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Internacionalização da educação superior em contextos emergentes: a produção recente em teses e dissertações no Brasil

Internationalization of higher education in emerging contexts: recent production in theses and dissertations in Brazil

Internacionalización de la educación superior en contextos emergentes: producción reciente en tesis y disertaciones en Brasil

Resumo

O presente estudo visa analisar o perfil das temáticas das produções científicas relacionadas à internacionalização da educação superior em contextos emergentes. Trata-se, portanto, de uma revisão sistemática da literatura, que ocorreu por meio da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações no painel de informações quantitativas do catálogo de teses e dissertações no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. O mapeamento da produção científica possibilitou identificar o total de 135 trabalhos, divididos em 47 teses e 88 dissertações publicadas durante o período de 2017-2022, utilizando, para a busca, os descritores “internacionalização da educação superior”, “contextos emergentes” e “sul global” para área da Educação. Do montante total de trabalhos identificados, foram selecionadas para esta pesquisa oito teses e três dissertações, que tratavam especificamente da temática em estudo. A análise permitiu identificar quatro principais temáticas, relacionadas a estes trabalhos, sendo elas: políticas públicas; interculturalidade e multiculturalidade; questões socioeconômicas; e avaliação da qualidade. Todos estes aspectos integraram as discussões de internacionalização voltadas para a cooperação sul-sul, visando à formação integral do sujeito, com perspectivas epistemológicas decoloniais. Por fim, por meio dos resultados desta pesquisa, ficaram evidenciados novos caminhos e estratégias de internacionalização da educação superior para o sul global, centrados em dimensões interculturais, com investimento na produção de conhecimento local, por meio de pesquisas e estudos que procuram responder aos desafios da realidade brasileira.

Palavras-chave
internacionalização da educação superior; globalização; contextos emergentes; cooperação sul-sul

Abstract

The aim of the current study is to profile the themes of scientific works concerning the globalization of higher education in developing contexts. The quantitative information panel of the theses and dissertations catalog on the Portal of the Coordination for the Improvement of Brazilian Higher Education Personnel served as the venue for this systematic review of the literature, which was conducted through the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations. The adjectives “internationalization of higher education”, “developing contexts”, and “global south” were used in the search to uncover a total of 135 publications, which were broken down into 47 theses and 88 dissertations published throughout the period of 2017-2022 for the education sector. From the total number of works found, eight theses and three dissertations that dealt exclusively with the topic under study were chosen for this research. Four major themes that are pertinent to these works − public policies, interculturality and multiculturalism, socioeconomic concerns, and quality assessment − have been identified as a result of the analysis. All of these topics were covered in the internationalization conversations that centered on south-south cooperation and sought to construct the topic as a whole from a decolonial epistemological standpoint. Finally, the findings of this study revealed fresh avenues and plans for the global south’s higher education that are oriented on intercultural considerations, invest in the generation of local knowledge, and conduct research and studies to address the problems of Brazilian reality.

Keywords
internationalization of higher education; globalization; emerging contexts; south-south cooperation

Resumen

El objetivo del presente estudio es perfilar los temas de trabajos científicos relacionados con la globalización de la educación superior en contextos en desarrollo. El panel de informaciones cuantitativas del catálogo de tesis y disertaciones en el Portal de Revistas de la Coordinación de Perfeccionamiento del Personal de Educación Superior Brasileño sirvió de local para esta revisión sistemática de la literatura, que fue realizada a través de la Biblioteca Digital Brasileña de Tesis y Disertaciones. Los adjetivos “internacionalización de la educación superior”, “contextos en desarrollo” y “sur global” se utilizaron en la búsqueda para descubrir un total de 135 publicaciones, que se desglosaron en 47 tesis y 88 disertaciones publicadas durante el período 2017-2022 para el sector educativo. Del total de trabajos encontrados, se eligieron para esta investigación ocho tesis y tres disertaciones que trataban exclusivamente del tema en estudio. Cuatro grandes temas que son pertinentes a estos trabajos − políticas públicas, interculturalidad y multiculturalidad, preocupaciones socioeconómicas y evaluación de la calidad − han sido identificados como resultado del análisis. Todos estos temas fueron tratados en las conversaciones de internacionalización que se centraron en la cooperación sur-sur y buscaron construir el tema en su conjunto desde una perspectiva epistemológica decolonial. Por fin, los hallazgos de este estudio revelaron nuevos caminos y planes para la educación superior del sur global, centrados en dimensiones interculturales, con inversión en la generación de conocimiento local, por medio de investigaciones y estudios para abordar los problemas de la realidad brasileña.

Palabras clave
internacionalización de la educación superior; globalización; contextos emergentes; cooperación sur-sur

1 INTRODUÇÃO

A internacionalização da educação superior constitui um dos mais importantes desafios do novo século e vem ganhando destaque nas pesquisas relacionadas à educação superior, principalmente para as universidades situadas em contextos emergentes, que têm o ethos do desenvolvimento humano e social na globalização (MOROSINI; DE NEZ; WOICOLESCO, 2020MOROSINI, Marilia Costa; DE NEZ, Egeslaine; WOICOLESCO, Vanessa Gabrielle. A mobilidade acadêmica e as redes colaborativas sul-sul: o caso da UNILA. In: LUCENA, Simone; NASCIMENTO, Marilene Batista da Cruz; SORTE, Paulo Boa (Org.). Espaço de aprendizagem em redes colaborativas e na era da modalidade. 1. ed. Aracajú: EDUNIT, 2020. p. 333–57.). Sob este ponto de vista, a internacionalização apoia-se principalmente nas perspectivas voltadas para o intercâmbio acadêmico, em que os processos de globalização são recorrentes e definidores de padrões de qualidade (ABBA; STRECK, 2021ABBA, Maria Julieta; STRECK, Danilo Romeu. A Reforma de Córdoba de 1918 e a Internacionalização universitária na América Latina. História da Educação, Porto Alegre, RS, v. 25, p. 1–32, 2021.).

Entretanto, ainda que na literatura seja ressaltada a importância da internacionalização sul-norte pelo “conhecimento acumulado nos países desenvolvidos” (MOROSINI, 2011, p. 108MOROSINI, Marília Costa. Internacionalização na produção de conhecimento em IES brasileiras: cooperação internacional tradicional e cooperação internacional horizontal. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 27, n. 1, p. 93–112, 2011.), com indicadores produzidos por e para uma realidade sócio-histórica desenvolvida, o processo de internacionalização da educação superior vem ocorrendo em diferentes contextos, com potencialidades e perspectivas de crescimento, principalmente para o sul global.

Neste contexto, o processo de internacionalização sul-sul, além da solidariedade iminente às relações entre países em desenvolvimento, “tem a potencialidade de exercer um papel de auxílio à construção de uma identidade local e ao desenvolvimento socioeconômico” (MOROSINI, 2014, p. 398MOROSINI, Marília Costa. Qualidade da educação superior e contextos emergentes. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas, v. 19, p. 385–405, 2014.), bem como contribuir para o fortalecimento dos países em contextos emergentes, como o caso do Brasil, diante da transnacionalização da educação superior.

Neste cenário transnacional, a internacionalização é posta como mercadoria educacional, sendo defendida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) no âmbito do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS, do inglês General Agreement on Trade in Services), podendo ser compreendida como transnacionalização da educação superior (DIAS SOBRINHO, 2018DIAS SOBRINHO, José. Universidade em tempos de precarização e incertezas. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas, v. 23, n. 3, p. 736–53, 2018.), ou seja, é configurada como comércio de serviços. Diferentemente, a internacionalização sul-sul fundamenta-se nos conceitos de cooperação sul-sul e na cooperação internacional horizontal respaldada na “consciência internacional e no fortalecimento da capacidade científica endógena dos parceiros mais fragilizados” (MOROSINI, 2011, p. 96MOROSINI, Marília Costa. Internacionalização na produção de conhecimento em IES brasileiras: cooperação internacional tradicional e cooperação internacional horizontal. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 27, n. 1, p. 93–112, 2011.).

Explicita-se, portanto, a necessidade de uma internacionalização não somente centrada na realização de atividades de intercâmbio, na participação em eventos internacionais, como congressos, seminários, entre outros. É necessário que as Instituições de Ensino Superior (IES) avancem no sentido da adoção de uma política de internacionalização voltada para “elementos de sinergia entre o ensino, a pesquisa e a extensão, reconhecendo as potencialidades do país de origem e dos países parceiros nos processos de cooperação internacional” (MOROSINI; DALLA CORTE, 2018, p. 114MOROSINI, Marilia Costa; DALLA CORTE, Marilene Gabriel. Teses e realidades no contexto da internacionalização da educação superior no Brasil. Revista Educação em Questão, [s.l.], v. 56, n. 47, p. 97–120, 2018.).

Contudo, a mobilidade acadêmica ainda detém a centralidade nos processos de internacionalização da educação superior, especialmente para os países do sul global. É por meio dela que os estudantes, docentes e funcionários das IES realizam suas inserções em outros contextos universitários, sejam eles em casa, sejam eles no exterior. Nos últimos anos, os processos de mobilidade acadêmica intensificaram “a relação transnacional em espaços geopolíticos, a exemplo dos países da União Europeia, ampliando conexões e potencializando a construção de redes de conhecimento em nível regional ou, até mesmo, em contexto global” (MOROSINI; DALLA CORTE, 2018, p. 108MOROSINI, Marilia Costa; DALLA CORTE, Marilene Gabriel. Teses e realidades no contexto da internacionalização da educação superior no Brasil. Revista Educação em Questão, [s.l.], v. 56, n. 47, p. 97–120, 2018.).

Assim, a internacionalização apresenta-se como uma estratégia de desenvolvimento de relações políticas e econômicas, com a finalidade de consolidar o Brasil como potência emergente no cenário internacional. Este contexto tem sido uma tendência fortalecida pelas políticas públicas brasileiras que visam atender às exigências do capital, visto que sua internacionalização é, historicamente, intensamente dependente do Estado (CRUZ; EICHLER, 2021CRUZ, Viviane Xavier de Araújo; EICHLER, Marcelo Leandro. Bolsas CAPES de mobilidade acadêmica internacional 1952-2019: um estudo a partir dos contextos de internacionalização da educação superior. Revista Brasileira de Pós-Graduação, Brasília, DF, v. 17, n. 37, p. 1–25, 2021.).

As políticas de internacionalização na América Latina são focadas em ações de cooperação internacional, o que gera uma concorrência desigual entre os pesquisadores das diferentes regiões do Brasil, em especial da Nordeste, onde o ensino superior ainda se encontra em processo de expansão e de consolidação na maioria dos estados. Corroborando isso, Morosini (2021)MOROSINI, Marília. Internacionalização da educação superior no Brasil e desafios no contexto do sul global. Revista Educación Superior y Sociedad (ESS), Caracas [Venezuela], v. 33, n. 1, p. 361–83, 2021. destaca que a perspectiva da internacionalização para a integração regional solidária é encontrada no discurso latino-americano, sendo marcada pela direção sul-sul e com ênfase na integração regional.

A partir dessa perspectiva, objetivamos discorrer sobre as sinuosidades da internacionalização, analisando o perfil das temáticas nas produções científicas relacionadas à internacionalização da educação superior em contextos emergentes a partir do sul global, por meio de uma revisão sistemática da literatura. Para desenvolver a pesquisa, estruturamos o presente artigo em quatro etapas. Na primeira, introdutória, apresentamos a temática, delineamos os objetivos e definimos a problemática investigativa. Na segunda, apresentamos o enredo a fim de delinear a presente pesquisa. Na terceira etapa, demonstramos os resultados da pesquisa a partir da análise das teses e dissertações, em que apontamos o perfil das temáticas das produções científicas analisadas. Concluímos com a quarta etapa, apresentando as principais temáticas que perpassam pelas discussões apresentadas.

2 PERCURSO METODOLÓGICO

De natureza qualitativa, esta pesquisa é classificada como bibliográfica, na modalidade de revisão sistemática da literatura (GALVÃO; RICARTE, 2019GALVÃO, Maria Cristiane Barbosa; RICARTE, Ivan Luiz Marques. Revisão sistemática da literatura: conceituação, produção e publicação. Logeion: Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 57–3, 2019.). O mapeamento da produção científica foi feito no período de maio-julho de 2022, no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Por meio do Banco de Teses e Dissertações (BTD), foi identificado o total de 160 trabalhos, sendo, desses, 47 teses e 88 dissertações publicadas durante o período de 2017-2022, utilizando para busca os descritores “internacionalização da educação superior”, “contextos emergentes” e “sul global”, com os filtros de busca avançada para grande área do conhecimento: Ciências Humanas; área do conhecimento: Educação; área de avaliação: Educação; e área de concentração: Educação.

Após a etapa de identificação, adotamos como critério de inclusão para a sistematização da produção científica: a identificação de um, dois, ou mais descritores utilizados, estando estes presentes nos títulos e/ou resumos destes estudos. Foram excluídos da pesquisa aqueles que não continham um, dois ou mais descritores utilizados, tanto no título como no resumo, ou, ainda, aqueles que não tratavam de analisar ou discutir as concepções de internacionalização com foco em perspectivas epistemológicas a partir do sul global. Sendo assim, para esta pesquisa, foi analisado o total de oito teses e três dissertações, oriundas de programas de Pós-Graduação em Educação e áreas afins, distribuídas nas regiões Norte e Sul do Brasil (Quadro 1).

Quadro 1
Teses e dissertações com foco em perspectivas para os contextos emergentes a partir do sul global

Para a análise do perfil das temáticas das produções científicas apresentada no item a seguir, levaram-se em consideração aspectos relacionados a: coerência do estudo, qualidade metodológica, resultados alcançados, conclusão adequada ao objetivo pretendido e contexto utilizado para formulação das concepções de internacionalização.

3 ANÁLISE DO PERFIL DAS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS

Muitos são os desafios que vêm sendo postos às IES no que diz respeito às funções de ensino, pesquisa e extensão, visto que a educação superior vive um momento singular no contexto sócio-histórico e econômico mundial. Neste cenário, estão implícitas demandas locais oriundas de um contexto global, configurando-se na construção de novas formas de educação, observadas em sociedades contemporâneas, que convivem em tensão com concepções preexistentes, refletoras de tendências históricas. São contextos emergentes2 2 “Os contextos emergentes ocupariam um espaço de transição entre um modelo tipo ideal weberiano de educação tradicional e um outro de Educação Superior neoliberal” (MOROSINI, 2014, p. 386). , nos quais “o ethos do desenvolvimento humano e social encontra-se na globalização, com interação a outras formas de contextos da Educação Superior” (MOROSINI, 2014, p. 386MOROSINI, Marília Costa. Qualidade da educação superior e contextos emergentes. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas, v. 19, p. 385–405, 2014.).

Nesta perspectiva, situa-se a pesquisa de Moreira (2018)MOREIRA, Larissa Cristina Dal Piva. Análise do processo de internacionalização universitária entre países emergentes: estudo de caso do Brasil com os demais países membros dos BRICS durante os Governos Lula e Dilma. 2018. 418p. Tese (Doutorado em Estudos Estratégicos Internacionais) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018., denominada “Análise do processo de internacionalização universitária entre países emergentes: estudo de caso do Brasil com os demais países membros dos BRICS durante os governos Lula e Dilma”. Nesta, apresenta-se uma comparação entre a internacionalização universitária do Brasil com a internacionalização das universidades de outros países emergentes. Seus principais achados indicam discrepâncias entre visões e ações de internacionalização universitária, apesar da sequência partidária no governo, bem como a distinção entre os dois governos quanto à iniciativa de criar uma política unificada de internacionalização do ensino superior com os países-membros dos BRICS3 3 Grupo de países considerados emergentes pertencentes ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, a África do Sul). .

A conclusão da tese aponta para as diferenças entre os dois governos de um mesmo partido em relação ao tema da internacionalização universitária. Indica que, “para a criação de uma política de Estado” com vistas à inserção estratégica “no cenário internacional, o Brasil precisaria que a sua elite política transcendesse as rivalidades conjunturais e elegesse a educação e o nível de criação de conhecimentos como moedas não intercambiáveis” (MOREIRA, 2018, p. 185MOREIRA, Larissa Cristina Dal Piva. Análise do processo de internacionalização universitária entre países emergentes: estudo de caso do Brasil com os demais países membros dos BRICS durante os Governos Lula e Dilma. 2018. 418p. Tese (Doutorado em Estudos Estratégicos Internacionais) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.).

Thiengo (2018)THIENGO, Lara Carlette. Universidades de classe mundial e o consenso pela excelência: tendências globais e locais. 2018. 449p. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018., em sua tese “Universidades de Classe Mundial e o consenso pela excelência: tendências globais e locais”, analisa documentos, publicados a partir de 2000, dos organismos multilaterais4 4 São organizações independentes, como a União Europeia (EU), a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a UNESCO e, até mesmo, o Banco Mundial (BM) (MAUÉS; GUIMARÃES, 2019). , métricas e resultados de rankings acadêmicos e as iniciativas de excelência empreendidas por países, blocos, grupos e instituições. Tem como principal objetivo desvelar sobre os direcionamentos para a promoção do modelo/concepção de Universidade de Classe Mundial (UCM) no Brasil, a partir das políticas educacionais contidas nos Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDIs) de algumas universidades públicas. Segundo Thiengo (2018, p. 393)THIENGO, Lara Carlette. Universidades de classe mundial e o consenso pela excelência: tendências globais e locais. 2018. 449p. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018., o tema UCM trata de

[...] um processo amplo e complexo de transformações da Educação Superior em âmbito global, que evolvem a expansão, a diferenciação e a Internacionalização deste nível de ensino, em conformidade com as novas finalidades suscitadas pelo capital no âmbito do regime de acumulação de predominância financeira.

A análise empreendida permitiu constatar a emergência e a propagação do modelo de UCM, fundamentado na ideologia da excelência, como expressão do aprofundamento da diferenciação da educação superior e da rendição ao mercado, sendo esta uma tendência que ganha força em detrimento da concepção de universidade como espaço de formação. De acordo com Thiengo (2018, p. 393)THIENGO, Lara Carlette. Universidades de classe mundial e o consenso pela excelência: tendências globais e locais. 2018. 449p. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018., a análise dos documentos permitiu compreender que “o modelo/concepção de UCM é utilizado pelos agentes sociais de decisão como um arquétipo com o qual se induz a competitividade internacional e eleva-se ao paroxismo a diferenciação/hierarquização entre as universidades”.

Neste sentido, a pesquisa de Thiengo (2018)THIENGO, Lara Carlette. Universidades de classe mundial e o consenso pela excelência: tendências globais e locais. 2018. 449p. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018. pretendeu evidenciar os modelos e as concepções de UCM difundido pelos OIs e expresso no programa Horizonte 2020, no âmbito da União Europeia e Universidade em Rede do BRICS e nos PDIs das IES públicas brasileiras, interpelando as tendências, orientações políticas e os projetos contemporâneos para a Educação Superior, no contexto global e regional.

Silva (2019)SILVA, Josielle Soares. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil? 2019. 244p. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019. apresenta, nos resultados de sua pesquisa intitulada “Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil?”, divergências encontradas nos discursos dos gestores entrevistados, referentes às concepções de internacionalização. Revelando uma visão bastante limitada e reducionista do tema, o autor destaca que

o fato de não considerar como internacionalização o que está relacionando com os países africanos de língua portuguesa revela uma concepção de internacionalização que está ligada aos países do Norte, principalmente os Estados Unidos e a Europa onde podem ser encontradas as pesquisas de ponta e as universidades mais conceituadas nos rankings internacionais. (SILVA, 2019, p. 212SILVA, Josielle Soares. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil? 2019. 244p. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.).

Ainda, a partir das entrevistas com os professores, foi possível constatar “falta de compreensão da comunidade acadêmica dos objetivos de internacionalização e integração a que a instituição se propõe, o que dificulta as relações no âmbito acadêmico” (SILVA, 2019, p. 212SILVA, Josielle Soares. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil? 2019. 244p. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.); entretanto, observou-se, nos discursos dos entrevistados, a clareza da importância e contribuição da instituição no compartilhamento do conhecimento no contexto da cooperação internacional para o desenvolvimento.

Neste sentido, entende-se que a UNILAB faz parte de uma estratégia de desenvolvimento de relações políticas e econômicas, com a finalidade de consolidar o Brasil como potência emergente no cenário internacional. A instituição federal de educação superior UNILAB foi criada sob a Lei n. 12.289, de 20 de junho de 2010, constituída de 50% de alunos estrangeiros provenientes de países africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e 50% de estudantes brasileiros, configurando, assim, uma universidade de internacionalização na sua origem e pela via da cooperação solidária. Foi concebida com missão institucional específica de formar recursos humanos para contribuir com a integração e o desenvolvimento regional entre o Brasil e os demais países-membros da CPLP5 5 Fazem parte da CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A Comunidade de Países de Língua Portuguesa surge como mecanismo de cooperação envolvendo países do sul de língua oficial Portuguesa e Portugal. . Contudo, mesmo com discursos de solidariedade nos documentos oficiais, essa política objetivou a inserção e mais protagonismo internacional para o Brasil, tanto em termos econômicos quanto diplomáticos, principalmente no sentido de cooperação internacional sul-sul.

De acordo com Machado e Moraes (2021)MACHADO, Marília Ribas; MORAES, Mario Cesar Barreto. Política externa brasileira, cooperação sul-sul e ensino superior brasileiro. Revista Internacional de Educação Superior, Campinas, v. 7, e021042, 2021. com o objetivo de se fortalecer, os países do sul buscaram a consolidação de sua posição diante dos países desenvolvidos, ou seja, as tradicionais relações norte-sul. Nesse contexto, tornaram-se potências emergentes, ou seja, de renda média e que começam a participar qualitativamente do sistema de cooperação internacional. No caso do Brasil, este processo conciliou na redemocratização do país como uma forma de reforçar seus laços com a América Latina e com Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Segundo Silva (2019)SILVA, Josielle Soares. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil? 2019. 244p. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019., a inserção do Brasil no eixo da cooperação sul-sul remonta à década de 1980, em que, com objetivos estratégicos, adotou uma nova política externa, da qual resultou seu reposicionamento no cenário internacional, sobretudo em suas relações com os países periféricos e semiperiféricos.

A Cooperação Sul-Sul desponta como um mecanismo inovador de interdependência para minimizar os riscos gerados pela globalização e fazer melhor uso das oportunidades que surgem. Isso ocorre pelo papel que alguns países em desenvolvimento passam a assumir na nova geopolítica mundial e, portanto, procuram se inserir na nova visão do desenvolvimento econômico dos países à margem do centro e assegurar uma inclusão diferenciada de alguns países do Sul com os países desenvolvidos. (SILVA, 2019, p. 208SILVA, Josielle Soares. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil? 2019. 244p. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.).

Evidencia-se que o Brasil é um país que tem tradição em processos de internacionalização, entretanto, sempre deteve posição dependente, principalmente na mobilidade estudantil, tendo em vista que, “na sua gênese histórica, foi o processo de integração e cooperação que permitiu a evolução desse nível de ensino, essencialmente na pós-graduação” (SILVA, 2019, p. 210SILVA, Josielle Soares. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma estratégia de cooperação solidária ou consolidação da internacionalização mercantil? 2019. 244p. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.). Sendo assim, com a criação da UNILAB, o país passa a ser o grande receptor de estudantes estrangeiros, o que se caracteriza como uma internacionalização ativa em âmbito regional.

Nessa mesma perspectiva, o estudo feito por Souza (2019)SOUZA, Claudia Schiedeck Soares de. Internacionalizando a rede federal de educação profissional: um estudo substantivo. 2019. 179p. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos [UNISINOS], São Leopoldo, 2019., “Internacionalizando a rede federal de educação profissional: um estudo substantivo”, teve como principal objetivo analisar um modelo de internacionalização para os Institutos Federais (IFs) a partir da instituição do Programa Ciências sem Fronteiras (CsF) pelo Governo Federal, em 2011. As estratégias evidenciadas, assim como os múltiplos parceiros e acordos de cooperação educacional, os quais priorizam a mobilidade, sinalizaram o desenvolvimento de um modelo clássico de internacionalização.

Mesmo que a mobilidade acadêmica não seja mais considerada elemento central nos processos de internacionalização em países do norte global, segundo Morosini e Dalla Corte (2018)MOROSINI, Marilia Costa; DALLA CORTE, Marilene Gabriel. Teses e realidades no contexto da internacionalização da educação superior no Brasil. Revista Educação em Questão, [s.l.], v. 56, n. 47, p. 97–120, 2018., na perspectiva mobility out, ela ainda representa uma estratégia mercadológica na economia desses países. No sentido mobility in, conta com acordos de cooperação entre as IES, principalmente pelo envio de estudantes do Hemisfério Sul, como o Brasil, constituindo uma prioridade o desenvolvimento social, tecnológico e, consequentemente, econômico do país.

Lindemann (2020)LINDEMANN, Júlio César. A internacionalização da educação superior, no âmbito da graduação, como um indicativo de qualidade educacional. 2020. 301 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade La Salle, Canoas, 2020., ao investigar “A internacionalização da educação superior, no âmbito da graduação, como um indicativo de qualidade educacional”, sinaliza que os estudos analisados entre 2006 e 2017 detêm o foco na mobilidade acadêmica discente. Dentre as palavras-chave mais utilizadas nesses trabalhos, destacam-se os termos “mobilidade acadêmica” (10 indicações) e “Ciência sem Fronteiras” (9 indicações). Todavia, dos 28 estudos analisados, quatro enfatizam as contribuições da internacionalização para a qualidade educacional no âmbito da graduação. Ressalta-se que somente dois mencionam o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES).

De maneira geral, dentre as estratégias institucionais para desencadear e qualificar a internacionalização da educação superior, ainda impera a mobilidade acadêmica, tanto em relação ao norte global quanto ao sul global. Neste sentido, Morosini e Dalla Corte (2018, p. 102)MOROSINI, Marilia Costa; DALLA CORTE, Marilene Gabriel. Teses e realidades no contexto da internacionalização da educação superior no Brasil. Revista Educação em Questão, [s.l.], v. 56, n. 47, p. 97–120, 2018. ressaltam que, no Brasil, existe um quadro expressivo de expansão da internacionalização relacionado ao “alargamento de fronteiras transnacionais; o crescimento e a diversificação da pós-graduação em especial quanto à cooperação internacional pela formação de redes trabalho [sic] e de pesquisa internacionais e; a integração regional”. Todos esses elementos são permeados pela mobilidade acadêmica, caracterizando a internacionalização universitária nos países do hemisfério sul.

Oliveira (2020)OLIVEIRA, Larissa Maria da Costa Fernandes. A política de internacionalização da pós-graduação brasileira: um estudo em programas de educação da região nordeste. 2020. 279 f. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020., em sua tese “A política de internacionalização da pós-graduação brasileira: um estudo em programas de educação da região nordeste”, destaca que a internacionalização é uma dimensão da avaliação utilizada pela CAPES como forma de regulação e controle e tem como finalidade ajustar o conhecimento produzido na pós-graduação brasileira a um novo patamar exigido pelo cenário mundial. Neste sentido, as políticas de internacionalização são focadas em ações de cooperação internacional, o que gera uma concorrência desigual entre os pesquisadores das diferentes regiões, em especial da Região Nordeste, onde a pós-graduação ainda se encontra em processo de expansão e de consolidação na maioria dos estados.

Em um cenário mundial, de acordo com a autora, a Educação Superior adquire papel central, pois é responsável pela formação para o trabalho e para a pesquisa, especialmente quando se trata de países periféricos, como o caso do Brasil, nos quais é nas universidades que reside a maior parte do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Neste sentido, a CAPES explicita as diretrizes para esse setor na primeira década do século XXI, por meio do Plano Nacional de Pós-Graduação (2005-2010), de modo a

estimular a cooperação internacional por intermédio das universidades, de tal forma que o intercâmbio entre alunos e professores seja institucionalizado, permitindo a apresentação de projetos de capacitação de recursos junto às agências de fomento internacionais. (BRASIL, 2004, p. 61–2BRASIL. Ministério da Educação. Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Plano Nacional de Pós-Graduação 2005-2010. Brasília, DF, dez. 2004.).

Embora o Brasil se insira no contexto da internacionalização da educação superior ainda de maneira embrionária, propõe uma mobilidade acadêmica que visa à cooperação internacional, com o objetivo de diminuir e, quem sabe, sanar as diferenças entre nossas instituições, as quais, em sua maioria, encontram-se fora dos rankings mundiais. Este contexto tem sido uma tendência fortalecida pelas políticas públicas brasileiras para atender às exigências do capital, visto que sua internacionalização é, historicamente, intensamente dependente do Estado (CRUZ; EICHLER, 2021CRUZ, Viviane Xavier de Araújo; EICHLER, Marcelo Leandro. Bolsas CAPES de mobilidade acadêmica internacional 1952-2019: um estudo a partir dos contextos de internacionalização da educação superior. Revista Brasileira de Pós-Graduação, Brasília, DF, v. 17, n. 37, p. 1–25, 2021.).

Baranzeli (2021)BARANZELI, Caroline. Internacionalização da educação superior e o desenvolvimento de competências: perspectivas docentes em distintos contextos. 2021. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2021. destaca, em sua tese denominada “Internacionalização da educação superior e o desenvolvimento de competências: perspectivas docentes em distintos contextos”, que a intensificação dos processos de globalização, bem como da internacionalização, repercute em distintas possibilidades para as IES, mas, principalmente, incide sobre os desafios impostos à realidade brasileira. A comparação de dois cenários educacionais, sendo Inglaterra e Brasil, demonstrou que, apesar das diferenças em ambos os contextos, é possível observar perspectivas fundamentais aos processos de internacionalização, relacionadas às competências de aprender a ser e conviver, delineadas pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Entende-se que, para atender à demanda global posta para a educação superior, na contemporaneidade, é necessária a qualificação profissional, tanto para quanto por meio da pesquisa. Assim, de acordo com Baranzeli (2021)BARANZELI, Caroline. Internacionalização da educação superior e o desenvolvimento de competências: perspectivas docentes em distintos contextos. 2021. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2021., compreender qual o modelo de universidade que se busca para o futuro e como a internacionalização da educação superior contribui nesse processo é de suma importância, tanto para instituições do norte global como do sul global.

Sendo assim, a análise dos resultados da tese dividiu-se em quatro eixos analíticos: (1) perspectivas de internacionalização dos acadêmicos; (2) o trabalho dos acadêmicos em redes de pesquisa; (3) o ensino em salas de aula diversificadas; (4) extensão e sua relação com processos de internacionalização. Baranzeli (2021)BARANZELI, Caroline. Internacionalização da educação superior e o desenvolvimento de competências: perspectivas docentes em distintos contextos. 2021. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2021. destaca que, apesar da principal hipótese de tese considerar a falta de domínio sobre os processos de internacionalização, foi possível identificar que os entrevistados relacionam este fenômeno aos contextos e às áreas de conhecimentos em que estão inseridos, demonstrando conhecimento acerca da temática. Como principais contribuições, o trabalho apresenta, ainda: a continua configuração de uma internacionalização voltada para o intercâmbio, em sua maioria com o norte global e dificuldades na criação de vínculos entre os membros das redes sul global.

Entretanto, os resultados apresentados por Baranzeli (2021, p. 148)BARANZELI, Caroline. Internacionalização da educação superior e o desenvolvimento de competências: perspectivas docentes em distintos contextos. 2021. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2021. demonstram-se favoráveis à cooperação sul-sul e à cooperação internacional horizontal, quando a autora destaca que “os entrevistados assinalam a importância da valorização e ensino em outras línguas, não apenas o inglês, para promover a Internacionalização”. Insere-se aqui a valorização da Língua Portuguesa, no sentido de motivar os estrangeiros a aprender Português e tornar as instituições brasileiras mais atrativas e acolhedoras para esses estudantes. Segundo a autora, as conclusões apresentadas em sua tese reafirmam a importância dos processos de internacionalização no contexto da educação superior. Em sua conceituação, com base na definição de internacionalização feita por Morosini (2019)MOROSINI, Marilia Costa. Como internacionalizar a universidade: concepções e estratégias – guia para a internacionalização universitária. Porto Alegre: Editora EdiPUCRS, 2019. para a América Latina, a noção de competências interculturais6 6 As competências interculturais (também chamadas de globais) destacam a importância na interação dos sujeitos e na construção de relações adequadas dentro de determinados contextos. é colocada como parte integrante deste processo.

Nakamura (2021)NAKAMURA, Ádria Ramos Lustosa. O discurso sobre a internacionalização das universidades brasileiras. 2021. 149 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021., em seu trabalho sobre “O discurso sobre a internacionalização das universidades brasileiras”, apresenta as ações que foram implantadas dentro das universidades brasileiras nos últimos anos (2011-2018), em relação à internacionalização, como sendo de dimensão global, com enfoques transnacionais/internacionais. Dentre estas, encontram-se os programas Ciência sem Fronteiras (CsF), Inglês sem Fronteiras (IsF) e o Edital do CAPES-Print. Ao contrário do enfoque dado às competências interculturais, destacado por Baranzeli (2021)BARANZELI, Caroline. Internacionalização da educação superior e o desenvolvimento de competências: perspectivas docentes em distintos contextos. 2021. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2021., notam-se aqui ações políticas voltadas para o ensino de uma língua estrangeira. Sob este aspecto, Nakamura enfatiza que “é possível inferir a existência de uma memória discursiva de que o poderio econômico de um país e, consequentemente, sua língua oficial influenciam as pesquisas científicas em um sentido global” (p. 134).

Em vista disso, para acompanhar a globalização e os processos de inovações tecnológicas, os governos de países menos desenvolvidos, ou seja, em contextos emergentes, buscam investir no ensino de um segundo idioma dentro de universidades brasileiras, no sentido de que a concepção de língua na condição de discurso produz sentidos marcados por relações de poder colonial. Considerando-se os achados de Nakamura (2021)NAKAMURA, Ádria Ramos Lustosa. O discurso sobre a internacionalização das universidades brasileiras. 2021. 149 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021., a internacionalização das universidades brasileiras se enquadra em uma perspectiva mais passiva do que ativa no decorrer da história, o que nos coloca em uma posição de sujeito colonizado, de país que ainda não avançou significativamente em relação à ciência e à tecnologia.

No que tange à análise das dissertações, o trabalho de Delbem (2017)DELBEM, Henrique Yung. SINAES: ações acadêmico-administrativas implementadas na educação superior para (re)configuração de um perfil institucional. 2017. 152 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Estado do Mato Grosso, Cáceres, 2017., denominado “SINAES: ações acadêmico-administrativas implementadas na educação superior para (re)configuração de um perfil institucional”, caminha na mesma direção do discurso de internacionalização identificado anteriormente no trabalho de Nakamura (2021)NAKAMURA, Ádria Ramos Lustosa. O discurso sobre a internacionalização das universidades brasileiras. 2021. 149 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021.. De acordo com Delbem (2017)DELBEM, Henrique Yung. SINAES: ações acadêmico-administrativas implementadas na educação superior para (re)configuração de um perfil institucional. 2017. 152 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Estado do Mato Grosso, Cáceres, 2017., os novos perfis e modelos de universidades que surgiram a partir das influências de organismos multilaterais (OM) perfazem uma realidade atual caracterizada por reformas neoliberais, que marcaram um modelo de instituição que saiu dos “muros de marfim” direto para os “braços abertos” da globalização. Dentre os fatores que contribuíram para a criação de um novo perfil, encontram-se os mercados, a internacionalização, a avaliação e acreditação e a diversificação dos formatos de IES.

Neste aspecto, as políticas de avaliação nacional, promulgadas na educação superior pelo SINAES, indicam mudanças globais nas IES, principalmente no que diz respeito à qualidade educacional. No que se refere à avaliação da educação superior, verifica-se que esta vem sendo utilizada para orientar as políticas públicas, com foco na garantia dos interesses da economia. Este fato tem minimizado a autonomia das universidades, que, empenhadas no atendimento dos critérios de qualidade, recorrem regularmente às classificações nos rankings para ajudar a estabelecer e definir metas que mapeiam seu desempenho (NEZ, 2021NEZ, Egeslaine. Rankings acadêmicos e governança universitária no espaço do ensino superior de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Macau, Moçambique, Portugal e Brasil. Revista Internacional de Educação Superior, Campinas, v. 7, p. 021023, 2021.).

Abba e Streck (2021)ABBA, Maria Julieta; STRECK, Danilo Romeu. A Reforma de Córdoba de 1918 e a Internacionalização universitária na América Latina. História da Educação, Porto Alegre, RS, v. 25, p. 1–32, 2021. destacam que a internacionalização imposta como meio e condição para que as universidades se integrem ao processo de globalização e à chamada sociedade do conhecimento objetiva, principalmente, as conexões internacionais (físicas e virtuais), fortalecendo a comunicação, a interação e, assim, promovendo intercâmbios no sentido do sul-norte global.

Pontes (2018)PONTES, Luma Barbalho. O Ciência Sem Fronteiras na Universidade Federal Rural da Amazônia: perspectivas entre a internacionalização da educação superior e a política de ciência, tecnologia e inovação. 2018. 155 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, 2018., sob a perspectiva dos intercâmbios acadêmicos, em sua pesquisa “O Ciência sem fronteiras na Universidade Federal Rural da Amazônia: perspectivas entre a internacionalização da educação superior e a política de ciência, tecnologia e inovação”, destaca que o programa foi majoritariamente tradicional, marcado pela lógica do mercado com relações desiguais, em que países periféricos buscam formação em países centrais e com tendência à internacionalização passiva, visto que o programa foi baseado no envio de estudantes e pesquisadores para o exterior, recebendo um número inexpressivo de pesquisadores estrangeiros.

As investigações a respeito da política de Ciência, Tecnologia e Inovação indicam que os objetivos traçados para o Ciência sem Fronteiras seguem o mesmo alinhamento do estudo realizado por Moreira (2018)MOREIRA, Larissa Cristina Dal Piva. Análise do processo de internacionalização universitária entre países emergentes: estudo de caso do Brasil com os demais países membros dos BRICS durante os Governos Lula e Dilma. 2018. 418p. Tese (Doutorado em Estudos Estratégicos Internacionais) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018., sobretudo a partir do governo Lula (2003-2010). Dentre as principais críticas ao programa, estão as relações entre universidade e empresa, as quais objetivam fomentar o setor produtivo do país. Por último, os discursos analisados demonstram que os estudantes beneficiados com o programa não tiveram uma significativa produção acadêmica relacionada à imersão sociocultural e qualidade educacional, em virtude da falta de planejamento e controle do intercâmbio e dos baixos níveis de proficiência no idioma estrangeiro.

Vista de outro ângulo, a mobilidade estudantil internacional desempenhou, nesse contexto, um papel central na internacionalização da educação superior, pois promoveu a interação e compreensão das diferenças culturais entre os países, além de impulsionar a formação e inovação nas diferentes áreas do conhecimento. Neste sentido, as discussões a respeito dos pontos positivos em relação às políticas públicas de mobilidade entravam-se, fundamentalmente, nos temas de evasão de cérebros, produtivismo acadêmico e qualidade isomórfica (PONTES, 2018PONTES, Luma Barbalho. O Ciência Sem Fronteiras na Universidade Federal Rural da Amazônia: perspectivas entre a internacionalização da educação superior e a política de ciência, tecnologia e inovação. 2018. 155 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, 2018.).

Castilho (2020)CASTILHO, Katlin Cristina. Espaço de educação superior da América Latina e Caribe: pontos e estratégias predominantes para sua constituição. 2020. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba, 2020. apresenta o “Espaço de educação superior da América Latina e Caribe: pontos e estratégias predominantes para sua constituição”. Em seu estudo, analisa duas universidades (UNICAMP e da UFMG) presentes no sul global, mais especificamente, no Brasil. O estudo possibilitou perceber que a construção e consolidação do Espaço Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior é possível e poderá ampliar as relações universitárias e parcerias entre os governos parceiros, com base em diálogos mais diretivos e planejados para a sua consecução. Nesta perspectiva, indícios de uma internacionalização pautada em mobilidade emergem no discurso dos sujeitos da pesquisa.

Ainda que resquícios de uma concepção de internacionalização no sentido de norte-sul global tenham sido identificados, de acordo com a autora, as devolutivas das entrevistas apontam que 1. Ações de estabelecimento de padrões de proximidade entre as IES da região; 2. Constituição de mecanismos de integração a partir da consolidação de objetos e ações em comum; e 3. Criação de estrutura de equivalência de créditos e disciplinas em comum para o bloco7 7 Refere-se ao Espaço de Encontro Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior (ENLACES), de vínculo institucional com a UNESCO. sugerem uma nova perspectiva de internacionalização, moldada pela ampliação sistemática da mobilidade acadêmico-científica e de um sistema de validação de disciplinas que nos localizem política e economicamente no contexto social emergente latino-americano e caribenho.

Portanto, a partir da análise das produções científicas relacionadas à internacionalização da educação superior em contextos emergentes a partir do sul global, foi possível identificar quatro temáticas predominantes contidas nesses estudos (Figura 1).

Figura 1
Temáticas predominantes das produções científicas analisadas

De acordo com os dados apresentados, identificamos que todos os trabalhos analisados abordam questões de internacionalização e suas inter-relações políticas, econômicas e sociais, sob a perspectiva dos contextos emergentes partindo do sul global. Denota-se que as dimensões de políticas públicas de internacionalização da educação superior, temáticas relacionadas a questões interculturais e multiculturais e questões socioeconômicas ocupam a centralidade do gráfico, indicando que, dos 11 trabalhos analisados (oito teses e três dissertações), nove objetivaram discutir a dimensão das políticas públicas; oito, a interculturalidade e a multiculturalidade; e cinco, as questões socioeconômicas, dentre os anos de 2017-2021. Ainda, podemos perceber que, a respeito da dimensão de avaliação da qualidade, apenas quatro trabalhos, nos anos de 2020 e 2021, incluindo teses e dissertações, apresentaram relação com a temática.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados obtidos, identificamos que as discussões acerca da internacionalização em contextos emergentes a partir do sul global situam-se dentro de temáticas principalmente relacionadas às políticas públicas de internacionalização e de educação superior, questões interculturais e multiculturais, questões socioeconômicas de países periféricos, como no caso do Brasil, e, ainda, avaliação da qualidade educacional.

Podemos considerar que a maioria das universidades do sul global foram moldadas, desde seu início, por um norte global hegemônico, com posse no conhecimento colonial, capitalista e eurocentrado. Nesse sentido, tendo em vista que o contexto internacional não imbrica relações somente em países do norte, indica-se, para países do sul, conotação negativa para a globalização.

Contudo, faz-se necessário levar em consideração que as relações internacionais que ocupam o cenário da educação superior nunca foram igualitárias, e quem situa-se neste entendimento compreende que a divisão metafórica (norte e sul), fundamentada por diferenças radicais de realidades sociais, visíveis e invisíveis, faz com que “o outro lado da linha” desapareça como realidade, tornando-se invisível (SANTOS, 2009, p. 23SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Souza; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 23-71.).

Insere-se, aqui, a importância de compreender os caminhos e as estratégias de internacionalização em contextos emergentes a partir do sul global, presentes nas teses e dissertações produzidas no Brasil. Ainda que, na literatura, apresentem-se discursos de acesso igualitário, com políticas públicas voltadas para o acesso e a permanência de estudantes e universidades brasileiras, as estratégias de internacionalização para o sul global ainda se evidenciam por meio de intercâmbios, fluxos acadêmicos, mobilidades, publicações e parcerias internacionais.

Assim, a partir de uma nova perspectiva observada nesta pesquisa, o que tem se mostrado em países que compreendem o sul global, como o Brasil e o México, é que a internacionalização apresenta novas estratégias centradas em dimensões interculturais e multiculturais, com investimento na produção de conhecimento local, por meio de pesquisas e estudos que procuram responder aos desafios da realidade brasileira na intenção do cosmopolitismo, valorizando conhecimentos descentralizados, em espaços multiculturais.

Para que a internacionalização da educação superior seja viável ou até mesmo possível nos países do sul global, é necessário que essa seja amparada em princípios de contra-hegemonia e decolonialidade, rompendo com a visão de que existe uma ordem global e específica para a internacionalização, com conotações negativas para os processos de globalização.

  • 1
    Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau, Santa Catarina, Brasil.
  • 2
    “Os contextos emergentes ocupariam um espaço de transição entre um modelo tipo ideal weberiano de educação tradicional e um outro de Educação Superior neoliberal” (MOROSINI, 2014, p. 386MOROSINI, Marília Costa. Qualidade da educação superior e contextos emergentes. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas, v. 19, p. 385–405, 2014.).
  • 3
    Grupo de países considerados emergentes pertencentes ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, a África do Sul).
  • 4
    São organizações independentes, como a União Europeia (EU), a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a UNESCO e, até mesmo, o Banco Mundial (BM) (MAUÉS; GUIMARÃES, 2019MAUÉS, Olgaíses Cabral; GUIMARÃES, André Rodrigues. A Educação Superior na Esteira da Internacionalização. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, [s.l.], v. 35, n. 2, p. 307, ago. 2019.).
  • 5
    Fazem parte da CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A Comunidade de Países de Língua Portuguesa surge como mecanismo de cooperação envolvendo países do sul de língua oficial Portuguesa e Portugal.
  • 6
    As competências interculturais (também chamadas de globais) destacam a importância na interação dos sujeitos e na construção de relações adequadas dentro de determinados contextos.
  • 7
    Refere-se ao Espaço de Encontro Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior (ENLACES), de vínculo institucional com a UNESCO.
  • FINANCIAMENTO
    Este trabalho recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC)

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2023

Histórico

  • Recebido
    12 Dez 2022
  • Aceito
    24 Mar 2023
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