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Guia multidisciplinar para a condução da deficiência de ferro e anemia ferropriva

Multidisciplinary Guide to Treat Iron Deficiency and Iron Deficiency Anemia

Editoriais e Comentários / Editorials and Comments

Guia Multidisciplinar para a Condução da Deficiência de Ferro e Anemia Ferropriva

Multidisciplinary Guide to Treat Iron Deficiency and Iron Deficiency Anemia

Rodolfo D. CançadoI; Carlos S. ChiattoneII

IHematologia, Professor Adjunto da Disciplina de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo-SP

IIHematologia e Hemoterapia, Diretor do Hemocentro de Santa Casa de São Paulo - São Paulo-SP

Endereço para correspondência Correspondência: Rodolfo Delfini Cançado Hemocentro da Santa Casa de São Paulo Rua Marquês de Itú, 579 - 3º andar 01223-001 - São Paulo-SP - Brasil Tel.:/Fax.: (11) 2176-7255 E-mail: rdcan@uol.com.br

Apesar do conhecimento da biologia do ferro ter evoluído de forma avultante na última década1,2 e não obstante as facilidades de acesso à informação de maneira simples e rápida pelos meios de comunicação, em particular a Internet,

o que possibilitou a democratização do conhecimento e oportunidade de aperfeiçoamento, a deficiência de ferro continua sendo, há décadas, a alteração hematológica mais comum acometendo 20% a 30% da população mundial, sobretudo crianças, mulheres em idade fértil e gestantes.3

As consequências da deficiência de ferro são inúmeras, podendo ser reversíveis ou não, e compreendem: atraso do crescimento, do desenvolvimento psicomotor e neurocognitivo, principalmente nos lactentes, podendo ocasionar menor rendimento intelectual e escolar na criança e adolescência, e maiores taxas de reprovação e abandono escolar; aumento da mortalidade materna, aumento de crianças prematuras e de baixo peso ao nascimento; e, nos adultos, redução da produtividade e da capacidade de concentração, além de várias outras alterações da condição de saúde da pessoa com impacto negativo na sua qualidade de vida.3,4

Ratificando as afirmações mencionadas anteriormente, a publicação de 2002 da Organização Mundial da Saúde relata que a deficiência de ferro encontra-se entre os dez principais fatores de risco para adoecer e relacionados à menor expectativa de vida. (The World Health Report 2002 - Reducing Risks, Promoting Healthy Life. Disponível em: http://www.who.int/whr/2002/en/).

De acordo com o relatório do Banco Mundial, cerca de 5% do produto interno bruto (PIB) dos países em desenvolvimento são desperdiçados com os gastos em saúde decorrentes da anemia ferropriva.5 Transpondo esses cálculos para o ano de 2008, pode-se dizer que o Brasil, com um PIB estimado em R$ 2,3 trilhões, gastou, neste ano, R$ 116 bilhões para tratar problemas de saúde decorrentes da deficiência de ferro.

Diante da importância da deficiência de ferro como problema de saúde pública em nosso país e da escassez de material científico qualificado e de amplo acesso aos profissionais médicos hematologistas e de outras especialidades, bem como de outras áreas disciplinares, como enfermagem, nutrição, ciências farmacêuticas, além de estudantes em geral, idealizamos, com o apoio da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e de seu Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro, o presente fascículo, o qual se trata de um número temático sobre deficiência de ferro, mais especificamente - "Guia Multidisciplinar para a Condução da Deficiência de Ferro e Anemia Ferropriva".

É evidente que este trabalho só foi possível com a participação de médicos, professores, pesquisadores nacionais do mais alto nível. De fato, este fascículo contou com a participação de mais de 30 profissionais de diversas especialidades médicas (hematologia e hemoterapia, gastroenterologia, pediatria, neonatologia, cardiologia, nefrologia, oncologia, geriatria, patologia clínica, obstetrícia e ginecologia), além da enfermagem e nutrição, oriundos de cerca de 15 diferentes universidades ou instituições médicas brasileiras.

Este fascículo da RBHH apresenta um conteúdo extenso e atualizado sobre o estado da arte da deficiência de ferro, e inclui artigos que descrevem a prevalência desta alteração hematológica e suas implicações e repercussões para o gênero humano; auxiliam na correta abordagem e adequada investigação etiológica da deficiência de ferro, na orientação para

o diagnóstico laboratorial, principalmente da interpretação dos resultados, tendo em mente as limitações e interferentes de cada teste; enfatizam o tratamento da anemia ferropriva, colocando em relevo as principais características, vantagens e desvantagens dos compostos com ferro disponíveis e comercializados para uso por via oral e parenteral.

Temos a certeza de que este fascículo trará enorme contribuição para a literatura médica nacional e que as atualizações obrigatórias o tornarão parte integrante do acervo bibliográfico de todos aqueles que lidam com esta alteração hematológica tão frequente e tão importante.

Recebido: 23/03/2010 Aceito: 23/03/2010

  • 1. Andrews NC. Forging a field: the golden age of iron biology. Blood. 2008;112:219-30.
  • 2. Grotto HZW. Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envolvidos em sua homeostase. Rev Bras Hematol Hemoter. 2008;30:390-7.
  • 3. Looker AC, Dallman PR, Carroll MD, et al. Prevalence of iron deficiency in the United States. JAMA. 1997;277:973.
  • 4. Horton S, Ross J. The economics of iron deficiency. Food Policy. 2003;28(1):51-75.
  • 5
    Enriching L Overcoming vitamin and mineral malnutrition in developing countries. Washington DC World Bank, 1994.
  • Correspondência:
    Rodolfo Delfini Cançado
    Hemocentro da Santa Casa de São Paulo
    Rua Marquês de Itú, 579 - 3º andar
    01223-001 - São Paulo-SP - Brasil
    Tel.:/Fax.: (11) 2176-7255
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Nov 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2010
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