OBITUÁRIO
Relembrando João Baptista Domingues
"Não tenhas medo das lembranças: elas são a semente de novas esperanças"
(Cantigas)
O Prof. João Baptista Domingues faleceu em S.Paulo, no dia 7 de maio de 2004, antes de completar 84 anos. Nascido na cidade de Descalvado, no Estado de S.Paulo, em 24 de junho de 1920, órfão de pai aos três anos de idade, viu-se obrigado muito cedo a trabalhar. Aos 12 anos já estava na capital para continuar os estudos secundários e aos 15 já estava empregado na empresa Rhodia, em Santo André. Aos 19, após aprovação nos exames vestibulares, adentrava na Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP para cursar Farmácia. Orador da turma formada em 1943, recebeu, ali mesmo, de seu paraninfo, Prof. Lineu Prestes, convite para implantar e chefiar a Farmácia do Hospital das Clínicas; em fase de conclusão. Seu compromisso, porém, era com a empresa que lhe tinha dado a oportunidade de formar-se em Farmácia.
Na Rhodia, Domingues passou por quase todas as divisões farmacêuticas, tendo sido chefe do Laboratório de Hipodermia. A essa altura já lhe incomodava o fato de não poder aperfeiçoar-se na profissão, razão porque voltou à Faculdade, a fim de matricular-se no curso de pós-graduação, recém-instalado, na área da indústria farmacêutica. Ali, pôde realizar seu sonho de estar mais próximo de eminentes professores, como ele próprio referiu-se, tais como, Carlos Henrique Liberalli, Quintino Mingoia, Richard Wasicky Henrique Tastaldi, Paulo de Toledo Artigas, Pedro Carvalho Lima, Aristóteles Orsini, Maria Aparecida Pourchet Campos e tantos outros.
Ao lado de sua evolução constante na Rhodia, iniciava-se na luta pela dignidade profissional, tendo sido um dos líderes pela criação dos Conselhos Federal e Regionais de Farmácia. Alguns anos antes, convidado pela Profª Maria Aparecida Pourchet Campos, iniciava-se na carreira docente, lecionando as disciplinas de Toxicologia e Bromatologia, nas quais desenvolveu pesquisas que o levaram a alcançar o título de Livre-Docente, no ano de 1960. Enquanto isso, Domingues, na empresa Rhodia, ia galgando postos elevados, como Chefe, Gerente e Coordenador das divisões Farmacêutica, Veterinária e Fitossanitária. Em 1973, ascendeu à categoria mais alta dentro da USP, por concurso, no cargo de Prof. Titular do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental.
Em 1977, após 42 anos de atividades ininterruptas, aposentou-se na Rhodia, passando a dedicar-se, integralmente, à docência e à pesquisa. Em 1986, aposentou-se, definitivamente, e como ele próprio dizia, depois de ter concretizado um sonho. Sonho que só se completou com sua indicação para Superintendente da Fundação do Remédio Popular, FURP, pelo então Governador de S.Paulo, Paulo Egidio Martins, e de seu Secretário de Saúde, Prof Walter Lezer, em 1977. Certamente, foi aí que Domingues desenvolveu ao máximo sua aptidão maior: a de administrador diligente e lúcido. Em 1982, fez construir em 16 mil m2 uma nova estrutura para a FURP, até hoje admirada e elogiada por todos os que a conhecem. De 1977 a 1986, deu tudo de si na Faculdade de Ciências. Farmacêuticas e, cumulativamente, na FURP, sem contar, evidentemente, seu passado anterior na Rhodia, na qual foi um dos mais brilhantes profissionais farmacêuticos.
O Prof. Domingues deixou a esposa Maria José, a filha Paula., o genro Martin e os netos Victoria e Nickolas.
Indicado para escrever esta lembrança de sua passagem entre nós, não posso deixar de dizer que fui um daqueles privilegiados que, por 30 anos, com ele conviveu.Uma convivência profissional, ao lado de uma amizade terna, permanente. Sei que ele foi um homem feliz, mas sei, também, que muito de minha fe1icidade foi tê-lo sempre por perto.
Prof. José Carlos Barbério
Diretor da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas, de 1981 a 1985
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
23 Mar 2010 -
Data do Fascículo
Set 2004
