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Cinco anos de interdisciplinaridade: o escopo da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Five years of an interdisciplinary journal: the outlook of the Brazilian Journal of Mother and Child Health

EDITORIAL EDITORIAL

Cinco anos de interdisciplinaridade: o escopo da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Five years of an interdisciplinary journal: the outlook of the Brazilian Journal of Mother and Child Health

É muito gratificante, embora não menos preocupante comemorar os cinco primeiros anos de uma Revista Científica.

Gratificante por várias razões, especialmente quando esta consegue atingir e manter os critérios e as exigências para um bom nível editorial: periodicidade, pontualidade, número mínimo, conteúdo e qualidade dos artigos e visibilidade através das bases de indexação. Em suma, uma autonomia que resulta, ao mesmo tempo em maior respeitabilidade do seu publico leitor e dos seus articulistas.

Preocupante, por outro lado, porque, à medida que o periódico se desenvolve, aumenta a sua responsabilidade perante aqueles que nele investem e nele confiam, tendo-o como porta-voz para divulgação das suas pesquisas e idéias.

Neste percurso de meia década, temos experimentado esses dois lados da história. Afortunadamente, apesar de tudo, pois ambos os lados, sendo conjugados, nos remetem ao objetivo pretendido conforme nossos propósitos. De fato, a alegria de alcançar e ultrapassar barreiras é impulsionada pela inquietação na tentativa constante de não perder o rumo. São essas duas faces da moeda que nos têm permitido atender às expectativas da comunidade científica que nos lê.

Num olhar em retrospectiva podemos constatar o crescimento da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil desde a pequena oferta de manuscritos submetidos nos primeiros anos até a abundância atual, particularmente após a indexação às bases Sociological Abstracts e SciELO. Ademais há o aumento do número de revisores ad hoc garantindo, cada vez mais, uma melhor qualidade nos pareceres. Por fim o enriquecimento do nosso próprio domínio das técnicas e meios de editoração, com a ampliação de estrutura física e recursos humanos. Evidentemente isto dificilmente poderia ter ocorrido sem o apoio decisivo de órgãos como a UNESCO/ Ministério da Saúde e o CNPq. Por isso mesmo, este é o momento em que desejamos tornar publico, mais uma vez, o nosso reconhecimento a essas entidades, cujo empenho no apoio a empreendimentos científicos e à comunidade é desnecessário realçar.

Queremos lembrar também, neste aniversario, que o escopo da Revista, isto é, a publicação de artigos na área de Saúde Materno-Infantil, tem sido plenamente preenchido. Assim, se mantém a nossa proposta inicial, consubstanciada na missão de um periódico interdisciplinar, com os artigos abordando temas sobre a saúde da mulher e da criança nos seus aspectos biomédicos, socioculturais e epidemiológicos. Não é sem razão que somos reconhecidos atualmente no sitema Qualis da CAPES como periódico Nacional A para a área de Medicina e Internacional C para área de Saúde Coletiva. Aqui, portanto é reconhecida a existência da interdisciplinaridade - Um motivo fundamental da existência da Revista. Motivo este que representa, é preciso dizer, a visão do seu mentor intelectual - o Prof. Fernando Figueira - quando há 20 anos, criou a Revista do IMIP, precursora da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Ali o Prof. Figueira já estabelecia a importância de um periódico no qual a interação e o intercâmbio dos conhecimentos biomédico e social estivessem presentes, baseado sempre na compreensão de que esses elementos da vida real não devem ser dissociados. Ao contrário, muitas vezes um complementa e se integra com o outro, através da interdisciplinaridade, aquela mesma interdisciplinaridade que é melhor entendida quando considerada como transdisciplinaridade, isto é, uma determinação que ultrapassa o simples relacionamento entre disciplinas, no entender de Stucki (Stucki - Jornal da Ciência, 560:5,2005)1 e de Morin (Morin, Ciência com Consciência, Bertrand Brasil, 1999)2. Um intercâmbio essencial de diferentes áreas do saber, que faz com que cada uma delas produza mais conhecimento quando iluminada com os recursos da outra, oferecendo melhores interpretações dos fatos. Os estudos sobre saúde materno-infantil aqui publicados, são pródigos em mostrar essas relações. A multifatorialidade dos determinantes sociais e biomédicos e as associações entre os fatores implicados na relação saúde-doença tornam a nossa missão de divulgação necessariamente interdisciplinar ou, mais apropriadamente transdisciplinar. Os cinco anos que ora comemoramos são o testemunho desta realização.

José Eulálio Cabral Filho

Editor Executivo

Referencias

1. Stucki JW. "Devemos pensar em uma ciência global". Jornal da Ciência 2005;560:5.

2. Morin E. A antiga e a nova transdisciplinaridade. In: Morin E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Fev 2006
  • Data do Fascículo
    Dez 2005
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