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À procura de novos marcadores

The search for new markers

EDITORIAL EDITORIAL

À procura de novos marcadores

The search for new markers

Oswaldo T. Greco

Cardiologista e Diretor científico do IMC (Instituto de Moléstias Cardiovasculares)

Professor adjunto de Cardiologia da Famerp (Faculdade de Medicina de S.J. do Rio Preto - SP)

Correspondência para Correspondência para: Oswaldo Tadeu Greco Rua Castelo D'água, 3030 15015-210 - São José do Rio Preto - SP Tel.:/Fax.: 17 - 3227-5206 E.mail: oswaldogreco@terra.com.br

Embora tenhamos avançado muito no tratamento da doença coronária, especialmente na prevenção de novos eventos e, de modo espetacular, no tratamento das síndromes coronárias agudas, ainda há uma enorme quantidade de pessoas que sofrem de angina do peito, incluindo aqui aquelas já submetidas a tratamentos de revascularização miocárdica por qualquer meio.

Nas últimas décadas, o melhor entendimento da fisiopatologia dos eventos coronarianos, a constatação da eficiência das medidas de prevenção cardiovascular e a utilização de fármacos embasada por evidências científicas sólidas modificaram sobremaneira a evolução e o prognóstico da doença arterial coronariana.

Manifestam-se dentro de uma população extremamente heterogênea, o que pode levar a diferentes apresentações clínicas. Tais apresentações podem ou não incluir alterações eletrocardiográficas, elevação de marcadores séricos de necrose miocárdica e outros fatores que terão sua contribuição no processo de identificação dos pacientes, que venham a evoluir de modo desfavorável. Esse processo é dinâmico e dele depende a conduta adotada, assim como o prognóstico de cada caso.

A estratificação de risco durante a avaliação clínica inicial está baseada nos sintomas apresentados pelo paciente, em seu perfil demográfico e no exame físico. Marcadores bioquímicos auxiliam a compor o quadro clínico, também ajudando a identificar os casos mais graves.

O tratamento atual da síndrome coronariana aguda requer decisões rápidas. Os pacientes devem ser triados rápida e adequadamente, e liberados precocemente e com segurança.

Nos últimos trinta anos, a isoenzima CK-MB atividade tem sido o marcador padrão para esse diagnóstico, embora não seja específico. Novos métodos automatizados com testes imunológicos que utilizam anticorpos monoclonais para CK-MB massa, isoformas de CK-MB, mioglobina e troponina I e T foram introduzidos como possíveis substitutos da CK-MB atividade.

Esses novos marcadores são mais sensíveis e específicos e podem detectar a presença de lesões mínimas do miocárdio em pacientes com dor torácica. Estudos recentes que avaliaram o prognóstico desses pacientes demostraram que os portadores de troponina positiva evoluem com risco maior de óbito e cura a médio prazos. O uso desses marcadores pode, também, identificar a terapia mais adequada para essa população.1

Está sendo discutido atualmente se a elevação dos níveis sangüíneos dos diferentes marcadores ocorre na presença de lesão reversível ou não dos miócitos e se a liberação da CK reflete lesão irreversível.

Em relação às troponinas, por causa de sua presença citoplasmática e de seu baixo peso molecular, questiona-se se sua liberação é secundária à lesão celular irreversível. Isso porque, embora tenham peso molecular menor, as troponinas atingem a circulação em tempo semelhante à CK-MB.

Do ponto de vista prático, independentemente da presença de lesão reversível ou não, níveis alterados de troponina estão diretamente relacionados a pior prognóstico.2

Quanto à proteína C reativa, esta é uma proteína de fase aguda correlacionada com a atividade inflamatória, podendo ser adicional, e independe de outros marcadores, como a troponina. Pode ser promissora na avaliação de síndromes coronariana agudas, e ainda carece de grandes estudos que adotem essa conduta. Talvez o uso combinado de um marcador sérico de necrose tissular e outro de atividade inflamatória venham a ser uma boa alternativa no esforço de identificar pacientes que posssam evoluir de forma desfavorável.3

Como podemos observar neste breve resumo, ainda carecemos nesta área de marcadores mais consistentes, que possam melhor orientar o médico na emergência e na unidade coronária, qual paciente deve receber uma atenção mais agressiva.

Por isto acho de importante valia o trabalho publicado nesta edição, que propõe o fragmento 1+2 da protrombina como um novo marcador para pacientes com ateromatose coronariana, já que nestes primeiros resultados se mostra como uma alternativa promissora.

Referências Bibliográficas

1. III Diretrizes sobre Dislipidemia e Diretriz de Prevenção de Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq. Bas Cardiol 2001;77:1-23.

2. Ross R. Atherosclerosis - An inflammatory disease. N Engl J Med 1999;340:115-26.

3. Mulvihill NT, Foley JF, Walsh MA et al. Relationship between intracoronary and peripheral expression of soluble cell adhesion molecules. Intern J Cardiol 2001;77:223-29.

  • Correspondência para:

    Oswaldo Tadeu Greco
    Rua Castelo D'água, 3030
    15015-210 - São José do Rio Preto - SP
    Tel.:/Fax.: 17 - 3227-5206
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Abr 2006
    • Data do Fascículo
      Set 2005
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