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A medicina transfusional e o paciente crítico

Transfusional medicine and the critically ill patient

EDITORIAL EDITORIAL

A medicina transfusional e o paciente crítico

Transfusional medicine and the critically ill patient

Milton A. Ruiz

Livre-docente de Hematologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - Famerp, SP

Coordenador da Unidade de TMO do Hospital de Base de SJ Rio Preto, Cintrans - Funfarme

Correspondência para Correspondência para: Milton Artur Ruiz Hospital de Base de São José do Rio Preto Av. Brigadeiro Faria Lima 5544 CEP 15090-000 - SJ Rio Preto, SP - Brazil Tel.: 55 -17 3201 5172, 32015000 / 1390;1661 E-mail: milruiz@yahoo.com.br

Neste fascículo dois temas de medicina transfusional são abordados e nos remetem a considerações em relação a esta atividade médica. A primeira contribuição, de Bastos & Hoeltge,1 do Departamento de Patologia Clínica da Cleveland Clinic Foundation, do estado americano de Ohio, realiza um estudo retrospectivo de um ano em 11.197 pacientes. Foram avaliados todos os pacientes internados no período e selecionados aqueles com resultados de hemoglobina inferiores a 8 g/dL. Dentre estes, foram determinados todos os que apresentaram evidências clínicas e laboratoriais de isquemia com o objetivo de caracterizar e correlacionar a demora na indicação de transfusão como possível desencadeante do evento cardíaco. O estudo concluiu pelo achado de cinco casos em que o retardo na indicação transfusional pode ter colaborado no evento isquêmico cardíaco e remete aos comitês de auditoria transfusional o alerta para o dado, visto que as comissões se preocupam pelos casos em que o uso transfusional seja superestimado ou excedido, ficando no esquecimento a sub-indicação da transfusão.

A segunda contribuição, de Ferreira e colaboradores,2 do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, apresenta os resultados do uso de transfusões em 654 pacientes durante o período de um ano em uma unidade de terapia intensiva. Determina valores, como taxa transfusional, e discute aspectos como critérios de indicação baseados nos valores de hemoglobina pré-transfusionais e, nos pacientes graves, determinam o valor de corte em 7g/dL para indicação transfusional.

A publicação destas duas contribuições propicia ilações que devemos colocar aos leitores com a finalidade de refletirmos sobre a medicina transfusional em nosso país.

Como exposto na primeira contribuição, os resultados alertam os comitês transfusionais e a pergunta que nos vem à mente é sobre os Comitês de Auditoria Transfusional e de como atuam em nosso país. Existem recomendações e normas para o funcionamento destes comitês intra-hospitalares, mas, salvo raras informações, como as do Hospital Albert Einsten, de S.Paulo, e as do Hemope, em Pernambuco, isto não ocorre na prática.3

Outra ilação repousa sobre o valor de corte para indicação de transfusão, o que nos leva a conjeturar da necessidade de elevação dos valores de corte para pacientes críticos a fim de se evitar o risco de isquemia cardíaca.

Concluindo, recomendo a todos os leitores a leitura criteriosa destas contribuições que muito cooperam com a medicina transfusional.

Referências Bibliográficas

1. Bastos RC & Hoeltge GA. Acute myocardial infarction in the hospital and delay in blood transfusion. Rev Bras Hematol Hemot 2005;27(3):175-178.

2. Ferreira JS, Ferreira VLPC, Pelandré GL. Transfusão de concentrado de hemácias em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Hematol Hemot 2005;27(3):179-182.

3. Saraiva JCP. Comunicação pessoal. 2005.

  • Correspondência para:

    Milton Artur Ruiz
    Hospital de Base de São José do Rio Preto
    Av. Brigadeiro Faria Lima 5544
    CEP 15090-000 - SJ Rio Preto, SP - Brazil
    Tel.: 55 -17 3201 5172, 32015000 / 1390;1661
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Abr 2006
    • Data do Fascículo
      Set 2005
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