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EDITORIAL

Belmira Oliveira Bueno

A publicação deste fascículo de EDUCAÇÃO E PESQUISA marca seu primeiro qüinqüênio. Com ele, encerro minha gestão como editora responsável pela revista e como presidente da Comissão de Publicações da FEUSP. Gostaria, por essa razão, de me valer deste editorial para rever alguns momentos e aspectos do trabalho realizado nesse período.

De início, devo dizer que foram cinco anos de atividades muito intensas, desafiadoras e estimulantes, que tive a oportunidade de realizar especialmente em companhia de Marília Pinto de Carvalho e Julio Groppa Aquino. Com eles pude dividir, durante os três primeiros anos e meio de gestão, todas as tarefas e tomadas de decisão, sobretudo as referentes à editoração de EDUCAÇÃO E PESQUISA. Compartilhamos tensões e angústias, mas também muita alegria e satisfação. Não há como deixar de lhes externar minha gratidão, sobretudo pela relação de confiança, compromisso e solidariedade que entre nós se estabeleceu.

Lina Flexa, bibliotecária da FEUSP, deu-nos também suporte técnico e estímulo pessoal constantes, tanto no início como agora, com seu grande entusiasmo pela revista. Rosângela Borges de Oliveira, secretária da Comissão, foi igualmente fundamental, por ter abraçado a causa de EDUCAÇÃO E PESQUISA, dedicando-se às tarefas e aperfeiçoando-se a cada passo.

No início de 2002, fomos reconduzidos à Comissão pela nova diretora da FEUSP, Professora Selma Garrido Pimenta, que enfatizou a importância de se garantir a continuidade do trabalho até então desenvolvido. Com essa mesma preocupação, mas também pensando em médio prazo, propusemos que a Comissão fosse ampliada, de modo que seus membros pudessem ser substituídos sob a forma de rodízio e a experiência acumulada não se perdesse. Foi quando, então, vieram juntar-se a nós, primeiramente, Marta Kohl de Oliveira e, depois, Lúcia Bruno e Maria Isabel de Almeida, com quem passamos a dividir tarefas e compartilhar aprendizados, para melhor perceber que sem esse espírito de colaboração dificilmente poderíamos sustentar um projeto de revista científica em uma universidade pública.

Em outubro de 1998, quando assumimos a Comissão de Publicações, por designação da Professora Myriam Krasilchik, então diretora da Faculdade de Educação, tínhamos como meta principal reestruturar a antiga Revista da Faculdade de Educação, que circulava desde 1975. Considerávamos da maior importância que a Faculdade de Educação da USP, como instituição de pesquisa, tivesse sob sua responsabilidade a publicação de um periódico à altura do lugar que ela ocupa, tanto no contexto nacional como no internacional. Propusemo-nos, por isso, não apenas a atualizar a periodicidade da revista, mas a reestruturá-la por completo, de modo a melhor ajustá-la aos padrões vigentes dos periódicos científicos. A proposta elaborada pela Comissão tomou a forma de um projeto submetido à Congregação da FEUSP e aprovado no início de 1999.

Na seqüência das iniciativas tomadas, enquanto publicávamos os dois últimos fascículos da Revista da Faculdade de Educação, buscamos elaborar um novo projeto gráfico para a revista, além de tomar outras providências necessárias à passagem da antiga para a nova fase, tal como a composição de um novo conselho editorial. Procuramos, também, dar ampla divulgação da revista junto à comunidade acadêmica e empreender todos os esforços possíveis para a captação de recursos.

De início, um apoio financeiro fundamental foi concedido pelo Programa de Pós-Graduação da FEUSP, sem cujos recursos teria sido muito difícil vencer com agilidade o atraso em que a revista se encontrava. Em seguida, e até o presente, verbas regulares têm sido concedidas pelo CNPq e pela Comissão de Credenciamento e Apoio aos Periódicos Científicos da USP. Contamos em 2001, excepcionalmente, com o apoio da Fapesp. É importante também dizer que, à medida que a revista atualizou-se, as assinaturas cresceram em número e passaram a se constituir em mais uma fonte de recursos.

Antes disso, entretanto, a situação foi muito desafiadora. As dificuldades iniciais começaram a ser superadas de modo mais sensível apenas com a publicação, em julho de 2000, do primeiro número da revista em sua nova fase (v. 25, n.01, 1999). Mas foi em dezembro de 2001 que pudemos realmente comemorar nosso êxito, quando o volume 27, n.02 foi pontualmente publicado, sendo que a revista já contava, nessa época, com várias indexações nacionais e internacionais. Graças a essas conquistas foi possível obter uma reavaliação de EDUCAÇÃO E PESQUISA no projeto SciELO (Scientific Electronic Library Online) e, mais importante, garantir sua permanência nessa expressiva biblioteca eletrônica.

No plano da política editorial, devo ressaltar a avaliação por pares, processo que buscamos colocar em prática a todo custo, por considerá-lo um dos pilares fundamentais na produção de um periódico científico; entre outras razões, pelo fato de assegurar maior isenção no processo de seleção dos artigos e, com isso, auferir maior credibilidade à revista. Seus limites e dificuldades foram também sentidos de perto e enfrentados com coragem, como desafios para a melhoria de nossos critérios e procedimentos de avaliação. Nesse processo, é desnecessário falar da importância dos pareceristas que se dispuseram generosamente a colaborar com a revista. Nunca será demais reiterar sobre o significado desse apoio imprescindível ao trabalho de editoração científica. Lamentamos apenas que nossa única forma de retribuição seja por meio da publicação, a cada dois anos, de uma lista com seus nomes, com o intuito de garantir o anonimato.

Preocupamo-nos ainda com que EDUCAÇÃO E PESQUISA fizesse jus a seu título. Por isso, priorizamos a publicação de textos inéditos, sobretudo os que tinham por base resultados de pesquisa, empírica ou teórica, e aqueles que, por seu caráter inovador, podiam contribuir para o debate científico. Nossa perspectiva tem sido a de contemplar artigos que, no seu conjunto, possam espelhar a complexidade da área da educação, bem como estimular a formação de uma visão pluralista, rigorosa e, ao mesmo tempo, sensível aos apelos dos novos tempos, às suas polêmicas e aos posicionamentos que permeiam o pensamento acadêmico contemporâneo, estejam eles enraizados em nosso país ou alhures.

Acreditamos que, em boa medida, conseguimos atingir esses objetivos, ainda que tenhamos claro que o trabalho de editar periódicos científicos é, por natureza, uma tarefa sempre inconclusa. Os retornos que temos recebido continuamente acusam que a recepção de EDUCAÇÃO E PESQUISA pelo seu público leitor, tanto no Brasil como no exterior, vem se dando de forma inequivocamente positiva. E isso muito nos honra e alegra.

Para finalizar, quero chamar a atenção para os temas e contribuições do presente fascículo. Entre os artigos iniciais, vinculados a diferentes áreas de conhecimento, há três importantes contribuições: o texto de Edival Teixeira, versando sobre aproximações entre o pensamento de Wallon e Vigotsky; o artigo de Mônica Herrero e Genoveva Sastre, da Espanha, com uma análise de modelos organizadores elaborados em situações de conflitos interpessoais; e o trabalho de Ramon de Oliveira, que analisa o papel do empresariado industrial brasileiro na educação profissional.

A seção EM FOCO traz, por sua vez, um conjunto de seis artigos, também originais, que examinam, sob diferentes olhares, uma das temáticas mais candentes dos tempos atuais. Qual seja, a das relações entre educação e tecnologias. Em sua organização, contamos com a colaboração e o trabalho competente de Vani Kenski, a quem queremos dirigir nossos maiores agradecimentos. Remetemos o leitor para sua Apresentação, que oferece visão crítica sobre a problemática dessa área, especialmente no Brasil, tecendo reflexões que introduzem e articulam os artigos entre si.

As duas últimas seções trazem, igualmente, contribuições relevantes.

A primeira delas é o texto de uma conferência do Professor Celso Beisiegel, em que ele focaliza as origens das orientações da pesquisa na Faculdade de Educação da USP, desde os tempos do Instituto de Educação e da Escola Normal Secundária da praça da República. Foi preparada, segundo o Professor, ''a partir da convicção de que a identidade construída na história de uma instituição é importante na formação intelectual e moral de seus servidores''.

A última seção é uma homenagem ao saudoso colega Fernando Cláudio Prestes Motta, recentemente falecido. Por reconhecer a contribuição de seus trabalhos, EDUCAÇÃO E PESQUISA republica um texto de sua autoria, originalmente publicado em 1984 na antiga Revista da Faculdade de Educação. A seleção e a Apresentação são de Afrânio Mendes Catani, Doris Accioly e Silva e Lúcia Bruno, a quem agradecemos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Mar 2004
  • Data do Fascículo
    Dez 2003
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