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Editorial

EDITORIAL

O grande desafio que se impõe, hoje, na academia, é o de transferir o conhecimento gerado nas Universidades para a sociedade.

No que tange à área de medicamentos, é notória a preocupação do governo em se encontrar meios de tornar viável a introdução de novas alternativas terapêuticas, genuinamente nacionais, em benefício da sociedade, aproveitando toda a pesquisa desenvolvida nas Universidades brasileiras. Nesse particular, merece realce a contribuição que o profissional farmacêutico, integrado a outros profissionais, atuando nas Instituições de Ensino Superior, sobretudo públicas, tem competência para oferecer.

A área de Ciências Farmacêuticas, que abrange a Farmácia, as Análises Clínicas e Toxicológicas e os Alimentos e Nutrição, é o alicerce sobre o qual se constroem as bases sólidas para a Saúde.

A pesquisa na área de Farmácia encontra-se estreitamente relacionada à introdução de fármacos, porquanto compreende desde a concepção de novas moléculas potencialmente bioativas, até a sua introdução como medicamento no mercado farmacêutico. Contudo, na seqüência de etapas envolvidas no processo não se pode prescindir de estudar a relação que a nova molécula apresenta com o organismo, do ponto de vista de interferência nos mecanismos fisiopatológicos, identificada através dos exames laboratoriais, hoje, com o suporte da biologia molecular, tampouco da toxicidade que provocam. Avaliar a toxicidade por meio da toxicologia experimental pré-clínica e clínica tem se constituído em grande desafio com o objetivo de se identificar a viabilidade do emprego terapêutico de novas moléculas bioativas. A relação que os alimentos desempenham no organismo, por outro lado, pode conduzi-lo a comportamentos diversos frente a candidatos a fármacos e, posteriormente, medicamentos. Vale lembrar, ademais, que vários processos fisiopatológicos apresentam algum distúrbio nutricional na sua etiologia.

Como periódico que abrange a área de Ciências Farmacêuticas, a RBCF vem publicando artigos nas três subáreas por elas compreendidas.

Na área de Farmácia, merecem realce as publicações em Biofarmacotécnica, que envolve o estudo do comportamento de novas formas, com realce para aquelas mais avançadas, abrangidas pela nanotecnologia, e formulações farmacêuticas. Número substancial de artigos compreende o estudo de princípios ativos extraídos de plantas, que se constituem, não raro, em candidatos a fármacos, reforçando a etapa inicial de descoberta de novos protótipos bioativos para as mais variadas doenças. É interessante mencionar o aumento do interesse dos autores da área de Farmacoeconomia e Farmacovigilância, campos do conhecimento que também fazem parte dos processos que a gênese de fármacos engloba. Trata-se de estudos posteriores ao lançamento de um fármaco no mercado. Estimulam-se, no presente, as publicações a respeito dos trabalhos relacionados ao planejamento de candidatos a fármacos, como reflexo da pesquisa que vem sendo desenvolvida nos várias Instituições de ensino e pesquisa, com o apoio de agências de financiamento federais e estaduais.

Estudos sobre metodologias mais avançadas em análises clínicas, com o concurso de ferramentas, como a biologia molecular, auxiliam na pesquisa acerca das bases moleculares da doença e vêm encontrando espaço nesse meio de divulgação científica das áreas de Ciências Farmacêuticas. Cumpre ressaltar a importância de os pesquisadores que atuam nesse campo continuarem a submeter seus trabalhos à RBCF, dando a visibilidade nacional da competência do profissional de Ciências Farmacêuticas nesse particular.

Trabalhos da área de Alimentos e Nutrição publicados na RBCF, ainda que se concentrem na área de Tecnologia, também importante para o repasse do conhecimento à sociedade nesse campo, vêm mostrando a abrangência da área com integração relevante no processo de introdução de fármacos na terapêutica, com a utilização de ferramentas moleculares para o seu desenvolvimento. Neste número, por exemplo, artigo de revisão sobre as bases da obesidade mostra os possíveis alvos para a concepção de alternativas terapêuticas para o seu combate.

Cumpre reiterar, no contexto de mobilizar a área, a importância da criação da Sociedade Brasileira de Ciências Farmacêuticas, órgão que se quer integrador das várias competências, no momento em que se congrega a academia para o desafio de introduzir medicamentos nacionais.

Como instrumento de divulgação científica dos trabalhos de qualidade da área de Ciências Farmacêuticas, antevemos, face ao exposto, o papel de relevância desse periódico em propiciar a visibilidade compatível para a participação na grande discussão que ora se prenuncia.

Elizabeth Igne Ferreira

Editora Científica

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Abr 2010
  • Data do Fascículo
    Set 2004
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