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Tradução cultural em educação: experiências da diferença em escritas de surdos

Resumos

Este artigo apresenta uma investigação sobre narrativas de autoria surda destinadas ao público juvenil e adulto, as quais circulam no Brasil através de livros escritos em português. Considerando a pesquisa em dez livros (MÜLLER, 2012), de diferentes gêneros textuais, que se aproximam pela constituição do espaço biográfico, objetiva-se desenvolver uma análise discursiva e documental, buscando responder como e que marcas culturais surdas são produzidas pelos autores em suas narrativas. A investigação do material empírico, que tematiza as dificuldades vivenciadas, também expressas através da escrita, possibilita evidenciar as principais marcas culturais surdas: a narrativa da experiência de si e a identidade surda como uma diferença. Cabe salientar que narrar-se em uma segunda língua, neste caso, em português, por surdos usuários de Língua Brasileira de Sinais (Libras), possibilita traduzir-se em outras culturas, legitimando o discurso surdo e potencializando a sua cultura através da visibilidade e da difusão cultural possibilitada por essas obras. Os livros, aqui também entendidos como artefatos culturais, constituem-se recurso em um território de reivindicações e de negociações político-pedagógicas. Vinculado aos Estudos Culturais em Educação e aos Estudos Surdos, este trabalho dá continuidade a e consolida pesquisas sobre cultura surda e educação; também problematiza relações de poder envolvidas na construção de significados, sobretudo no campo da educação, aqui entendida como um processo de condução da vida social e individual dos sujeitos. Esta investigação integra as pesquisas desenvolvidas no projeto Produção, Circulação e Consumo da Cultura Surda Brasileira.

Narrativas surdas; Cultura surda; Estudos Surdos; Estudos Culturais em Educação


This article presents an investigation of narratives by deaf authors intended to an audience of young people and adults, which circulate in Brazil through books written in Portuguese. Considering the study of ten books (MÜLLER, 2012) of different genres, which have in common the constitution of a biographical space, our aim is to develop a discursive and documental analysis, in order to answer how and what cultural deaf marks are produced by these authors in their narratives. The investigation of the empirical material, which deals with difficulties experienced which are also expressed in writing, allows making evident the main deaf cultural marks: the narrative of experience of the self, and deaf identity as difference. It is worth stressing that narrating in a second language, in this case, Portuguese, used by deaf users of Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS - Brazilian Sign Language), allows translating the narratives into other cultures, legitimating the deaf discourse and increasing the potential of the deaf culture through the visibility and cultural diffusion allowed by these works. The books, here understood also as cultural artifacts, are a resource in a territory of political-pedagogical claims and negotiations. In connection with Cultural Studies in Education and with Deaf Studies, the present work continues and consolidates studies in deaf culture and education; it also problematizes power relations involved in the construction of meanings, particularly in the field of education, here understood as a process of conduction of subjects’ social and individual life. This investigation is part of the studies conducted within the project Produção, Circulação e Consumo da Cultura Surda Brasileira Production, Circulation, and Consumption of Brazilan Deaf Culture.

Deaf narratives; Deaf culture; Deaf studies; Cultural Studies in Education


A palavra dita pode se perder para sempre, mas a que registramos de maneira escrita, impressa, tende a se perpetuar. [...] Por isso, meus sentimentos, postos na folha de papel, relatam tudo o que sinto. Palavras impressas, muitas delas foram vividas, testadas no dia a dia desta escritora que agora busca imortalizar seus momentos únicos e especiais. (OLIVEIRA, 2005)

(...) é uma verdadeira lição de vida para todos nós, pois estas páginas são um hino ao amor, são a manifestação mais pura da simplicidade, da luta pela realização dos sonhos, dos sentimentos mais sinceros que, agora, nos seus escritos, divulgados, a imortalizarão. (POSSÍDIO, 2005)

Os textos impressos neste livro de estreia conseguem transpor para o papel emoções, sentimentos, sonhos. A vontade de os surdos serem aceitos como cidadãos, de participar de uma sociedade com oportunidades iguais, de compartilhar de um mundo sem diferenças, de um mundo que precisa despertar do silêncio.

(VILHALVA et al., 2003)

Resiste ao tempo, expressa na meiguice do olhar, na serenidade da face, no carinho dos gestos.

“A verdadeira beleza” é imortal. É ler e constatar. (VIDAL, 2009)

Esses excertos, que compõem os paratextos de obras escritas por surdos, evidenciam o desejo comum dos autores de narrarem, de forma escrita, a sua história de vida, transmitindo emoções, sentimentos, sonhos, vivências. Ao reviverem momentos únicos e especiais, experiências são contadas, sendo possível imortalizá-las através do texto impresso. Os autores, ao narrarem sua diferença na experiência surda de ser, traduzem sua cultura através de uma segunda língua (a portuguesa, na modalidade escrita), assim como dialogam com os leitores das obras acerca de suas vontades, convidando-os para a leitura.

Na obra de Strnadová (2000, p. 12), por exemplo, a autora surda evidencia a intenção de dialogar com outras culturas, de modo que afirma: o “único motivo para escrever este pequeno livro foi o desejo de ajudar as pessoas ouvintes a imaginar a vida e os sentimentos de uma pessoa que vive num mundo sem os sons”. De forma semelhante, ao manifestar a importância do conteúdo escrito como forma de registro, para expressar que a língua de sinais é a sua primeira língua, aquela que permite sua comunicação, a autora surda Emmanuelle Laborit diz que nada deve ser recusado aos surdos, que todas as linguagens podem ser utilizadas, a fim de se ter acesso à vida. Ela acrescenta, ainda, que seu livro

[...] é um presente da vida. Vai me permitir dizer aquilo que sempre silenciei, tanto aos surdos como aos ouvintes. É uma mensagem, um engajamento no combate relacionado com a linguagem de sinais, que separa ainda muitas pessoas. Utilizo a língua dos ouvintes, minha segunda língua, para expressar minha certeza absoluta de que a língua de sinais é nossa primeira língua, a nossa, aquela que nos permite sermos seres humanos “comunicadores”. (LABORIT, 1994, p. 9)

Ao trazermos à tona os textos produzidos por surdos e que circulam em português escrito, é possível analisar produções que emergem principalmente do movimento das mãos, das expressões faciais e corporais, das diferenças linguísticas e culturais surdas. Entendemos que o surdo brasileiro utiliza o português como uma segunda língua; portanto, a cultura do reconhecimento é importante para a minoria linguística, que traduz e afirma suas tradições culturais e históricas, dando visibilidade à cultura e às comunidades surdas através desses registros escritos em português. Em outras palavras, as escritas em língua portuguesa, que constituem a literatura surda, transcendem as comunidades surdas, de modo que circulam e são consumidas também por outros grupos culturais. Nesse atravessamento de fronteiras, numa espécie de passagem ou imersão em outras culturas, por meio da escrita, os surdos estão tensionando poderes e legitimando seu discurso em territórios contestados de significação.

Além disso, como artefatos culturais, as obras de autoria surda oportunizam a socialização de subjetividades e de experiências, possibilitando que outros surdos, através da leitura, constituam sua identidade surda no contato com outros jeitos surdos de ser e de estar no mundo. Afinal, é através de processos de subjetivação, sobretudo no campo da educação – e não apenas na escola –, que os sujeitos são conduzidos para o interior de uma cultura (neste caso, da cultura surda): “Quer dizer, somos também educados por imagens, filmes, textos escritos, pela propaganda, pelas charges, pelos jornais e pela televisão, seja onde for que estes artefatos se exponham” (COSTA, 2005COSTA, Marisa V. Estudos culturais e educação – um panorama. In: SILVEIRA, Rosa Maria Hessel (Org.). Cultura, poder e educação: um debate sobre os estudos culturais em educação. Canoas: ULBRA, 2005., p. 116). Assim, a educação é compreendida como processo através do qual a sociedade incute normas, padrões e valores – em resumo, a “cultura” — na geração seguinte, na esperança e expectativa de que, dessa forma, guiará, canalizará, influenciará e moldará as ações e as crenças das gerações futuras (HALL,1997a).

Tendo em vista essas aproximações entre cultura e educação, este texto dialoga com dados discutidos na dissertação de mestrado de Müller (2012), com o objetivo de investigar as principais marcas culturais de dez livros de autoria surda destinados ao público juvenil e adulto e que circulam em português escrito no Brasil. Vinculado aos Estudos Culturais em Educação e aos Estudos Surdos, tal estudo dá continuidade a e consolida pesquisas sobre cultura surda1 1 - A expressão cultura surda é entendida no plural, ou seja, como culturas surdas, visto que não é possível afirmarmos a existência de uma única cultura surda; as culturas hibridizam-se, são heterogêneas e móveis. , problematizando relações de poder envolvidas na construção de significados culturais. Esta investigação integra também as pesquisas desenvolvidas no projeto Produção, Circulação e Consumo da Cultura Surda Brasileira2 2 - O projeto foi desenvolvido de acordo com o Edital 07/2008: Capes/Min e Pró-cultura – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Ministério da Cultura (MinC) –, com o objetivo de mapear e investigar produções culturais surdas brasileiras: materiais editoriais (livros, DVDs, CDs...), vídeos que circulam na internet e trabalhos dos alunos do curso de Letras/Libras (ofertado pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC). .

Produções escritas por surdos

As obras de autoria surda aqui analisadas materializam-se em variados gêneros textuais (autobiografias, romances, crônicas e poemas), construídas através de processos de escrita em segunda língua (português), de tradução linguística e de escrita colaborativa. Precedendo o aprofundamento de nossas análises, prosseguimos com uma breve descrição das produções escritas por surdos, a qual é organizada no quadro 1, observando-se a ordem cronológica das publicações localizadas até o ano de 2012.

Quadro 1
: Produções escritas por surdos

De modo geral, nota-se a recorrência do testemunho de vida nas narrativas, nas quais emergem relatos da experiência de si, de modo que os autores, nas suas singularidades, assumem a identidade surda como uma diferença, como será aprofundado nas próximas seções deste texto. Nessa perspectiva, também entendemos as produções escritas por surdos como lugares potenciais na produção de significados, especialmente constituídos em relações de poder – a começar pela palavra concedida em uma obra que circula e é consumida no mercado editorial –, relações essas que funcionam como sistema de representação de conceitos, ideias e sentimentos (HALL, 1997b). Nesse sentido, é por meio da cultura que somos “ensinados” a pensar de alguns modos, e não de outros.

Não propomos analisar essas produções a partir de determinadas categorizações, nem enquadrá-las como literárias ou não-literárias. Por outro lado, são entendidas como “espaço biográfico” (ARFUCH, 2010ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: UERJ; 2010.), que abrange um terreno: em que as formas discursivo-genéricas clássicas se entrecruzam e hibridizam; em que o valor biográfico adquire um caráter de protagonista no traçado narrativo que dá coerência à própria vida; e em que o apelo a uma referencialidade estável como ponto de ancoragem é deslocada em relação às diversas estratégias de autorrepresentação. Essa ideia revela-se produtiva enquanto horizonte analítico, a fim de dar conta da multiplicidade, de um lugar de confluência e circulação, de semelhanças de família, proximidades e diferenças na intertextualidade que compõe essas narrativas surdas.

Cabe destacar que tem crescido o número de obras publicadas por surdos e que circulam no Brasil – principalmente por mulheres surdas –, aqui observando os resultados desta pesquisa. Se, na década de 1990, localizamos apenas uma obra de autoria surda, traduzida do francês para o português (LABORIT, 1993), as obras a partir do segundo milênio avançam quantitativamente, representando nove obras em dez anos, isto é, praticamente um livro lançado por ano. Por um lado, poderíamos considerar esses números ainda pouco representativos, tendo em vista toda a população surda brasileira e o fato de que a maioria das obras não foi reimpressa, ou seja, a circulação ainda se dá pela 1a edição; algumas delas até circulam com apoio financeiro (público e privado) de projetos sociais ou até com publicação caseira. Por outro lado, isso pode ser entendido como uma conquista de territórios culturais, além de um profícuo caminho para a abertura do mercado editorial diante das lutas e movimentos das comunidades surdas e do desenvolvimento de políticas públicas de incentivo à cultura.

A análise de dez livros, com extensão considerável, investigando “toda a trama discursiva” (texto escrito, imagens, prefácios, depoimentos, entre outros constituintes de significados), seria uma missão quase impossível neste texto. Aliás, outros olhares poderiam ser direcionados a essa materialidade empírica, em vista de outros objetivos e aproximações teóricas. Assim, neste trabalho, direcionamos nossas lentes investigativas para as principais marcas culturais surdas evidenciadas nas narrativas que compõem este corpus empírico. E prosseguimos discutindo uma dessas marcas: as narrativas da experiência de si.

Narrativas da experiência de si

Relatando fragmentos de sua vida, as narrativas surdas aqui analisadas: testemunham práticas cotidianas em família, na escola e em sociedade, aproximando-se dos relatos informais e de natureza utilitária (dar conselhos e orientar condutas, por exemplo); imprimem a marca e o estado de ser do narrador (seu corpo, sua história, sua cultura); bem como se caracterizam como formas de resistência e de possibilidade de se contar outra história acerca dos surdos, mostrando a capacidade de superarem as dificuldades da vida. Cabe acrescentar que o sentido dado ao que somos depende também das histórias que contamos e nas quais somos, ao mesmo tempo, o autor, o narrador e o personagem principal.

Ao se narrar a experiência de ser surdo em uma obra, essa experiência de si é também constituída durante o processo de escrita em língua portuguesa por surdos, em que se nota a subjetividade e uma intensa carga emocional. A subjetividade que os relatos põem em jogo, que é atestada pela admissão do eu, a insistência nas vidas reais e a autenticidade das histórias na voz de seus protagonistas na inscrição da palavra gráfica, é garantida pela veracidade do testemunho de vida. Além disso, a lógica informativa do “isso aconteceu”, aplicável aos registros aqui investigados, faz da vida – e, consequentemente, da própria experiência – um núcleo essencial de tematização.

A experiência de si, historicamente constituída como o que pode e deve ser pensado, está vinculada ao sujeito que oferece seu próprio ser para manter uma relação reflexiva consigo mesmo, de modo a se observar, decifrar, interpretar, descrever, julgar, narrar e dominar (LARROSA, 2002LARROSA, Jorge. Tecnologias do eu e a educação. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. O sujeito da educação: estudos foucaultianos. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.). Nesse sentido, concordando com Lopes (2010), as narrativas surdas instigam que o sujeito pense sobre si e tenha uma escrita de si, a qual permite que se olhe em sua singularidade dentro de um coletivo, com destaque ao coletivo surdo. Por isso, a produção de posições de sujeito surdo se dá através de um repertório dentro do qual a pessoa se narra e se constitui.

Considerando a potencialidade da linguagem para recordar, constituir e transformar o sujeito, na relação entre os fragmentos da vida e a possibilidade inventiva na escrita, as obras de autoria surda não apenas evidenciam o atravessamento das experiências de quem produz o texto, mas também são marcadas pela polifonia discursiva, ou seja, as narrativas são também construídas em relação às histórias que acessamos e que, de alguma maneira, dizem-nos respeito à medida que estamos compelidos a produzir nossa história em relação a elas. As histórias pessoais que nos constituem estão produzidas e mediadas no interior de práticas sociais mais ou menos institucionalizadas (LARROSA, 2002LARROSA, Jorge. Tecnologias do eu e a educação. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. O sujeito da educação: estudos foucaultianos. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.). É no interior das narrativas – como artefatos culturais e, portanto, reguladores de condutas individuais e sociais –, que se entrecruzam discursos que definem as verdades do sujeito.

Também observamos, nas obras aqui investigadas, que, quanto à constituição da matéria da narrativa, em qualquer gênero em que emerjam eventos “reais” ou ficcionais, eles são “contáveis” (SILVEIRA, 2005). Na relação entre fragmentos de vida e a possibilidade inventiva na ficção, os autores surdos buscam partilhar essa experiência de si com outros surdos e com familiares, amigos e profissionais da área da surdez que, por sua vez, geralmente são ouvintes. Além disso, o saber da experiência adquirido pelos autores no modo como respondem ao que vai acontecendo ao longo da vida, no sentido e no não-sentido que atribuem ao que lhes acontece, dada a sua capacidade de formação ou de transformação, estabelece uma mediação entre o conhecimento e a vida humana.

E assim se caracterizam as produções aqui analisadas, em que se percebe a passagem do tempo ao longo da vida. Nesse caso, observa--se o predomínio das narrativas autobiográficas, a exemplo das obras de Vanessa Vidal, Brenda Costa, Emanuelle Laborit, Olindina Coelho Possídio e Shirley Vilhalva. Também “se conta” em outros gêneros escolhidos pelos autores surdos, como romances, poemas e crônicas. No caso da obra de Vera Strnadová, a narração da experiência vivida é acompanhada de textos dissertativos, que expõem e argumentam acerca do “modo surdo de ser” na relação com os outros. É discursando sobre suas experiências da diferença surda que os sujeitos autores traduzem sua cultura a outros, interpelando e subjetivando seus leitores.

O relato da experiência vivida pode ser comumente observado nos textos de apresentação ou prefácios das obras, em que, de certa forma, busca-se sintetizar os conteúdos dos livros, compartilhando também os objetivos da publicação. Embora possam ser considerados discursos que não necessariamente emergem dos autores surdos, esses textos introdutórios sinalizam a inserção da obra em um domínio discursivo em que a intencionalidade do autor no processo de produção da obra fica evidente. E observamos isso inclusive na elaboração de textos que se aproximam do universo ficcional, como em romances, por exemplo, que não se desprendem totalmente de fatos vividos pelos autores.

Um exemplo dessa experiência vivida e narrada é observado na obra de Neves (2010), que é pesquisadora e está inserida em comunidades surdas. A autora cria um romance baseado em fatos vividos, trazendo suas memórias para o livro, especialmente na construção da personagem surda Paola. Em aproximadamente onze páginas, no capítulo “Memórias de infância: escola de surdos”, a protagonista descreve sua história em família e nas escolas, relacionando fragmentos da experiência de si para produzir a narrativa. A partir de fatos vivenciados, a autora também marca a diferença surda, evidenciando seu interesse em produzir um romance com aspectos da cultura surda, como é possível observar no excerto a seguir:

Durante a graduação em pedagogia, pesquisei a cultura surda e realizei o trabalho de conclusão de curso nesse tema. [...] Daí surgiu a ideia de escrever um romance com alguns aspectos da cultura surda, com personagens surdos, ouvintes e intérpretes de língua brasileira de sinais. [...] Os nomes dos personagens do romance são fictícios, mas a narrativa é baseada em fatos reais, e na voz dos personagens ressoa a de pessoas reais que inspiraram essa história. (NEVES, 2010, p. 5-6)

Nesse sentido, ainda considerando os paratextos das obras, em que se busca sintetizar os conteúdos dos livros e compartilhar objetivos de sua publicação, na obra de Badin (2001)BADIN, Celso. A juventude, o carnaval e o Rio de Janeiro. São Paulo: Áurea, 2001., percebemos o caráter instrucional da narrativa, que propõe “ensinar”, por meio da ficção ou da realidade, em prosa ou poesia, o caminho da persistência e da lealdade com a vida. E isso é construído em um romance com personagens adolescentes, em que o autor surdo apresenta-se como personagem surdo, o Pitty, que é criado a partir de vivências de quem produziu a obra, como evidenciamos no seguinte trecho:

No livro, eu me apresento como um personagem surdo: Pitty – com seus sofrimentos, suas tristezas, felicidades e alegrias. (BADIN, 2001, p. 13)

De forma semelhante, como já observado na epígrafe deste texto, a obra poética Meus sentimentos em folhas, em seu prefácio, é caracterizada como um “misto de alegrias e tristezas, amores e desilusões; como uma radiografia sincera e sentida de uma mulher que aprendeu de forma especial e rica a amar a vida e tudo o que faz parte dela” (OLIVEIRA, 2005, p. 1). A própria autora afirma que o seu livro veio mostrar a importância da capacidade de os surdos revelarem ao mundo seus sentimentos, expondo-os na folha de papel por meio da organização em poemas. Ou seja, a literatura em língua portuguesa torna-se recurso para a tradução cultural surda.

De fato, a narrativa da experiência de si torna-se evidente através da relação entre a experiência de ser surdo dos autores e a construção do texto, o que se dá no corpo do texto e nos paratextos. Percebemos, em geral, o desejo de o surdo contar sobre sua própria vida: os fatos marcantes, as dificuldades e as vitórias, que podem servir de exemplo a outro. E isso se processa inclusive nos romances, nas crônicas e nos poemas, que, embora geralmente marcados por processos mais complexos de criação e de uso de recursos linguísticos, sinalizam a experiência de quem escreve o livro, além de se posicionarem a respeito de e orientarem outras condutas a partir de convenções que circulam numa rede discursiva.

Assim, narrar-se para o outro pode ser entendido como um processo de assujeitamento, em que o narrador é chamado a confessar momentos de vida, sentimentos e desejos. Nessa rede de significados, o autor surdo se dá a conhecer, mas também é cerceado na sua expressividade, pois a circulação e o consumo de algumas narrativas também pressupõem uma ordem discursiva, inclusive em se tratando de regras e particularidades do mercado editorial; ou seja, o sujeito regula a si mesmo por meio da cultura, através de um regime de verdades que delimita o que pode ou convém ser dito, ou não, em um contexto discursivo.

Importa destacar que os livros aqui analisados possibilitam a constituição de significados que diferem de representações comumente atribuídas aos surdos, buscando, em movimentos políticos, outras formas de representação dos surdos e da surdez. O poder conferido aos autores surdos neste espaço privilegiado de constituição discursiva possibilita-lhes expressar-se, de modo que os autores vão explicando como as coisas são ou propondo como elas deveriam ser. Assim, narrar a experiência de si pode ser entendido como um ato de autoconhecimento, ou seja, um processo em meio a uma rede de representações, de traduções, de produção de novos sentidos, o qual é tecido a partir dos fragmentos de memória escolhidos pelos autores surdos.

Afinal, o que se narra tem implicações políticas e pedagógicas, visto que a narrativa é construída a partir do que o sujeito lembra ou seleciona para contar de sua vida, tendo em vista a maneira pela qual quer ser visto e entendido. A receptividade por parte de leitores das obras processa-se no circuito cultural, pois identidades e representações são constituídas quando sujeitos são interpelados pelas palavras. Nesse sentido, importa problematizar as posições identitárias surdas que circulam nas obras aqui analisadas, como discutiremos na seção a seguir, considerando que a identidade surda é marcada como uma diferença.

Identidade surda como diferença

A identidade integra a dinâmica pela qual os indivíduos e os grupos compreendem os elos, mesmo que imaginários, que os mantêm unidos; assim, compartilhar uma identidade é participar, com outros, de determinadas esferas da vida social (MOREIRA, 2005). Ao discutir a identidade surda, importa percebê-la em estreita relação de dependência com a diferença, isto é, identidade e diferença são inseparáveis, mutuamente determinadas, resultado de atos de criação linguística, ativamente produzidas (SILVA, 2009). Isso porque a afirmação sou surdo – evidenciada através de marcadores culturais e de um processo de interpelação e convocação a uma identidade surda (subjetivação) – implica também dizer que não sou ouvinte; portanto, sou diferente.

No espaço autobiográfico das obras aqui analisadas, a autoidentificação surda como diferença geralmente é feita já nas páginas iniciais das obras, quando as narrativas abordam a descoberta da surdez, relacionando-a ao silêncio, à condição de não ouvir e ao sofrimento pela falta de comunicação. Por vezes, é em um processo educacional escolar, com professores e colegas ouvintes, na relação com o diferente (que fala), que o surdo se identifica como surdo. Vinculada à condição de não ouvir e de não conversar usando a boca, como uma marca física, a diferença é inicialmente localizada no corpo a partir da comparação com o ouvinte, tomado como referente normal, como percebemos abaixo:

Olhei para meu corpo dos pés a cabeça, procurava olhar as pessoas também dos pés a cabeça e nada encontrei de diferente. Meus olhos fixaram de repente uma cena, onde um professor estava conversando com um aluno, eu parei, observei algo que sabia que comigo não acontecia, quando uma pessoa fala ela abre e fecha a boca e a outra fica de boca fechada e quando essa acabar de falar a outra abre a boca, que maravilha, mesmo assim queria saber por que comigo não acontecia isso. (VILHALVA, 2004, p. 17)

Observamos, nas obras analisadas, que os relatos autobiográficos priorizam as experiências da infância e adolescência, quando são descritas as decepções dos familiares ouvintes, as frequentes consultas a médicos e fonoaudiólogos, o início da escolarização em escolas regulares (de ouvintes) e os empreendimentos dos pais que buscam a normalização e o sucesso da criança surda. Também é recorrente a busca por justificativas para a surdez, numa tentativa de explicar a suposta anormalidade. Tais justificativas para a diferença surda geralmente vinculam-se a questões hereditárias ou espirituais, como observamos no quadro abaixo:

Quando meu pai descobriu que eu era surda, ficou um pouco triste, pois, pela segunda vez, nascia uma filha com esse problema. Na verdade, isso aconteceu porque meus pais eram primos legítimos. (POSSÍDIO, 2005, p. 20)

Sou filha de pais ouvintes, sendo que do lado paterno tenho primos surdos, o que me leva a acreditar que minha surdez é hereditária. [...] Quando criança eu não sabia que era surda (parcial) por que era difícil alguém conversar comigo [...] Nessa fase dentro de minha pessoa eu tinha um desejo de estar numa escola onde as pessoas fossem surdas iguais a mim. (VILHALVA, 2004, p. 15-23)

Quando eu entrei no INES (Instituto Nacional Educação de Surdos), foi a maior alegria da minha vida, pois aprendi muitas coisas. As professoras eram boas, havia muitas crianças iguais a mim e foi gostoso me comunicar em Língua de Sinais como os surdos. (VILHAVA et al.

A constituição da identidade surda se processa principalmente a partir da aproximação com outro(s) surdo(s), através da inserção em escolas de surdos, em associações e comunidades surdas. Nesses casos, o “ser surdo” redescobre-se no encontro com seus semelhantes, que são “iguais” a ele, em se tratando da não-audição, da experiência visual e do uso da língua de sinais na comunicação. Em suas obras, os escritores surdos, sendo subjetivados a valorizar a experiência surda, que é singular e se processa no coletivo, atribuem importância à constituição da identidade surda e ao pertencimento a uma comunidade surda – que também se constitui em escolas de surdos –, como evidenciamos através dos textos abaixo:

Tinha um amiguinho surdo [...] A comunicação era mais fácil entre nós dois. Tínhamos sinais e mímicas pessoais. [...] Queria também saber a diferença entre meu companheiro e eu. [...] éramos duas crianças surdas, mas não exatamente iguais. A esperança que me deram aquelas pessoas, em Washington, aquele lado positivo, levou-me a uma descoberta, ainda outra, muito importante, a respeito de mim mesma: compreendi que eu era surda. [...] Eu sou surda não quer dizer o mesmo que “eu não escuto”. [...] Pertencia a uma comunidade, tinha uma verdadeira identidade. Tinha compatriotas. Em Washington, outros me diziam: - Você é igual a nós, você é surda. (LABORIT, 1994, p. 12-67)

Fiquei pasma com o que estava vendo: aquelas crianças usavam as mãos para se comunicar. [...] A sensação que tive é difícil explicar, mas eu sentia algo como: Eu não sou a única pessoa diferente no mundo! (NEVES, 2010, p. 24)

Através das narrativas, observamos que a marcação da identificação surda se dá também a partir de outras características que indicam potencialidades do sujeito surdo. Evidenciam-se representações de que o surdo usa Libras, pode não ouvir, mas pode oralizar; ele não é mudo, sabe conversar “normalmente” com quem não sabe língua de sinais, entre outras representações, ou seja, “depende de cada surdo”, pois há diferentes posições de sujeito surdo nas narrativas analisadas. Tomando emprestadas as palavras de Wrigley3 (1996), os membros dessas culturas surdas não têm dúvidas de suas identidades culturalmente distintas. Isso pode ser observado através dos trechos a seguir:

Meus pais e familiares sempre observaram como meu crescimento pessoal era diferente, no que diz respeito à inclusão. [...] Perguntavam-se como é que eu, mesmo sendo “diferente”, pude aprender tão rápido e adquirir meu letramento, como qualquer pessoa “normal”. [...] Natália, surda profunda, assim como eu, diferencia-se de mim apenas quanto à identidade que escolheu: eu aceito a minha identidade surda; Natália prefere a ouvinte. (VIDAL, 2009, p. 61-67)

Por sorte, ela reage, pega papel e caneta na bolsa e escreve: “Eu surda, mas faço leitura labial. Eu falar sim, acostuma com a minha voz. Sou Paola”. [...] Há pessoas surdas que conseguem falar tão bem como nós, e outros falam mais ou menos, e outros quase nada. Depende de cada surdo! (NEVES, 2010, p.14)

Nas narrativas, também observamos uma oposição binária entre ouvinte e surdo, em que se marca a diferença cultural entre “dois mundos”, além da busca pela “normalidade”; ou seja, a possibilidade de se autorrepresentar permite o reconhecimento da potencialidade dos surdos diante dos ouvintes. Além disso, evidenciamos “o festejo da diversidade cultural” – todos são diferentes uns dos outros e, por isso, podem conviver e aprender juntos –, o que diverge da concepção antropológica que reivindica a diferença surda. Os excertos a seguir corroboram esses posicionamentos identitários surdos:

Pitty viu e admirou os outros: homossexuais, bissexuais, lésbicas, roqueiros, punks, namorados, etc. “As pessoas são muito diferentes de mim, pois sou surdo, né”, pensou Pitty sozinho. (BADIN, 2001, p. 68)

E reconhecer a diferença, as suas dificuldades e a importância do diálogo entre o mundo dos ouvintes e o dos surdos para o melhor desenvolvimento da autoestima positiva destes. [...] Que a língua de sinais seja uma força verdadeira para vencer a solidão e a discriminação do que é diferente, fazendo valer a sua identidade. (VILHALVA et al., 2003, p. 17)

No Brasil multicolorido, de mil odores e de mil sabores, país de todos os excessos ritmado pelo samba e pela bossa nova, [...] uma estrela respingou sua luz em mim bem antes de eu aparecer para as objetivas das máquinas fotográficas. Recompensei essa estrela à minha maneira, brilhando por ela, não desistindo nunca, mesmo nos momentos dolorosos, nessas lacunas em que eu perdia ou ainda perco o pé porque sou “diferente”, portanto muitas vezes rejeitada. (COSTA, 2008, p. 11)

De certo modo, a marca identitária surda, que se sobressai nas produções escritas por surdos, aproxima os surdos de outros grupos culturais minoritários considerados “diferentes”. Por outro lado, o sujeito surdo narra-se como diferente de outros surdos, considerando outros pertencimentos identitários, tais como: o deficiente auditivo, o homossexual, o punk. Tradicionalmente posicionados às margens, os comumente “rejeitados” tendem a marcar sua diferença em obras que circulam no mercado cultural, narrando como superaram dificuldades para alcançarem o sucesso.

Afinal, teríamos mercado considerável para uma obra que narra o fracasso de um sujeito que não se enquadra nos padrões sociais de normalidade? Diante disso, convém considerar as condições de possibilidade para a construção e circulação dessas obras no Brasil, tendo em vista as finalidades dos autores e das editoras, o contexto histórico e educacional de constituição da narrativa, além de outros fatores subjetivos que compõem as redes e os domínios discursivos do mercado editorial.

De modo geral, a marca da diferença surda, ao longo das narrativas, é vista a partir de lentes que se aproximam da concepção antropológica de surdez, especialmente nos domínios discursivos dos estudos surdos. Mesmo que isso seja observado principalmente nas obras mais recentes, fica evidente a tentativa de explicar o entendimento cultural sobre o “ser surdo” e a surdez, de modo a transpor termos clínicos e terapêuticos, como, por exemplo, o uso de deficiência auditiva:

Na verdade, “deficiência auditiva” é um termo clínico. “Surdo” é um termo sociocultural usado por aqueles que entendem a surdez como uma diferença. A comunidade surda prefere esse termo. [...] Rose continua. (NEVES, 2010, p. 40)

Tendo em vista o processo de construção, de reconhecimento e de marcação da identidade surda como uma diferença, principalmente na fronteira estabelecida entre surdos e ouvintes, essa identidade surda não se constitui de maneira única, homogênea, cristalizada. Em outras palavras, mesmo que a diferença surda seja reivindicada em todas as produções aqui analisadas, nota-se a impossibilidade de constituir um jeito único de “ser surdo”, o que vai ao encontro dos estudos contemporâneos acerca das identidades cambiantes, móveis, transitórias e, portanto, não fixas, únicas e estáveis.

Escrita em segunda língua: uma tradução cultural surda

As produções escritas por surdos, que circulam em português escrito, podem ser compreendidas como um rico espaço de autorrepresentação e de marcação da identidade surda, de modo que os autores revisitam a memória individual e coletiva, traduzindo-se em segunda língua. Também indicam a potencialidade de discursos que emergem dos surdos e legitimam esses significados, que contam com a “aprovação” de quem experiencia a surdez, de quem tem autoridade para, numa relação de saber-poder, significar o “ser surdo” e sua cultura. E esses discursos, materializados nos livros escritos por surdos, não circulam apenas em escolas; como um currículo cultural, representações produzidas são colocadas em circulação, “ensinando” conjuntos de saberes, formas de ver e de conhecer o mundo.

Produzir, oportunizar a circulação e o consumo cultural de narrativas em uma segunda língua favorece a difusão e a visibilidade da cultura surda. Diante da potencialidade de subjetivar os leitores dessas obras de autoria surda, principalmente através da constituição de “outras verdades” acerca dos surdos e de suas culturas, traduzir-se em outra língua possibilita borrar fronteiras, construir nichos para um povo requerer sua diferença, além de se constituir recurso para as lutas e movimentos. Assim, os leitores são não apenas interpelados pelos diferentes, mas também orientados para o consumo da cultura surda, que busca reconhecimento e imprime outras imagens e sentidos àqueles até então existentes. E é importante que isso seja observado também na educação escolar, problematizando-se as verdades únicas, engessadas e excludentes.

Os livros, aqui entendidos como artefatos culturais, constituem recurso cultural em um território de reivindicações e de negociações político-pedagógicas. Um exemplo disso é que, nas produções culturais surdas, são recorrentes as denúncias de fracassadas práticas escolares, especialmente oralistas. Junto a isso, “ensina-se” como deveria ser a educação de surdos, principalmente quanto à aprendizagem de uma língua escrita como o português. Nesse sentido, como um processo de tradução cultural, essa escrita é um recurso para os surdos, embora as narrativas apontem que seja difícil aprendê-la, considerando as políticas educacionais e linguísticas, bem como as consequentes práticas pedagógicas.

Para alguns autores surdos, a escrita de um livro também possibilitou a realização de um sonho, uma oportunidade rara, que é de poucos, mostrando que os surdos também podem expressar seus sentimentos e capacidades ao mundo. O autor surdo Celso Badin (2001)BADIN, Celso. A juventude, o carnaval e o Rio de Janeiro. São Paulo: Áurea, 2001., por exemplo, na apresentação de sua obra, afirma que se orgulha da sua obra e pretende escrever outros livros e ser jornalista, até porque já desempenha função de editor responsável do Jornal do Surdo, em que apresenta entrevistas, calendários, notícias e dicas para toda a comunidade surda. Na contracapa da obra de Badin, lê-se que o autor “venceu o grande desafio da comunicação por meio da linguagem escrita”.

Outro ponto importante no que diz respeito ao processo de tradução cultural é que as narrativas aqui analisadas não representam uma posição homogênea, imóvel e determinada de grupo cultural. Mesmo diante dos elos estabelecidos em comunidades surdas, fortalecendo o povo surdo, a cultura surda brasileira também se hibridiza, produzindo modos diferentes de ser surdo e de produzir, fazer circular e consumir as produções culturais. Com base nisso, observamos também que, nas obras aqui analisadas, não se abrem espaços para a discussão de outras culturas, tendo em vista, por exemplo, questões de gênero e etnia.

Diante da extensão e complexidade do material aqui analisado, este texto poderia se alongar; entretanto, dados os limites deste artigo, algumas escolhas foram necessárias, principalmente quanto aos olhares analíticos direcionados às narrativas. Outras lentes poderiam – e ainda podem – ser usadas, principalmente no sentido de trazer à tona o discurso surdo, de modo que outras e mais histórias surdas sejam contadas. Fica ao leitor o convite para conhecer as produções culturais surdas aqui discutidas; fica também, é claro, a provocação para outras pesquisas.

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  • 1
    - A expressão cultura surda é entendida no plural, ou seja, como culturas surdas, visto que não é possível afirmarmos a existência de uma única cultura surda; as culturas hibridizam-se, são heterogêneas e móveis.
  • 2
    - O projeto foi desenvolvido de acordo com o Edital 07/2008: Capes/Min e Pró-cultura – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Ministério da Cultura (MinC) –, com o objetivo de mapear e investigar produções culturais surdas brasileiras: materiais editoriais (livros, DVDs, CDs...), vídeos que circulam na internet e trabalhos dos alunos do curso de Letras/Libras (ofertado pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Abr 2015
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    15 Jan 2014
  • Aceito
    12 Ago 2014
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