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Urgência na introdução do NAT: é fundamental não cometer os erros do passado

NAT in Brazil: carefully to avoid again the past mystakes

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Urgência na introdução do NAT: é fundamental não cometer os erros do passado

NAT in Brazil: carefully to avoid again the past mystakes

Carlos S. Chiattone; João Pedro M. Pereira; Dante M. Langhi Júnior; Marília A. Rugani; Cármino A. de Souza; João Carlos P. Saraiva; Sérgio B. Mesiano

Diretoria da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia

Correspondência Correspondência: Diretoria da SBHH Rua da Assembléia 10 - Gr. 1704 Centro 20011-901 - Rio de Janeiro-RJ Tel/Fax.: 5521-35111101

Nesta edição, a Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia traz uma importante "Carta ao Editor" assinada por Lajolo CP e colaboradores1 e se refere a um dos assuntos mais relevantes e atuais da Hemoterapia brasileira e que está relacionado à introdução dos testes moleculares conhecidos pela comunidade científica como NAT (teste de ácidos nucléicos) no controle sorológico do sangue e componentes utilizados na prática transfusional. Não há dúvida que a segurança é um pressuposto que a SBHH defende de maneira absoluta. Sabemos que não há segurança total no sangue transfundido, mas prescindir de testes que aumentem a segurança das transfusões por razões de caráter econômico ou qualquer outro que o científico é um erro que não podemos aceitar.

O caso apresentado pelos autores ilustra de maneira clara e seriada o processo de "viragem" sorológica de um doador de repetição para o vírus HIV. No primeiro momento dos testes de triagem sorológica, apenas o NAT foi capaz de detectar a presença do vírus. Assim, o sangue que poderia ter contaminado várias pessoas foi bloqueado e o doador pode ser investigado e seguido de maneira sistemática até que a sorologia utilizada na rotina dos serviços de hemoterapia se tornasse positiva.

O mérito do relato apresentado é exatamente este, o de demonstrar, na prática, aquilo que a literatura já apresenta há vários anos. Mais uma vez o Brasil retarda a decisão de introduzir o NAT na triagem sorológica de todas as transfusões realizadas no país. A tecnologia é amplamente conhecida e dominada e existe de longa data. Os testes comerciais para este fim já estão registrados no Ministério da Saúde (MS). Não há justificativa para as demoras na tomada desta decisão, ao contrário, várias portarias do MS (como é comentado pelos autores) já foram elaboradas com prazos definidos e não cumpridos. Estas portarias obrigam a área privada a executar os testes e, de maneira estranha e inaceitável, deixam fora desta obrigatoriedade as transfusões realizadas na área pública, que são a maioria. A situação econômica do Brasil, no momento, nunca foi tão favorável aos avanços sociais e científicos. Mas o tempo passa e os testes não são introduzidos, criando desconfiança e insegurança aos pacientes, médicos hemoterapeutas e ao sistema de transfusão do país. Na década de 80 assistimos ao mesmo fenômeno de retardo na introdução obrigatória da sorologia para os vírus HIV e da hepatite C, com prejuízos aos pacientes e ao sistema de sangue brasileiro, duramente criticado à época. Este fato gerou uma grande mobilização da Sociedade e da Imprensa, que exigiram a pronta solução. Hoje, novamente, vemos um certo descaso com este assunto através das autoridades responsáveis. O "empurrar com a barriga" em um assunto de tamanha importância e risco não é aceitável.

Este "Editorial" assinado por toda a Diretoria da SBHH, órgão oficial da Associação Médica Brasileira, visa deixar marcado de maneira definitiva nossa preocupação com o retardo na introdução do NAT nas transfusões realizadas nos serviços no Brasil, o que pode levar à contaminação de muitos pacientes em todo o país. Não podemos aceitar isto no estágio de desenvolvimento da hematologia e hemoterapia brasileira. Se não tivéssemos acesso aos métodos mais modernos de triagem, por qualquer razão, poderíamos ter uma justificativa, mas este não é o caso. O que há é uma perigosa omissão que coloca em risco a saúde de pacientes e a prática transfusional no Brasil.

Recebido: 04/08/2008

Aprovado: 07/08/2008

O tema foi encaminhado à diretoria da SBHH pela sua relevância e publicado com a concordância do editor.

  • 1. Lajolo CP, Langhi Júnior DM, Marques Júnior JFC. ELISA negativo com NAT positivo. Uma realidade em Hemoterapia. Rev bras hematol hemoter. 2008;30(4):330-1.
  • Correspondência:
    Diretoria da SBHH
    Rua da Assembléia 10 - Gr. 1704
    Centro 20011-901 - Rio de Janeiro-RJ
    Tel/Fax.: 5521-35111101
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Out 2008
    • Data do Fascículo
      Ago 2008
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