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Leucemia de células T do adulto

Adult T-cell leukemia

Resumos

A leucemia de células T no adulto (ATL) é causada pelo vírus linfotrópico de células T (HTLV-1). Contudo, apenas 2%-5% dos indivíduos infectados desenvolvem a ATL e somente 40-60 anos após a infecção. Um fator de risco para adquirir a doença é a via da transmissão do vírus pela amamentação e durante o parto, sugerindo que a criança já é portadora do vírus. Desde a descoberta do vírus, em 1980, vários artigos científicos foram publicados descrevendo as manifestações clínicas, biologia do vírus e alterações intracelulares induzidas pelo vírus. Esta revisão visa explorar alguns aspectos da relação entre HTLV-1 e a leucemia de células T do Adulto.

Leucemia; HTLV-1; ATL


The human T-lymphotropic virus (HTLV-1) is known to be the etiologic agent of adult T-cell leukemia (ATL). Only 2-5% of infected individuals develop ATL and even then only 40-60 years after infection. One risk factor to develop ATL is the transmission of the virus by breastfeeding and during delivery, suggesting that infants of infected mothers are already carriers of the virus. Since the discovery of the virus in 1980 many scientific papers have been published describing the clinical manifestations, biology of the virus and the intracellular alterations induced by the virus. This review aims to explore some aspects of the relationship between HTLV-1 and ATL.

Leukemia; HTLV-1; ATL


Leucemia de células T do adulto

Adult T-cell leukemia

Heike BrandI; João Guilherme B. AlvesII; Francisco PedrosaIII; Norma Lucena-SilvaIV

IBiomédica. Aluna do Curso de Pós-graduação em Saúde Materno Infantil do IMIP – Recife-PE

IIDiretor de Ensino do IMIP – Recife-PE

IIIMédico oncologista. Diretor Clínico do Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife-PE

IVPesquisadora CPqAM/Fiocruz e Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife-PE

Correspondência Correspondência: Norma Lucena-Silva Serviço de Oncologia Pediátrica/IMIP Rua dos Coelhos, n.300, 5º andar – Boa Vista 50070-550 – Recife-PE – Brasil Tel.: (55 81) 2122-4764 E-mail: norma.lucena@hotmail.com

RESUMO

A leucemia de células T no adulto (ATL) é causada pelo vírus linfotrópico de células T (HTLV-1). Contudo, apenas 2%-5% dos indivíduos infectados desenvolvem a ATL e somente 40-60 anos após a infecção. Um fator de risco para adquirir a doença é a via da transmissão do vírus pela amamentação e durante o parto, sugerindo que a criança já é portadora do vírus. Desde a descoberta do vírus, em 1980, vários artigos científicos foram publicados descrevendo as manifestações clínicas, biologia do vírus e alterações intracelulares induzidas pelo vírus. Esta revisão visa explorar alguns aspectos da relação entre HTLV-1 e a leucemia de células T do Adulto.

Palavras-chave: Leucemia; HTLV-1; ATL.

ABSTRACT

The human T-lymphotropic virus (HTLV-1) is known to be the etiologic agent of adult T-cell leukemia (ATL). Only 2-5% of infected individuals develop ATL and even then only 40-60 years after infection. One risk factor to develop ATL is the transmission of the virus by breastfeeding and during delivery, suggesting that infants of infected mothers are already carriers of the virus. Since the discovery of the virus in 1980 many scientific papers have been published describing the clinical manifestations, biology of the virus and the intracellular alterations induced by the virus. This review aims to explore some aspects of the relationship between HTLV-1 and ATL.

Key words: Leukemia; HTLV-1; ATL.

Introdução

As leucemias são neoplasias hematológicas malignas e heterogêneas, que têm a sua origem em células da medula óssea. Os primeiros casos foram relatados no século XIX com a observação de alteração da medula óssea em pacientes que foram a óbito.1 A hematopoese consiste no processo de maturação em cascata da linhagem hematopoética, iniciada pelas células pluripotentes que residem na medula óssea1 (Figura 1). A leucemia decorre de um erro genético que compromete esse processo de maturação. Dependendo do tipo da linhagem comprometida, a leucemia é classificada como mieloide ou linfoide. A forma linfoide ou linfoblástica pode ser dividida segundo as células afetadas em: de células B ou de células T.


Em geral, as leucemias se distinguem em agudas e crônicas. As formas agudas são caracterizadas pelo acúmulo das células-troncos (blastos) e a perda da capacidade de diferenciação em células maduras. Modelos mais complexos foram desenvolvidos para classificar as leucemias, com o objetivo de estratificá-las quanto ao risco e melhor adequar o protocolo de tratamento. Os modelos variam quanto aos métodos diagnósticos e se dividem em classificação FAB (Grupo cooperativo Franco-Americano-Britânico, 1976, critérios morfológicos-citoquímicos), MIC (1986, critérios morfológicos, imunológicos e citogenéticos), EGIL (Grupo Europeu de Estudos, 1995, critérios imunofenotípicos) e WHO (World Health Organization, 2001, critérios citogenéticos/moleculares, história de terapia prévia ou aspectos mielodisplásicos).2-5

O diagnóstico laboratorial da leucemia inclui hemograma e mielograma para a contagem, análise morfológica e testes citoquímicos das células hematopoéticas. O aumento de blastos na medula óssea em 20% para a WHO ou 30% para o grupo FAB confirma o diagnóstico de leucemia. A citometria de fluxo é outra importante técnica ao diagnóstico, pois permite a análise dos marcadores celulares (Cluster of differentiation, CD) das células alteradas, desta forma definindo o estágio de maturação do clone leucêmico.6 A alteração genética associada a gênesis da leucemia também pode ser determinada através de métodos moleculares.7

Pacientes com leucemia linfoide aguda (LLA) apresentam queixas e manifestações clínicas inespecíficas decorrentes da falha da hematopoese como fadiga, febre, anemia, sangramentos associados a alterações na contagem dos leucócitos, dor óssea e outros devido ao possível envolvimento do sistema nervoso central (SNC).

A leucemia/linfoma de células T do adulto (ATL) foi descoberta no Japão em 1977; ela representa mais uma entidade dentre as leucemias linfoides e não deve ser confundida com a leucemia linfoide aguda da linhagem T (LLA-T) que ocorre no adulto e na criança. Quanto às características clínicas, a ATL se divide em aguda, crônica, smoldering e tipo linfoma. Manifestações clínicas típicas são lesões de pele, adenomegalias, hipercalcemia, elevação de lactato desidrogenase (DHL) e alteração no número de leucócitos em sangue periférico, com presença de linfócitos atípicos. Além disso, na forma aguda também se encontram no esfregaço de sangue periférico, linfócitos com uma morfologia característica, as chamadas flower cells. A forma aguda e a do tipo linfoma são mais agressivas, e o prognóstico é reservado. O tempo de sobrevida médio, relacionado a essas formas, é de um ano. Ao lado da quimioterapia combinada e transplantes de células-troncos hematopoéticas, novas formas de tratamento incluindo drogas alvo de estruturas moleculares e anticorpos monoclonais têm surgido.8,9

HTLV-1

De acordo com a WHO, o HTLV-1 é reconhecido como agente etiológico da ATL. Ele é um retrovírus delta, que faz parte da família Retroviridae do gênero HTLV-BLV.3 Ele foi o primeiro retrovírus associado ao câncer no ser humano e descoberto em 1980.4 Além da ATL, o vírus também é responsável por outras doenças, como a mielopatia associada ao HTLV-1/paraparesia espástica tropical (HAM/TSP), uma doença neurodegenerativa; a uveíte, uma doença oftalmológica; a dermatite infecciosa (IDH) e a artropatia inflamatória crônica associada ao HTLV-1 (HAAP).5-7 Outros tipos de HTLV já foram descobertos. O HTLV-2, apesar de não estar relacionado ao desenvolvimento de leucemia, foi isolado primeiro num paciente com a leucemia de células pilosas.10 Recentemente, os HTLV-3 e HTLV-4 foram isolados em indivíduos na África.11

Cenário mundial da infecção pelo HTLV-1

Mundialmente 10-20 milhões pessoas estão infectadas com HTLV-1. Áreas endêmicas com mais de 1% da população infectada são: Japão, África sub-saariana, América do Sul e as ilhas do Caribe.12 De acordo com dados mais recentes obtidos em estudos com doadores de sangue, o Brasil tem o maior número absoluto de pessoas infectadas pelo HTLV-1 no mundo, com uma estimativa de 2,5 milhões de brasileiros infectados.13

Um estudo feito nas capitais dos 27 estados do Brasil mostrou a maior prevalência na região Norte e Nordeste (Tabela 1). As soroprevalências dos estados do Maranhão (10,0/1000), Bahia (9,4/1000), Pará (9,1/1000) e Pernambuco (7,5/1000) foram muito superiores àquelas encontradas nos estados de Santa Catarina (0,4/1000) e Rio Grande do Sul (1,7/1000) no sul do País.14

Mecanismo de infecção pelo HTLV-1

O vírus é transmitido sexualmente ou via endovenosa, através de sangue contaminado e verticalmente pela amamentação ou durante o parto.6,15 Mas, apenas 2%-5% dos portadores do HTLV-1 desenvolvem uma das doenças relacionadas ao vírus e, geralmente, só 40 a 60 anos pós-infecção, sendo, portanto, a maioria dos indivíduos infectados portadores assintomáticos.2

O diagnóstico de infecção pelo HTLV-1 é feito através do teste de ELISA para detecção de anticorpos no soro produzidos contra proteínas estruturais do vírus.16 Contudo, o estudo de prevalência, realizado em Salvador/Brasil, com 1.385 indivíduos, não conseguiu detectar anticorpos em menores de 13 anos de idade, o que sugere a prevalência da infecção estar subestimada.17 Testes confirmatórios são o western blot, que detecta proteínas virais, e a reação em cadeia da polimerase (PCR), que identifica o genoma viral nas células mononucleares do sangue periférico.16

Após a entrada na célula, o RNA viral é transcrito reversamente em DNA viral, ou provírus, podendo desta forma se integrar no genoma da célula do hospedeiro. A integração de HTLV-1 no genoma ocorre de forma aleatória e é específica para cada célula infectada.3

A disseminação do vírus se dá predominantemente pelo contato entre célula infectada com célula não infectada, onde na região de contato entre as duas células há a formação de um centro organizado de microtúbulos (MTOC) que é estabilizado por moléculas celulares, como as ICAM (intercellular adhesion molecule 1) e LFA1 (lymphocyte function-associated antigen) e a proteína viral TAX. A sinapse formada no MTOC permite a passagem do RNA viral para a célula ainda não infectada.18 Uma outra forma para a disseminação do vírus inclui a proliferação da célula infectada. Assim, o provírus integrado no genoma do hospedeiro é entregue à célula filha durante o processo de divisão celular (Mitose).2 Em contraste com outros retrovírus, como o HIV, a disseminação do HTLV-1 através da partícula viral extracelular não se mostrou eficiente, todavia, essa possibilidade foi documentada em testes in vitro.19

Durante muito tempo, pensou-se que o vírus tinha um tropismo para células linfoide T (CD4+), onde as proteínas virais produzidas iriam induzir alterações intracelulares que levariam à imortalização, transformação e proliferação da célula alterada.20 Entretanto, outras células também mostraram suscetibilidade ao vírus, como os linfócitos T supressores,18 linfócitos T citotóxico, os monócitos do sangue periférico, macrófagos, as células dendríticas, células NK, os linfócitos B, astrócitos presentes no sistema nervoso central, células gliais, fibroblastos, células endoteliais e epiteliais.21 Em modelo animal, as células progenitoras CD34+ também são suscetíveis à infecção pelo HTLV-1.22

Em humanos, a suscetibilidade das células CD34+ ao vírus tem mostrado resultados controversos. Um estudo utilizando a metodologia de hibridização in situ mostrou que em pacientes com HAM/TSP até 95% das células da medula óssea estavam infectadas com provírus, apesar da expressão de RNA mensageiro (mRNA) viral não ter sido detectada.21 Outro estudo em pacientes com ATL usando a PCR para detecção do genoma viral mostrou a presença de HTLV-1 em células mononucleares isoladas da medula óssea, contudo, células CD34+ purificadas através da citometria de fluxo mostraram-se não infectadas.22

Características genéticas do HTLV-1

O genoma do HTLV-1 é constituído de duas fitas simples de RNA de nove mil pares de bases (9kb) divididos nas regiões: LTR, gag, pol, env e pX. Em ambos as extremidades (5' e 3') se localizam os longos terminais de repetição (LTR), que têm sequências idênticas e servem como promotores para o vírus e a regulação da transcrição dos RNA's virais. As sequências gag, pol e env representam genes que codificam as proteínas estruturais e a região pX codifica as proteínas reguladoras do vírus.23 A ausência de um local de integração específica do HTLV-1 no genoma do hospedeiro e a falta de um oncogene no genoma viral sugeriram que um produto viral deveria conduzir a imortalização das células infectadas. Várias proteínas virais estão codificadas na região pX, cuja atividade de imortalização em células primárias CD4+ tem sido atribuída.24

Quando o provírus é integrado ao genoma e a célula T é ativada, um conjunto de fatores de transcrição celular e cofatores intracelulares se ligam ao LTR e iniciam um nível basal de transcrição de mRNAs virais. Este é um processo complexo e a etapa de iniciação ainda não está completamente entendida.21 O acúmulo celular da proteína viral TAX estabiliza e fortalece a ligação de fatores celulares ao LTR, aumentando a transcrição dos genes virais.3

A primeira fita de RNA transcrita representa a sequência completa do provírus ou RNA primário que é submetido a um processamento alternativo para remoção dos íntrons e combinação dos éxons. O provírus possui três éxons e os transcritos produzidos podem ser distinguidos como não processados, com processamento simples ou processamento duplo, dependendo dos éxons incluídos.25 Assim, o vírus consegue criar uma variedade de fitas de mRNA com um genoma viral relativamente pequeno. Após a transcrição dos genes virais, os mRNAs são traduzidos em proteínas no citoplasma, usando a maquinaria da célula do hospedeiro (Tabela 2). A proteína REXp27 de 27kDa regula a expressão dos proteínas virais e é responsável pelo transporte dos mRNA's virais ainda não processados do núcleo para o citoplasma.3

A TAX é uma fosfoproteína de 40kDa encontrada preferencialmente no núcleo da maioria das células e é resultado de um processamento duplo do mRNA primário viral, entre éxon 1, 2 e 3. Esta proteína tem um papel pleiotrópico e é a mais estudada entre as proteínas virais. As suas principais funções são: o reconhecimento pelo sistema imunológico, a modificação da transcrição dos mRNAs virais, a imortalização, transformação e oncogenêses das células infectadas pelo HTLV-1. Esse processo ocorre nos vários níveis que envolvem a modulação na transcrição de genes celulares, repressão de apoptose, progressão do ciclo celular, inativação de genes de supressores de tumores, amplificação de centrosomos e dano de DNA estrutural.3,21,26-28

A modulação na transcrição exercida por TAX geralmente leva a um aumento na transcrição de genes celulares incluindo os fatores de crescimento, citocinas, receptores de fatores de crescimento, moléculas de adesão celular, transmissores de sinais citoplasmáticos e fatores de transcrição nuclear.2 A única repressão da transcrição induzida pela TAX é a da enzima responsável pelo reparo de DNA, a DNA polimerase beta.3 A proteína não se liga diretamente ao promotor, mas interage fisicamente pelos seus domínios com fatores de transcrição, entre eles, NFkB (Nuclear Factor-kappa B), SRF (Serum Response Factor), Sp1/CBP, AP-1 e CREB (cAMP Response Element Binding Protein), desta forma, alterando as respectivas vias de sinalização e comprometendo vários processos celulares.3,21,29

Também foi relatado um transcrito produzido pela ação do promotor 3'LTR na fita negativa do provírus codificando a proteína HTLV-1-bZip (HBZ).30 A transcrição de HBZ pode ser feita a partir de dois sítios de iniciação e por isto resulta em dois transcritos de mRNA diferentes.31 Quantificações de mRNAs virais em vários tipos de células infectadas mostraram variabilidade na expressão entre os tipos das células. Entretanto, os níveis de expressão dos mRNAs entre si foram iguais em cada célula.32 O interesse pela proteína HBZ surgiu mais recentemente a partir de experimentos com camundongos transgênicos de TAX. Esses camundongos desenvolveram uma série de tumores, contudo, nenhuma relação entre TAX e o desenvolvimento de leucemia foi relatada, sugerindo a participação de uma outra proteína viral no desenvolvimento da ATL.33 A possibilidade de HBZ estar envolvida neste processo deve-se à sua função bimodal.34 A expressão de mRNA HBZ é de 20-50 vezes menor do que o mRNA Tax. Todavia, ao contrário do mRNA de Tax, o mRNA de HBZ sempre é expresso em células primárias de ATL e atua aumentando a proliferação das células T.33 Por outro lado, a proteína HBZ interage com fatores de transcrição inibindo a interação entre eles e a TAX ou as sequências em promotores, ou seja, apresenta uma função supressora.35

Resposta imune à infecção pelo HTLV-1

O principal mediador da defesa celular são os linfócitos T. A população de linfócitos T se divide em células T auxiliares (CD4+), em células citotóxicas ou CTL (CD8+) e em células T supressoras (CD8+). Os linfócitos T auxiliares e citotóxicos circulam entre os órgãos linfoides ou não linfoides e o sangue periférico, procurando complexos de histocompatibilidade maior (MHC) na superfície das células. Esses linfócitos interagem através dos seus receptores de células T (TCR) com os MHCs das células apresentadoras de antígenos no processo de formulação da resposta imune específica, enquanto os linfócitos T supressores modulam a resposta imunológica negativamente.36 Na infecção pelo HTLV-1, os CTLs destroem as células CD4+ infectadas controlando a carga proviral, sendo, portanto, um dos principais reguladores da infecção.2 Todavia, foi mostrado que, durante a infecção natural com HTLV-1, os CTLs também podem ser infectados; em consequência, esses CTLs se programam para a autodestruição e, assim, limitam a defesa antiviral.21

Mecanismo de patogênese da ATL

As células envolvidas na ATL encontradas no sangue periférico são predominantemente CD4+ e 90%-99% dessas células apresentam-se infectadas pelo HTLV-1.20 O desenvolvimento da doença requer a imortalização dessas células, que é inicialmente dependente da expressão de interleucina 2 (IL-2), mas especificamente da expressão constitutiva da cadeia a do receptor de IL-2 (IL-2R), que forma junto com as cadeias β e γ, um receptor funcionalmente ativo. Outras alterações genéticas ou epigenéticas e, provavelmente, uma alteração na defesa imunológica do hospedeiro ocorrem levando à transformação dessas células.37 Nesse processo, a célula desenvolve a possibilidade de proliferação independente da ação de IL-2, mesmo na presença de uma expressão aumentada da cadeia α de IL-2R.3,38

O processo inicial da transformação, a razão da latência clínica prolongada e o motivo pelo qual apenas 2%-5% das pessoas infectadas com HTLV-1 desenvolvem a ATL são fatos ainda não esclarecidos. Contudo, algumas evidências têm sugerido como fatores de riscos para o desenvolvimento de ATL, o sexo,21 a hereditariedade,2 aumento do número de linfócitos atípicos associado à carga proviral,39,40 baixo nível de anticorpos anti-TAX no soro40 e a transmissão de HTLV-1 vertical.2

As mulheres geralmente apresentam uma maior prevalência de infecção pelo HTLV-1 por serem mais vulneráveis à transmissão do vírus por via sexual. Todavia, os homens têm uma probabilidade 40% maior em adoecer com ATL.21 Um maior número de casos de ATL foi descrito em famílias sugerindo uma predisposição genética para desenvolver esse tipo de leucemia.2 Além do fato de pacientes que apresentaram dermatite infecciosa relacionada ao HTLV-1 na infância geralmente manifestar ATL.41

A formação de tumores devido a mutações causadas pela inserção do retrovírus no genoma é bem documentada em animais.42 O local da integração do provírus do HTLV-1 no genoma do hospedeiro varia entre os pacientes com ATL, mas mostrou uma integração preferencial em regiões ricas em nucleotídeos AT,43 e 53% das integrações ocorrem em regiões de genes.44 Adicionalmente, mostrou-se uma correlação entre o número de cópias integradas por célula e a patogêneses da doença. Pacientes com inserções múltiplas do vírus no genoma de uma única célula mostram manifestações clínicas mais graves, com infiltração das células leucêmicas em orgãos não usuais, como a retina.45 Em um estudo feito em células mononucleares de sangue periférico de 68 pacientes com ATL foi observado que em 50,6% dos casos houve apenas a integração de uma única cópia do provírus; 20,6% dos casos apresentaram inserções múltiplas e 29,4% mostraram a presença de vírus defeituosos na região gag-pol.46

Em células isoladas de paciente com ATL, em contraste com aquelas isoladas de pacientes portadores de HAM/TSP, foi observado a ausência ou expressão baixa da proteína viral TAX. Transcritos foram detectados apenas em aproximadamente 40% de células de pacientes com ATL. A proteína TAX causa alterações intracelulares, mas também induz a resposta imunológica. Dessas observações, resultou a idéia de que a maioria das células infectadas seria destruída rapidamente pelas CTLs. Assim, apenas a célula infectada que desenvolveu um mecanismo de baixar o nível da expressão das proteínas virais não seria reconhecida pelo sistema imune e destruída (Figura 2). Esta hipótese explica, como as células infectadas na ATL conseguem se expandir, mesmo com o sistema imunológico não comprometido.2 Vários mecanismos de escape do sistema imunológico foram propostos. Deleções nas sequências gag e pol do provirus47 e mutações nas sequências de tax no local de ligação com o antígeno leucocitário humano (HLA-A)48 foram relatadas. A perda da região LTR no genoma viral, que é necessário para a expressão dos mRNAs virais, também foi descrita em 39% dos casos com ATL.49 A ocorrência de modificações epigenéticas, que interferem no processo da transcrição de genes, foi proposta a partir da identificação de mais de 50 regiões hipermetiladas no genoma celular terem sido encontradas em células de ATL.50


O maior fator de risco em adquirir a ATL em comparação com outras doenças causadas por HTLV-1, é a via da transmissão do vírus. Enquanto a infecção intravenosa ou por via sexual mostrou uma maior ocorrência em HAM/TSP, a amamentação foi relacionada a ATL.51 A frequência observada de transmissão do vírus pela amamentação foi de 5,1% a 38,5%, de acordo com o tempo de amamentação de < 3 meses ou > 12 meses respectivamente.52 A hipótese é que a via da primeira infecção dê ao vírus acesso a um conjunto de células específicas influenciando de forma diferente o curso da doença. A maioria das células dendríticas e macrófagos se encontram em membranas mucosas. Assim, pensou-se que essas seriam as células alvos do vírus durante a infecção inicial pela amamentação.21 As células dendríticas são células apresentadoras de antígenos que eficientemente capturam antígenos na periferia, deslocando-se aos órgãos linfoides secundários onde estimulam células nativas T e B ou células de memória.21 Ratos infectados oralmente com HTLV-1 mostraram uma resposta imunológica baixa em comparação com aqueles infectados através das vias de transmissão intraperitoneal ou intravenosa, todavia, a carga proviral era alta.53 Isto foi atribuído às células dendríticas e macrófagos que permanecem na fase pós-mitótica no ciclo vital e, como consequência, promovem uma expressão baixa de proteínas virais, que são necessárias para o reconhecimento pelas CTLs.21

A latência clínica é prolongada nas ATL e HAM/TSP e caracterizada como o estado que envolve uma resposta imunológica efetiva e a intervenção na expansão do vírus. A evasão da resposta imunológica pelos mecanismos que envolvem a perda da expressão das proteínas virais já foi mencionada.

A infecção experimental de macacos via intravenosa mostrou o provírus em células da medula óssea e do sangue periférico, sugerindo que os linfócitos T infectados migram e infectam as células-troncos hematopoéticas (CD34+) na medula óssea21 (Figura 2). Pela incapacidade das células precursoras hematopoéticas, que albergam o vírus, expressarem antígenos virais devido à ausência de fatores de transcrição específicos, necessários para a iniciação no promotor viral e, por conseguinte, de serem reconhecidas pelo sistema imune, a medula óssea tem sido considerada um reservatório para o vírus, sendo esse um dos mecanismos propostos de evasão da resposta imune em portadores assintomáticos durante latência clínica. Contudo, se a infecção pelo HTLV-1 altera o padrão da diferenciação para uma linhagem específica, em consequência à ativação ou repressão de genes diferentes, não foi esclarecido.21,22

A invasão da medula pelo vírus facilitaria a disseminação periférica com células infectadas. Para ressaltar a importância da idéia de um reservatório do vírus durante a latência clínica, mostrou-se que a eliminação da população infectada na medula óssea tem influência no desenvolvimento da infecção pelo HTLV-1. Um jovem com anemia congênita e infecção pelo HTLV-1, em decorrência das várias transfusões de sangue, mostrou eliminação viral completa após o tratamento com quimioterapia e transplante alogênico. A carga proviral tanto em sangue periférico quanto na medula óssea desapareceu em 320 dias após o transplante e ficou ausente até pelo menos 60 meses.54

Conclusão e Perspectivas

A ATL representa mais uma entidade entre as leucemias linfoides e não deveria ser confundida com a LLA-T no adulto. Na criança foram relatados casos esporádicos, com sintomas parecidos de ATL,6 mas, em geral, a doença está limitada a adultos devido ao longo período de latência que exige.

Na Europa, a soroprevalência de HTLV-1 foi seis vezes maior em gestantes do que em doadores de sangue, sugerindo que as soroprevalências estabelecidas através de doadores de sangue exclusivamente, como no Brasil, sejam subestimadas.55 Embora a via de transmissão pela amamentação e a possibilidade da criança nascer portadora do vírus sejam reconhecidas, a associação de leucemia em pacientes pediátricos com a infecção pelo HTLV-1 é pouco investigada. Na literatura científica, os estudos em criança limitam-se a descrição de manifestações clínicas, associadas à determinação de anticorpos ou ao diagnóstico molecular em células mononucleares de sangue periférico6,56-61 Contudo, nosso grupo encontrou recentemente a presença de HTLV-1 em medula óssea de crianças com leucemia (dados não publicados). Talvez o estudo desses casos possa trazer novas evidências e esclarecer sobre a regulação viral de genes humanos durante o período de latência e no desenvolvimento de leucemia.

Recebido: 09/09/2008

Aceito após modificações: 08/04/2009

Suporte Financeiro: Apoio financeiro da Fundação Oswaldo Cruz.

Serviço de Oncologia Pediátrica / Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) – Recife-PE.

Heike Brand foi bolsista (Mestrado) do IMIP e do CNPq.

Avaliação: Editor e dois revisores externos

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Set 2009
    • Data do Fascículo
      2009

    Histórico

    • Aceito
      08 Abr 2009
    • Recebido
      09 Set 2008
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