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Quando a história cala e o exótico fala: efeitos de sentido da cobertura da revista Veja na pré-candidatura de Obama à presidência dos EUA

When History silences and the exotic speaks: effects of meaning from the coverage by the magazine Veja of Obama's candidacy in the presidential elections

Cuando la historia calla y lo exótico habla: efectos de sentido de la cobertura de la revista Veja en la pre-candidatura de Obama a la presidencia de los EUA

Resumos

O artigo apresenta uma análise discursiva, tomando como base os preceitos e autores da Análise de Discurso Francesa, da reportagem de capa da Revista Veja de 11 de junho de 2008, que tem como tema o lançamento da candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos da América. Através de um dispositivo de análise, procuramos atravessar a superfície linguística de Veja e fugir da concepção de transparência e completude da linguagem. Desse modo, apresentamos uma abordagem de alguns efeitos de sentido dos discursos utilizados por Veja para constituir e significar um Obama que é caracterizado pelo exotismo, ao mesmo tempo em que promove o afastamento do passado histórico e político dos negros dos Estados Unidos. Em consequência disso, o discurso de Veja produz silenciamento e asfixia do caráter político/histórico da luta dos negros norte-americanos e exacerba seu sincretismo cultural.

Discurso jornalístico; Discurso político; Revista Veja; Barack Obama


Based on the French Discourse Analysis, this article brings a discursive analysis of the front page reporting by the magazine Veja from June 11, 2008, of the official start of Barack Obama's candidacy for president of the United States. With the use of an analytical device an attempt is made to get through the linguistic surface of Veja and go beyond the concept of transparency and wholeness of language. Thus, some effects of meaning are approached from the speeches selected by Veja to constitute and signify an Obama that is characterized by exoticism while, at the same time, the historic and political past of the African-Americans is erased. As a consequence, the discourse by Veja produces the silencing and suffocation of the political/historical character of the struggle by the African-Americans while their supposed cultural syncretism is exaggerated.

Journalistic discourse; Political discourse; Veja magazine; Barack Obama


El artículo presenta un análisis discursivo, tomando como base los preceptos y autores del Análisis del Discurso Francés, del reportaje de tapa de la Revista Veja de 11 de junio de 2008, que tiene como tema el estreno de la candidatura de Barack Obama a la presidencia de los Estados Unidos de América. A través de un dispositivo de análisis, procuramos atravesar la superficie linguística de Veja y huir de la concepción de transparencia e integridad del lenguaje. De ese modo, presentamos un abordaje de algunos efectos de sentido de los discursos utilizados por Veja para constituir y significar un Obama que es caracterizado por el exotismo, al mismo tiempo en que promueve el alejamiento del pasado histórico y político de los negros de los Estados Unidos. En consecuencia de eso, el discurso de Veja produce silenciamiento y asfixia del carácter político/histórico de la lucha de los negros norteamericanos en provecho de la exacerbación de su sincretismo cultural

Discurso periodístico; Discurso político; Revista Veja; Barack Obama


ARTIGO DE PESQUISA

Quando a história cala e o exótico fala: efeitos de sentido da cobertura da revista Veja na pré-candidatura de Obama à presidência dos EUA

When History silences and the exotic speaks: effects of meaning from the coverage by the magazine Veja of Obama's candidacy in the presidential elections

Cuando la historia calla y lo exótico habla: efectos de sentido de la cobertura de la revista Veja en la pre-candidatura de Obama a la presidencia de los EUA

Sandro BragaI; Tiago Costa PereiraII

IProfessor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, Santa Catarina, Brasil. Doutor em Linguística. Email: san15@ig.com.br

IIMestrando do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. Email: tiago_hst@hotmail.com

RESUMO

O artigo apresenta uma análise discursiva, tomando como base os preceitos e autores da Análise de Discurso Francesa, da reportagem de capa da Revista Veja de 11 de junho de 2008, que tem como tema o lançamento da candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos da América. Através de um dispositivo de análise, procuramos atravessar a superfície linguística de Veja e fugir da concepção de transparência e completude da linguagem. Desse modo, apresentamos uma abordagem de alguns efeitos de sentido dos discursos utilizados por Veja para constituir e significar um Obama que é caracterizado pelo exotismo, ao mesmo tempo em que promove o afastamento do passado histórico e político dos negros dos Estados Unidos. Em consequência disso, o discurso de Veja produz silenciamento e asfixia do caráter político/histórico da luta dos negros norte-americanos e exacerba seu sincretismo cultural.

Palavras-chave: Discurso jornalístico. Discurso político. Revista Veja. Barack Obama.

ABSTRACT

Based on the French Discourse Analysis, this article brings a discursive analysis of the front page reporting by the magazine Veja from June 11, 2008, of the official start of Barack Obama's candidacy for president of the United States. With the use of an analytical device an attempt is made to get through the linguistic surface of Veja and go beyond the concept of transparency and wholeness of language. Thus, some effects of meaning are approached from the speeches selected by Veja to constitute and signify an Obama that is characterized by exoticism while, at the same time, the historic and political past of the African-Americans is erased. As a consequence, the discourse by Veja produces the silencing and suffocation of the political/historical character of the struggle by the African-Americans while their supposed cultural syncretism is exaggerated.

Keywords: Journalistic discourse. Political discourse. Veja magazine. Barack Obama.

RESUMEN

El artículo presenta un análisis discursivo, tomando como base los preceptos y autores del Análisis del Discurso Francés, del reportaje de tapa de la Revista Veja de 11 de junio de 2008, que tiene como tema el estreno de la candidatura de Barack Obama a la presidencia de los Estados Unidos de América. A través de un dispositivo de análisis, procuramos atravesar la superficie linguística de Veja y huir de la concepción de transparencia e integridad del lenguaje. De ese modo, presentamos un abordaje de algunos efectos de sentido de los discursos utilizados por Veja para constituir y significar un Obama que es caracterizado por el exotismo, al mismo tiempo en que promueve el alejamiento del pasado histórico y político de los negros de los Estados Unidos. En consecuencia de eso, el discurso de Veja produce silenciamiento y asfixia del carácter político/histórico de la lucha de los negros norteamericanos en provecho de la exacerbación de su sincretismo cultural.

Palabras-clave: Discurso periodístico. Discurso político. Revista Veja. Barack Obama.

1 INTRODUÇÃO

Na noite do dia três de junho de 2008, o então senador pelo estado de Illinois (USA), Barack Hussein Obama, atingiu a quantidade necessária de votos dos delegados e superdelegados do Partido dos Democratas, superando sua adversária de partido Hillary Clinton, e acabou se tornando o primeiro negro a disputar a corrida eleitoral nos Estados Unidos da América. Obama teria como adversário o candidato do Partido dos Republicanos e da situação, John McCain. A partir de então, intensificou-se a cobertura jornalística desse evento em jornais, televisão e revistas. Nosso artigo pretende analisar uma reportagem da revista semanal Veja1 1 Petry, André. Obama entra para a história. Veja, São Paulo, edição 2064, p. 92-101, 11 de junho de 2008. que, uma semana depois da vitória de Obama, trazia na capa o rosto de Obama com a seguinte chamada: Barack Obama – Ele pode ser o homem mais poderoso do mundo.

Considerando o discurso em uma visão ampla como efeito de sentido entre interlocutores, nossa proposta é apontar alguns sentidos formulados por Veja para construir o Obama que a revista apresenta para o seu leitor. Para isso, guiamos nossa pesquisa na tentativa de responder de que maneira algumas palavras são ditas (produzindo um efeito de sentido) enquanto outras são silenciadas (apagando outros sentidos), e assim fazer emergir a importância do trabalho do silêncio na constituição de Barack Obama nas páginas da publicação semanal da editora Abril. Fazemos uma ressalva de que nossa análise não pretende ser completa e definitiva, uma vez que o que percebemos nas páginas de Veja, "como todo discurso, fica incompleto, sem início absoluto nem ponto final definitivo". (ORLANDI, 2001, p. 10).

Uma das revistas de maior tiragem no território brasileiro, Veja posiciona-se como uma representante do chamado jornalismo objetivo2 2 É bastante comum encontrar veículos, e seus respectivos produtos, que se autodenominam como expoentes de um jornalismo isento, jornalismo verdade, objetivo. Em seu sítio ( http://www.assineabril.com.br/assinar/revista-Veja/origem=sr/ba/ve), Veja se posiciona como "a revista investigativa e esclarecedora que repercute em todo o país, com reportagens que antecipam e explicam as grandes questões do Brasil e do mundo". . O discurso objetivo seria uma das diretrizes que o próprio discurso jornalístico imporia como caracterização da objetividade. Isso é sugerido nos manuais de redação e estilo na incessante busca da imparcialidade, seguindo a receita da ausência de adjetivação e a não exposição de opinião. É dessa forma, também, que a construção do texto noticioso é comumente ensinada nas disciplinas práticas de redação jornalística nas faculdades de comunicação. Este seria o "jornalismo informativo – gênero supostamente não 'contaminado pela opinião', pela valoração e pela ideologia – define a si mesmo como imparcial e isento". (BENETTI; JACKS, 2001, p. 2).

Adotando essas premissas, o discurso – seja ele jornalístico ou não – perderia sua materialidade e historicidade; e o papel da linguagem acabaria relegado ao de uma mera ferramenta a serviço da transmissão de informação, se fosse possível considerar a linguagem como algo transparente. Ao contrário disso, é "justamente na ultrapassagem de uma visão informacional, em outras palavras, na ideia de que a linguagem não pode ser reduzida a um instrumento de transmissão de dados, é que se poderá estabelecer os efeitos de sentido de mensagens midiáticas". (SANTANA, 2002-2004, p. 1).

Assim, este trabalho utiliza como corpus a matéria de capa da Veja (edição 2064) e, a partir de um dispositivo de análise, tem como um dos objetivos apreender, na materialidade discursiva, os efeitos de sentido propostos pelo texto e, desse modo, ultrapassar a aparente transparência da linguagem e a pretensa objetividade da linha editorial da revista. Para tal, usamos como subsídio teórico autores como Eni P. Orlandi, Michel Pêcheux, Michel Foucault e Antônio Fausto.

Desde já, ressaltamos que não temos a intenção de desvelar verdades ocultas pelo texto ou descobrir realidades manipuladas pela Veja. Até porque "não há uma verdade oculta atrás do texto. Há gestos de interpretação que o constituem e que o analista, com seu dispositivo, deve ser capaz de compreender". (ORLANDI, 2001, p. 27).

2 SERÁ QUE HAVERIA OBAMA SEM VINICIUS DE MORAES?

O questionamento proposto, que aproxima personagens muito distantes (em contextos, em cronologia, em geografia etc.) e chega a condicionar o nascimento de Obama aos versos de Vinicius de Moraes, parece à primeira leitura soar estranho. Esse trecho faz parte da legenda de uma das fotos (anexo) que ilustram a reportagem, "Obama entra para a história", em análise. A foto em questão é de uma cena do filme Orfeu Negro (1959), do francês Marcel Camus, baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes. Por que, então, um espaço reservado a uma cobertura e ao fazer político é habitado pelas cenas de um filme francês com um enredo que se desenrola no carnaval do Rio de Janeiro no fim da década de cinquenta?

A resposta começa a ser construída no trecho que abre a reportagem.

Quando era uma garota de 16 anos, Stanley Ann Dunham passava uns dias em Chicago, sem a vigilância dos pais, e resolveu assistir ao primeiro filme estrangeiro de sua vida. Era 1959. Orfeu Negro, do francês Marcel Camus, baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, acabara de ser lançado. (Veja, ed. 2064, p. 94).

Nas linhas seguintes desse primeiro parágrafo, o texto descreve o fascínio e o amor de Stanley Ann Dunham, descrita como ingênua e sonhadora, ao ver "aqueles negros exóticos em um país tropical". Ainda antes de revelar explicitamente que Ann é a mãe de Barack Obama, a revista continua propondo um efeito de exotismo ao seu discurso ao narrar a mudança de Ann, então com 18 anos, para o Havaí – que a revista classifica de "terra exótica" – e o encontro dela "branca como leite" com o "negro como breu", pai de Obama, em uma aula de russo.

Para compreendermos e refletirmos sobre quais os efeitos propostos ou produzidos por essa evocação de um cenário onde habitam, ao mesmo tempo, uma menina branca e ingênua, um "negro como o breu", os versos de Vinicius de Moraes3 3 A referência da matéria é ao verso: "A felicidade é como a gota/De orvalho numa pétala de flor/Brilha tranquila/Depois de leve oscila/E cai como uma lágrima de amor". e, até mesmo, o carnaval carioca, tentamos atravessar a superfície linguística do texto para atingir o objeto e, posteriormente, o processo discursivo. Para que esse movimento seja possível, é imprescindível a construção do que Orlandi chama de dispositivo de análise.

Este dispositivo tem como característica colocar o dito em relação ao não dito, o que o sujeito diz em um lugar com o que é dito em outro lugar, o que é dito de um modo com o que é dito de outro, procurando ouvir naquilo que o sujeito diz, aquilo que ele não diz mas que constitui igualmente os sentidos de suas palavras. (ORLANDI, 2001, p.59).

Através desse dispositivo, o analista trabalha no limite entre a descrição e a interpretação. O analista deve procurar fugir da posição de leitor, na qual é afetado pelo efeito de transparência/literalidade das palavras, e passar a produzir suas próprias leituras, outras. Para Orlandi, essas duas ações estão intimamente ligadas e "é preciso compreender que não há descrição sem interpretação". (ORLANDI, 2001, p.60).

Para que possamos dar continuidade à análise, é importante ressaltar alguns pontos em que a Análise do Discurso se posiciona e que são importantes para a análise dos sentidos e efeitos outros produzidos pela nossa leitura de Veja. Um deles é a noção de interpretação. "Diante de um objeto simbólico o homem tem necessidade de interpretar. Ele não pode não interpretar. Esta é uma injunção" (ORLANDI, 2003, p. 19). E como isto acontece? A interpretação se dá por filiações de sentido nesta ou naquela formação discursiva em que o sujeito se identifica: "ao fazer sentido, o sujeito se reconhece em seu gesto de interpretação. (ORLANDI, 2003, p. 19).

E se o homem é instado a interpretar, é importante ressaltar que, para a Análise do Discurso, um texto nunca é completo em seu sentido e as palavras não possuem o que se costuma chamar de sentido literal. O que existe são efeitos produzidos pela atribuição de sentidos, que sempre podem ser outros. A noção de que um texto tem em si um sentido completo, transparente e que existe uma relação natural entre as palavras e as coisas é produzida pelo trabalho da ideologia. Dessa forma, podemos observar os efeitos da ideologia, uma vez que a ideologia produz a aparência da unidade do sujeito e da transparência do sentido. "Estes efeitos, por sua vez, funcionam como 'evidências' que, na realidade, são produzidos pela ideologia. Tomá-los como realidade é ficar submerso na ideologia, na sua construção enquanto evidências." (ORLANDI, 1988, p. 56). Pode-se perceber que a noção de ideologia, para a Análise do Discurso, foge daquela ideia de ocultação e manipulação da verdade.

Acrescentamos ainda à noção de ideologia a importante relação do dito com o já dito (o interdiscurso). Assim, Pêcheux, ao propor como exemplo a análise do discurso de um deputado na Câmara, aponta para o fato de este discurso se apoiar na existência de outros discursos anteriores a ele, pois:

[...] o discurso se conjuga sempre sobre um discursivo prévio, ao qual ele atribui o papel de matéria-prima, e o orador sabe que quando evoca tal acontecimento, que já foi objeto de discurso, ressuscita no espírito dos ouvintes o discurso no qual este acontecimento era alegado, com as "deformações" que a situação presente introduz e da qual pode tirar partido. (PÊCHEUX, 1993, p. 77).

Adotando essas concepções – principalmente recorrendo à de ideologia –, enfatizamos que nossa análise não pretende descobrir o que está escondido nos textos de Veja ao relacionar o nascimento de Barack Obama aos versos de Vinicius de Moraes, e sim mostrar como a reportagem de Veja ancora essa relação subjetivando o negro – nos EUA – como um sujeito fora do lugar, que, para ocupar a posição de presidente, precisa estar desvinculado de toda uma historicidade da raça negra naquele país. Dito de outro modo, já nas primeiras linhas de Veja, que remetem à união dos pais de Obama e, consequentemente, ao início da construção deste sujeito, Obama precisa não ser negro, ou apenas negro, tem de ser exótico. Dessa maneira, ocorre um silenciamento do seu histórico político, uma rejeição em aproximá-lo de lideranças históricas e políticas negras. A própria escolha de Veja que, na linha de apoio do título da reportagem, apresenta-o como "primeiro candidato negro para concorrer à Presidência dos Estados Unidos", não se sustenta (Veja, ed. 2064, p. 93, grifo nosso). Algumas páginas adiante, Veja o classifica como um candidato multirracial e adota o discurso do que classifica como sendo a fala de parte da militância negra americana para dizer que Obama não é um preto (grifo nosso) autêntico e nem sequer partilha do passado comum da escravidão.

É tratado como negro, mas é muito mais caudatário de sua mãe branca e de seus avós brancos do que de seu pai negro, a quem encontrou poucas vezes. Tudo isso lhe dá uma experiência multirracial única, mas também leva parte da militância negra a achar que Obama não é um preto autêntico. Nem sequer partilha do passado comum da escravidão. (Veja, ed. 2064, p. 100).

Aqui é importante, para o prosseguimento da análise proposta por este artigo, um parêntese sobre uma questão teórica que torna possível que o texto de Veja se refira a Obama como um preto não autêntico. Por que Veja pode, neste ponto, optar por usar a designação "preto" sem se preocupar com a repercussão que essa escolha lexical tenha, e deixe de lado as expressões (politicamente corretas) negro ou afrodescendente? A resposta está atrelada a um conceito bastante importante para a Análise de Discurso e seus teóricos, a noção de formação discursiva. Para Orlandi (2001), esta é uma questão básica para compreender o processo de produção dos sentidos. De forma resumida, Orlandi explica:

A formação discursiva se define como aquilo que numa formação ideológica dada – ou seja, a partir de uma posição dada em uma conjuntura sócio-histórica dada – determina o que pode e deve ser dito. (ORLANDI, 2001, p. 43).

Portanto, ao afirmar que repete a fala de uma parte da militância negra, Veja se inscreve no discurso e na formação discursiva dessa porção de sujeitos que são militantes negros, o que faz com que a revista esteja apta a classificar o candidato à presidência dos Estados Unidos da América como um preto não autêntico. Dito de outro modo, o que a revista diz não é a revista que diz, é um dizer de outros negros. Estes, sim, estão autorizados a designá-lo como preto, seja autêntico ou não.

Considerar as formações discursivas se torna imprescindível para a Análise de Discurso e para o analista, uma vez que nessas múltiplas regiões que constituem um texto é que são formulados os enunciados e constituídos os sujeitos e os sentidos. Seria impossível atingir a superfície discursiva do texto através de nosso dispositivo e proposta de análise deixando de lado a noção de formação discursiva, que permite que sejam observadas as manifestações das formações ideológicas, e a partir das quais surgem as formações imaginárias.

E finalmente: qual o propósito, nos termos de informação jornalística, da comparação entre o "Orfeu da Conceição" de Vinícius de Moraes e/ou o "Orfeu Negro" de Marcel Camus com Obama?

Na tentativa de uma resposta dentro dos preceitos do fazer jornalístico, Vejamos o que diz o Novo Manual de Redação da Folha de São Paulo em relação à comparação:

Forneça sempre com exatidão as dimensões de objetos e estruturas noticiadas com destaque na reportagem. Evite adjetivos imprecisos. A ponte tinha 75 cm de largura, em vez de a ponte era estreita; o prédio tem 32 andares, em vez de o prédio é alto.

Quando um número não for suficiente para o leitor compreender a dimensão, use um termo de comparação capaz de dar uma noção que possa ser melhor visualizada pelo leitor: O jardim da casa do armador grego Pluto Safrós tem 36.502 m2, o equivalente à área de quatro campos de futebol.

Quando for impossível apurar a dimensão exata, é melhor oferecer uma estimativa aproximada: cerca de 80 cm; quase 120 m; pouco mais de 90 kg. [...] Veja exatidão4 4 Por sugestão do mesmo Manual Vejamos o que está proposto para que o texto traga exatidão: Qualidade essencial do jornalismo. A credibilidade de um jornal depende da exatidão das informações que publica e da fiel transcrição de declarações. Para escrever reportagens exatas, não menospreze os detalhes. Seja obsessivamente rigoroso. O jornal tem obrigação de publicar apenas informações corretas e completas. Cifras, números, grafia de nomes de pessoas, horários, datas e locais exigem o maior cuidado. (MANUAL DA FOLHA DE SÃO PAULO, 1992, p. 74). . (MANUAL DA FOLHA DE SÃO PAULO, 1992, p. 69, grifo nosso).

Voltando à comparação feita pela revista Veja, acreditamos que ela não teria a finalidade de fornecer um referencial a fim de facilitar ao leitor a compreensão de "um sentido mais preciso" (como se isso fosse possível). O que reforça nossa hipótese de que, ao fazer a comparação, Veja concede um efeito de sentido à reportagem dentro de uma formulação discursiva proposta: o negro que pode ascender à presidência dos Estados Unidos da América só pode assim fazer cancelando a imisção entre cor de pele e raça, ou seja, sem levar em consideração a historicidade de uma luta por direitos iguais que os negros travaram naquele país. Desse modo, a estratégia é deslocar o binômio cor de pele=raça para cor de pele=exótico, que desperta o interesse pela curiosidade do diferente e não por um fator outro de maior relevância para a política.

3 O SILÊNCIO A SERVIÇO DA ASFIXIA POLÍTICA

Trabalhando no limite entre as diferentes formações discursivas de um texto está o silêncio. Nossa filiação em relação ao silêncio na análise que se faz neste artigo assemelha-se ao que Orlandi propõe em As formas do silêncio: no movimento dos sentidos (1997). Aqui o silêncio é tomado não como o vazio ou exclusão do sentido, mas como um elemento necessário e indispensável para que haja a enunciação e para que o discurso continue o seu caminho. Como propõe Orlandi, nosso trabalho também o erige em fator essencial como condição do significar.

O silêncio é assim a "respiração" (o fôlego) da significação; um lugar de recuo necessário para que se possa significar, para que o sentido faça sentido. Reduto do possível, do múltiplo, o silêncio abre espaço para o que não é "um", para o que permite o movimento do sujeito. (ORLANDI, 1997, p. 13).

Além do silêncio fundante, Orlandi destaca, na obra em questão, o que classifica como política do silêncio, ou silenciamento. No primeiro caso, entende que todo processo de significação traz uma relação necessária com o silêncio, e no segundo aponta como o sentido é sempre produzido de um lugar, a partir de uma posição do sujeito: "ao dizer ele estará, necessariamente, não dizendo 'outros' sentidos. Isto produz um recorte necessário no sentido. Dizer e silenciar andam juntos." (ORLANDI, 1997, p. 13).

Trazemos essas duas noções a fim de evidenciar a escolha que Veja faz ao propor ao leitor um Obama exótico, ingênuo, libertário, ao invés de ressaltar sua trajetória e características políticas. Em um espaço reservado para a cobertura da apresentação de um dos candidatos ao sufrágio, que acabara de ser escolhido por um partido político para a disputa de uma eleição presidencial, a trajetória e a experiência política de Obama só vão ser mencionadas depois de oito páginas de texto. E, mesmo assim, a matéria afirma: "Na política, é um novato. Passou poucos anos como parlamentar em Illinois e chegou a Washington como senador há menos de quatro." (Veja, ed. 2064, p. 100).

Ao não dizer este Obama como figura política, historicamente constituída, o texto de Veja o afasta também de toda a trajetória política e histórica dos negros nos Estados Unidos. Em várias passagens, o discurso da revista posiciona-se de uma maneira a rejeitar uma associação de Obama com os negros: "na verdade, metade branco e metade negro" (p. 98); "jamais se apresentou como um candidato negro" (p. 99); "evitou o distrito mais negro da cidade" (p. 99); "é tratado como negro, mas é muito mais caudatário de sua mãe branca e de seus avós brancos do que de seu pai negro" (p. 100, grifo nosso); "isso tudo lhe dá uma experiência multirracial única" (p.100); "Obama não é um preto autêntico" (p. 100); "seus antepassados, portanto, não são escravos" (p. 100); "deixou claro que a luta de Luther King era por justiça social e econômica – não por justiça racial" (p. 101).

Esse apagamento político e histórico traz à tona um sujeito exótico, cultural, folclorizado, como se pode observar no trecho:

Com uma retórica incandescente, com sua fala gingada como um sermão de pastor, com uma linguagem que fala de hinos que cicatrizam a nação, ele não fazia campanha. Fazia um movimento. Não era um candidato. Era um transformador. Obama não tinha propostas. Tinha sonhos. (Veja, ed. 2064, p. 99).

O Obama constituído nas linhas de Veja experimenta algo parecido com o que Orlandi classifica como os discursos das descobertas do Brasil, que produzem o brasileiro "como um sujeito-cultural e negando-lhe o estatuto de sujeito-histórico". (ORLANDI, 1990, p. 14). A autora reflete sobre como os discursos da descoberta e da colonização do Brasil tomam o brasileiro como um sujeito de particularidades, singularidades e peculiaridade culturais e, dessa maneira, lhe é negado o estatuto de sujeito-histórico. A autora conjectura:

Como efeito desse apagamento, a cultura resulta em "exotismo". Paralelamente, se apagam as razões políticas que se apresentam então como um discurso moral, de apreciação: o brasileiro é julgado por suas "qualidades"; ele aparece como superficial e, lógico, alegre, folgazão, indolente e sensual. (ORLANDI, 1990, p. 16).

Se tomarmos a reportagem em análise e a figura, o sujeito Barack Hussein Obama que é construído ao longo dos textos (de Veja), não seria difícil compará-lo e aproximá-lo do discurso reservado ao brasileiro e citado acima. Nas linhas de Veja, Obama experimenta a mesma condição de colonizado, de desterrado em sua própria terra, de não possuir uma identidade fixa, que os brasileiros experimentaram nos discursos europeus sobre o Novo Mundo.

O Obama que fica para o leitor não é aquele cujo ethos é de um político negro resultado da participação negra na política e na história dos Estados Unidos, e sim a imagem de um homem metade negro, filho de um queniano e uma havaiana; resultado, talvez, "da ginga" e dos versos de Vinícius de Moraes: "A felicidade é como a gota/De orvalho numa pétala de flor/Brilha tranquila/Depois de leve oscila/E cai como uma lágrima de amor". O Obama de Veja "tem apetites moderados. Prefere uma xícara de chá orgânico a um copo de uísque. Troca um punhado de batatas fritas por um prato de frutas." (Veja, ed. 2064, p. 100).

Outro modo de observar como uma linha editorial pode propor a subjetividade negra pode ser detectado em Souza (2000). Analisando outro tipo de publicação (revista Raça Brasil), o autor focaliza novos processos discursivos de subjetivação a partir de uma proposta editorial dirigida aos negros brasileiros. Nesse trabalho, o autor aponta o problema da discriminação racial no Brasil a fim de destacar uma outra possibilidade de afirmação que não passa pela fixidez da verdadeira identidade, mas sim pela imisção nos cânones do ideal da beleza branca, inventariando os modos híbridos de constituição identitária.

Minha hipótese, que procede da leitura de Homi Babha, é de que tal processo de identificação se estabelece em uma discursividade urdida de tal maneira a sobredeterminar um sistema de lugares enunciativos ao qual deve-se associar o olhar da diferença étnica e cultural e suas respectivas posições de enunciação. Sabe-se que o discurso colonial vigente no século XIX faz surgirem dois tipos de sujeitos colonizados – o negro e o branco. O interessante é compreender qual a lógica produtora dessas relações de heterogeneidade. O panorama cultural da sociedade pré e pós-abolicionista no Brasil detém vários indícios da gradativa e complexa construção de um sistema de diferenças em que brancos e negros sempre sabem o lugar que devem ocupar para falar: senhor/escravo, patrão/empregado, etc. (SOUZA, 2000, p. 69).

Acrescentamos, relacionando a análise de Souza à Raça Brasil à nossa, que a matéria da Veja não apenas reconhece os lugares de fala na ordem da enunciação para brancos e negros como também estabelece um lugar possível de ocupação para que Obama seja objeto referencial de fala. Dito de outro modo, o lugar para falar de Obama não se inscreve no semantismo do histórico-político e sim do exotismo marcado pelo sincretismo cultural.

Ainda a partir de Souza, dizemos que, para ascender a um lugar de fala e de subjetivação, Obama precisa que sua marca, que o diferencia entre outros modos étnicos de ser, seja apagada do tangenciamento político. A cor da pele como diferença surge para dar lugar a uma outra forma de subjetividade a interpelar de modo novo a política. Observa-se uma clivagem na cadeia significante em que a cor negra anula-se como sinal que potencialmente pode vir a fazer parte de um regime simbólico (político) ou de um sistema de regras que admitem a formação de uma identidade a partir das características de cor da pele.

4 EM CONCLUSÃO (OU PALAVRAS FINAIS)

Citar conclusões em um artigo, ensaio ou qualquer outra produção que toma a Análise de Discurso é sempre complexo, pois pode levar à ilusão de fechamento do(s) assunto(s) discutido(s). A expressão 'em conclusão' escolhida para dar título a esta seção faz sentido no instante em que a Análise de Discurso algumas vezes é referida como uma disciplina que caminha nos entremeios, ou uma antidisciplina. Assim, não pretendemos fechar a questão da matéria publicada na Veja trocando um sentido por outro. Ao contrário disso, queremos sinalizar a potência de sentidos que um texto pode suscitar. No entender de Orlandi (1996, p. 78):

A AD é uma espécie de anti-disciplina, uma desdisciplina [...]. A AD trabalha, pois, no entremeio fazendo uma ligação, mostrando que não há separação estanque entre a linguagem e sua exterioridade constitutiva. Levando a sua crítica até o limite de mostrar que o recorte de constituição dessas disciplinas que constituem essa separação necessária e se constituem nela é o recorte que nega a existência desse outro objeto, o discurso, e que coloca como base a noção mesma de materialidade seja linguística seja histórica, fazendo aparecer uma nova noção de ideologia.

O percurso realizado neste estudo, a partir dos conceitos mobilizados teoricamente, perpassando pelos procedimentos metodológicos da pesquisa para, finalmente, conjugá-los na análise dos dados, corrobora uma noção de linguagem que restabelece sua natureza opaca, de espaço da materialização dos discursos, do trabalho da ideologia. Dessa maneira, supera a noção de linguagem como algo transparente, como uma ferramenta a serviço da comunicação, e evidencia que, ao atravessar a superfície linguística de Veja, ao trabalhar com a sua discursividade e seus efeitos de sentido, se instauram novas práticas de leitura. Leituras que possam trabalhar rompendo com a noção de que os sentidos estão dados pelos – ou contidos nos – textos. Assim, chamamos a atenção para o dizer de Fausto Neto de que a anunciação, dinamizada pela relação de intersujeitos, não dá conta da completude, ou seja, do fechamento dos sentidos em suas fronteiras, "uma vez que quando postos em funcionamento, os atos discursivos, ao se deslocarem de suas próprias fronteiras, instalam-se em 'zonas de pregnância', que geram novas enunciações e distintos efeitos de sentidos". (2007, p. 79).

Essa natureza incompleta, descontínua, não controlável dos discursos e da deriva de seus sentidos pôde ser percebida ao nos depararmos com um Barack Obama, dentro de uma reportagem reservada à cobertura de uma candidatura política presidencial, construído e constituído como um homem exótico, metade branco e metade negro, que "troca um prato de batatas-fritas por um punhado de frutas". O Obama sujeito político, histórico e representante de uma história negra nos Estados Unidos não está escondido em algum lugar por trás desses textos. Ele simplesmente é silenciado, asfixiado, ao se dizer este sujeito cultural e exótico. É necessário perceber, então, a existência de um deslocamento que pretende tratar não das representações que pode haver por trás dos discursos, como diria Foucault (2008), mas dos discursos como séries reguladoras e distintas dos acontecimentos: "este tênue deslocamento, temo reconhecer nele como que uma pequena (e talvez odiosa) engrenagem que permite introduzir na raiz mesma do pensamento o acaso, o descontínuo e a materialidade". (FOUCAULT, 2008, p. 59).

Temos a clareza de que a análise da reportagem de Veja, proposta neste artigo, não procura desvendar o Obama oculto nas entrelinhas. Em vez disso, busca trabalhar a interpretação que implica efeitos de sentido naquilo que está dito, e isso só se torna possível tomando a ressignificação que a AD traz para a noção de ideologia. Não mais vista como ocultação da realidade ou como visão de mundo, ela é tomada, em consonância com Orlandi (2001, p. 96), como "mecanismo estruturante do processo de significação". A ideologia trabalha sempre na atribuição dos sentidos na constituição dos sujeitos. Ela trabalha tanto na interpretação do Obama/sujeito proposto por Veja, na matéria analisada, quanto na interpretação do Obama/sujeito elaborada na análise aqui proposta.

Através do dispositivo de análise que trabalha sempre entre a descrição e a interpretação e sempre procurando nos desfazer da "ilusão de que aquilo que foi dito só poderia ser dito daquela maneira", assim "desnaturalizando a relação palavra-coisa", procuramos apresentar uma, das outras possíveis, leitura do sujeito Obama que Veja propõe para o leitor. Dito isso, fazemos uso das palavras de Mariani (1999) para afirmar que, quando nos colocamos nesse ponto de vista, sabemos "que uma leitura crítica se concebe como uma interpretação dentre outras, e como tal não é nem a única, nem a melhor, nem absoluta detentora da verdade." (MARIANI, 1999, p. 105).

Desse modo, quando Veja se diz, em seu sítio, um veículo investigativo e que explica para o leitor as questões do Brasil e do mundo em suas matérias jornalísticas, não buscamos em nossa análise negá-la ou desmenti-la; pretendemos apenas chamar a atenção para o fato de que usar a língua é já estar posicionado dentro dela, dentro de um projeto ideológico, nos termos da Análise do Discurso. E, ainda, mesmo que exista uma intenção, como destaca Benetti (2007), em tomar o jornalismo como um discurso comprometido com a verdade, ao explicar as questões para seu leitor, Veja está se posicionando e se inscrevendo em determinados discursos e formações discursivas e não em outros. E em Veja isso parece estar mais evidente do que em outras revistas ou produtos jornalísticos, como atenta Benetti (2007, p. 42):

Embora carregado de informação, seu texto [de Veja] é fortemente permeado pela opinião, construída principalmente por meio de adjetivos, advérbios e figuras de linguagem. Veja construiu, de si mesma, uma forte imagem de legitimidade para proferir saber – frente a um suposto não-saber dos leitores, da população em geral e, em certos momentos, das próprias fontes.

Assim, não concebemos a ideia de uma revista mais ou menos engajada ao fazer jornalístico, ou com a "verdade dos fatos", uma vez que a língua é opaca e a escolha das palavras não é somente de ordem lexical ou estilística; é também e, sobretudo, discursiva, e isso implica na produção de um efeito de sentido e não outro. Partimos da mesma premissa para sinalizar que, quando se "aprende", nas escolas de comunicação, que para se construir um "bom texto jornalístico" é preciso deixar de lado a subjetividade e fazer reinar o império da objetividade, isso não significa nada além de uma estratégia de uso de recursos linguísticos (uso da função referencial da linguagem; não adjetivação; frases de ordem direta, por exemplo) para se produzir um "efeito de objetividade" que de antemão já está alçado na subjetividade e talvez na mais perversa, pois, mesmo sendo um dos sentidos possíveis, porta-se como sendo o único, portanto o verdadeiro.

Finalizamos dizendo que, ao propor características de exotismo (a Obama), Veja leva o leitor a atribuir efeitos de sentido à reportagem dentro de uma dada formação discursiva, em que o negro que pode ascender à presidência dos EUA só pode fazê-lo se for afastada a relação entre cor de pele e raça, ou seja, sem levar em consideração a historicidade de uma luta por igualdade que os negros travaram naquele país.

Recebido em 22/02/11

Aprovado em: 03/05/11

ANEXO

  • BENETTI, M. A ironia como estratégia discursiva de Veja Líbero – Revista do Programa de Pós-Graduação da Faculdade Cásper Líbero. São Paulo, ano X, n. 20, p. 37-46, 2007.
  • BENETTI, M.; JACKS, N. O discurso jornalístico In: Grupo de estudo de jornalismo, Compós, Brasília, 2001.
  • FAUSTO NETO, A. Enunciação, auto-referencialidade e incompletude. Revista Famecos Mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, n. 34, p. 78-85, 2007.
  • FOLHA DE SÃO PAULO. Novo manual de redação São Paulo: Folha de São Paulo, 1992.
  • FOUCAULT, M. A ordem do discurso Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. 16. ed. São Paulo: Loyola, 2008.
  • MARIANI, B. S. C. Sobre um percurso de análise do discurso jornalístico: a revolução de 30. In: LEANDRO FERREIRA, M. C.; INDURSKY, F. (Orgs.). Os múltiplos territórios da Análise do Discurso Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999.
  • ORLANDI, E. P. Discurso e leitura Campinas: Unicamp, 1988.
  • ______. Terra à vista. Discurso do confronto: novo e velho continente. São Paulo: Cortez, 1990.
  • ______. Entremeio e discurso. In: ______. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1996.
  • ______. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: Unicamp, 1997.
  • ______. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 3. ed. Campinas: Pontes, 2001.
  • ORLANDI, E. P. (Org.). A leitura e os leitores 2. ed. Campinas: Pontes, 2003.
  • PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET, F.; HAK, T. (Orgs.). Tradução: Bethania S. Mariani et al. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Unicamp, 1993. p. 61-162.
  • PETRY, A. Obama entra para a história Veja, São Paulo, edição 2064, p. 92-101, 11 de junho de 2008.
  • SANTANA, W. A. Discurso e ciência: A compreensão discursiva do jornalismo científico. Web-revista Discursividade (on-line), 2002-2004. Disponível em: <http://www.discursividade.pro.br>. Acesso em: 8 mar. 2010.
  • SOUZA, P. de. Reciclagem do corpo, rasgo de negritude no sistema branco de beleza RUA, n. 6, p. 67-80, 2000.
  • 1
    Petry, André. Obama entra para a história.
    Veja, São Paulo, edição 2064, p. 92-101, 11 de junho de 2008.
  • 2
    É bastante comum encontrar veículos, e seus respectivos produtos, que se autodenominam como expoentes de um jornalismo isento, jornalismo verdade, objetivo. Em seu sítio (
    Veja se posiciona como "a revista investigativa e esclarecedora que repercute em todo o país, com reportagens que antecipam e explicam as grandes questões do Brasil e do mundo".
  • 3
    A referência da matéria é ao verso: "A felicidade é como a gota/De orvalho numa pétala de flor/Brilha tranquila/Depois de leve oscila/E cai como uma lágrima de amor".
  • 4
    Por sugestão do mesmo Manual
    Vejamos o que está proposto para que o texto traga exatidão: Qualidade essencial do jornalismo. A credibilidade de um jornal depende da exatidão das informações que publica e da fiel transcrição de declarações. Para escrever reportagens exatas, não menospreze os detalhes. Seja obsessivamente rigoroso. O jornal tem obrigação de publicar apenas informações corretas e completas. Cifras, números, grafia de nomes de pessoas, horários, datas e locais exigem o maior cuidado. (MANUAL DA FOLHA DE SÃO PAULO, 1992, p. 74).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Jun 2011
    • Data do Fascículo
      2011

    Histórico

    • Aceito
      03 Maio 2011
    • Recebido
      22 Fev 2011
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