixasse de citar alguns colegas brasileiros que me ensinaram os primeiros passos em eletroforeses e hematologia laboratorial. Destaco o Dr. Mário Florêncio e Sr. Décio Fuchs, ambos no Hospital São Paulo em 1969; Professor Doutor João Targino de Araújo, no Instituto de Medicina Tropical em 1970; Professor Dr. Gunter Hoxter, na USP, em 1972. E aos constantes estímulos de quatro ícones da Hematologia e Hemoterapia brasileira, os Professores Pedro Clóvis Junqueira, Marcelo Pio da Silva, Michel Jamra e Hidelbrando Monteiro Marinho. Todos eles também foram capazes de tornar fatos isolados em eventos biológicos harmoniosos.

Recebido: 29/07/2003

Aceito: 11/08/2003

Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo editor

Conflito de interesse: não declarado

  • Endereço para correspondência
    Paulo C. Naoum
    Academia de Ciência e Tecnologia
    Rua Bonfá Natale, 1860 – Bairro Santos Dumont
    15020-130 – São José do Rio Preto-SP
    Fone/Fax: (17) 233-4490 – E-mail
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Abr 2004
    • Data do Fascículo
      2003
    Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e Terapia Celular R. Dr. Diogo de Faria, 775 cj 114, 04037-002 São Paulo/SP/Brasil, Tel. (55 11) 2369-7767/2338-6764 - São Paulo - SP - Brazil
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