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Editorial

Editorial

A revista Per Musi, qualificada com o QUALIS A1 na CAPES e indexada na base SciELO, completa 15 anos de existência com este volume. A repercussão entre autores e leitores dos números anteriores 22 e 23, dedicados aos estudos em música popular, motivou mais uma chamada sobre este tema, que parece ser o que mais tem atraído a atenção de pesquisadores na história recente da pesquisa em música no Brasil. Devido ao grande número de submissões, os artigos aprovados foram divididos em três volumes - 28, 29 e 30 - que trazem um total de 46 artigos, 11 partituras e 6 resenhas. Este volume 30 dePer Musi traz 13 artigos, 6 partituras e 2 resenhas.

O francês Laurent Cugny, em tradução de Fabiano Araújo, propõe uma revisão histórica sobre a emergência do jazz modal, a partir da música Flèche d'Or (1952) de Django Reinhardt, anterior aos álbuns Milestones (1958) ou Kind of Blue (1959) de Miles Davis. Em outro artigo, a partir de gravações históricas, Laurent Cugny, também em tradução de Fabiano Araújo, faz uma análise do solo de Django Reinhardt na música Flèche d'Or, revelando seu pioneirismo, juntamente com seu grupo, na linguagem do "jazz modal", na originalidade da estrutura e harmonia e no caráter outside do fraseado. Revela também, um erro intrigante de acentuação e deslocamento rítmico do baterista Pierre Lemarchan. A partitura de Flèche d'Or de Django Reinhardt, em transcrição de Laurent Cugny, é apresentada em seguida.

Fausto Borém e Wilson Lopes se debruçam sobre o momento histórico no ano de 1964 em que o então cantor e instrumentista Milton Nascimento e o letrista Márcio Borges inauguram seu período composicional e lançam as bases do movimento Clube da Esquina. A partir da fala dos dois parceiros musicais e da gravação da música Novena, o perfil eclético e de grande unidade composicional da dupla são traçados, observados em elementos melódicos, harmônicos e na relação texto-música da canção. Em seguida, a partitura de Novena de Milton Nascimento e Márcio Borges, em transcrição e edição de Wilson Lopes, é apresentada.

A partir do revolucionário disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts ClubBand dos Beatles, a norte-americana Sarah A. Etlinger, em tradução de Fausto Borém, busca expandir a discussão sobre a capa do álbum sob três perspectivas da comunicação de massa: pop art, fotomontagem e história do design.

A argentina Mara Favoretto e o norte-americano Timothy Wilson analisam o discurso do "ser nacional" promovido pela ditadura argentina e idealizado nos antigos valores da tradição hispânica e no machismo frente à oposição realizada nas letras das canções da banda de rock La Máquina de Hacer Pájaros de Charly García, nas quais as mulheres independentes do século XX são protagonistas.

Na confluência entre música popular, antropologia e estudos de gênero, Rafael da Silva Noleto elabora uma reflexão sobre como a cantora Gal Costa desenvolveu um discurso performático no contexto do movimento tropicalista, construindo uma performance e uma imagem pública em que se integram música, erotismo e sexualidade.

A partir da trajetória de Toninho Horta na década de 1970 e do seu álbum de estreia Terra dos Pássaros,Thaís Lima Nicodemo e Rafael dos Santosbuscam compreender transformações da canção popular brasileira que envolveram o regime político autoritário e a consolidação da indústria cultural naquele período.

No mesmo contexto histórico,Maria Beatriz Cyrino Moreira e Rafael dos Santosdiscutem os três discos da banda mineira Som Imaginário, criada para acompanhar Milton Nascimento, e as implicações do nacional e do estrangeiro em relação à contracultura, experimentação, e indústria fonográfica.

Alvimar Liberato NuneseFausto Borém contextualizam e apresentam as práticas composicionais e de performance de Raphael Rabello, nas suas versões de arranjo e improviso para violão, do choro Odeon de Ernesto Nazareth. Em seguida, as transcrições em partitura do arranjo e do improviso de Raphael Rabello sobre Odeon de Ernesto Nazareth, realizadas por Alvimar Liberato Nunes e Fausto Borém, são apresentadas.

Outro arranjo de Odeon, desta vez concebido para guitarra por Olmir (Alemão) Stocker, é analisado por Eduardo de Lima Visconti, que mostra um hibridismo que contribui para a linguagem do choro. Esse arranjo de Olmir (Alemão) Stocker para o Odeon de Ernesto Nazareth, em transcrição de Rodrigo Vicente, é apresentado em seguida.

Everson Ribeiro Bastos e Adriana Fernandes apresentam o singular hibridismo de Edu Lobo, que combina música nordestina, bossa nova e música erudita, buscando as matrizes desta mistura na canção Memórias de Marta Saré. Em seguida, a partitura da grade completa com instrumentos e vozes de Memórias de Marta Saré de Edu Lobo, em transcrição e edição de Everson Ribeiro Bastos, é apresentada.

Marcelo Segreto discute as relações dos procedimentos melódicos e harmônicos não tonais, da rítmica irregular e dos efeitos de gravação de Caetano Veloso com a letra da canção Jóia, gravada no LP de mesmo nome em 1975.

Recorrendo ao conceito de intertextualidade, Álvaro Neder argumenta que a até então inédita pluralidade de gêneros musicais surgida com a MPB dos anos 1960 está relacionada à busca de participação na vida pública do país por parte de múltiplos e diversificados setores da população.

Na Seção de Resenhas - Pega na Chaleira, a argentina Mara Favorettoapresenta os 52 ensaios que fazem parte de Rock en papel: bibliografía crítica de la producción académica sobre el rock en Argentina, livro organizado por Miguel A. García.

Fausto Borém apresenta o capítulo do livro The Lives of John Lennon de Albert Goldman que trata dos bastidores do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts ClubBand dos Beatles.

Finalmente, Informamos que Per Musi está disponível gratuitamente nos sites www.scielo.com.br ewww.musica.ufmg.br/permusi. A partir do nº 31, Per Musi será apenas online. Entretanto, diversos números da versão impressa, que vai do nº1 ao nº30, podem ser adquiridos através do e-mail mestrado@ufmg.br oufborem@ufmg.br.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jun 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2014
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