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Influência do modo de armazenamento na microinfiltração de dentes decíduos restaurados com diferentes sistemas adesivos: estudo in vitro

Influence of the method of storage on the microleakage of primary teeth restored with different bonding systems: in vitro study

Resumos

Foi avaliada, in vitro, a influência do modo de armazenamento e de dois tipos de adesivos dentinários sobre a microinfiltração nas paredes axiais e cervicais de dentes decíduos restaurados com resina composta. As amostras foram divididas de acordo com o modo com que foram armazenadas e os grupos foram classificados em: Congelado, Hidratado e Desidratado. O grupo Congelado foi mantido no "freezer", em solução fisiológica, o grupo Hidratado foi armazenado em solução fisiológica em geladeira e o grupo Desidratado foi mantido seco. Foram realizados preparos tipo "slots" verticais: ocluso-mesial e ocluso-distal. Nos preparos ocluso-mesiais, utilizou-se o adesivo Scotchbond Multi-Uso e nos ocluso-distais o Prime & Bond 2.1, sendo todos restaurados com resina composta Solitaire. Após termociclagem, foram imersos em corante e os valores de microinfiltração mensurados através de sistema de imagens digitalizadas e submetidos à análise de variância. Os resultados demonstraram que o modo de armazenamento não apresentou influência estatisticamente significante na microinfiltração das restaurações. A microinfiltração na parede cervical foi significantemente maior que na parede axial, com segurança de 99,9%. Os adesivos utilizados não apresentaram influência significante na microinfiltração, nas diferentes formas de armazenamento estudadas. Porém, houve diferença estatisticamente significante nas amostras do grupo Desidratado, com o adesivo Prime & Bond 2.1, considerando as margens da restauração (axial e cervical).

Dente decíduo; Infiltração dentária


The influence of the method of storage of teeth and the effect of two kinds of dentin-bonding agents on the microleakage at the axial and cervical walls of composite restorations, in primary second molars, were evaluated. The samples were divided in three groups: Dehydrated, Hydrated and Frozen. The Dehydrated group was kept dry, the Hydrated group was stored in physiological saline solution under refrigeration, and the Frozen group was kept in the freezer, also immersed in physiological solution. The samples received two vertical slot preparations: a mesio-occlusal and a disto-occlusal one. In the mesio-occlusal cavities, Scotchbond Multi-Use adhesive system was used, whereas in the disto-occlusal cavities Prime & Bond 2.1 system was used, and all cavities were filled with Solitaire composite resin. The groups were then thermocycled and immersed in silver nitrate solution. Microleakage was measured by means of a digitized image system and the values were submitted to statistical analysis. The results showed that the method of storage had no statistically significant influence on marginal microleakage. Microleakage at the cervical wall was significantly greater than that at the axial wall, with 99,9% of certainty. The adhesive systems did not show significant influence on microleakage, in the studied methods of storage. However, there was statistical difference in the Dehydrated group samples, with the use of Prime & Bond 2.1 adhesive, when considering the margins of the restoration (axial and cervical).

Tooth; Dental leakage


Odontopediatria

Influência do modo de armazenamento na microinfiltração de dentes decíduos restaurados com diferentes sistemas adesivos: estudo in vitro

Influence of the method of storage on the microleakage of primary teeth restored with different bonding systems: in vitro study

Eloisa Lorenzo de Azevedo GHERSEL* * Professora da Disciplina de Odontopediatria da UFMS.

Antônio Carlos GUEDES-PINTO** * Professora da Disciplina de Odontopediatria da UFMS.

Ana Lídia CIAMPONI*** * Professora da Disciplina de Odontopediatria da UFMS.

GHERSEL, E. L. de A.; GUEDES-PINTO, A. C.; CIAMPONI, A. L. Influência do modo de armazenamento na microinfiltração de dentes decíduos restaurados com diferentes sistemas adesivos: estudo in vitro. Pesqui Odontol Bras, v. 15, n. 1, p. 29-34, jan./mar. 2001.

Foi avaliada, in vitro, a influência do modo de armazenamento e de dois tipos de adesivos dentinários sobre a microinfiltração nas paredes axiais e cervicais de dentes decíduos restaurados com resina composta. As amostras foram divididas de acordo com o modo com que foram armazenadas e os grupos foram classificados em: Congelado, Hidratado e Desidratado. O grupo Congelado foi mantido no "freezer", em solução fisiológica, o grupo Hidratado foi armazenado em solução fisiológica em geladeira e o grupo Desidratado foi mantido seco. Foram realizados preparos tipo "slots" verticais: ocluso-mesial e ocluso-distal. Nos preparos ocluso-mesiais, utilizou-se o adesivo Scotchbond Multi-Uso e nos ocluso-distais o Prime & Bond 2.1, sendo todos restaurados com resina composta Solitaire. Após termociclagem, foram imersos em corante e os valores de microinfiltração mensurados através de sistema de imagens digitalizadas e submetidos à análise de variância. Os resultados demonstraram que o modo de armazenamento não apresentou influência estatisticamente significante na microinfiltração das restaurações. A microinfiltração na parede cervical foi significantemente maior que na parede axial, com segurança de 99,9%. Os adesivos utilizados não apresentaram influência significante na microinfiltração, nas diferentes formas de armazenamento estudadas. Porém, houve diferença estatisticamente significante nas amostras do grupo Desidratado, com o adesivo Prime & Bond 2.1, considerando as margens da restauração (axial e cervical).

UNITERMOS: Dente decíduo; Infiltração dentária.

INTRODUÇÃO

Com o aprimoramento dos trabalhos laboratoriais que visam simular condições bucais, inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas utilizando-se dentes naturais em testes com materiais odontológicos. No caso específico da Odontopediatria, os dentes decíduos esfoliados têm sido utilizados tanto para testes de laboratório como para trabalhos clínicos em restaurações biológicas.

As pesquisas realizadas para avaliação da microinfiltração in vitro tentam simular as condições in vivo, não havendo todavia metodologia padronizada, totalmente definida, em relação a armazenagem1,2,5,10,15,23.

Sempre que se trabalha com dentes extraídos, é importante que estes sejam submetidos a métodos de desinfecção ou esterilização como autoclave, que é um método seguro19. Já para o armazenamento, diversas soluções são empregadas, e a mais comumente usada é a solução fisiológica, acrescida de agentes antibacterianos8 ou na forma pura1,8.

Apesar de o tempo de armazenamento ser considerado uma variável importante por muitos autores, tendo apresentado influência significante nos estudos de STRAWAN et al.22 (1996) e GOODIS et al.13 (1991), não demonstrou significância na maioria dos trabalhos pesquisados10,17,18, não tendo sido portanto objetivo do nosso estudo avaliar essa variável.

O meio de armazenamento de dentes extraídos, entretanto, pode provocar alterações químicas e ópticas na superfície dentinária21, afetar a resistência adesiva8, influenciar a permeabilidade da dentina13 e influenciar a própria microinfiltração1,2,15.

Para outros autores, a forma de armazenamento de dentes não afetou a resistência adesiva17, nem a permeabilidade dentinária6,18.

Diversos estudos têm sido realizados avaliando-se a eficiência dos sistemas adesivos associados a resinas compostas11,20, destacando-se a qualidade da camada híbrida3. Embora muito se tenha conseguido em termos de eficiência, os problemas relativos à microinfiltração ainda não foram totalmente superados, principalmente nas margens cervicais12,22.

Diante do exposto, este estudo propõe-se a avaliar, in vitro, a influência do modo de armazenamento e de dois tipos de adesivos dentinários sobre a microinfiltração marginal nas paredes axiais e cervicais de molares decíduos, quando restaurados com resina composta.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados vinte e quatro segundos molares decíduos, hígidos, extraídos em época de esfoliação, que foram divididos aleatoriamente em três grupos de oito e classificados de acordo com o modo de armazenamento em: Congelado, Hidratado e Desidratado.

Os dentes foram lavados em água corrente, com escova de "nylon", para remoção dos tecidos aderidos. Logo após, foram esterilizados em autoclave19 por 20 minutos, a 121ºC. Aqueles pertencentes ao grupo Congelado foram imersos em soro fisiológico a 0,9%, sem o uso de qualquer solução antibacteriana, num frasco plástico tampado e colocados no "freezer"5 no máximo por 30 dias, tendo sido colocados em refrigerador 24 horas antes do início do trabalho, para descongelamento. Os dentes pertencentes ao grupo Hidratado foram colocados na mesma solução, em recipiente de vidro tampado e mantidos no refrigerador1, no máximo por 30 dias, antes do trabalho de laboratório, sendo essa solução trocada a cada vinte e quatro horas. Os dentes do grupo Desidratado foram mantidos secos, em recipientes plásticos abertos, à temperatura ambiente, no máximo por 30 dias antes do início do trabalho. Uma hora antes de receber o preparo cavitário, foram hidratados em água destilada.

Foram preparadas cavidades de classe II, do tipo "slot" vertical, ocluso-mesial e ocluso-distal, em alta rotação, com brocas "carbide" número 245, trocadas a cada três preparos, para que fosse possível manter a uniformidade em todas elas. As medidas dos preparos ficaram em torno de 3 mm de largura, por 3 mm de altura e 2 mm de profundidade, conferidas com um compasso de ponta seca, com o objetivo de preservar as devidas proporções, de acordo com a metodologia de MIRANDA Jr.17 (1992); TERUYA23 (1994); IMPARATO16 (1996) e BUSSADORI4 (1997). Os ângulos internos do preparo foram arredondados e os ângulos cavossuperficiais ficaram localizados em esmalte, inclusive os da parede cervical. Não foi realizado o bisel cavossuperficial em esmalte. Todas as cavidades foram restauradas com resina composta Solitaire, porém nas cavidades ocluso-mesiais, foi utilizado o adesivo Scotchbond Multi-Uso e, nas cavidades ocluso-distais, o adesivo Prime & Bond 2.1, de acordo com as recomendações do fabricante. Após acabamento e polimento, as amostras foram imersas em água destilada por 24 horas antes de serem submetidas à termociclagem, passando por 700 ciclos térmicos, com 30 segundos em cada banho, nas temperaturas de 5ºC a 55ºC, com intervalo de transferência de 6 segundos entre os banhos7,10.

As raízes remanescentes foram removidas com disco de carborundum e a base do dente foi recoberta com resina acrílica autopolimerizável, do tipo Ortoclas. A seguir, foram aplicadas duas camadas de esmalte cosmético, vermelho, pinceladas em toda a superfície dos dentes, exceto em uma faixa, localizada na face proximal, incluindo toda a restauração e ultrapassando em 2 mm a interface do dente e do material restaurador, para permitir o contato com o corante exclusivamente através dessa região.

Após impermeabilização, as amostras foram imersas em solução de nitrato de prata a 50%5, pH 6,7 e deixadas no escuro por duas horas. Logo após, foram lavadas em água corrente por um minuto e colocadas em água destilada, por mais um minuto, para remover as partículas de prata aderidas à superfície. Em seguida, foram mergulhadas no revelador fotográfico (Kodak), por um período de oito horas, sob luz fluorescente, com finalidade de precipitar as partículas de prata. Findo esse período, os dentes foram lavados com água destilada para remover o revelador e estocados em água destilada até serem cortados para posterior leitura23.

As amostras, num total de 24, foram primeiramente seccionadas no sentido vestíbulo-lingual, com disco de carborundum, resultando em 48 partes e incluídas em resina acrílica autopolimerizável, assim como suas respectivas identificações para receber um segundo corte agora no sentido mésio-distal, seccionando-se o centro da restauração com disco diamantado, obtendo-se 96 espécimes.

Os valores de microinfiltração foram mensurados através de sistema de imagens digitalizadas e foram avaliadas duas posições, a interface dente-restauração da parede axial e da parede cervical, perfazendo o total de 192 medidas submetidas à análise de variância.

RESULTADOS

Os dados iniciais foram computados com precisão de centésimos de milímetros, através de medições com o software Diracon III. A seguir, foram submetidos a análise de variância, utilizando-se o recurso "split-plot" e os resultados encontram-se dispostos na Tabela 1. Em relação ao modo de armazenamento, não houve diferença estatisticamente significante na microinfiltração das amostras, independentemente do material e da interface dente-restauração das paredes axiais e cervicais. Houve, porém, diferença estatisticamente significante, com segurança de 99,9% quando comparadas as medições na interface axial e cervical. Foram também estatisticamente significantes, com segurança de 95%, as interações dos fatores armazenamento, material e interface.

Na Tabela 2, encontram-se as médias em milímetros, correspondentes aos fatores armazenamento, material e interface. As médias resultantes do modo de armazenamento não apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Mesmo não apresentando diferenças estatisticamente significantes, as médias para os tipos de adesivo mostram diferença numérica sugestiva, comparando-se o Scotchbond Multi-Uso (0,41 mm) e o Prime & Bond 2.1 (0,29 mm), com maior microinfiltração para o primeiro. Houve, porém, diferenças significantes com segurança de 99,9% para o fator interface, quando comparadas as médias das interfaces axial (0,24 mm) com a cervical (0,46 mm), demonstrando maior infiltração nesta última.

Os valores das médias de microinfiltração dos fatores armazenamento x material x interface interagem-se na Tabela 3. Demonstram que não houve diferenças estatisticamente significantes, exceto para os valores entre as amostras do grupo Desidratado, quando restauradas com o adesivo Prime & Bond 2.1, nas interfaces dente-restauração das paredes axiais e cervicais.

DISCUSSÃO

Os resultados demonstraram que não houve diferença estatisticamente significante na microinfiltração, em relação ao modo de armazenamento, mesmo quando se variou o tipo de material, como demonstra a Tabela 1. Esse fato pode ter ocorrido pela associação de fatores, como a padronização da profundidade do preparo (aproximadamente 2 mm, sendo 1 mm em esmalte e 1 mm em dentina), confirmando o estudo de MITCHEM; GRONAS18 (1986) em que, além de o modo de armazenamento não ter influenciado significantemente os resultados, a maior resistência adesiva foi conseguida à distância de 2 mm da polpa. Da mesma forma, a pesquisa de OUTHWAITE et al.19 (1996) demonstrou que quanto menos se aprofunda na dentina, menor é a permeabilidade dentinária e, conseqüentemente, melhor a adesão. Outro fator que pode ter contribuído para a uniformidade dos resultados pode ter sido a imersão simultânea de todas as amostras em água destilada por um período 24 horas, após o acabamento e polimento da restauração, o que promove absorção de água pela resina composta, expandindo a restauração e melhorando o selamento marginal, corroborando com os estudos de CRIM; GARCIA-GODOY10 em 1987. Além disso, como apenas um tipo de resina composta foi utilizado, toda a alteração dimensional sofrida pelo material foi uniforme e, mesmo os adesivos sendo de marcas comerciais diferentes, as alterações referentes a eles foram mínimas, uma vez que têm eficiência comprovada pela maioria das pesquisas. Nos estudos de COOLEY; DODGE9 (1989), o período e o meio de armazenamento não influenciaram significantemente os resultados quando três sistemas adesivos foram testados. Portanto, para esses autores, parece que o prazo de validade e a estabilidade dos materiais são mais importantes do que o meio ou o período de armazenamento.

Embora as médias de microinfiltração correspondentes ao modo de armazenamento e material não tenham apresentado diferenças significantes (Tabela 2), os valores numéricos sugerem que as amostras do grupo Desidratado permitiram maior infiltração que as do grupo Hidratado, e que as amostras do grupo Congelado apresentaram desempenho melhor do que os outros dois grupos. Resultados semelhantes também foram obtidos por ARAÚJO et al.1 (1998), com o maior grau de infiltração para os dentes desidratados e o menor para os dentes congelados, confirmando os resultados obtidos por CAMPS et al.5 (1996) e BRÄNNSTRÖN et al.2 (1992), que também encontraram microinfiltração significantemente menor em dentes congelados. Isso pode ser atribuído ao fato de que os adesivos reagem também com a parte orgânica da dentina e talvez essa parte orgânica possa ser conservada em melhores condições por meio do congelamento. Além disso, as amostras do grupo Hidratado foram armazenadas em soro fisiológico, pois apesar de ser essa solução muito utilizada em pesquisas de materiais odontológicos, seu emprego tem sofrido algumas restrições, pela interferência sobre a permeabilidade dentinária13.

A Tabela 2 mostra também que, mesmo não apresentando diferença estatisticamente significante, as médias relativas ao material apresentam diferença numérica sugestiva de maior microinfiltração para o Scotchbond Multi-Uso (0,41 mm) em comparação ao Prime & Bond 2.1 (0,29 mm). Talvez esse resultado confirme o raciocínio de BURROW et al.3 (1994), que destacam a importância da qualidade da camada híbrida na resistência adesiva. Aliado a esse fato, o sistema monocomponente Prime & Bond 2.1 demonstrou bons resultados nos estudos de FINGER; FRITZ11 (1996); SETTEMBRINI et al.21 (1997). As médias correspondentes à microinfiltração nas interfaces das paredes axiais e cervicais apresentaram diferenças significantes, com segurança de 99,9% (Tabela 2). Esses resultados foram ratificados por FUTATSUKI; NAKATA12 (1994) quando demonstraram que a microinfiltração não é uniforme nas margens das restaurações e que a maior infiltração ocorre nas margens proximais, provavelmente pela menor espessura do esmalte nessa área da cavidade.

Os valores das médias de microinfiltração da interação dos fatores (armazenamento x material x interface), representados na Tabela 3, mostram que não houve diferença estatisticamente significante, exceto para os valores das amostras do grupo Desidratado, com o adesivo Prime & Bond 2.1, quando se consideram as interfaces das paredes axiais e cervicais. Pode-se observar que houve um comportamento heterogêneo para as médias relativas a esse grupo, com o mesmo adesivo nas paredes cervicais e axiais. O menor valor numérico para as médias de microinfiltração foi para as amostras do grupo Desidratado, com o adesivo Prime & Bond 2.1, nas interfaces das paredes axiais das restaurações e o maior valor numérico de microinfiltração foi para as médias das amostras do mesmo grupo, com o mesmo material, porém nas margens cervicais, razão para a diferença ser significante. Em nossa opinião, isso pode ter ocorrido por alterações na permeabilidade dentinária, talvez em decorrência do pouco tempo de hidratação das amostras (1 hora), já que nos estudos de ARAÚJO et al.1 (1998) os dentes foram reidratados por uma semana. Pode também haver associação com problemas existentes no esmalte das margens cervicais12,22, porém, essas observações necessitam de maiores estudos para sua confirmação.

Dessa forma, apesar de muitas pesquisas demonstrarem a influência do modo de armazenamento em seus resultados1,2,13,15,21, neste estudo, tal influência não foi significante, corroborando com os resultados de outros autores3,6,10,17,18. Acreditamos que os fatores inerentes aos materiais utilizados e a tentativa de padronização na metodologia do experimento podem ter sido mais relevantes do que a forma em que os dentes foram conservados. Mais estudos, porém, são necessários para a confirmação real de tais resultados.

CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos, é possível afirmar que:

  • os modos de armazenamento Congelado, Hidratado e Desidratado não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre si;

  • a microinfiltração na parede cervical foi estatisticamente maior que na parede axial;

  • os tipos de adesivos não mostraram diferenças estatisticamente significantes nos três modos de armazenamento; houve porém diferenças estatisticamente significantes apenas nas amostras do grupo Desidratado, com o adesivo Prime & Bond 2.1, quando consideradas as margens, com maior infiltração na cervical.

GHERSEL, E. L. de A.; GUEDES-PINTO, A. C.; CIAMPONI, A. L. Influence of the method of storage on the microleakage of primary teeth restored with different bonding systems: in vitro study. Pesqui Odontol Bras, v. 15, n. 1, p. 29-34, jan./mar. 2001.

The influence of the method of storage of teeth and the effect of two kinds of dentin-bonding agents on the microleakage at the axial and cervical walls of composite restorations, in primary second molars, were evaluated. The samples were divided in three groups: Dehydrated, Hydrated and Frozen. The Dehydrated group was kept dry, the Hydrated group was stored in physiological saline solution under refrigeration, and the Frozen group was kept in the freezer, also immersed in physiological solution. The samples received two vertical slot preparations: a mesio-occlusal and a disto-occlusal one. In the mesio-occlusal cavities, Scotchbond Multi-Use adhesive system was used, whereas in the disto-occlusal cavities Prime & Bond 2.1 system was used, and all cavities were filled with Solitaire composite resin. The groups were then thermocycled and immersed in silver nitrate solution. Microleakage was measured by means of a digitized image system and the values were submitted to statistical analysis. The results showed that the method of storage had no statistically significant influence on marginal microleakage. Microleakage at the cervical wall was significantly greater than that at the axial wall, with 99,9% of certainty. The adhesive systems did not show significant influence on microleakage, in the studied methods of storage. However, there was statistical difference in the Dehydrated group samples, with the use of Prime & Bond 2.1 adhesive, when considering the margins of the restoration (axial and cervical).

UNITERMS: Tooth, deciduous; Dental leakage.

Recebido para publicação em 10/12/1999

Enviado para reformulação em 26/06/2000

Aceito para publicação em 05/12/2000

** Professor Titular; *** Professora – Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da USP.

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  • *
    Professora da Disciplina de Odontopediatria da UFMS.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Abr 2001
    • Data do Fascículo
      Mar 2001

    Histórico

    • Revisado
      26 Jun 2000
    • Recebido
      10 Dez 1999
    • Aceito
      05 Dez 2000
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