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O papel da hibridação in situ por fluorescência (FISH) na leucemia mielóide crônica durante o tratamento com mesilato de imatinibe

The role of fluorescent in situ hybridization (FISH) in monitoring chronic myeloid leukemia during treatment with imatinib mesylate

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O papel da hibridação in situ por fluorescência (FISH) na leucemia mielóide crônica durante o tratamento com mesilato de imatinibe

The role of fluorescent in situ hybridization (FISH) in monitoring chronic myeloid leukemia during treatment with imatinib mesylate

Monika C. R. Mello

Doutora em Hematologia da Fundação Faculdade de Medicina da USP

Correspondência Correspondência: Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 155 Prédio dos Ambulatórios, 1º andar 005435-900 – São Paulo-SP E-mail: conchon@uol.com.br

A introdução do mesilato de imatinibe no tratamento da leucemia mielóide crônica (LMC) em 1998 mudou a trajetória da doença. Hoje, a taxa de resposta citogenética completa em pacientes na fase crônica tratados com imatinibe como primeira linha ultrapassa 80%. Esta resposta está associada a uma melhor sobrevida livre de progressão e, conseqüentemente, a uma maior sobrevida global.1

Muitos testes laboratoriais são utilizados para diagnóstico, prognóstico e acompanhamento da resposta terapêutica da LMC em pacientes tratados com imatinibe. Entre eles a citogenética convencional (CC), hibridação in situ por fluorescência (FISH) e a reação da polimerase em cadeia pela transcriptase reversa (PCR). A CC ainda é o método de escolha principalmente no diagnósti-co da LMC. Essa técnica detecta, além do clássico cromossomo Ph, anormalidades citogenéticas adicionais. Essas alterações podem estar associadas a um prognóstico mais reservado, como, por exemplo, a presença de anormalidades estruturais no braço curto do cromossomo 17 ou cópia extra do cromossomo Ph (duplo Ph). Entretanto, a CC geralmente é realizada em aspirado medular, o que implica um procedimento invasivo. Outras limitações incluem amostra inadequada e presença de fibrose medular, o que pode levar a uma ausência de células em divisão.2

A técnica de FISH tem uma precisa indicação nas ocasiões em que a citogenética não é conclusiva, já que identifica o rearranjo BCR-ABL em núcleos interfásicos, sem a necessidade de metáfases. O artigo publicado neste volume sob o título "Frequency of the BCR/ABL rearrangements and associated alterations detected by FISH during monitoring of patients taking imatinib mesylate in isolation" é um interessante modelo de como a técnica de FISH pode detectar, além da simples fusão BCR-ABL, ou-tros rearranjos complexos. Por outro lado, essa técnica perde sensibilidade quando comparada a técnicas de PCR quantitativo. Ela não distingue pacientes com resposta citogenética completa que apresentam doença residual mínima (DRM) daqueles com um número menor de transcritos BCR-ABL. Também é incapaz de identificar aqueles pacientes que, apesar do baixo nível de transcri-tos, já apresentam uma pequena elevação neste montante. Em um estudo onde se comparou a resposta molecular ao imatinibe entre as técnicas de FISH e PCR quantitativo, a primeira foi negativa em todos os casos onde a relação BCR-ABL/ABL era < 2% demonstrada pelo PCR quantitativo. Portanto, acredita-se hoje que a técnica de PCR quantitativo pode substituir a técnica de FISH no acompanhamento de DRM. A técnica de FISH estaria reservada para casos onde o PCR quantitativo apresentasse resul-tados conflitantes.3

O imatinibe confere uma excelente resposta, entretanto, alguns pacientes podem se tornar resistentes à droga. Em muitos ca-sos, essa resistência está associada à expansão do clone BCR-ABL. Por isso, durante todo o tratamento, os pacientes devem ser monitorados quanto à recidiva. A princípio, devem ser acompanhados rotineiramente com citogenética de aspirado medular. Uma vez atingida resposta citogenética completa, este monitoramento deve ser realizado por meio de técnica de PCR quantitativo em tempo real. A detecção precoce do aumento de transcritos permite intervenção terapêutica precoce, levando a uma resposta clínica adequada.4

Referências Bibliográficas

1. Simonsson B, Blood 2005;106(11) ABS 166, ASH 2005. Apresentação oral.

2. Tefferi A, Dewald GW, Litzow ML, Cortes J, Mauro MJ, Talpaz M, et al. Chronic myeloid leukemia: current application of cytogenetics and molecular testing for diagnosis and treatment. Mayo Clin Proc 2005;80(3):390-40.2

3. Landstrom A, Tefferi A. Fluorescent in situ hybridization in the diagnosis, prognosis, and treatment monitoring of chronic myeloid leukemia. Leukemia and Lymphoma 2006;47(3):397-403.

4. Hughes T, Deininger M, Houchaus A, Brandford S, Radich J, Kaeda J, et al. Monitoring CML patients responding to treatment with tyrosine kinase inhibitors-Review and recommendations for ‘harmonizing’ current methodology for detecting BCR-ABL transcripts and kinase domain mutations and for expressing results. Blood 2006;7. [Epub ahead of print].

Recebido: 15/05/2006

Aceito: 18/05/2006

Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo editor.

Conflito de interesse: não declarado

  • Correspondência:

    Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 155 Prédio dos Ambulatórios, 1º andar 005435-900 – São Paulo-SP
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Jan 2007
    • Data do Fascículo
      Jun 2006
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