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Artesanato e desenvolvimento local: o caso da Comunidade Quilombola de Giral Grande, Bahia

Craftmanship and local development: the case of the Quilombola Community of Giral Grande, Bahia

Artisanat et développement local: le cas de la Communauté Quilombola de Giral, Bahia

Artesanía y desarrollo local: el caso de la Comunidad Quilombola de Giral Grande, Bahia

Resumos

O presente artigo objetiva registrar o artesanato de retalhos de tecido, produzido pela Comunidade Quilombola de Giral Grande, localizada em Maragojipe, Recôncavo Baiano, e que se constitui um elemento indicador da sua identidade cultural, bem como representa um fator de subsistência para uma parcela de seus membros. Essa identidade, por sua vez, torna-se fator indispensável ao processo de legitimação da propriedade territorial local, garantida pela Constituição de 1988.

Comunidades Quilombolas; Artesanato; Desenvolvimento Local


The aim of this paper is to record the pieces of fabric handcraft, produced by the Community Quilombola of Giral Grande, located in Maragojipe, Recôncavo. It is an indicator of their cultural identity as well as represents a factor of livelihood for a portion of its members. This identity, in turn, becomes a factor essential to the process of legitimation of local land ownership, guaranteed by the Brazilian 1988 Constitution.

Quilombola communities; Handcrafts; Local Development


Cet article vise enregistrer l'artisanat de boutures de tissus, produit par la Communauté Quilombola de Giral Grande, située dans Maragojipe, Recôncavo de Bahia, et c'est un élément indicateur de son identité culturelle, ainsi qu' un facteur de subsistance d'une partie de ses membres. Cette identité, à son tour, est indispensable au processus de légitimation de la propriété territoriale locale, garantie par la Constitution de 1988.

Communautés Quilombolas; Artisanat; Développement Local


Este artículo tiene el objetivo de registrar la artesanía hecha con retazos de tela, producida por la Comunidad Quilombola (afrodescendiente) de Giral Grande, ubicada en Maragojipe, Recôncavo Baiano. Este arte constituyó un elemento indicador da su identidad cultural, así como representa un factor de subsistencia para una parte de sus miembros. Dicha identidad, por su vez, se convierte en un factor indispensable al proceso de legitimación de la propiedad territorial local, según lo garantiza la Constitución de 1988.

Comunidades Quilombolas; Artesanía; Desarrollo Local


ARTIGOS

Artesanato e desenvolvimento local: o caso da Comunidade Quilombola de Giral Grande, Bahia* * Parte da tese de doutorado do programa de Engenharia Industrial – Desenvolvimento Sustentável de Produto– PEI-UFBA.

Craftmanship and local development: the case of the Quilombola Community of Giral Grande, Bahia

Artisanat et développement local: le cas de la Communauté Quilombola de Giral, Bahia

Artesanía y desarrollo local: el caso de la Comunidad Quilombola de Giral Grande, Bahia

Marcelo Geraldo TeixeiraI; Julio Santana BragaII; Sandro Fábio CésarIII; Asher KiperstokIV

IProfessor de Design Industrial da Faculdade da Cidade de Salvador, Doutorando em Engenharia Industrial – PEIUFBA, E-mail: marcelomgt@gmail.com

IIPós-Doutor em Antropologia das Populações Afro-Brasileiras pela Faculté des Sciences Humaines de Estrasburgo França - Depto. de Filosofi a e Ciências – UEFS, E-mail: juliobragabr@hotmail.com

IIIDoutor em Engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - Laboratório de Madeiras - UFBA, E-mail: sfcesarpaz@uol.com.br

IVPhD. em Engenharia Química pela Manchester Institute of Science and Technology – TECLIM- PEI-UFBA, E-mail: asher@ufba.br

RESUMO

O presente artigo objetiva registrar o artesanato de retalhos de tecido, produzido pela Comunidade Quilombola de Giral Grande, localizada em Maragojipe, Recôncavo Baiano, e que se constitui um elemento indicador da sua identidade cultural, bem como representa um fator de subsistência para uma parcela de seus membros. Essa identidade, por sua vez, torna-se fator indispensável ao processo de legitimação da propriedade territorial local, garantida pela Constituição de 1988.

Palavras-chave: Comunidades Quilombolas. Artesanato. Desenvolvimento Local.

ABSTRACT

The aim of this paper is to record the pieces of fabric handcraft, produced by the Community Quilombola of Giral Grande, located in Maragojipe, Recôncavo. It is an indicator of their cultural identity as well as represents a factor of livelihood for a portion of its members. This identity, in turn, becomes a factor essential to the process of legitimation of local land ownership, guaranteed by the Brazilian 1988 Constitution.

Key words: Quilombola communities. Handcrafts. Local Development.

RÉSUMÉ

Cet article vise enregistrer l'artisanat de boutures de tissus, produit par la Communauté Quilombola de Giral Grande, située dans Maragojipe, Recôncavo de Bahia, et c'est un élément indicateur de son identité culturelle, ainsi qu' un facteur de subsistance d'une partie de ses membres. Cette identité, à son tour, est indispensable au processus de légitimation de la propriété territoriale locale, garantie par la Constitution de 1988.

Mots-clés: Communautés Quilombolas. Artisanat. Développement Local.

RESUMEN

Este artículo tiene el objetivo de registrar la artesanía hecha con retazos de tela, producida por la Comunidad Quilombola (afrodescendiente) de Giral Grande, ubicada en Maragojipe, Recôncavo Baiano. Este arte constituyó un elemento indicador da su identidad cultural, así como representa un factor de subsistencia para una parte de sus miembros. Dicha identidad, por su vez, se convierte en un factor indispensable al proceso de legitimación de la propiedad territorial local, según lo garantiza la Constitución de 1988.

Palabras clave: Comunidades Quilombolas (afrodescendientes). Artesanía. Desarrollo Local.

Introdução

A comunidade quilombola de Giral Grande pertence a um aglomerado de comunidades quilombolas localizado na área rural do município de Maragojipe, no Recôncavo Baiano. Seus integrantes sobrevivem principalmente do comércio de produtos de agricultura de subsistência e também de produtos artesanais que vendem para outras comunidades próximas e nas feiras de Maragojipe. Giral Grande está em vias de reconhecimento como comunidade remanescente de quilombo, processo que faz parte da ação político-social do governo do estado da Bahia. Entretanto, apenas essa ação do governo não garante a estes quilombolas um desenvolvimento que supra as suas necessidades econômicas e sociais básicas, o que explica a importância do artesanato na economia da comunidade em estudo.

As atividades artesanais têm se constituído ao longo do tempo como uma das principais fontes de subsistência para comunidades tradicionais rurais. Tais comunidades são definidas por Krucken (2009, p. 32) e Almada, Coelho e Fernandes (2009) como as "indígenas, ribeirinhas, sertanejas, caiçaras e quilombolas", como a de Giral Grande. Nestas atividades estão incluídos atividades econômicas (trabalho e geração de renda) e fatores culturais, seja na forma de conteúdos do patrimônio material (produtos, utensílios e demais objetos) e imaterial (significados e conhecimentos). O artesanato, como parte ativa e criadora de cultura material, é "movido pela arte do saber e do fazer, influenciado pelo ambiente, pela cultura e pelas tradições locais" (POUSADA, 2005, p. 39).

Desse modo, a atividade artesanal está ligada aos recursos naturais, ao estilo de vida e à prática do comércio com as comunidades vizinhas, nas quais a aprendizagem é adquirida pela vivência e imitação da prática e do manejo de materiais e ferramentas (ALCALDE; LE BOURLEGAT; CASTILHO, 2007). O artesanato pode ser considerado, portanto, como uma das expressões de identidade de uma cultura, pois através das suas características pode-se identificar a sua origem cultural. Castells (1999, p. 22) explica que "a identidade é uma fonte de significados e experiências de um povo, construída com base em atributos culturais, e que se constituem como referencial para os próprios indivíduos de uma comunidade". Nesse sentido, o artesanato, ao carregar conceitos e significados, torna-se indicador de uma identidade cultural.

Castilho, Arenhardt e Le Bourlegat (2009, p. 161) consideram o desenvolvimento local

[...] como um processo de transformação, envolvendo o ser humano como o principal beneficiário de mudança, numa perspectiva de melhoria da qualidade de uma comunidade.

Pode-se considerar, então, que há uma aproximação do conceito de desenvolvimento local com o de desenvolvimento sustentável, no qual a qualidade de vida está além da melhoria de fatores meramente econômicos, mas também, segundo Sachs (1998), fatores sociais, culturais e ambientais. Este conceito inclui o conjunto das necessidades humanas básicas (subsistência, proteção, afeto, entendimento, criação, participação, ócio, identidade e liberdade), para além dos aspectos econômicos (LIMA; MARINHO; BRAND, 2007, p. 364). Nesta mesma linha, Ricci e Sant'Ana (2009, p. 95) e Santos et al. (2010, p. 1-2) explicam que o artesanato pode ser considerado como "um elemento impulsionador de desenvolvimento local", incentivando o trabalho comunitário promovendo, dentre outros projetos, roteiros turísticos, possibilitando o escoamento de grande parte da produção do artesanato e, principalmente, valorizando o território, a cultura tradicional, contribuindo para fortalecer a consciência de identidade cultural local.

Assim, grupamentos humanos essencialmente locais, as comunidades remanescentes de quilombos, ou simplesmente Comunidades Quilombolas, lutam pelo reconhecimento e pela posse das terras que ocupam. Estas comunidades trazem como característica principal serem comunidades rurais, embora algumas sejam urbanas. Os traços que as distinguem das demais populações rurais e de outras comunidades afrodescendentes é a presença de uma cultura baseada em saberes tradicionais, que remontam a seus antepassados africanos escravizados no Brasil e seus descendentes, e ainda a acirrada luta pela sobrevivência, pois, na maioria das vezes, são comunidades pobres, com poucos recursos financeiros e sociais, fato que as colocam, muitas vezes, à margem dos interesses das demais esferas da sociedade.

Atualmente, as comunidades quilombolas lutam pela legalização da posse da terra na qual se encontram instaladas e a posse da terra é um fator primordial para a realização de iniciativas visando o desenvolvimento local de comunidades quilombolas. A Constituição Federal Brasileira de 1988 considera válida, para fins de reconhecimento, a auto-identificação da comunidade a partir dos laços de parentesco, da ocupação tradicional do território e da preservação das tradições culturais de seus antepassados. É o que corrobora o trabalho de Schmitt, Turatti e Carvalho (2002, p. 4) segundo os quais os fatores de

[...] parentesco e território, juntos, constituem identidade, na medida em que os indivíduos estão estruturalmente localizados a partir de sua pertença a grupos familiares que se relacionam a lugares dentro de um território maior.

A posse da terra garantida pela Constituição de 1988, em seu artigo 68, ainda não foi devidamente concretizada, o que tem gerado conflitos, alguns armados, com outros interessados por tais terras, conforme explica Carvalho (1996).

Entretanto, apenas a posse da terra não resolverá os problemas de pobreza e da falta de recursos sociais e econômicos dessas comunidades. A maioria das comunidades quilombolas tem uma economia básica e de subsistência, através da qual se produz para o próprio consumo e/ou para pequenas atividades comerciais locais, com o uso de recursos técnicos pouco desenvolvidos. O artesanato, que aparece frequentemente como uma alternativa, tanto para suprir necessidades da comunidade quanto para a venda de produtos com valor cultural agregado, representa parte da cultura tradicional (POUSADA, 2005, p. 39), visto que grande parte dos conhecimentos, comportamentos e saberes que nele se manifestam, são originários dos antigos quilombos e constituem-se elementos de construção da identidade quilombola.

A manutenção e a preservação dos saberes tradicionais e, portanto, a identidade quilombola, são, assim, um dos principais fatores para o reconhecimento do direito à legalização da terra, pois a identidade cultural torna-se elemento de comprovação dessa legitimidade. Nesse sentido, a valorização do artesanato pode ser considerada como mais um instrumento de expressão dessa legitimidade, além de ser também uma oportunidade para o aumento da renda.

A comunidade quilombola de Giral Grande pode ser encaixada neste esforço de valorização da sua cultura por meio de um aspecto de seu artesanato. Este artigo, portanto, tem como objetivo geral estudar, registrar e tornar visível o artesanato de retalhos de tecido produzido na Comunidade Quilombola de Giral Grande como componente do seu patrimônio cultural e fator de identidade cultural. Busca-se, especificamente, descrever o referido artesanato a partir do discurso dos membros desta comunidade; levantar os elementos contidos no artesanato de retalhos como elementos indicadores e representativos da identidade local; identificar o artesanato de retalhos como uma atividade de subsistência na Comunidade Quilombola de Giral Grande.

A relevância deste trabalho está diretamente relacionada à necessidade de registrar o artesanato de retalhos como elemento importante para a subsistência da comunidade de Giral Grande, ao mesmo tempo em que se constitui como um fator de identidade da cultura local. Além do artesanato de retalhos, a comunidade de Giral Grande ainda produz artesanalmente a farinha de mandioca, o mel e o adobe, os quais são também considerados componentes de suas atividades de subsistência. O artesanato de retalhos representa, nesta pesquisa, a síntese das práticas e significados simbólicos que remetem a outras tantas práticas coletivas desenvolvidas pela comunidade, por ser um processo contínuo de criatividade envolvendo elementos como o uso de cores, modelos e padronagens, dentre outros, e constituindo-se, assim, como fator de identificação, coesão e auto-reconhecimento dos seus membros.

1 Métodos

O trabalho se baseou na Pesquisa Etnográfica Qualitativa, que enfatiza o distanciamento e a não-intervenção do pesquisador na comunidade abordada, sendo considerada "a mais adequada para a descrição de uma cultura, de grupos sociais, ou de minorias sociais" (GODOY, 1995, p. 27) tal como a comunidade quilombola de Giral Grande. A justificativa para a escolha da pesquisa etnográfica é baseada na "preocupação do pesquisador em minimizar a interferência em processos de criatividade e produção local" (VIDICH; LYMAN, 2006, p. 49). A pesquisa etnográfica limitou-se a atividades de observação e descrição, coleta de dados a partir de entrevistas, levantamento fotográfico e coleta de amostras do artesanato de retalhos.

A entrevista semi-estruturada foi aplicada a duas categorias de informantes: membros da comunidade não ligados diretamente à produção do artesanato de retalhos, mas se caracterizando como seus consumidores, e a artesã responsável pelo artesanato, classificada nesta pesquisa como o "indivíduo representativo", conforme o conceito de Ginzburg (1987, p. 26-27). O conceito de representatividade está relacionado ao indivíduo/membro de uma determinada comunidade que expressa suas concepções, crenças, práticas e expectativas do todo social a que pertence. Essa "pessoa representativa" funciona como um microcosmo de um estrato social inteiro (GINZBURG, 1987, p. 26-27), uma amostra de um conteúdo partilhado de forma espontânea pelos demais componentes daquele segmento social, que expressa tanto as singularidades como as generalidades de seu entorno. A escolha desses informantes fundamentou-se no conhecimento prévio do pesquisador quanto aos possíveis entrevistados, a partir de contatos preliminares sem uma metodologia específica definida a priori.

2 O artesanato da comunidade quilombola de Giral Grande

A comunidade quilombola de Giral Grande, como mencionado anteriormente, pertence ao município de Maragojipe, localizado no Recôncavo Baiano, a 133 quilômetros de Salvador. A Figura 1 apresenta essa localização, tendo como referência a proximidade da cidade de Salvador e a Baía de Todos os Santos.


A comunidade quilombola de Giral Grande faz parte de um complexo de dez comunidades quilombolas, totalizando 550 famílias, assim denominadas: Guaruçú, Guerém, Tabatinga, Girau Grande, Baixão do Guaí, Salamina, Enseadinha, Quizanga, Porto da Pedra e Fazenda Dendê. Essas comunidades são organizadas principalmente por grau de parentesco, com seus membros morando próximos, em pequenas vilas, sem muita distância uma da outra.

De acordo com o depoimento1 1 Depoimento concedido durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010. de Tânia Calheiros, membro da comunidade, o nome do local como Giral Grande é conhecido desde a ocupação das terras pelos antepassados da comunidade e que a palavra "giral" significa posto de observação, colocado em um lugar alto, o que facilitava a tarefa de vigiar os capitães do mato, milícias policiais comuns na época dos quilombos, destinadas à fiscalização e captura de escravos fugidos. Portanto, o nome "Giral Grande" foi associado pelos seus antigos habitantes, a um posto alto de vigilância, refúgio e resistência.

A comunidade quilombola de Giral Grande é formada pela família Calheiros, uma família extensa, que é composta por aproximadamente 30 pessoas, com idades variando da primeira infância aos idosos. Sobrevivem da agricultura de subsistência, produção de mel, farinha de mandioca e artesanato de retalhos de tecidos. Essas atividades envolvem quase todos os moradores de Giral Grande e também outras comunidades quilombolas da vizinhança. Quando necessário, segundo depoimento dos próprios quilombolas, alguns trabalhos são feitos em mutirão, "característica de comunidades quilombolas rurais", segundo esclarece O'Dwyer (2002, p. 19), tal como a produção da farinha de mandioca ou construções em adobe.

O artesanato de roupas, acessórios, enxovais de cama e conserto de roupas usadas são atividades que envolvem poucas pessoas, se comparadas às demais atividades comunitárias. Essa atividade é um processo de aproveitamento de sobras de tecido, transformando retalhos de baixo custo em produtos para o uso no cotidiano, na forma de vestuário, acessórios, bolsas, mochilas infantis e enxovais de cama. São fabricados com retalhos de tecidos e malhas, que são costurados uns aos outros usando máquina de costura e/ou costura manual. Este artesanato de retalhos expressa não só aspectos específicos da cultura local, tal como a estética e o sentimento de beleza, assim como um fator de subsistência em vista do papel que ocupa no conjunto dos recursos econômicos de Giral Grande.

A diversidade de produtos artesanais de retalhos está classificada em quatro grupos, identificados pela artesã como os tipos mais produzidos, mostrados na Figura 2. Tal diversificação é fruto tanto da variedade da matéria prima, em cores, texturas e desenhos, quanto da criatividade da artesã. A produção concentra-se nos seguintes tipos de produto: enxovais de cama constituídos por colchas, lençóis, fronhas e edredons (figura 2-C); roupas para o público adulto e infantil (figura 2-A); acessórios, indo desde bolsas e mochilas escolares até prendedores de cabelo feitos de retalho e de fuxico (figuras 2-B, 2-D e 2-E); pelego, uma colcha colorida de tiras de retalho, usada para diversos fins (figura 2-F), tal como cobertura de cadeiras, poltronas, assentos de carro, e assentos de cela para vaqueiros da região.



A artesã Tânia Calheiros (Figura 3) foi identificada como o "indivíduo representativo" desse aspecto da cultura quilombola de Giral Grande. Ao expressar os valores estéticos da comunidade, a artesã torna-se "representativa" de um aspecto da cultura local. A responsável pela produção em análise, Tânia Calheiros, resume em si e em seu trabalho, elementos culturais presentes no local, que são sistematizados e reproduzidos nos artefatos; sendo reconhecidos e aceitos pela comunidade como bons e resultado de seu "bom gosto".


Os clientes da artesã são os próprios parentes de Giral Grande, moradores das comunidades vizinhas e também várias pessoas de Maragojipe e dos municípios próximos. O principal diferencial dos produtos, segundo seus próprios clientes, está na beleza da combinação das cores e diversidade de tipos de produtos disponíveis. Conforme relato da artesã, seus clientes elogiam sempre a qualidade dos seus produtos: "todo mundo gosta do meu gosto, as pessoas dizem como você faz fica lindo, ou dizem ainda que pode fazer como você achar melhor, pois confiamos no seu gosto". Essas opiniões emitidas pela clientela, segundo o relato da artesã, devem ser compreendidas como resultado da interação entre os gostos da clientela e os produtos que lhe são oferecidos. Não se trata de um atributo inerente apenas à artesã, mas de valores de beleza compartilhados por todos os membros da comunidade e pela clientela em geral.

A comprovação da sintonia entre a visão estética da artesã com a visão estética da comunidade reside não só no fato do seu pertencimento àquela comunidade, mas também pelas afirmações contidas em depoimentos colhidos junto aos outros membros do grupo que, mesmo não participando do processo de produção, admiram, aceitam e consomem os produtos oferecidos pela artesã. Para corroborar o relato da artesã foram feitas entrevistas com outros componentes da comunidade de Giral Grande, constituídos por parentes afastados ou vizinhos da artesã, não estando aí incluídos membros da sua própria família nuclear (pais, irmãos e sobrinhos em primeiro grau).

Foram entrevistadas seis pessoas, homens e mulheres, na faixa de idade entre dezesseis e cinquenta anos, que opinaram sobre o artesanato de retalhos. Estas entrevistas mostram como resultado que há uma interação entre a artesã e seus clientes na hora de definir os detalhes das roupas e demais produtos a serem feitos. Na maioria das vezes os clientes definem o tipo, cores, estilo ou mudanças, marcando bem a subjetividade e gosto pessoal. Outras vezes a artesã sugere e define o produto, principalmente, quando o cliente sente dificuldade de fazê-lo. E algumas vezes há um consenso definido em conversa preliminar ou ainda há modificações posteriores no produto seguindo o gosto da artesã. Os depoimentos dos entrevistados deixam claro esse processo:

"Ela só costura do jeito que agente gosta, então eu gosto do trabalho dela [...] ela faz o modelo que agente quer e a qualidade também que agente quer" [Dona Ilma, dona de casa]; "Do jeito que agente pede, ela faz [...] agente escolhe um modelo ou ela sugere um modelo, algumas vezes ela faz ou conserta" [Naiara, estudante]; "Ela sugere o modelo pra gente, eu dou minha opinião e da minha opinião ela já começa a transformar os detalhes".2 2 Depoimento concedido pela estudante Juliana durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em fevereiro de 2011.

O gosto é bom porque alcança sentido, assume significado para a escala de valores locais: valores quilombolas. Portanto, a identificação pela comunidade do gosto estético e do valor utilitário dos produtos oferecidos pela artesã constitui-se valores coletivos cultivados pela comunidade quilombola, dos quais ela pode ser considerada como indivíduo representativo. Segundo relata a artesã sobre a relação com seus clientes na hora da definição dos produtos, "a pessoa já vem com a opinião dela [...] eu deixo na vontade dela. Eu pego o gosto deles e transformo. Eu faço do gosto deles"3 3 Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 27/2/2011. .

A consciência da beleza plástica do artesanato de retalhos, fruto da criatividade da artesã combinado com a dos seus clientes representa o "gosto" compartilhado pelos membros da comunidade. A artesã, fortalecida pela aceitação de seu "gosto", que se encontra com o "gosto" dos seus clientes, entende que suas peças artesanais expressam a maneira de ser, de gostar, de seus companheiros quilombolas. Ao apresentar seus produtos finalizados, a artesã conclui que o processo criativo é determinado pelo "gosto" coletivo:

Todo mundo gosta do meu gosto, eles falam assim: 'ah! tá lindo!, tá bom!, tá bonito!' e acabei descobrindo que eles gostam do que eu gosto. [...] As pessoas acham que eu tenho uma visão de beleza e eu sou uma pessoa que gosta de coisas bonitas, sou vaidosa [...] O sentimento de beleza que eu tenho eu passo para as roupas, para o edredom, para o pelego.4 4 Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.

A identificação desse gosto se expressa, por exemplo, na preferência por cores fortes e vibrantes, usadas naturalmente no cotidiano dos membros da comunidade nas roupas, nos enxovais, nos acessórios e demais produtos artesanais. Segundo a artesã, "as cores vermelho e azul chamam a atenção. [...] Com essas cores, tem-se a visão do produto bonito. Com cores apagadas não fica bonito"5 5 Depoimento concedido por representantes da família Calheiros, durante entrevista do pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010. . O depoimento de outros membros da comunidade confirma a preferência por cores vibrantes e fortes como parte marcante do gosto da comunidade: "nós usamos o vermelho, o verde cana, o amarelo, o rosa, qualquer tipo de cor, nós assumimos o que nós somos"6 6 Depoimento concedido por representantes da família Calheiros, durante entrevista do pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 13/3/2007. .

Esse é um fato que pode ser entendido como componente essencial da cultura: seu caráter simbólico. Os objetos materiais representam, concentram e contêm significados atribuídos pelos membros de uma cultura que simbolizam laços, rituais, compromissos que ligam seus indivíduos e os fazem construir sua identificação. Para a artesã, seu artesanato é representativo e um dos componentes da cultura local. Para ela e para os que concordam com ela. Os membros da comunidade que aceitam, gostam e adquirem os produtos oferecidos pela artesã expressam sua sintonia com um conjunto de valores utilitários, estéticos e identitários. A comunidade vê o artesanato de retalhos como um "produto seu", um produto local, aquilo que está em consonância com seu gosto.

O processo criativo da artesã pode ser considerado como intuitivo, espontâneo e bastante flexível, mudando de acordo com as circunstâncias do momento. Esse processo intuitivo expressa as características pessoais e subjetivas de um artesão, dentre os quais se destaca "a importância da vivência de quem projeta o produto, da sua experiência de vida em olhar as coisas na sua essência" (SANTOS, R., 2008), como nesse caso, em que "fatores expressivos e simbólicos são considerados como parte integrante do conteúdo funcional dos objetos pensados e produzidos" (DORFLES, 1991, p. 43). Portanto a criatividade, como processo intuitivo de um artesão, é modelada e influenciada profundamente pelo simbolismo cultural, presente nas formas, cores, modo de usar e de se produzir, mesmo que, à primeira vista, os produtos da Comunidade Quilombola de Giral Grande possam parecer apenas uma "simples colcha de retalhos".

Observando os passos do processo criativo da artesã foi possível perceber a presença da sua intuição estética coincidindo com a estética da comunidade na escolha das características da matéria prima (cor, textura, tamanho), disponibilizada em feiras livres do município de Maragojipe; na escolha de modelos inspiradores de roupas, selecionados por observação da artesã, em várias atividades externas à comunidade, e cuidadosamente anotados e registrados como esboços e, finalmente, na organização plástica dos produtos artesanais. A figura 4 mostra o processo de escolha e aquisição dos retalhos que servem de matéria-prima numa feira livre em Maragojipe; o caderno de anotações de desenhos, no qual alguns produtos artesanais são criados; o processo produtivo, que usa tanto máquina de costura quanto costura à mão; e a criação de uma padronagem para uma colcha.


Outro fator observado, que também influencia na criatividade, foi a necessidade de criar conforme o custo e a oferta dos tipos de retalhos à venda. Essa característica está de acordo com o espírito de subsistência dos quilombolas, na busca de se fazer o máximo com o mínimo disponível.

O artesanato de retalhos é considerado pela comunidade como uma das expressões do espírito de luta pela sobrevivência e inventividade de uma comunidade frente aos problemas gerados pelos poucos recursos financeiros. Exemplifica essa inventividade a associação feita pelos seus membros entre o artesanato de retalhos e o processo de reciclagem. Trata-se, em princípio, apenas de uma oportunidade de aproveitamento de sobras de materiais, disponíveis a baixo custo e dentro da realidade financeira da comunidade, o que é confirmado pela artesã, como um material muito mais barato e disponível do que comprar o tecido nas lojas. Contudo, o conceito de reciclagem aplicado pelas artesãs ao processo de produção artesanal, embora careça de consistência quanto ao seu significado técnico, é o do aproveitamento dos retalhos como uma maneira de minimizar possíveis preconceitos quanto à origem da matéria-prima, vistas como sobras de baixo valor, e aumentar o valor cultural dos produtos.

É resto de loja, então é mais barato. Todo material que faço é totalmente de reciclado. Quando eu uso os retalhos que vem das lojas das roupas, do que sobra ainda faço mais algumas coisas. Não jogo fora nenhum pedaço de retalho, faço fuxico, pelego, enchimento de almofada. Quando o produto vai embora daqui, não é mais lixo.7 7 Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.

O significado da preservação ambiental e defesa do meio ambiente alcança, na atualidade, diversos segmentos da sociedade. Mesmo algumas comunidades rurais, como os quilombolas de Giral Grande, não estão totalmente isoladas de informações socioculturais, dando condições às artesãs desta comunidade, da aquisição de um entendimento básico sobre o conceito de reciclagem. No caso de Giral Grande, existe o interesse de valorização dos produtos artesanais, que busca, além de atender ao gosto dos clientes, estar também sintonizado com questões atuais. Ao apresentá-lo como um produto ecológico, baseado no seu conceito de reciclagem, a artesã diz a si mesma e à comunidade que aquele produto tem um valor positivo a mais, e tal condição alimenta o sentimento de orgulho pelo que se produz, alcançando, portanto, um papel de representatividade da cultura local.

Neste contexto entende-se que a reciclagem, é uma maneira de se produzir algo que está sintonizado com o próprio espírito de produção de subsistência, uma das características apresentadas pelas comunidades quilombolas na sua história, ou seja, a reciclagem, na compreensão da comunidade de Giral Grande, faz parte da sua identidade e que se manifesta no artesanato de retalhos.

Ao mesmo tempo, a variedade de cores, desenhos e texturas dos retalhos permitem maiores possibilidades para que os produtos possam ser moldados de acordo com o gosto do usuário, principalmente no que tange à possibilidade de serem produzidos sob encomenda, o que é considerado um diferencial da artesã, atraindo clientela de fora da comunidade. Segundo seu depoimento8 8 Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010. , a artesã opta por cores vibrantes, desenhos e texturas variadas, capazes de serem combinadas de acordo com seu o padrão estético ou "gosto".

As cores "vivas" são justificadas, então, pelo sentimento de fortalecimento do "gosto" dos quilombolas, pois "as cores chamam a atenção", segundo depoimento da artesã9 9 Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 20/2/2009. . Segundo Pedrosa (2002, p. 99), "a variedade e os significados das cores estão intimamente ligados à cultura da sociedade que a cria, resultante da adoção consciente de valores representativos que constituem os códigos culturais". Ao afirmar que as cores e suas combinações, selecionadas e organizadas através do seu "gosto", são aceitas como algo "belo" pelos outros membros da comunidade, a artesã reforça a crença numa manifestação de unidade sobre um valor comunitário e, portanto, integrante do patrimônio cultural local.

O estudo do artesanato de retalhos da comunidade de Giral Grande permitiu o entendimento de um conteúdo cultural mais amplo e, ao mesmo tempo, mais sutil: os significados e valores atribuídos pelos quilombolas de Giral Grande a esses produtos artesanais. Algumas características da produção do artesanato de retalhos os remetem ao âmago da identidade quilombola, fator de indispensável reconhecimento e consciência, como já foi ressaltado anteriormente. A identidade quilombola revelada a partir dessa produção artesanal se expressa nos valores e significados sistematizados abaixo:

  • O significado da reciclagem: coerente com a própria condição quilombola de ter que usar meios alternativos para suprir as necessidades básicas do cotidiano, a reciclagem, na forma do uso de retalhos, como entendida pela comunidade, reflete e manifesta essa condição. Trata-se de uma maneira de aproveitar o que está disponível e ao alcance do nível financeiro da comunidade. A subsistência dos quilombolas vem exatamente do encontro de condições econômicas alternativas, reproduzindo antigas práticas de populações quilombolas refugiadas em territórios longínquos ou mesmo aqueles localizados na periferia dos centros urbanos da sociedade escravista.

  • O significado estético: o valor dado à beleza dos produtos artesanais se manifesta através do "gosto" da artesã no momento de seleção de cores e formas. Esse gosto, na verdade, é uma manifestação compartilhada por todos os quilombolas, o que se encaixa no sentimento de unidade social e de participação coletiva.

  • O significado de luta pela preservação da cultura local: o uso dos produtos artesanais, assim como a maioria dos produtos feitos a partir de atividades do cotidiano quilombola, e suas manifestações da cultura material são tratados com carinhoso orgulho pelos integrantes do quilombo, fortalecendo sua identidade. Por sua vez, a identidade é uma força que os une contra o preconceito, portanto são do interesse desses integrantes o fortalecimento e preservação desse valor.

A consciência dessa identidade aparece como um dado diferencial entre a comunidade quilombola em questão e outras populações afrodescendentes que, via de regra, não apresentam características de identidade comunitária. Como visto anteriormente, as comunidades quilombolas consistem

[...] em grupos que desenvolveram práticas cotidianas de resistência na manutenção e reprodução dos seus modos de vida característicos e na consolidação de um território próprio. (O'DWYER, 2001, p. 18).

Esse é um dado relevante para a obtenção do reconhecimento do status de "Comunidade Remanescente de Quilombo" e necessário para obtenção dos benefícios previstos na Constituição Federal de 1988, no que se refere à posse das terras. A garantia da posse das terras é indispensável para o fortalecimento da produção local, aumentando, portanto, as possibilidades para a concretização de um Desenvolvimento Local.

Considerações finais

O artesanato produzido em Giral Grande não só reflete o autorreconhecimento de uma comunidade quilombola, mas também se constitui um fator de identificação de outras pessoas que estão fora da comunidade. É o olhar dos outros convergindo para a construção da identidade. Esta, então, é considerada como uma referência em torno da qual o indivíduo se autorreconhece e se constitui, estando em constante transformação e construída a partir da sua relação com o outro.

A comunidade de Giral Grande é mais uma comunidade quilombola das muitas que lutam pelo reconhecimento e pela posse das terras que ocupam, um direito garantido pela Constituição de 1988 e que ainda não se efetivou para a mesma. A identificação de sua cultura como tipicamente quilombola e o autorreconhecimento dos seus membros constituem-se elementos indispensáveis para se atingir esse objetivo. Muito embora essas características pareçam ser óbvias à primeira vista, seu registro e comprovação podem ser alcançados mediante a utilização de métodos científicos. Este esforço de reconhecimento e de valorização da cultura quilombola de Giral Grande foi objeto deste estudo que recortou um aspecto do seu repertório: o artesanato de retalhos de tecidos.

Esta pesquisa teve como objeto de estudo o artesanato de retalhos de tecidos, uma atividade que, embora apresente poucas pessoas envolvidas, mostra elementos representativos da cultura material de Giral Grande. As características encontradas neste artesanato demonstram que, além de ser uma atividade de importância econômica para a comunidade, reúne componentes culturais que lhe são próprios: o aproveitamento de recursos disponíveis, tal como os retalhos de tecidos adquiridos a baixo custo; a manifestação positiva sobre a beleza dos produtos que passa pela visão criativa da artesã e, finalmente as manifestações sobre a preservação da cultura local, todas elas manifestações já vistas, segundo a literatura, em outras comunidades quilombolas e, principalmente, nos quilombos ancestrais.

Recebido em 24/3/2010; revisado e aprovado em 13/11/2010; aceito em 2/2/2011

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  • *
    Parte da tese de doutorado do programa de Engenharia Industrial – Desenvolvimento Sustentável de Produto– PEI-UFBA.
  • 1
    Depoimento concedido durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.
  • 2
    Depoimento concedido pela estudante Juliana durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em fevereiro de 2011.
  • 3
    Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 27/2/2011.
  • 4
    Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.
  • 5
    Depoimento concedido por representantes da família Calheiros, durante entrevista do pesquisador, em Giral Grande. Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.
  • 6
    Depoimento concedido por representantes da família Calheiros, durante entrevista do pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 13/3/2007.
  • 7
    Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.
  • 8
    Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 13/3/2010.
  • 9
    Depoimento concedido por Tânia Calheiros durante entrevista ao pesquisador, em Giral Grande, Maragojipe, Bahia, em 20/2/2009.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Jul 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2011

    Histórico

    • Revisado
      13 Nov 2010
    • Recebido
      24 Mar 2010
    • Aceito
      02 Fev 2011
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