Acessibilidade / Reportar erro

Avaliação das propriedades do biopolímero polihidroxibutirato (PHB) extraído por vermes de Zophobas morio Fabricius

Evaluation of the properties of the polymer polyhydroxybutyrate (PHB) extracted from Zophobas morio Fabricius worms

RESUMO

Polihidroxibutirato (PHB) é um biopolímero produzido intracelularmente e acumulado como reserva de energia por muitos microrganismos, sendo o principal, a bactéria Cupriavidus necator. Logo, é necessário realizar a extração dos grânulos intracelulares do interior das células. A extração química do PHB com clorofórmio e hipoclorito de sódio é eficiente, porém, utilizam-se elevadas quantidades de clorofórmio, solvente tóxico e volátil. Assim, faz-se necessário o estudo de novas tecnologias para a extração do PHB, buscando tornar o processo viável tecnologicamente, visto que este biopolímero é um importante candidato para substituição de polipropileno (PP). Diante desse contexto, este trabalho objetivou avaliar o processo de extração do PHB por meio das larvas de Zophobas morio Fabricius, comparado ao processo químico tradicional. O PHB foi sintetizado pela bactéria Cupriavidus necator em frascos de Erlenmeyer com 300 mL de meio mineral contendo glicose e frutose como fontes de carbono. O cultivo foi conduzido por 24 h a 30 °C e 150 rpm. A biomassa obtida do cultivo foi submetida à extração química (dispersão de clorofórmio/hipoclorito de sódio) e biológica, sendo, para isto, utilizada em uma mistura 2:1 (m/m) de farelo de trigo para biomassa úmida contendo PHB como fonte de alimentação das larvas de Zophobas morio Fabricius. O PHB obtido pelos dois processos foi caracterizado por termogravimetria (TG), calorimetria diferencial exploratória (DSC), espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier - reflexão total atenuada (FTIR/ATR), difratometria de raios-X (DRX) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Verificou-se que a amostra extraída pelo método biológico (PHB_EB), quando comparada com a amostra extraída pelo método químico (PHB_EQ), apresentou a mesma estrutura química e que a metodologia biológica usando larvas apresentou-se mais rápida e eficiente, garantindo a extração do PHB com elevada pureza e estabilidade térmica, com reduzida quantidade de solvente, tornando este processo mais ambientalmente amigável.

Palavras-chave
Extração biológica; Polihidroxibutirato; Zophobas morio Fabricius

ABSTRACT

Polyhydroxybutyrate (PHB) is an intracellularly produced biopolymer accumulated as an energy reserve by many microorganisms, being the main producer the bacterium Cupriavidus necator. Therefore, it is necessary to extract intracellular granules from the inside of cells. PHB chemical extraction with chloroform and sodium hypochlorite is efficient, but high amounts of chloroform, toxic and volatile solvent are used. Thus, it is necessary to study new technologies for the extraction of PHB, seeking to make the process technologically, since this biopolymer is an important candidate for polypropylene replacement (PP). In this context, this study aimed to evaluate the PHB extraction process from larvae Zophobas morio Fabricius. PHB was synthesized by the bacterium Cupriavidus necator in Erlenmeyer flascks with 300 mL of mineral medium containing glucose and fructose as carbon sources. The culture was conducted for 24 h at 30 °C and 150 rpm. Biomass obtained from cultive was submitted to chemical extraction (dispersion chloroform/sodium hypochlorite) and biological, and for this, used in a mixture 2:1 (m/m) of the wheat meal with cells containing PHB as a feeding source of the larvae of Zophobas morio Fabricius. PHB obtained by the two recovery processes were characterized by thermogravimetry (TG), exploratory differential calorimetry (DSC), infrared spectroscopy with Fourier transform - total attenuated reflection (FTIR/ATR), X-ray diffractometry (XRD) and scanning electron microscopy (SEM). It was found that the sample extracted by the biological method (PHB_EB) , when compared with the sample extracted by the chemical method (PHB_EQ), presented the same chemical structure, and that the biological methodology using larvae was faster and more efficient, guaranteeing the extraction PHB with high purity and thermal stability, with reduced amount of solvent, making this process more environmentally friendly.

Keywords
Biological recovery ; Polyhydroxybutyrate ; Zophobas morio Fabricius

1. INTRODUÇÃO

A produção e consumo de polímeros aumenta continuamente, atualmente é impossível imaginar nosso dia a dia sem estes materiais [11 MURUGAN, P., HANA, L., GANB, C.Y., et al., “A new biological recovery approach for PHA using mealworm, Tenebrio molitor”, Journal of Biotechnology, v. 239, pp. 98 – 105, 2016.]. Os plásticos são consumidos globalmente a um ritmo de cerca de 311 milhões de toneladas por ano, sendo a grande maioria de polímeros petroquímicos [22 GLASER, J.A. “Polymer recycling using microbes”. Clean Technologies and Environmental Policy, v 19(7), pp. 1817–1823, 2017.]. Uma alternativa é a reciclagem, porém apenas uma pequena parcela é reciclada. A maioria dos polímeros petroquímicos acaba sendo destinados a aterros sanitários e industriais ou incinerados, ao fim da sua vida útil, alternativas que ocasionam grandes impactos ambientais devido ao longo tempo de degradação desses materiais no meio ambiente [33 ALLEN, S., ALLEN, D., PHOENIX, V.R., et al., “Atmospheric transport and deposition of microplastics in a remote mountain catchment”. Nature Geoscience, v. 12, n. 5, pp. 339, 2019.].

Alternativamente, surgem os polímeros biodegradáveis como os polihidroxialcanoatos (PHAs), que são poliésteres alifáticos naturais biodegradáveis, sintetizados naturalmente por várias espécies bacterianas como reserva de energia [44 MA, P., XU, P., CHEN, M., et al., “Structure–property relationships of reactively compatibilized PHB/EVA/starch blends”, Carbohydrate Polymers, v. 108, pp. 299 – 306, 2014., 55 NERY, T.B.R., SANTOS, Z.I.G., JOSE, N.M. “Desenvolvimento e caracterização de biocompósitos de polihidroxibutirato e fibra de bananeira”, Matéria (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, e12257, 2018.]. As propriedades desses polímeros podem variar de termoplásticos rígidos a elastômeros elásticos, sendo diretamente influenciadas pela escolha do substrato, bactérias e condições de cultivo [66 DIETRICH, K., DUMONT, M.J., DEL RIO, L.F., et al., “Producing PHAs in the bioeconomy — Towards a sustainable bioplastic”. Sustainable Production and Consumption, v. 9, pp. 58 – 70, 2017.]. Dentre toda a variedade de PHAs existentes, há o polihidroxibutirato (PHB), polihidroxivalerato (PHV) e poli(hidroxibutirato-co-valerato) (PHBV), sendo que o PHB é o mais simples e extensamente estudado [77 LAURENCE, W.M. Film Properties of Plastics and Elastomers. 3 ed. William Andrew, 2012., 88 ZHENG, Z., OPHIR, O., GOYAL, R. KOHN, J. Handbook of Polymer Applications in Medicine and Medical Devices. 1 ed. William Andrew, 2014.].

O PHB é um biopolímero cristalino e linear com propriedades estruturais semelhantes ao polipropileno isotático (PP) e apresenta a vantagem de ser biodegradável e biocompatível, sendo um candidato para a substituição do uso do polímero proveniente de fontes fósseis [99 RAVEENDRAN, S., NAGAPOOSAM, S., PARAMESWARAN, B., et al., “Pentose-rich hydrolysate from acid pretreated rice straw as a carbon source for the production of poly-3-hydroxybutyrate”, Biochemical Engineering Journal, v. 78, pp. 67-72, 2013., 1010 WELLEN, R.M.R., RABELLO, M.S., FECHINE, G.J.M. et al., “The melting behaviour of poly (3-hydroxybutyrate) by DSC”, Polymer Testing, v. 32, pp. 215-220, 2013.]. De acordo com SILVA et al. [1111 SILVA, L.F., GOMEZ, J.G.C., ROCHA, R.C., et al., “Produção Biotecnológica de polihidroxialcanoatos para a Geração de Polímeros Biodegradáveis no Brasil’, Química Nova, v. 30, n. 7, pp. 1732- 1743, 2007.], as aplicações do PHB são destinadas, na sua grande maioria, a produtos elaborados por termoformagem e injeção. Além disso, devido à sua natureza biodegradável e elevadas propriedades mecânicas, o PHB pode ser utilizado na produção de embalagens e itens descartáveis [1212 APATI, G.P., KELBERT, M., SOMBRIO, B.R., et al., “Evaluation of the addition of glycerol to Cupriavidus necator culture medium over Poly (3-hydroxybutyrate) production”, Matéria (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, e-11978, 2018.]. Também é amplamente estudado para aplicações na área médica, como em fios de suturas, malhas cirúrgicas, curativos e tecidos para regeneração óssea e nervosa, por exemplo [1313 LI, Z., LOH, X. J., “Water soluble polyhydroxyalkanoates: future materials for therapeutic applications”, Chemical Society Reviews, v. 44, n. 10, pp. 2865- 2879, 2015.

14 MISRA, M., PANDEY, J., MOHANTY, A. “Biocomposites: Design and Mechanical Performance”. 1 ed. Woodhead Publishing: Cambridge, UK, 2015.
-1515 MANAVITEHRANI, I., FATHI, A., BADR, H., et al., “Biomedical applications of biodegradable polyesters”, Polymers, v. 8, n. 1, pp. 20- 52, 2016.].

A síntese do PHB pode ser realizada por várias bactérias, sendo a espécie mais utilizada a Cupriavidus necator, devido à sua capacidade de acumular o polímero em até 90% da massa seca de sua célula [1616 OBRUCA, S., BENESOVA, P., OBORNA, J., et al., “Application of protease-hydrolyzed whey as a complex nitrogen source to increase poly (3-hydroxybutyrate) production from oils by Cupriavidus necator”, Biotechnology Letters, v. 36, pp. 775- 781, 2014.]. Segundo ARAMVASH et al. [1717 ARAMVASH, A., SHAHABI, A.Z., AGHJEH, D.S., et al., “Statistical physical and nutrient optimization of bioplastic polyhydroxybutyrate production by Cupriavidus necator”, International Journal of Environmental Science and Technology, v. 12, n. 7, pp. 2307- 2316, 2015.], o acúmulo dos grânulos intracelulares de PHB depende de fatores como pH, aeração, fontes de carbono e nitrogênio e meio de cultura. A síntese do polímero é dividida em duas etapas, na primeira os micro-organismos são induzidos ao crescimento em meio sem limitação de nutrientes e, na segunda etapa, faz-se a limitação dos nutrientes essenciais e excesso de fonte de carbono, promovendo o acúmulo do polímero na forma de grânulos intracelulares como reserva de energia e alimento [1111 SILVA, L.F., GOMEZ, J.G.C., ROCHA, R.C., et al., “Produção Biotecnológica de polihidroxialcanoatos para a Geração de Polímeros Biodegradáveis no Brasil’, Química Nova, v. 30, n. 7, pp. 1732- 1743, 2007.].

Como o polímero é intracelular, após o processo de polimerização, é necessário realizar a extração do mesmo. Segundo JACQUEL et al. [1818 JACQUEL, N., LO, C., WEI, Y. et al., “Isolation and purification of bacterial poly(3-hydroxyalkanoates)”, Biochemical Engineering Journal, v. 39, pp. 15-27, 2008.], os métodos de extração podem ser realizados de diferentes maneiras, como, por exemplo, com o uso de solventes, por perturbação mecânica e métodos biológicos. Conforme o método utilizado, se obtêm diferentes rendimentos e purezas, que podem variar de 60 a 98%. Convencionalmente, a extração é realizada quimicamente utilizando elevadas quantidades de clorofórmio, apresentando elevado custo e problemas do ponto de vista ambiental, visto que esse solvente é altamente tóxico e volátil [1919 FLANAGAN, R.J., POUNDER, D.J., “A chloroform-related death: Analytical and forensic aspects”, Forensic Science International, v. 197, pp. 89-96, 2010.]. Sendo assim, TELLES et al. [2020 TELLES, R., SARAN, L.M., UNÊDA-TREVISOLLI, S. H., “Produção, propriedades e aplicações de bioplástico obtido a partir da cana-de-açúcar”, Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, v. 2, n. 1, pp. 52-63, 2011.] indicaram a necessidade do desenvolvimento de métodos que sejam viáveis econômica e ambientalmente e que garantam o desenvolvimento de materiais com o máximo possível de pureza e propriedades físicas, mecânicas e químicas adequadas.

Atualmente, há poucos estudos sobre o uso de novas tecnologias biológicas em escala industrial visando à redução de custos e troca do emprego de produtos químicos de elevada toxicidade para realizar a extração do polímero do interior das células. Estudos realizados por MURUGAN et al. [11 MURUGAN, P., HANA, L., GANB, C.Y., et al., “A new biological recovery approach for PHA using mealworm, Tenebrio molitor”, Journal of Biotechnology, v. 239, pp. 98 – 105, 2016.] e ONG et al. [2121 ONG, S.Y., KHO, H.P., RIEDEL, S.L., et al., “An integrative study on biologically recovered polyhydroxyalkanoates (PHAs) and simultaneous assessment of gut microbiome in yellow mealworm”, Journal of Biotechnology, v. 265, pp. 31-39, 2017.], verificaram a possibilidade de substituição do uso de solventes para extração dos grânulos intracelulares de PHB pela utilização de larvas do besouro Tenebrio molitor Linnaeus, sendo que esta espécie foi capaz de digerir o material não poliéster, liberando o PHB intacto no resíduo fecal.

Dentre as espécies de besouro pertencentes à família Tenebrionidae da ordem Coleoptera tem-se o Zophobas morio e Tenebrio molitor, conhecidos popularmente como “Tenebrio gigante” e “bicho da farinha”, respectivamente [2222 COSTA, S.M., “Proteínas de Larvas de Tenebrio molitor (L. 1758): Extração, Caracterização e Aplicação num Produto Alimentar”, Dissertação M.Sc. Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2017., 2323 MORALES-RAMOS, J.A., ROJAS, M.G., KAY, S., et al., “Self-selection of two diet components by Tenebrio molitor (coleptera Tenebrionidae) larvae and its impact on fitness”, Environmental Entomology, v. 40, n. 5, pp. 1285- 1294, 2011.]. De acordo com YANG et al. [2424 YANG, Y., YANG, J., WU, W.M., et al., “Biodegradation and mineralization of polystyrene by plastic-eating mealworms: Part 1. Chemical and physical characterization and isotopic tests”, Environmental Science Technology, v. 49, n. 20, pp. 12080-12086, 2015.], essas espécies são capazes de biodegradar polímeros sintéticos em gás carbônico (CO2) e água (H2O) e os carbonos dos produtos são transformados em biomassa.

Assim sendo, este trabalho teve como objetivo avaliar o processo de extração do PHB, sintetizado pela bactéria Cupriavidus necator, por meio das larvas de Zophobas morio Fabricius, comparando as alterações no biopolímero ocasionadas pela extração biológica com a extração química como amostra de referência.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste trabalho, os experimentos foram realizados em etapas, onde primeiramente foi feita a síntese do PHB, e posteriormente a extração química obtendo um filme polimérico e a extração biológica pelas fezes das larvas, sendo as amostras obtidas encaminhadas para as análises de TG, DSC, FTIR/ATR, DRX e MEV. A Figura 1 apresenta o fluxograma experimental detalhado das etapas desenvolvidas neste trabalho, sendo que o tempo do processo de extração pelo método químico levou cerca de 126 h, quando comparado ao método biológico que durou em torno de 111 h.

Figura 1
Fluxograma experimental demonstrando as etapas dos processos de extração pelos métodos químico e biológico.

2.1 Biossíntese do PHB

O micro-organismo utilizado neste trabalho foi a bactéria Cupriavidus necator – DSM 545. Para a ativação das células foi utilizado um frasco de Erlenmeyer aletado contendo 100 mL de caldo nutriente (NB) composto por 5,0 g.L-1 de peptona de carne e 3,0 g.L-1 de extrato de carne. As células de Cupriavidus necator, mantidas em placa de Petri sob refrigeração, foram transferidas para o frasco. Posteriormente, o frasco foi incubado em um agitador (B. Braun CERTOMAT HK) em movimento rotatório de 150 rpm a 30 °C, overnight (±18 h).

Para a produção de PHB foi o Meio Mineral (MM), descrito por Ramsay et al., (1990) com alterações propostas por ARAGÃO [2525 ARAGÃO, G.M.F., “Production de poly-?-hydroxyalkanoates par Alcaligenes eutrophus: caractérisation cinétique et contribution à l´optimisation de la mise en oeuvre dês cultures”. Toulouse. These du Doctorale (Sciences de la Vie), L´institut National des Sciences Appliquees de Toulose, 1996.]. Resumidamente, o meio foi composto: glicose (15 g · L-1), frutose (15 g · L-1), ácido nitriloacético (0,19 g · L-1), citrato férrico de amônia (0,06 g · L-1), MgSO4 · 7H2O (0,5 g · L-1), CaCl2 · 2H2O (0,01 g · L-1), NH4SO4 (5 g · L-1), Na2HPO4 · 12H2O (8,95 g · L-1), KH2PO4 (1,5 g · L-1) e oligoelementos (1 mL·L-1). A solução de oligoelementos foi composta: H3BO3 (0,3 g · L-1), CoCl2 · 6H2O (0,2 g · L-1), ZnSO4 · 7H2O (0,1 g · L-1), MnCl4 · 4H2O (0,03 g · L-1), Na2MoO4 · 2H2O (0,03 g · L-1), NiCl2 · 6H2O (0,02 g · L-1), CuSO4 · 5H2O (0,01 g · L-1).

Este processo foi dividido em duas etapas, uma etapa denominada pré-inoculo, conduzida de forma a estimular o crescimento das células sem nenhuma limitação de nutrientes, enquanto a segunda etapa, denominada cultivo, foi conduzida, com limitação da fonte de nitrogênio (NH4SO4 (2,3 g · L-1)), mantendo-se os demais nutrientes e concentrações, para estimular a produção do polímero.

As células foram transferidas a uma taxa de 10% (V / V) e novamente incubadas em um agitador orbital a 150 rpm, 30ºC por 24 h. Ao final do cultivo o meio contendo as células foi congelado para a posterior extração.

2.2 Extração do PHB

2.2.1 Extração química

Para efeito de comparação utilizou-se também o método de extração de HAHN et al. [2626 HAHN, S.K., CHANG, Y.K., KIM, B.S., et al., “Optimization of microbial poly (3-hydroxybutyrate) recovery using dispersions of sodium hypoclorite solution and chloroform”, Biotechnology and Bioengineering, v. 44, pp. 256-261, 1994.], o qual utiliza uma dispersão de hipoclorito de sódio e clorofórmio. O meio de cultivo foi centrifugado a 6.000 rpm. As células foram ressuspensas em uma dispersão contendo 100 mL de hipoclorito de sódio e 100 mL de clorofórmio (30% m/V). Esta suspensão foi agitada durante 150 min a 30 oC. Após este tratamento uma nova etapa de centrifugação foi realizada na qual são obtidas três fases: a fase superior é composta pelo hipoclorito de sódio, na fase intermediaria ficam os debris celulares (também chamados de NPCM, ou materiais celulares não-PHB) e no fundo a solução de clorofórmio e P(3HB). Removendo-se as fases superior e intermediaria e, vertendo-se a última fase em uma placa de Petri, posteriormente submetida a evaporação (24 h) obtém-se uma massa polimérica

Para a purificação do polímero, foi utilizada a metodologia proposta por GARCIA [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.], assim, o polímero foi solubilizado em clorofórmio sob agitação constante a 60 °C. Em seguida, adicionou-se n-hexano na proporção 1:1 (V/V), como agente não-solvente, promovendo a precipitação do PHB e, então, foi realizada a filtração a vácuo dos cristais poliméricos formados. Após o processo de filtração, os cristais foram vertidos em uma placa de Petri para a evaporação do solvente (24 h).

Os filmes poliméricos foram preparados após o processo de evaporação do solvente. Os biopolímeros foram solubilizados utilizando-se clorofórmio (1% m/V) com agitação por 2 h em shaker (B. Braun CERTOMAT HK) em movimento rotatório a 150 rpm. Em seguida, as amostras foram vertidas em placas de Petri e alocadas em uma cuba de vidro saturada em clorofórmio. Os filmes poliméricos foram removidos após o período de evaporação completa do solvente (48 h) e então secos em estufa 40 °C por 24 h, levando ao todo um tempo de cerca de 126 h de processo. Os filmes obtidos foram encaminhados para posterior caracterização.

2.2.2 Extração biológica

Adaptando a metodologia de MURUGAN et al. [11 MURUGAN, P., HANA, L., GANB, C.Y., et al., “A new biological recovery approach for PHA using mealworm, Tenebrio molitor”, Journal of Biotechnology, v. 239, pp. 98 – 105, 2016.] e ONG et al. [2121 ONG, S.Y., KHO, H.P., RIEDEL, S.L., et al., “An integrative study on biologically recovered polyhydroxyalkanoates (PHAs) and simultaneous assessment of gut microbiome in yellow mealworm”, Journal of Biotechnology, v. 265, pp. 31-39, 2017.], o meio de cultivo foi centrifugado (SP Labor) durante 10 min a 6.000 rpm, para separação das células de C. necator contendo PHB. A alimentação das larvas do Zophobas morio (50 g) foi realizada, durante um período de 16 dias, com uma mistura de farelo de trigo com a biomassa centrifugada numa razão de 2:1 (m/m), sendo a mistura seca em estufa (Quimis) a 60 ºC por 24 h. As larvas foram mantidas em recipientes plásticos em condições ambientais. De acordo com MURUGAN et al. [11 MURUGAN, P., HANA, L., GANB, C.Y., et al., “A new biological recovery approach for PHA using mealworm, Tenebrio molitor”, Journal of Biotechnology, v. 239, pp. 98 – 105, 2016.], a quantidade de alimento necessário para as larvas deve corresponder a 5% da massa corporal por dia das mesmas. Posteriormente, as fezes obtidas das larvas foram secas por 8 h em uma estufa (Quimis) a 60 °C.

As fezes secas foram adicionadas em 100 mL de água destilada e submetidas a sonicação por 30 min utilizando-se 40 kHz em um banho ultrassônico (Thornton) a temperatura ambiente [2121 ONG, S.Y., KHO, H.P., RIEDEL, S.L., et al., “An integrative study on biologically recovered polyhydroxyalkanoates (PHAs) and simultaneous assessment of gut microbiome in yellow mealworm”, Journal of Biotechnology, v. 265, pp. 31-39, 2017.]. Posteriormente, a mistura foi agitada por 24 h e centrifugada (SP Labor) a 6.000 rpm por 5 min a 4 °C.

O PHB recuperado foi seco em estufa (Quimis) a 105 °C até atingir massa constante (cerca de 24 h). O processo anterior foi repetido e o PHB recuperado foi agitado constantemente por 1 h com hidróxido de sódio 0,05 M. Após, a mistura foi centrifugada (SP Labor) a 6.000 rpm por 5 min a 4 °C. O PHB recuperado passou pelo processo de agitação com água por 1 h e, novamente, centrifugou-se nas mesmas condições anteriores e então foi seco a 105 °C até atingir massa constante (cerca de 24 h), levando ao todo um tempo de cerca de 111 h de processo. Esse material foi utilizado para caracterizar a amostra.

2.3 Identificação das amostras

As amostras obtidas pelos diferentes processos de extração foram identificadas conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1
Identificação das amostras.

2.4 Caracterização das amostras de PHB obtidas pelos diferentes método de extração

2.4.1 Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier com Acessório de Reflexão Total Atenuada (FTIR/ATR)

Os espectros das amostras foram obtidos em um equipamento da marca Perkin Elmer modelo 65 FTIR, no intervalo de 4.000 a 600 cm-1, com 32 varreduras e resolução de 4cm-1.

2.4.2 Difratometria de raios-X (DRX)

A difração de raios X foi medida com um difratômetro de raios X (Modelo XRD 6000, Shimadzu). Os difratogramas foram registrados usando radiação CuKα com ângulo 2θ variando de 5 a 70° , velocidade de varredura de 1° / min e 40 kV. O software X´Pert HighScore Plus foi utilizado para analisar os difratogramas e determinar o grau de cristalinidade (αC) das membranas. O αC foi determinado em função das áreas correspondentes aos picos cristalinos e ao halo amorfo (pico estendido sob os picos cristalinos) 28 pela equação 1:

α c = A c A c + A a 100 (1)

2.4.3 Termogravimetria (TG)

Esta análise foi realizada com o objetivo de analisar a estabilidade térmica e pureza das amostras após os processos de extração. Em torno de 3,5 mg de amostra foram inseridos em cadinhos de platina e as análises foram conduzidas em equipamento da marca Shimadzu modelo TGA-50, com aquecimento de 25 a 900 °C a uma taxa de 10 °C/min em atmosfera inerte, com fluxo de N2 de 50 mL/min.

2.4.4 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

Foi utilizada com o objetivo de determinar a temperatura de fusão (Tm), entalpia de fusão (∆Hm), grau de cristalinidade (αC), entalpia de cristalinidade (∆HC) e temperatura de transição vítrea (Tg). Em torno de 3,5 mg de amostra foram dispostas em cadinhos de alumínio hermeticamente fechados e as análises foram conduzidas em equipamento da marca TA Instruments modelo Q20, com taxa de aquecimento de 10 °C/min em atmosfera inerte, com fluxo de N2 de 50 mL/min, com faixa de temperatura de 25 a 200 °C, resfriamento rápido de 200 até -70 °C do tipo jumping e 2º aquecimento até 200 °C a 10 °C/min. A Tm1 foi determinada a partir das curvas do 1º aquecimento, enquanto a Tg2 foi detectada no 2º aquecimento. O αC1 do material foi calculado por meio da razão entre o ∆Hm1 da amostra e a entalpia de fusão do polímero supondo 100% cristalino (∆Hm0), de 142 J/g [2929 TSUJI, H., IKADA, Y., “Blends of aliphatic polyesters. 1. Physical properties and morphologies of solution-cast blends from poly(DL-lactide) and poly(?-caprolactone)”, Journal of Applied Polymer Science, v. 60, n. 1, pp. 2367-2375, 1996.], conforme observado na equação 2:

α c = [ 100 Δ H m Δ H c Δ H m 0 ] (2)

2.4.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV-FEG)

A análise foi efetuada em um equipamento MEV XL30 FEG, para avaliar a morfologia da superfície do polímero. As amostras foram fixadas em um suporte metálico e recobertas com uma fina camada de ouro para torná-las condutoras, utilizando-se um metalalizador de amostras.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier com Acessório de Reflexão Total Atenuada (FTIR/ATR)

Na Figura 2 são apresentados os espectros obtidos por FTIR/ATR referente às amostras de PHB extraídas pelo método químico e biológico. Verificou-se no espectro obtido para as amostras (Figura 2) bandas em 2977 e 2935 cm-1 (PHB_EQ) e 2976 e 2933 cm-1 (PHB_EB) relacionadas ao grupo assimétrico metil (CH3) e ao grupo simétrico metileno (CH2), respectivamente, correspondentes às cadeias laterais do monômero do PHB, o que está de acordo com a literatura [3030 LÓPEZ-CUELLAR, M.R., ALBA-FLORES, J., RODRÍGUEZ J.N.G., et al. “Production of polyhydroxyalkanoates (PHAs) with canola oil as carbon source”, International Journal of Biological Macromolecules, v. 48, n. 1, pp. 74- 80, 2011.].

Observou-se uma banda de absorção em 1720 cm-1 (Figura 2) correspondente à carbonila (C=O) associada aos agrupamentos cristalinos, valor idêntico ao descrito por BHUWAL et al. [3131 BHUWAL, A.K., SINGH, G., AGGARWAL, N.K., et al., “Isolation and Screening of Polyhydroxyalkanoates Producing Bacteria from Pulp, Paper, and Cardboard Industry Wastes”, International Journal of Biomaterials, v. 2013, n. 1, pp. 1 -10, 2013.] referente a esta ligação.

De acordo com TÃNASE et al. [3232 TÃNASE, E.E., POPA, M.E., RÂPÃ, M., et al., “PHB/Cellulose fibers based materials: physical, mechanical and barrier properties”, Agriculture and Agricultural Science Procedia, v 6, n. 1, pp. 608 – 615, 2015.], a presença de uma banda em 1379 cm-1 é atribuída ao alongamento simétrico do grupo metil (CH3), banda também observada no espectro, Figura 2, obtido da amostra PHB_EQ e também, muito próxima à observada no espectro da amostra PHB_EB em 1380 cm-1.

Figura 2
Espectros obtidos por FTIR/ATR das amostras de PHB_EQ e PHB_EB.

Na Figura 2 foi possível observar a presença de bandas em 1276 e 1055 cm-1 e, segundo LÓPEZ-CUELLAR et al. [3030 LÓPEZ-CUELLAR, M.R., ALBA-FLORES, J., RODRÍGUEZ J.N.G., et al. “Production of polyhydroxyalkanoates (PHAs) with canola oil as carbon source”, International Journal of Biological Macromolecules, v. 48, n. 1, pp. 74- 80, 2011.], bandas de absorção entre 1300 e 1000 cm-1 são relacionados a vibrações de alongamento C-O-C. Em um estudo realizado por BHUWAL et al. [3131 BHUWAL, A.K., SINGH, G., AGGARWAL, N.K., et al., “Isolation and Screening of Polyhydroxyalkanoates Producing Bacteria from Pulp, Paper, and Cardboard Industry Wastes”, International Journal of Biomaterials, v. 2013, n. 1, pp. 1 -10, 2013.], também foi observada banda em 1273 cm-1 e foi atribuída a esse estiramento, valor semelhante ao encontrado no presente trabalho para ambas as amostras, de 1276 cm-1. Portanto, as bandas observadas no espectro correspondem às ligações químicas dos grupamentos presentes no polímero, garantindo que o PHB foi de fato sintetizado e extraído por ambos dos métodos.

Na Tabela 1 são apresentadas as bandas observadas no espectro de infravermelho para as amostras PHB_EQ e PHB_EB.

Tabela 1
Bandas características no espectro para PHB_EQ e PHB_EB.

3.2 Difratometria de raios-X (DRX)

Na Figura 3 são apresentados os difratogramas de raios–X para as amostras extraídas pelo método químico e biológico.

Figura 3
Perfis de difração de raios-X para PHB_EQ e PHB_EB.

Conforme observado na Figura 3, não houve deslocamento dos picos de difração das amostras PHB_EQ e PHB_EB, apresentando picos de difração em 2θ bem definidos, correspondentes às reflexões (020) e (110), em 13,5° para PHB_EQ e 13,3° para PHB_EB e 16,9° em ambas as amostras, respectivamente, valores similares ao descrito por GARCIA [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.]. Observou-se também, para PHB_EQ e PHB_EB, reflexões em 19,9° e, segundo WANG et al. [3333 WANG, C., HSU, C.H., HWANG, I.H., ?Scaling laws and internal structure for characterizing electro spun poly[(r)-3-hydroxybutyrate] fibers?, Polymers. n. 49, pp. 4188-4195, 2008.], esse pico de refração é atribuido à forma β dos cristais do polímero. Outras reflexões também foram observadas na amostra PHB_EQ em 21,5° (101), 22,4 (111), 25,5° (130), 27° (040) e na amostra PHB_EB picos de difração em 21,6 (101) 22,5° (111), 25,5° (130) e 27° (040), conforme relatado também na literatura [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006., 3333 WANG, C., HSU, C.H., HWANG, I.H., ?Scaling laws and internal structure for characterizing electro spun poly[(r)-3-hydroxybutyrate] fibers?, Polymers. n. 49, pp. 4188-4195, 2008.].

Dos difratogramas de raios-X, Figura 3, determinou-se o grau de cristalinidade do PHB_EQ e PHB_EB, sendo, 56,7 e 58,4%, respectivamente, valores similares ao descrito por GARCIA [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.], pelo mesmo método, para o PHB, de 61,66% e inferior ao cálculado por meio da entalpia de fusão obtida por DSC, de 63 e 64%. Porém, os valores obtidos ainda encontram-se dentro da faixa de cristalinidade, de 55 a 80% [3434 MACHADO, M.L.C. PEREIRA, N.C., MIRANDA L.F., et al., “Estudo das propriedades mecânicas e térmicas do polímero poli-3-hidroxibutirato (PHB) e de compósitos PHB/pó de madeira”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 20, n. 1, pp. 65-71, 2010.].

3.3 Termogravimetria (TG)

Na Tabela 2 são apresentados os dados obtidos a partir das curvas termogravimétricas (curvas TG) obtidas para as amostras de PHB extraída pelo método químico (PHB_EQ) e biológico (PHB_EB).

Observa-se que o perfil de degradação térmica ocorreu em um único estágio para ambas as amostras, o que também foi observado no estudo realizado por GARCIA [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.]. Os filmes poliméricos extraídos pelos métodos químico e biológico apresentaram temperaturas de início de degradação (Tonset) de 285 e 290 °C, respectivamente, valores ligeiramente superiores ao encontrado por GARCIA [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.], de 282 °C. MURUGAN et al. [11 MURUGAN, P., HANA, L., GANB, C.Y., et al., “A new biological recovery approach for PHA using mealworm, Tenebrio molitor”, Journal of Biotechnology, v. 239, pp. 98 – 105, 2016.] também compararam a extração de P(3HB-co-3HHx) usando clorofórmio com um método biológico usando Tenebrio molitor e também observaram um incremento na estabilidade térmica de 5 ºC na amostra extraída pelo método biológico.

Conforme descrito por GARCIA [2727 GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.], a análise de TG pode ser utilizada como indicativo do grau de pureza do polímero, representado pela perda de massa. Logo, as porcentagens de perda de massa obtidas para PHB_EQ e PHB_EB foram de 98,4 e 98,7%, respectivamente, valores semelhantes ao descrito por HAHN et al. [3535 HAHN, S.K., CHANG, Y.K., LEE, S.Y., “Recovery and characterization of poly(3-hydroxybutyric acid) synthesized in Alcaligenes eutrophus and recombinant Escherichia coli”, Applied and Environmental Microbiology. v. 61, n. 1, pp. 34-39, 1995.], de 98% para o PHB. As impurezas presentes no biopolímero podem ser resultado da ligação de hidrogênio do mesmo com proteínas e cátions do meio de cultivo [3535 HAHN, S.K., CHANG, Y.K., LEE, S.Y., “Recovery and characterization of poly(3-hydroxybutyric acid) synthesized in Alcaligenes eutrophus and recombinant Escherichia coli”, Applied and Environmental Microbiology. v. 61, n. 1, pp. 34-39, 1995.].

Tabela 2
Dados de Tonset, perda de massa e teor de resíduos obtidos a partir das curvas termogravimétricas (curvas TG) para as amostras PHB_EQ e PHB_EB.

3.4 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

Na Figura 4 são apresentadas as curvas de DSC das amostras de polímeros extraídos pelos métodos químico e biológico. A Tm1 e o αC1 foram determinados a partir do 1º aquecimento (Figura 4a) considerando a característica térmica intrínseca das amostras, enquanto a Tg2 foi obtida a partir das curvas do 2º aquecimento (Figura 4c). Considerando que o PHB possui alto grau de cristalinidade, sua Tg geralmente não é muito nítida, pois a Tg está relacionada com a parte amorfa das cadeias poliméricas. Outro fator, é que a Tg do PHB se situa entre -5 e 5 ºC [3636 BYRDSON, J. A. Plastics Materials. 6 ed. London: British Library Cataloguing in Publication Data, 1995.] não sendo possível detectá-la no 1º aquecimento, pois o ensaio se iniciou a partir da temperatura ambiente. Além disso, na primeira corrida há a história térmica do corpo de prova. Desta forma, com o objetivo de detectar os dados de Tg2, ΔHm2, e αC2 um 2º aquecimento foi realizado com as amostras, após a técnica de resfriamento rápido tipo jumping (Figura 4b), o que pode ter tornado a amostra menos cristalina.

Figura 4
Curvas obtidas por DSC das amostras extraídas pelo método químico e biológico: a) 1º aquecimento; b) resfriamento tipo jumping e c) 2º aquecimento.

Verificou-se que as Tm1’s do PHB extraído pelos métodos químico e biológico (Figura 4a), foram de 174 e 172 °C, respectivamente, valores semelhantes ao descrito por HAHN et al. [3535 HAHN, S.K., CHANG, Y.K., LEE, S.Y., “Recovery and characterization of poly(3-hydroxybutyric acid) synthesized in Alcaligenes eutrophus and recombinant Escherichia coli”, Applied and Environmental Microbiology. v. 61, n. 1, pp. 34-39, 1995.] (173 °C) e por MACHADO et al. [3434 MACHADO, M.L.C. PEREIRA, N.C., MIRANDA L.F., et al., “Estudo das propriedades mecânicas e térmicas do polímero poli-3-hidroxibutirato (PHB) e de compósitos PHB/pó de madeira”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 20, n. 1, pp. 65-71, 2010.] (176 °C). As entalpias de fusão determinadas foram de 89,6 J/g para PHB_EQ e 90,9 J/g para PHB_EB, valores semelhantes ao reportado na literatura por MACHADO et al., [3434 MACHADO, M.L.C. PEREIRA, N.C., MIRANDA L.F., et al., “Estudo das propriedades mecânicas e térmicas do polímero poli-3-hidroxibutirato (PHB) e de compósitos PHB/pó de madeira”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 20, n. 1, pp. 65-71, 2010.], de 93 J/g.

Considerando o 1º aquecimento, os graus de cristalinidade das amostras PHB_EQ e PHB_EB, foram de 63 e 64%, respectivamente, valores dentro da faixa de cristalinidade para o PHB, que se situa entre 55 e 80%, conforme descrito por MACHADO et al. [3434 MACHADO, M.L.C. PEREIRA, N.C., MIRANDA L.F., et al., “Estudo das propriedades mecânicas e térmicas do polímero poli-3-hidroxibutirato (PHB) e de compósitos PHB/pó de madeira”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 20, n. 1, pp. 65-71, 2010.]. Verifica-se que os valores de αC1 do 1º aquecimento por DSC mostram o mesmo comportamento que os determinados por DRX, que é considerada uma técnica mais confiável para a determinação da cristalinidade. Já no 2º aquecimento (Figura 4c), os valores foram menores, visto que houve uma alteração na organização das cadeias. Isto pode ter ocorrido em decorrência do resfriamento jumping. Nesse processo, houve um resfriamento rápido de modo a não haver tempo para que a cristalização ocorra plenamente. Nestas condições, há a formação de um grande número de núcleos cristalinos na amostra, porém a propagação do crescimento dos cristais não foi significativa [3737 CANEVAROLO JR., S. V. Tecnicas de caracterização de polímeros. São Paulo: ArtLiber, 2004.]. Assim, os valores de αC2 do 2o aquecimento foram 54 e 40 %, para PHB_EQ e PHB_EB, respectivamente.

Nas curvas de resfriamento mostradas na Figura 4b observou-se um pico de cristalização mais intenso para a amostra PHB_EQ (ΔHCR 44,7 J/g) quando comparado ao PHB_EB (ΔHCR 19,5 J/g). Desta forma, conclui-se que o resfriamento jumping alterou de forma mais pronunciada a cristalinidade da amostra extraída pelo método biológico (40%) do que pelo método químico (54%), explicando o fato da Tg2 do PHB_EB ter se apresentado mais nítida, pois essa amostra apresenta um maior conteúdo de fase amorfa, o que pode ser justificado pelo fato da amostra biológica possuir uma menor variação dos tamanhos das cadeias. Uma das evidências desse fato é que durante o 1o aquecimento a amostra PHB_EQ apresentou um pico com um ombro, enquanto a amostra PHB_EB apresentou um pico de fusão único. A extração biológica acaba envolvendo aspectos enzimáticos que apresentam maior seletividade fazendo com que haja uma uniformidade do tamanho das cadeias. Não foi possível determinar o ΔHmR no resfriamento e consequentemente o αCR, devido ao fato da linha base não ter se estabilizado durante a fusão no resfriamento.

Por meio das curvas do 2° aquecimento (Figura 4c), observou-se que as Tg’s para ambas as amostras PHB_EQ e PHB_EB que foram de - 3,3 e - 4,4 °C, respectivamente. Esses valores foram semelhantes ao encontrado por MOUSAVIOUN et al. [3838 MOUSAVIOUN, P., DOHERTY, W.O.S., GRAEME, G., “Thermal stability and miscibility of poly (hydroxybutyrate) and soda lignin blends”. Industrial Crops and Products, v. 32, n. 3, pp. - 662, 2010.]. Ainda no 2º aquecimento, a amostra extraída pelo método biológico apresentou uma Tg2 mais nítida quando comparada com a amostra extraída pelo método químico, conforme já explicado. Além disso, nota-se que houve a formação de um pico de cristalização bem maior na amostra PHB_EB e, ainda, que a fusão do material ocorreu em um único pico, indicando uma maior homogeneidade no tamanho dos cristais, características observadas também em uma análise de DSC realizado por WELLEN et al. [3939 WELLEN, R.M.R., RABELLO, M.S., ARAUJO, JÚNIOR I.C., et al. “Melting and crystallization of poly (3-hydroxybutyrate): effect of heating/cooling rates on phase transformation”, Polímeros, v. 25, n. 3, pp. 296-304, 2015.].

Na Tabela 3, são apresentados os resultados obtidos a partir do aquecimento das curvas de DSC.

Tabela 3
Dados de temperatura de fusão (Tm), entalpia de fusão (∆Hm), grau de cristalinidade (αC) e temperatura de transição vítrea (Tg) para PHB_EQ e PHB_EB.

3.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV-FEG)

Na Figura 5 estão apresentadas as micrografias de MEV-FEG da superfície das amostras PHB_EQ e PHB_EB. Observou-se uma similaridade entre as morfologias, ambas as amostras apresentaram superfície porosa em quase toda a extensão. Logo, a extração biológica não ocasionou a formação de outras impurezas na superfície do polímero quando comparada com a amostra de referência (PHB_EQ), mostrando que a extração biológica, além de promover propriedades térmicas e estruturais semelhantes ao PHB extraído pelo método químico, proporciona também uma morfologia equivalente.

Figura 5
MEV da superfície das amostras PHB_EQ e PHB_EB.

4. CONCLUSÃO

Os diferentes métodos de extração possibilitaram a obtenção do polímero desejado, como evidenciado pelas análises de FTIR. A partir da análise de DRX, verificaram-se picos de difração característicos do PHB em ambas as amostras, o grau de cristalinidade apresentado foi de 56,7 para o PHB_EQ e 58,4% para PHB_EB, demonstrando que esta propriedade foi pouco alterada pelo processo de extração biológico.

As análises de DSC, também apresentaram similaridade quanto à Tm1 de 174 e 173 °C, αC1 de 63 e 64% e Tg2 de -3,3 e - 4,4 °C e para as amostras PHB_EQ e PHB_EB, respectivamente. Bem como, a análise de TG, apontou uma pureza de 98,4 e 98,7% e Tonset de 285 e 290 °C para os dois polímeros, demonstrando uma estabilidade térmica e pureza ligeiramente superior para a amostra extraída pelo método biológico

Sendo assim, a extração biológica por larvas de Zophobas morio foi eficiente para extrair o PHB, que apresentou propriedades ligeiramente superiores ao polímero extraído quimicamente, como maior estabilidade térmica e maior pureza, reduzindo a quantidade de solvente exigida no processo bem como o tempo de extração de 126 h para 111 h, tornando o processo de extração mais ambientalmente amigável, sugerindo que o processo de extração química pode ser substituído pela metodologia de extração biológica.

BIBLIOGRAFIA

  • 1
    MURUGAN, P., HANA, L., GANB, C.Y., et al, “A new biological recovery approach for PHA using mealworm, Tenebrio molitor”, Journal of Biotechnology, v. 239, pp. 98 – 105, 2016.
  • 2
    GLASER, J.A. “Polymer recycling using microbes”. Clean Technologies and Environmental Policy, v 19(7), pp. 1817–1823, 2017.
  • 3
    ALLEN, S., ALLEN, D., PHOENIX, V.R., et al., “Atmospheric transport and deposition of microplastics in a remote mountain catchment”. Nature Geoscience, v. 12, n. 5, pp. 339, 2019.
  • 4
    MA, P., XU, P., CHEN, M., et al., “Structure–property relationships of reactively compatibilized PHB/EVA/starch blends”, Carbohydrate Polymers, v. 108, pp. 299 – 306, 2014.
  • 5
    NERY, T.B.R., SANTOS, Z.I.G., JOSE, N.M. “Desenvolvimento e caracterização de biocompósitos de polihidroxibutirato e fibra de bananeira”, Matéria (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, e12257, 2018.
  • 6
    DIETRICH, K., DUMONT, M.J., DEL RIO, L.F., et al., “Producing PHAs in the bioeconomy — Towards a sustainable bioplastic”. Sustainable Production and Consumption, v. 9, pp. 58 – 70, 2017.
  • 7
    LAURENCE, W.M. Film Properties of Plastics and Elastomers 3 ed. William Andrew, 2012.
  • 8
    ZHENG, Z., OPHIR, O., GOYAL, R. KOHN, J. Handbook of Polymer Applications in Medicine and Medical Devices 1 ed. William Andrew, 2014.
  • 9
    RAVEENDRAN, S., NAGAPOOSAM, S., PARAMESWARAN, B., et al., “Pentose-rich hydrolysate from acid pretreated rice straw as a carbon source for the production of poly-3-hydroxybutyrate”, Biochemical Engineering Journal, v. 78, pp. 67-72, 2013.
  • 10
    WELLEN, R.M.R., RABELLO, M.S., FECHINE, G.J.M. et al., “The melting behaviour of poly (3-hydroxybutyrate) by DSC”, Polymer Testing, v. 32, pp. 215-220, 2013.
  • 11
    SILVA, L.F., GOMEZ, J.G.C., ROCHA, R.C., et al., “Produção Biotecnológica de polihidroxialcanoatos para a Geração de Polímeros Biodegradáveis no Brasil’, Química Nova, v. 30, n. 7, pp. 1732- 1743, 2007.
  • 12
    APATI, G.P., KELBERT, M., SOMBRIO, B.R., et al, “Evaluation of the addition of glycerol to Cupriavidus necator culture medium over Poly (3-hydroxybutyrate) production”, Matéria (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, e-11978, 2018.
  • 13
    LI, Z., LOH, X. J., “Water soluble polyhydroxyalkanoates: future materials for therapeutic applications”, Chemical Society Reviews, v. 44, n. 10, pp. 2865- 2879, 2015.
  • 14
    MISRA, M., PANDEY, J., MOHANTY, A. “Biocomposites: Design and Mechanical Performance”. 1 ed. Woodhead Publishing: Cambridge, UK, 2015.
  • 15
    MANAVITEHRANI, I., FATHI, A., BADR, H., et al, “Biomedical applications of biodegradable polyesters”, Polymers, v. 8, n. 1, pp. 20- 52, 2016.
  • 16
    OBRUCA, S., BENESOVA, P., OBORNA, J., et al, “Application of protease-hydrolyzed whey as a complex nitrogen source to increase poly (3-hydroxybutyrate) production from oils by Cupriavidus necator”, Biotechnology Letters, v. 36, pp. 775- 781, 2014.
  • 17
    ARAMVASH, A., SHAHABI, A.Z., AGHJEH, D.S., et al, “Statistical physical and nutrient optimization of bioplastic polyhydroxybutyrate production by Cupriavidus necator”, International Journal of Environmental Science and Technology, v. 12, n. 7, pp. 2307- 2316, 2015.
  • 18
    JACQUEL, N., LO, C., WEI, Y. et al., “Isolation and purification of bacterial poly(3-hydroxyalkanoates)”, Biochemical Engineering Journal, v. 39, pp. 15-27, 2008.
  • 19
    FLANAGAN, R.J., POUNDER, D.J., “A chloroform-related death: Analytical and forensic aspects”, Forensic Science International, v. 197, pp. 89-96, 2010.
  • 20
    TELLES, R., SARAN, L.M., UNÊDA-TREVISOLLI, S. H., “Produção, propriedades e aplicações de bioplástico obtido a partir da cana-de-açúcar”, Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, v. 2, n. 1, pp. 52-63, 2011.
  • 21
    ONG, S.Y., KHO, H.P., RIEDEL, S.L., et al, “An integrative study on biologically recovered polyhydroxyalkanoates (PHAs) and simultaneous assessment of gut microbiome in yellow mealworm”, Journal of Biotechnology, v. 265, pp. 31-39, 2017.
  • 22
    COSTA, S.M., “Proteínas de Larvas de Tenebrio molitor (L. 1758): Extração, Caracterização e Aplicação num Produto Alimentar”, Dissertação M.Sc. Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2017.
  • 23
    MORALES-RAMOS, J.A., ROJAS, M.G., KAY, S., et al, “Self-selection of two diet components by Tenebrio molitor (coleptera Tenebrionidae) larvae and its impact on fitness”, Environmental Entomology, v. 40, n. 5, pp. 1285- 1294, 2011.
  • 24
    YANG, Y., YANG, J., WU, W.M., et al, “Biodegradation and mineralization of polystyrene by plastic-eating mealworms: Part 1. Chemical and physical characterization and isotopic tests”, Environmental Science Technology, v. 49, n. 20, pp. 12080-12086, 2015.
  • 25
    ARAGÃO, G.M.F., “Production de poly-?-hydroxyalkanoates par Alcaligenes eutrophus: caractérisation cinétique et contribution à l´optimisation de la mise en oeuvre dês cultures” Toulouse. These du Doctorale (Sciences de la Vie), L´institut National des Sciences Appliquees de Toulose, 1996.
  • 26
    HAHN, S.K., CHANG, Y.K., KIM, B.S., et al., “Optimization of microbial poly (3-hydroxybutyrate) recovery using dispersions of sodium hypoclorite solution and chloroform”, Biotechnology and Bioengineering, v. 44, pp. 256-261, 1994.
  • 27
    GARCIA, M.C.F., “Proposta de um processo de extração de poli(3-hidroxibutirato) produzido por Cupriavidus necator e seu efeito sobre as características do polímero”, Dissertação M.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, Brasil, 2006.
  • 28
    FOSTER, E.J, MOON, R.J., AGARWAL, U.P., et al “Current characterization methods for cellulose nanomaterials”. Chemical Society Reviews V. 47, n. 8, pp 2609-2679, 2018.
  • 29
    TSUJI, H., IKADA, Y., “Blends of aliphatic polyesters. 1. Physical properties and morphologies of solution-cast blends from poly(DL-lactide) and poly(?-caprolactone)”, Journal of Applied Polymer Science, v. 60, n. 1, pp. 2367-2375, 1996.
  • 30
    LÓPEZ-CUELLAR, M.R., ALBA-FLORES, J., RODRÍGUEZ J.N.G., et al “Production of polyhydroxyalkanoates (PHAs) with canola oil as carbon source”, International Journal of Biological Macromolecules, v. 48, n. 1, pp. 74- 80, 2011.
  • 31
    BHUWAL, A.K., SINGH, G., AGGARWAL, N.K., et al, “Isolation and Screening of Polyhydroxyalkanoates Producing Bacteria from Pulp, Paper, and Cardboard Industry Wastes”, International Journal of Biomaterials, v. 2013, n. 1, pp. 1 -10, 2013.
  • 32
    TÃNASE, E.E., POPA, M.E., RÂPÃ, M., et al., “PHB/Cellulose fibers based materials: physical, mechanical and barrier properties”, Agriculture and Agricultural Science Procedia, v 6, n. 1, pp. 608 – 615, 2015.
  • 33
    WANG, C., HSU, C.H., HWANG, I.H., ?Scaling laws and internal structure for characterizing electro spun poly[(r)-3-hydroxybutyrate] fibers?, Polymers n. 49, pp. 4188-4195, 2008.
  • 34
    MACHADO, M.L.C. PEREIRA, N.C., MIRANDA L.F., et al, “Estudo das propriedades mecânicas e térmicas do polímero poli-3-hidroxibutirato (PHB) e de compósitos PHB/pó de madeira”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 20, n. 1, pp. 65-71, 2010.
  • 35
    HAHN, S.K., CHANG, Y.K., LEE, S.Y., “Recovery and characterization of poly(3-hydroxybutyric acid) synthesized in Alcaligenes eutrophus and recombinant Escherichia coli”, Applied and Environmental Microbiology v. 61, n. 1, pp. 34-39, 1995.
  • 36
    BYRDSON, J. A. Plastics Materials 6 ed. London: British Library Cataloguing in Publication Data, 1995.
  • 37
    CANEVAROLO JR., S. V. Tecnicas de caracterização de polímeros São Paulo: ArtLiber, 2004.
  • 38
    MOUSAVIOUN, P., DOHERTY, W.O.S., GRAEME, G., “Thermal stability and miscibility of poly (hydroxybutyrate) and soda lignin blends”. Industrial Crops and Products, v. 32, n. 3, pp. - 662, 2010.
  • 39
    WELLEN, R.M.R., RABELLO, M.S., ARAUJO, JÚNIOR I.C., et al “Melting and crystallization of poly (3-hydroxybutyrate): effect of heating/cooling rates on phase transformation”, Polímeros, v. 25, n. 3, pp. 296-304, 2015.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    27 Fev 2020
  • Aceito
    21 Jun 2020
Laboratório de Hidrogênio, Coppe - Universidade Federal do Rio de Janeiro, em cooperação com a Associação Brasileira do Hidrogênio, ABH2 Av. Moniz Aragão, 207, 21941-594, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel: +55 (21) 3938-8791 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revmateria@gmail.com