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Reunião de Consenso Nacional em Leucemia Mielóide Crônica

Chronic Myeloid Leukemia National Consensus Meeting

EDITORIAIS EDITORIALS

Reunião de Consenso Nacional em Leucemia Mielóide Crônica

Chronic Myeloid Leukemia National Consensus Meeting

Cármino Antonio de SouzaI; Ricardo PasquiniII

IProfessor Titular de Hematologia e Hemoterapia. Coordenador do Hemocentro da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas-SP

IIProfessor Titular de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Federal do Paraná-PR

Endereço para correspondência Correspondência: Cármino Antonio de Souza Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Hemocentro da Unicamp) Cidade Universitária Zeferino Vaz Cx Postal 6198, Distrito de Barão Geraldo 13083-970 – Campinas-SP – Brasil Tel.:19-35218740; fax-19-35218600 E-mail: carmino@unicamp.br

A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) e o Colégio Brasileiro de Hematologia (CBH) vêm desenvolvendo nos últimos dois anos reuniões de consenso nacional de caráter científico em vários temas de alta relevância em Hematologia e Hemoterapia. Esta estratégia visa promover educação continuada e, dentro da realidade do Brasil, propor aquilo que de melhor possa ser feito aos nossos pacientes.

Este Suplemento é todo dedicado ao estudo e à atualização da Leucemia Mielóide Crônica (LMC) e da Leucemia Linfoblástica Filadélfia positivo, com ênfase especial nos temas mais expressivos que influenciaram na modificação dos paradigmas da Onco-hematologia moderna. Como enfatizado por Hehlman R et al,1 em 2007 (European LeukemiaNet), a LMC é um modelo para a pesquisa oncológica devido ao sucesso da terapia alvo dirigida à anormalidade molecular central de sua patogenia. A LMC é a primeira neoplasia onde se associou a anormalidade clínica e laboratorial à presença de um cromossomo anormal (denominado Filadélfia) produto de uma translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22. Desta translocação forma-se o gene de fusão bcr-abl o qual promove a produção de uma proteína com atividade de tirosino quinase, que estimula a ativação da proliferação celular, fato que permitiu aos pesquisadores envolvidos desenhar e produzir estratégia de terapêutica muito mais racional e totalmente baseada nos mecanismos de doença biologicamente definidos.

Na década de 90 se iniciou a era terapia alvo-específico e cerca de 500 alvos foram estudados. Algumas destas moléculas alvo específicas demonstraram ter atividade terapêutica relevante e o exemplo mais expressivo é o mesilato de imatinibe, como potente inibidor da tirosino quinase, é capaz de bloquear a atividade do gene bcr-abl responsável pelo desencadeamento da LMC. O desenvolvimento e a utilização de outros sucedâneos no tratamento desta doença e doenças correlatas como a leucemia linfoblástica Ph1+ foi o passo subseqüente. Nesta década de 2000, mais de 10 mil alvos moleculares, de membrana, de vias metabólicas diversas têm sido estudados exaustivamente abrangendo inúmeras neoplasias e não só as hematológicas. Além disto, o reconhecimento de genes oncogênicos hiper e hipoexpressos, genes mutantes, anormalidades nos mecanismos de defesa do genoma, anormalidades no mecanismo de apoptose, dentre muitos outros mecanismos etiológicos, de resistência primária ou adquirida, de recidiva, etc., têm permitido o conhecimento e o desenvolvimento de muitas drogas multialvo, inclusive no campo da própria LMC. Podemos considerar que estamos em meio a uma verdadeira revolução no campo do conhecimento biológico e no tratamento do câncer. A nova era no tratamento da LMC promoveu o desenvolvimento de recursos para o monitoramento de maior eficiência e sensibilidade da doença residual, fundamental para avaliação prognóstica e para estabelecer a estratégia terapêutica mais adequada. Os recursos de monitoramento, citogenéticos e moleculares estão se popularizando e se tornando acessíveis mesmo em países com limitações de recursos como o Brasil. Neste suplemento especial discutiremos desde a história natural da LMC, todo o desenvolvimento das técnicas de diagnóstico, monitoramento e tratamento baseado em quantificação de doença residual, o tratamento de primeira linha, de "salvamento", incluindo novas drogas em desenvolvimento, a atual posição do transplante de medula óssea na LMC, o estado-da-arte da LLA Ph1+ e o atual cenário da LMC no campo pediátrico. Os autores apresentarão dados científicos atualizados e que permitirão aos colegas e às instituições de assistência e gestão de saúde entenderem a extraordinária dimensão deste tema no presente e no futuro da Oncologia.

Recebido: 12/02/2008

Aceito: 13/02/2008

  • 1. Hehlman R, Hochhaus A, Baccarani M on behalf of the European LeukemiaNet. Chronic Myeloid Leukemia. The Lancet 2007; 370: 342-350.
  • Correspondência:

    Cármino Antonio de Souza
    Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Hemocentro da Unicamp)
    Cidade Universitária Zeferino Vaz
    Cx Postal 6198, Distrito de Barão Geraldo
    13083-970 – Campinas-SP – Brasil
    Tel.:19-35218740; fax-19-35218600
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Dez 2008
    • Data do Fascículo
      Abr 2008
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