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O escopo da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil e o Qualis CAPES

EDITORIAL EDITORIAL

O escopo da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil e o Qualis CAPES

No campo da divulgação científica a abrangência temática de um periódico - o que basicamente corresponde ao seu escopo - é estabelecido quando da sua criação, definindo assim a sua identidade. Mas não podemos excluir a possibilidade de fatores externos virem a influenciar posteriormente, senão o escopo como um todo, pelo menos algumas áreas dentro desse escopo. Isto poderia ocorrer, por exemplo, pelo aumento da pressão de demanda no recebimento de manuscritos daquela área em particular. Usualmente o editor procura limitar esta demanda a fim de equilibrar a proporção de artigos conforme os temas. Acontece que às vezes trata-se de artigos de maior interesse devido a um incremento na produção e na inovação da pesquisa pela comunidade científica daquela área, o que torna difícil a solução do problema. Por outro lado pode nem ser propriamente um problema, mas ao contrário, uma oportunidade de crescimento do periódico, o qual pode ter uma abrangência muito específica (como por exemplo as revistas Cell, Genetics, Physical Letters) ou muito extensa como Nature ou, mais ainda, Science. Mesmo assim isto poderia ser enganoso pois é possível haver, no estado atual do desenvolvimento científico, até em uma revista de escopo muito específico, múltiplas subáreas. Com mais razão ainda isto ocorreria em revistas de largo espectro. Sendo uma questão ligada à própria velocidade do desenvolvimento da ciência pode determinar o aparecimento de novos campos de estudo dentro de uma área, reduzindo o interesse dos autores em temas mais clássicos e ampliando-o para novos tipos de pesquisa. Desse modo não é improvável surgir o problema da alteração do escopo de um periódico chegando até à mudança do seu título ou o que é pior, à sua obsolescência e mesmo seu desaparecimento. Uma cuidadosa apreciação da presença de pe-riódicos ao longo do tempo em bases de dados como Lilacs, Medline e Institute for Scientific Information (ISI) para citar algumas mais antigas, pode permitir identificar o fenômeno. Evidentemente existem outras razões, como aspectos financeiros, patrocínio ou mesmo gerenciamento do periódico. Ademais uma mudança de rumo, com o reforço de um escopo, ou de uma área particular no escopo de uma revista, pode ocorrer. Por isso é mais do que prudente que o Editor esteja atento, ao máximo, para que suas decisões sejam compatíveis com a manutenção e o crescimento do seu periódico.

Considerando, em particular o nosso país, parece-nos que sua atual política científica tem tido uma influência nesta questão. É que a sobrevivência de muitas revistas tem uma forte dependência de órgãos dos Ministérios da Ciência e da Educação (como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq) quer diretamente no sentido de suporte financeiro, quer indiretamente no sentido de ênfase em certas áreas de pesquisa. Neste último caso as revistas podem ser levadas a decisões fundamentais no seu escopo para atender a novas demandas de potenciais autores. No caso da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil (RBSMI) o seu escopo que é de grande abrangência vem sofrendo uma influência no seu perfil que pode estar relacionado à política científica do CNPq e da CAPES. De fato o espectro do nosso escopo é amplo. Considerando, como está nas suas ins-truções aos autores, a "Revista tem a missão de divulgação de artigos científicos englobando o campo da saúde materno-infantil, as contribuições devendo abordar os diferentes aspectos da saúde materna, saúde da mulher e saúde da criança, contemplando seus múltiplos determinantes biomédicos, socioculturais e epidemiológicos".

E assim sendo, na dependência do interesse em áreas específicas a revista vem se definindo, ao longo do tempo com maior ou menor proporção de artigos nessas áreas. Por outro lado a política de avaliação pelo Qualis da CAPES, que por sua vez, é um mecanismo interrelacionado com os programas específicos de pós-graduação no país termina induzindo, em parte, uma reorientação dentro do escopo das revistas. Pois nesta interdependência, as publicações das pós-graduaçãoes é que dão suporte à CAPES para o ranqueamento pelo Qualis, e portanto uma revista melhor qualificada numa certa área, é também mais procurada para a pu-blicação de mais artigos e assim também mais reconhecida como representativa da área enfatizada. Por isso o escopo da RBSMI que inclui temas clínicos, biológicos até os epidemiológicos está sendo reconhecida na comunidade científica como revista de Saúde Coletiva onde o seu conceito é Qualis B1.

Evidentemente o fato de ser uma revista de características múltiplas envolve a possibilidade de que outros periódicos bem conhecidos e melhor ranqueados e com escopos mais específicos, sejam mais procurados reduzindo para nós o número de artigos inseridos nessas subáreas.

Devemos reconhecer, por fim, que aspectos positivos também surgem daí porque passamos a ter maior visibilidade e prestígio na área atualmente mais forte e isto termina for-talecendo a revista.

Estamos satisfeitos com este fato, mas ao mesmo tempo lamentamos a perda de inserção em outras áreas.

Não sabemos o que acontece nesse sentido com outros periódicos, mas seria oportuno uma análise do assunto por eles.

José Eulálio Cabral Filho

Editor Executivo da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Jan 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 2012
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