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Validade da informação sobre peso ao nascer. Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) - Rio de Janeiro

Resumo

Objetivos:

verificar a concordância entre a informação de peso ao nascer referida pelos responsáveis dos adolescentes que participaram do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) e os dados de peso ao nascer dos adolescentes identificados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Métodos:

realizouse o relacionamento probabilístico de 1.668 registros entre as bases de dados do ERICA e as do Sinasc de 1996 a 2002, ambas do Estado do Rio de Janeiro. A concordância entre o peso ao nascer informado e o registrado no Sinasc foi estimada pelos coeficientes de correlação intraclasse (CCI), gráfico de Bland e Altman, Kappa de Cohen, coeficiente de BrennanPrediger e coeficiente de concordância de Gwet.

Resultados:

o CCI foi = 0,89; IC95%= 0,880,90 e foi maior com o aumento da escolaridade da mãe. Também houve concordância elevada entre as classificações de peso ao nascer nas categorias peso ao nascer baixo (< 2.500 g), adequado (2.500 a 3.999 g) e elevado (≥4.000 g), coeficiente de Gwet = 0,91; IC95%= 0,890,92.

Conclusões:

houve uma boa concordância entre o peso ao nascer referido pelos responsáveis de adolescentes do Estado do Rio de Janeiro e os registrados no Sinasc, sendo essa concordância diretamente relacionada à escolaridade da mãe.

Palavras chave:
Peso ao nascer; Adolescente; Estudos epidemiológicos

Abstract

Objectives:

to verify the agreement between birth weight information referred by the guardians of the adolescents who participated in the Study of Cardiovascular Risks in Adolescents (Portuguese acronym ERICA) and the birth weight data of the adolescents identified in the National Information System on Live Births (Portuguese acronym Sinasc).

Methods:

probabilistic record linkage of 1,668 records was conducted between the ERICA databases and the Sinasc databases from 1996 to 2002, both from the state of Rio de Janeiro. The agreement between the informed birth weight and the one registered in Sinasc was estimated by the Intraclass Correlation Coefficient (ICC), BlandAltman plot, Cohen's Kappa index, and Gwet's agreement coefficient.

Results:

the ICC was = 0.89; CI95% =0.880.90 and the higher the mother's educational level was, the higher it became. There was also an elevated agreement between the birth weight classification in the low (< 2,500 g), adequate (2,500 to 3,999 g) and elevated (≥ 4,000 g) birth weight categories, Gwet's Agreement Coefficient = 0.91; CI95%= 0.890.92.

Conclusions:

the results showed satisfying agreement between the birth weight referred by the parent/guardian of the adolescents, and the ones registered in SINASC, this agreement being directly proportional to the mother's educational level.

Key words
Birth weight; Adolescent; Epidemiological studies

Introdução

O aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis têm estimulado o interesse em estudos com informações auto referidas sobre fatores de risco, seja por adultos, adolescentes ou responsáveis por crianças e adolescentes, devido à redução de custo e complexidade de logística.

O peso ao nascer é um importante preditor de morbidade e mortalidade infantil, por sua associação com retardo de crescimento, vulnerabilidade à doenças infecciosas, atraso no desenvolvimento e com mortalidade.i Além disso, o peso ao nascer vem sendo associado com fatores de risco para doenças cardiovasculares, tais como sobrepeso e obesidade, em vários estudos.22 Monteiro POA, Victora CG, Barros FC, Monteiro LMA. Birth size, early childhood growth, and adolescente obesity in a Brazilian birth cohort. Int J Obes. 2003; 27: 1274-82.

3 Rossi CE, Vasconcelos FAG. Birth weight and obesity in children and adolescents: a systematic review. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13: 246-58.
-44 Yu ZB, Han, SP, Zhu GZ, Zhu C, Wang XJ, Cao XG, Guo XR. Birth weight and subsequent risk of obesity: a systematic review and metaanalysis. Obes Rev. 2011; 12: 525-42. Em estudos epidemiológicos, a informação sobre o peso ao nascer depende da memória do entrevistado, enquanto que em estudos clínicos podem ocorrer problemas devido à falta de comunicação entre maternidades e serviços de pediatria e puericultura.55 Victora CG, Barros FC, Martines J, Béria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos?. Rev Saúde Pública. 1985; 19: 195-200.

Nos últimos anos, vem crescendo o número de pesquisas na área da saúde que utilizam a técnica de vinculação (linkage) de registros. A vinculação de registros é o processo de identificação e fusão de registros entre diferentes bases de dados pertencentes à mesma entidade.66 Camargo Jr. KR, Coeli CM. Going open source: some lessons learned from the development of OpenRecLink. Cad Saúde Pública. 2015; 31: 257-63. Para isto é criado um novo banco de dados com as variáveis dos bancos vinculados, melhorando assim, a capacidade em responder às questões de pesquisa, ao agregar diversas informações a partir de dados comuns.77 Coutinho RGM, Coeli CM, Faerstein E, Chor D. Sensibilidade do linkage probabilístico na identificação de nascimentos informados: Estudo PróSaúde. Rev Saúde Pública. 2008; 42: 1097-1100.,88 Silva JPL, Travassos CMR, Vasconcellos MM, Campos LM. Revisão sistemática sobre encadeamento ou linkage de bases de dados secundários para uso em pesquisa em saúde no Brasil. Cad Saúde Coletiva. 2006; 14: 197-224.

Considerando a importância de se avaliar a precisão das informações de peso ao nascer obtidas anos depois do nascimento, o presente estudo teve como objetivo verificar a concordância entre as informações de peso ao nascer referidas pelos responsáveis dos adolescentes participantes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), no Estado do Rio de Janeiro, e as mesmas destes adolescentes registradas no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Além disto, foi investigado se características socio-econômicas e demográficas influenciaram no grau de concordância entre o peso ao nascer referido por responsáveis e o registrado no Sinasc.

Métodos

Foi realizado a vinculação pelo método de relacionamento probabilístico de registros entre a base de dados do ERICA, Questionário do Responsável, auto preenchido pelos responsáveis dos adolescentes participantes e nascidos no Estado do Rio de Janeiro, e as bases anuais do Sistema de Informações sobre

Nascidos Vivos de 1996 a 2002, também do Estado do Rio de Janeiro, obtidas do Departamento de Dados Vitais da Secretaria Estadual de Saúde do RJ.

O ERICA foi um estudo seccional, multicêntrico, nacional, de base escolar, que avaliou adolescentes de 12 a 17 anos matriculados em escolas públicas e privadas de cidades brasileiras com mais de 100.000 habitantes. Maiores detalhes sobre o protocolo do estudo podem ser encontrados em Bloch et al.99 Bloch KV, Szklo M, Kuschnir MCC, Abreu GA, Barufaldi L, Klein CH, et al. The study of cardiovascular risk in adolescents ERICA: rationale, design and sample characteristics of a national survey examining cardiovascular risk factor profile in Brazilian adolescents. BMC Public Health. 2015; 15: 94-103. A coleta de dados do ERICA ocorreu no período de março de 2013 a dezembro de 2014 e este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O relacionamento probabilístico foi realizado utilizando o software OpenRecLink,66 Camargo Jr. KR, Coeli CM. Going open source: some lessons learned from the development of OpenRecLink. Cad Saúde Pública. 2015; 31: 257-63. um sistema de vinculação de bancos de dados que utiliza uma técnica probabilística segundo o modelo de Fellegi e Sunter1010 FeIlegi I, Sunter A. A Theory for Record Linkage. Journal of the American Statistical Association 1969; 64: 1183-210. para combinar pares observados em duas bases de dados onde não existem campos-chaves unívocos, isto é, de identificação comuns. As bases do ERICA e do Sinasc passaram por etapas de padronização, blocagem e pareamento dos registros, seguindo os passos e parâmetros recomendados por Camargo Jr. e Coeli.1111 Camargo Jr. KR, Coeli CM. OpenRecLink Guia do Usuário. Rio de Janeiro, 2012 [acesso em: 01 Out. 2015]. Disponível em: http://sourceforge.net/projects/reclink/files/?source=navbar
http://sourceforge.net/projects/reclink/...
Inicialmente foram retirados do campo "nome", de ambas as bases, caracteres que não faziam parte do nome da mãe, tais como acentos, números e caracteres incomuns que pudessem interferir no processo de vinculação.

Foram realizados dezessete passos de blocagem, aplicando-se diferentes chaves a partir da combinação de códigos fonéticos: soundex do primeiro nome, soundex do último nome, sexo, dia, mês e ano de nascimento, e código do município de nascimento, de combinações-chaves mais restritas a menos restritas. Para o pareamento de registros utilizaram-se as variáveis nome da mãe e data de nascimento.

Os escores variaram de -6.877 a 10.693 (limites inferior e superior), e, aplicando-se regras definidas previamente, foram revisados manualmente ao final de cada passo de blocagem, todos aqueles registros com valores de escore acima de zero, para a atribuição do status do par (verdadeiro ou falso). Ao final do processo, de 2.671 adolescentes do ERICA submetidos ao linkage, 1.822 (de 68,2%) foram identificados no Sinasc.

O estado nutricional dos adolescentes foi classificado pelos índices antropométricos IMC-para-idade (IMC=peso/altura22 Monteiro POA, Victora CG, Barros FC, Monteiro LMA. Birth size, early childhood growth, and adolescente obesity in a Brazilian birth cohort. Int J Obes. 2003; 27: 1274-82.)), expressos em valores de Z-escores, utilizando a referência da Organização Mundial da Saúde.1212 Onis MD, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for schoolaged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007; 85: 649-732. Os pontos de corte adotados foram: muito baixo peso Z-escore < -3; baixo peso Z-escore > -3 e < -2; eutrofia Z-escore > -2 e < 1; sobrepeso Z-escore > 1 e < 2; obesidade Z-escore

>2. Esta informação foi utilizada para comparar subgrupos de adolescentes com e sem o Questionário do Responsável e vinculados e não vinculados.

Para a classificação socioeconómica foram utilizadas três diferentes formas de classificação. Um critério de classificação econômica (critério socioeconômico segundo Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP) que combina posse de bens com escolaridade do chefe da família,1313 ABEP (Associação Nacional de Empresas de Pesquisa). Critério de Classificação Econômica Brasil; 2011. agrupando-se as cinco classes originais em três, A=A1 e A2, B=B1 e B2 e C=C, D e E; a escolaridade da mãe, classificada em 4 categorias: Ensino fundamental incompleto (incluindo não alfabetizadas também), fundamental completo, médio completo e superior completo e a natureza administrativa da escola do adolescente, pública ou privada.

Para a classificação de peso ao nascer, consideraram-se aqueles registrados no Sinasc nas categorias baixo peso ao nascer (BPN) os menores do que 2.500 g, adequado peso ao nascer (APN) os maiores ou iguais a 2.500 g e menores do que 4.000 g, e elevado peso ao nascer (EPN) os maiores ou iguais à 4.000 g.14,15

As diferenças entre os pesos ao nascer informados pelos responsáveis e os pesos ao nascer registrados no Sinasc foram comparadas nas categorias dos indicadores socioeconômicos e das categorias de peso ao nascer por meio de teste com a estatística do qui-quadrado. As médias das diferenças absolutas dos valores referidos pelos responsáveis e registrados no Sinasc (pesos ao nascer informados pelos responsáveis - pesos ao nascer registrados no Sinasc) foram descritas com médias e desvios-padrões.

A concordância entre os pesos ao nascer informados pelos responsáveis dos adolescentes do ERICA com os registrados no Sinasc foi estimada pelo coeficiente de correlação intraclasse (CCI),1616 Fleiss JL, Cohen J. The equivalence of weighted kappa and the intraclass correlation coeficiente as measures of agreement. Educ Psychol Measures. 1973; 33: 613-9. para a obtenção de uma medida sumária de concordância entre as informações referidas e registradas, e pela análise gráfica de Bland e Altman.1717 Bland J, Altman D. Statistical methods for assessing agreement between two methods of clinical measurement. Lancet. 1986; 1: 307-10. Também foi verificada a concordância entre as classificações de peso ao nascer, nas categorias baixo, adequado e elevado, pelos índices de Kappa de Cohen,1616 Fleiss JL, Cohen J. The equivalence of weighted kappa and the intraclass correlation coeficiente as measures of agreement. Educ Psychol Measures. 1973; 33: 613-9.,1818 Wongpakaran N, Wongpakaran T, Wedding D, Gwet KLA. Comparison of Cohen's Kappa and Gwet's AC1 when calculating interrater reliability coefficients: a study conducted with personality disorder samples. BMC Med Res. 2013; 13: 17. do Coeficiente de Brennan-Prediger ou G-Index1919 Brennan RL, Prediger DJ. Coefficient Kappa: some uses, misuses, and alternatives. Educational and Psychological Measurement 1981; 41:687-99.,2020 Gwet KL. Handbook of interrater reliability: the definitive guide to measuring the extent of agrément among raters. 2ª Edição. Gathersburg: Advances Analytics; 2010. e do Coeficiente de concordância de Gwet.2121 Gwet KL. Kappa statistic is not satisfactory for assessing the extent of agreement between raters. Statistical Methods for InterRater Reliability Assessment, n. 1; 2002. [acesso em 25 fev. 2016]. Disponível em: http:\\www.agreestat.com/research_papers/kappa_statistic_is_not_satisfactory.pdf
http:\\www.agreestat.com/research_papers...
"2020 Gwet KL. Handbook of interrater reliability: the definitive guide to measuring the extent of agrément among raters. 2ª Edição. Gathersburg: Advances Analytics; 2010. O Kappa é o índice mais frequentemente utilizado para avaliar concordância, porém seu método de cálculo da concordância esperada ao acaso, segundo o algoritmo proposto por Cohen, resulta em superestimação.2121 Gwet KL. Kappa statistic is not satisfactory for assessing the extent of agreement between raters. Statistical Methods for InterRater Reliability Assessment, n. 1; 2002. [acesso em 25 fev. 2016]. Disponível em: http:\\www.agreestat.com/research_papers/kappa_statistic_is_not_satisfactory.pdf
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Além disto, o Kappa é muito influenciado pela distribuição das marginais da tabela, tendendo a zero quando há grande heterogeneidade nas prevalências, como é o caso das prevalências das diferentes categorias de peso descritos na literatura.2222 Byrt T, Bishop J, Carlin JB. Bias, prevalence and kappa. J Clin Epidemiol. 1993; 46: 423-9. Foram utilizados os softwares STATA versão 14.0 e Win Pepi versão 11.5323 nas análises gráfica e estatísticas.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob o número CAAE 26857814.7.0000.5286, Parecer No 652.120 em 2014. As bases de dados nominais do Sinasc foram obtidas mediante solicitação à Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, sendo garantida a confidencialidade dos dados.

Resultados

Dos 5.042 adolescentes avaliados no ERICA no Estado do Rio de Janeiro, foram excluídos 355 indivíduos nascidos no ano de 1995, tendo em vista que este ano não foi incluído na análise devido a diferenças estruturais no Sinasc. Os adolescentes que não trouxeram o Questionário do Responsável (n=1.702), ou os que não possuíam o nome da mãe nele (n = 39), necessário para o processo de vinculação, também foram excluídos, assim como 275 adolescentes que não nasceram no Estado de Rio de Janeiro, restando 2.671 registros de adolescentes para serem vinculados aos bancos de dados do Sinasc. Nas bases de dados do Sinasc do Rio de Janeiro, de 1996 a 2002, foram excluídos 102.550 nascidos vivos que não tinham o nome da mãe, resultando em 1.699.591 registros. Dos 2.671 Questionários do Responsável dos adolescentes do ERICA submetidos ao linkage, 1.822 foram identificados no Sinasc, ou seja, o relacionamento probabilístico apresentou sensibilidade de 68,2%. Foram excluídos 154 registros dos 1.822 pares identificados como verdadeiros, por não conterem a informação de peso ao nascer (um do Sinasc e 153 do ERICA), restando 1.668 adolescentes na amostra final.

Os 849 adolescentes não vinculados tinham em média 15,2 (desvio padrão=1,4) anos de idade, a maioria era do sexo feminino, tinha peso adequado e estudava em escola pública (Tabela 1). Dentre os pares identificados como verdadeiros, a maioria também era do sexo feminino, estava com o peso adequado e estudava em escola pública. Os 1.668 indivíduos da amostra final tinham em média 14,3 (DP=1,4) anos de idade anos de idade, a maior parte era do sexo feminino, aproximadamente 30% tinha excesso de peso (19,5% em sobrepeso e 10,5% em obesidade), quase a metade tinha mãe com escolaridade igual ou inferior ao ensino fundamental, e a maioria estudava em escolas públicas. Nesta mesma amostra, 5,2% dos adolescentes pertencia à classe A e um quarto às classes C e D da classificação econômica da ABEP (2011), e, ainda, segundo os registros no Sinasc, 7,4% nasceram com baixo peso (BPN) e 4,8% com peso elevado (EPN).

Tabela 1
Distribuições de variáveis sociodemográficas, sexo, peso ao nascer e estado nutricional, nos conjuntos vinculados, nãovinculados, na amostra final, e nos adolescentes sem o Questionário do Responsável. Rio de Janeiro, 2013 e 2014.

Prestaram informações no Questionário do Responsável, mães (79%), pais (11%), avós (2,1%), irmãos (0,7%), padrastos (0,2%), outros parentes (1,0%) e outros não-parentes (0,2%), entretanto 5,7% não informaram o tipo de parentesco com os adolescentes.

Na categoria sem a informação sobre o nível de escolaridade da mãe no Questionário do Responsável, 66,3% dos entrevistados era a própria mãe. Nas outras categorias sobre a escolaridade da mãe, essa porcentagem variou de 76,6% (ensino fundamental incompleto) a 81,8% (ensino médio completo). Observou-se ainda que as percentagens de adolescentes que estudaram em escola pública nesta categoria sem a informação sobre o nível de escolaridade da mãe foram de 94,4% e nas demais categorias variou de 31,0% (ensino superior) para 94,4% (Ensino fundamental incompleto).

No total, aproximadamente 38% dos pesos informados pelos responsáveis tiveram uma combinação perfeita com o peso no Sinasc. As porcentagens dessas respostas sem discrepâncias foram maiores nas mães com ensino médio e superior completo, e as maiores discrepâncias (diferenças superiores a 100 g) nas mães que não completaram o ensino fundamental, ou na categoria sem informações sobre o nível de escolaridade da mãe (Tabela 2).

Tabela 2
Diferenças entre peso ao nascer referido pelos responsáveis dos adolescentes e peso real registrado no Sinasc, total e segundo variáveis sociodemográficas e de classificação de peso ao nascer. Rio de Janeiro, 2013 e 2014.

O CCI, no total da amostra, demonstra que houve concordância elevada, isto é, baixa variabilidade entre os pesos referidos pelos responsáveis e registrados no Sinasc de cada adolescente quando comparada com a variabilidade existente entre os mesmos. A concordância é um pouco maior se analisado apenas no subconjunto em que as mães responderam ao questionário (ICC=0,90; IC95%= 0,88 a 0,91) e maior ainda se excluirmos 45 pares com maiores diferenças do que 1,0 kg (provavelmente não são pares), ICC=0,93 (0,92 a 0,94). O grau elevado de concordância também é encontrado em todas as categorias de variáveis analisadas, com exceção da categoria de peso elevado ao nascimento. Observa-se gradiente crescente da concordância de acordo com o aumento da escolaridade da mãe (Tabela 3).

Tabela 3
Médias, desvios padrão (DP), diferenças das médias, médias das diferenças absolutas e coeficientes de correlação intraclasse (CCI) dos pesos ao nascer (g) referidos pelos responsáveis dos adolescentes e registrados no Sinasc, no total e segundo variáveis sociodemográficas e de peso ao nascer. Rio de Janeiro, 2013 e 2014.

As medidas de concordância nas classificações de peso ao nascer nas categorias baixo, adequado e elevado (Tabela 4) representadas pelo coeficiente de concordância de primeira ordem de Gwet (AC1) permitem observar elevado grau de concordância total em todas as categorias das variáveis sociodemográficas. A medida de concordância Kappa de Cohen apresentou valores de concordância mais baixos e o coeficiente de Brennan-Prediger valores mais próximos ao do coeficiente de concordância de primeira ordem de Gwet.

Tabela 4
Kappa, G-index e AC1 e Intervalos de confiança 95% entre as classificações de peso ao nascer nas categorias Baixo, Adequado e Elevado, referidos pelos responsáveis dos adolescentes e registrados no Sinasc, no total e segundo variáveis sociodemográficas. Rio de Janeiro, 2013 e 2014.

A elevada concordância entre os pesos ao nascer referidos e registrados no Sinasc também

Fonte: ERICA e Sinasc; * Peso ao nascer referido menos o peso real registrado no Sinasc; ** Teste qui-quadrado; ABEP= Critério Socioeconômico segundo Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa; BPN= Baixo peso ao nascer; APN= Adequado peso ao nascer; EPN=Elevado peso ao nascer.

Fundamental incompleto Fundamental completo Médio complete Superior completo Sem informação Tipo de Escola Pública Privada pode ser visualizada em gráfico de Bland e Altman (Figura 1), no qual observa-se a maior parte da nuvem de pontos dentro do limite de concordância de 95%, e com maior concentração junto à linha de referência de ausência de diferença entre os pesos ao nascer referido e o do Sinasc. A maior frequência de valores em superestimação ocorreu entre 3.000 g e 4.200 g de média dos pesos ao nascer referidos e registrados no Sinasc, por outro lado, em subestimação a maior frequência ocorreu entre 2.200 e 3.000 g de média de pesos ao nascer referidos e registrados.

Figura 1
Análise gráfica (Bland e Altmam) da diferença média e Intervalo de confiança (95%) dos valores referidos menos os valores registrados no Sinasc, em relação à média dos valores referidos e registrados no Sinasc em adolescentes nascidos e avaliados no Estudo de Risco Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) no Estado do Rio de Janeiro, 2013 e 2014.

Discussão

Não houve diferença entre peso ao nascer referido pelo responsável e o peso do Sinasc em menos da metade da amostra de adolescentes participantes do ERICA no Estado do Rio de Janeiro (38%). Porém, ao incluir os casos em que a diferença foi menor do que 100 g, a semelhança entre pesos referidos e registados se elevou para 58%. Isto significa que em apenas pouco mais da metade da amostra poderia se utilizar a informação sobre peso referido pelos pais como substituto do registro na época do nascimento. Deve-se considerar que isto seria esperado uma vez que a distância temporal entre as informações confrontadas foi de pelo menos 12 anos, a idade dos adolescentes mais jovens que participaram do

ERICA.

Quanto à classificação de adequação de peso ao nascer, a semelhança ou concordância entre a informação referida durante a adolescência e o registrado no nascimento foi elevada. Portanto, a utilização do peso referido pelos responsáveis pode resultar em relativa imprecisão na atribuição do peso ao nascer de cada indivíduo, mas é satisfatória quanto à classificação individual nas categorias tradicionais de classificação (baixo, adequado ou elevado peso ao nascer). Silva et al.,2424 Silva AAM, Ribeiro VS, Júnior AFB, Coimbra LC, Silva RA. Evaluation of data quality from the Information System on Live Births in 19971998. Rev Saúde Pública 2001; 35(6):508-14. ao avaliarem a qualidade dos dados de informações sobre nascidos vivos, utilizando o método de linkage para verificar a concordância entre as informações do Sinasc e os dados de um inquérito perinatal, verificaram boa confiabilidade para as informações de peso ao nascer registrados no Sinasc, com elevada concordância (Kappa=0,94) entre as estimativas de baixo peso ao nascer e a pesquisa perinatal.

Verificou-se neste estudo a associação positiva da escolaridade da mãe com a precisão da informação referida do peso ao nascer. A melhor precisão se deu nas respostas das mães com maior grau de escolaridade, assim como a maior imprecisão na informação prestada pelas mães com menor grau de escolaridade. A concordância medida pelo CCI dos responsáveis que não informaram, por qualquer motivo, é semelhante à observada na categoria das mães de menor escolaridade. Ainda, pela análise dos intervalos de confianças das médias das diferenças absolutas não é possível afirmar que há relevância nas diferenças destas médias nas categorias das variáveis econômica, de escolaridade materna, tipo de escola ou peso ao nascer.

São escassos os relatos de estudos feitos no Brasil de validação de peso ao nascer referido. Em estudo de coorte realizado em Pelotas, Victora et al.55 Victora CG, Barros FC, Martines J, Béria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos?. Rev Saúde Pública. 1985; 19: 195-200. verificaram que em 61,2% dos casos o peso informado foi exatamente igual ao peso real. Porém, nesse estudo a idade dos filhos variou entre 9 a 15 meses, de modo que a distância cronológica entre as informações foi muito menor do que no presente estudo com os adolescentes do ERICA. Ainda no estudo de Victora et al.,55 Victora CG, Barros FC, Martines J, Béria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos?. Rev Saúde Pública. 1985; 19: 195-200. 79% das respostas apresentaram diferença menor do que 100 g, e 89,5% inferior a 250 g, sem qualquer tendência relevante em qualquer sentido, de acréscimo ou redução dos pesos. O mesmo estudo também observou que as mães que nunca compareceram à escola apresentaram respostas incorretas com maior frequência do que as demais. Victora et al.55 Victora CG, Barros FC, Martines J, Béria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos?. Rev Saúde Pública. 1985; 19: 195-200. consideraram como peso real os registros hospitalares, neste estudo consideramos como peso real as informações de peso ao nascer registradas no Sinasc. Filha et al.2525 Filha MMT, Gama SGN, Cunha CB, Leal MC. Reliability of birth certificate data in Rio de Janeiro, Brazil, 1999-2001. Cad Saúde Pública. 2004; 20 (Supl. 1): S83-S91. verificaram alto grau de concordância (CCI maior que 0,90) na informação de peso ao nascer registrada no Sinasc, ao compará-las com dados obtidos de uma entrevista com as puérperas e com uma pesquisa em prontuários hospitalares. Almeida et al.2626 Almeida MF, Alencar GP, França Jr I, Novaes HMD, Siqueira AAF, Schoeps D, Campbell O, Rodrigues LC. Validation of birth certificates based on data from a casecontrol study. Cad Saúde Pública. 2006; 22 (3): 643-52. também compararam com informações das declarações de nascido vivo, que são utilizadas para o preenchimento do Sinasc, com as obtidas em entrevistas com as mães e o registro nos prontuários hospitalares, e concluíram que o Sinasc é uma excelente fonte de informações para identificar nascimentos de baixo peso ao nascer.

As maiores frequências de respostas com diferenças maiores que 100 g na categoria dos responsáveis que não responderam sobre a escolaridade da mãe indica que provavelmente estas mães são de baixa escolaridade, uma vez que o percentual dos filhos, que estudavam em escolas públicas, das mães que não responderam foi praticamente idêntico ao das mães de escolaridade referida mais baixa. Além disto, entre os que não responderam sobre a escolaridade da mãe é que se observou a menor proporção de mães como informantes, o que também pode ter contribuído para discrepâncias entre pesos registrados no Sinasc e referidos no ERICA. Victora et al.55 Victora CG, Barros FC, Martines J, Béria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos?. Rev Saúde Pública. 1985; 19: 195-200. também verificaram uma tendência para a diminuição na precisão da informação entre mães menos escolarizadas.

No total da amostra a diferença entre as médias de pesos referidos e registrados foi inferior a 20 gramas, porém ocorreu alguma variação destas diferenças entre as categorias das variáveis analisadas neste estudo. Ainda assim, a maior diferença atingiu cerca 100 gramas apenas no caso dos adolescentes que nasceram com baixo peso, sendo que a maior média de peso foi a referida pelos responsáveis. Isto poderia ser esperado como uma tendência dos responsáveis em atribuírem um melhor valor de peso para aqueles que nasceram com esta deficiência. Registre-se, que em menor grau ocorreu o mesmo nos que nasceram com excesso de peso, assim como nos de peso adequado, de modo que no geral há uma modesta superestimação de peso ao nascer por parte dos responsáveis. Isto pode ser resultado de uma cultura popular histórica de que bebês grandes ou de peso elevado são "saudáveis", se constituindo em motivo de orgulho para os pais, apesar da ausência de evidências na literatura. Alguns estudos têm relatado que o sobrepeso e a obesidade infantil não são percebidos corretamente pelos responsáveis, e que também boa parte destes responsáveis não se preocupam com o excesso de peso das crianças.2727 Wright DG. Parental perception of preschool child body weight. J Pediatr Nurs. 2011; 26(5):435-445.,2828 Santos DFB, Strapasson GC, Golin SDP, Gomes EC, Wille GMFC, Barreira SMW. The implications of family lack of concern and perception of obesity in childhood in the city of Curitiba, State of Paraná, Brazil. Ciênc Saúde Coletiva. 2017; 22 (5): 1717-24. Um estudo alemão que avaliou a percepção materna em relação à silhueta do seu filho mostrou que parte das mães de crianças mais novas preferiam que o filho fosse mais gordinho.2929 Warschburger P, Kroller K. Childhood overweight and obesity: maternal perceptions of the time for engaging in child weight management. BMS Public Health. 2012; 12: 295.

No caso dos tipos de escola, verificou-se que em escolas públicas a superestimação da medida foi aproximadamente cinco vezes maior do que nas privadas, ainda que a maior diferença tenha sido de apenas pouco mais do que 20 gramas. Este achado deve estar relacionado com as frequências de adolescentes mais elevadas nas escolas públicas de adolescentes de classes socioeconómicas mais baixas e de mães com baixo grau de escolaridade. Victora et al.55 Victora CG, Barros FC, Martines J, Béria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos?. Rev Saúde Pública. 1985; 19: 195-200. verificaram maiores erros e superestimação das respostas de peso ao nascer nas famílias com menor renda familiar.

O presente estudo encontrou uma boa concordância geral entre os pesos referidos e registrados no Sinasc conforme o CCI, o que significa que a variabilidade entre os valores referidos no ERICA e registrados no Sinasc em cada indivíduo foram consideravelmente menores do que a variância entre os pesos ao nascer de todos os adolescentes da amostra. Isto é importante para qualificar estudos de associação entre variáveis do ERICA em que uma delas é o peso ao nascer, acrescido ao que já se observou em relação às pequenas diferenças entre as médias. Elevado grau de concordância também foi observado pelo coeficiente de concordância de Gwet, quando classificado o peso ao nascer nas categorias de baixo, adequado e elevado peso. Isto é, há boa concordância entre as categorias de BPN, APN e EPN referidas e registradas no Sinasc. De fato, Gayle et al.3030 Gayle HD, Yip R, Frank MJ, Nieburg P, Binkin NJ. Validation of Maternally Reported Birth Weights among 46,637 Tennessee WIC Program Participants. Public Health Reports 1988; 103 (2): 143-7. já haviam sugerido que os pesos ao nascer referidos pelas mães são suficientemente precisos para fins de pesquisa e fins de programação quando a informação do certificado de nascimento não está prontamente disponível.

Apesar das concordâncias medidas pelo Kappa de Cohen serem apenas razoáveis, as concordâncias segundo o coeficiente de Gwet foram bastante elevadas, sendo este indicador mais confiável e estável do que o usual Kappa por ser menos dependente de distribuições de prevalências e de marginais homogêneas, como é o caso das frequências das três categorias de peso na amostra do ERICA.21

Os resultados deste estudo mostram que os grupos de adolescentes que trouxeram o Questionário do Responsável, vinculados e não vinculados, e aqueles que trouxeram e não trouxeram, eram homogêneos em relação a várias características e, portanto, as perdas de questionários dos responsáveis e os registros não vinculados não influenciaram os resultados. É preciso destacar que, neste estudo, os questionários com as informações de peso ao nascer eram entregues aos adolescentes, que os levavam para os seus respectivos responsáveis responderem em casa, e devolviam em data posterior. Então é possível supor que alguns dos responsáveis tenham consultado cadernetas de saúde ou de vacinação, caracterizando um possível viés de informação. O impacto deste possível viés de informação é o aumento da precisão de dados de peso ao nascer referidos, aumentando a concordância entre a informação de peso ao nascer referido com a registrada no Sinasc.

Este estudo possui algumas limitações quedevem ser citadas. A amostra final não é representativa em relação aos adolescentes do Estado do Rio de Janeiro devido ao desenho amostral complexo do ERICA, que não contempla representatividade nas Unidades da Federação. A isto se deve adicionar o fato de que apenas 36,1% dos 5.042 adolescentes participantes do ERICA no Estado do Rio de Janeiro foram avaliados neste estudo, principalmente devido a perdas na devolução dos Questionários do Responsável, e a eficiência apenas razoável do processo de vinculação. O Questionário do Responsável foi auto preenchido, o que pode ter acarretado em perdas e erros de interpretação por ilegibilidade e transcrição equivocada, além da dependência da memória do entrevistado, após um período de no mínimo 12 anos. É possível supor ainda que existem erros de digitação ou transcrição nas bases de dados do Sinasc. Outra fonte de erros é o processo de vinculação de bases de dados, pois se trata de um relacionamento probabilístico, com sensibilidade e especificidade imperfeitas, apesar da revisão manual dos pares duvidosos. Para se avaliar a acurácia e qualidade do método de vinculação é necessário a comparação dos resultados com uma outra fonte de informação considerada padrão-ouro.66 Camargo Jr. KR, Coeli CM. Going open source: some lessons learned from the development of OpenRecLink. Cad Saúde Pública. 2015; 31: 257-63.

7 Coutinho RGM, Coeli CM, Faerstein E, Chor D. Sensibilidade do linkage probabilístico na identificação de nascimentos informados: Estudo PróSaúde. Rev Saúde Pública. 2008; 42: 1097-1100.
-88 Silva JPL, Travassos CMR, Vasconcellos MM, Campos LM. Revisão sistemática sobre encadeamento ou linkage de bases de dados secundários para uso em pesquisa em saúde no Brasil. Cad Saúde Coletiva. 2006; 14: 197-224. Em estudo para avaliar a sensibilidade de relacionamento probabilístico entre dados do Estudo Pró-Saúde e as bases do Sinasc, Coutinho et al.77 Coutinho RGM, Coeli CM, Faerstein E, Chor D. Sensibilidade do linkage probabilístico na identificação de nascimentos informados: Estudo PróSaúde. Rev Saúde Pública. 2008; 42: 1097-1100. verificaram uma sensibilidade para a identificação de nascimentos em estratégia reduzida de 60,9%, e em estratégia ampliada de 72,8%. O presente estudo apresentou sensibilidade intermediária (68,2%) entre estes extremos. Portanto, este estudo é susceptível a vieses de informação, que podem impactar e distorcer as medidas de associação.

Os valores de peso ao nascer referidos na ERICA, no Estado do Rio de Janeiro, pelos responsáveis dos adolescentes de 12 a 17 anos, apresentaram graus razoáveis de concordância com os valores registrados logo após o nascimento no Sinasc, em níveis individuais. No entanto, as concordâncias entre as médias de pesos foram bastante elevadas, o que significa que estes podem ser utilizados de forma segura em estudos populacionais. Os resultados também sugerem que o nível de escolaridade da mãe está associado com a concordância entre o peso ao nascer referido e o peso ao nascer registrado no Sinasc; quanto maior o nível de educação, maior será a precisão e o acordo dessa medida.

Para uma melhor segurança na aplicação dos presentes resultados e recomendações, é importante, no entanto, a realização de estudos similares em outras regiões do país.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2017

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2016
  • Revisado
    28 Out 2017
  • Aceito
    01 Nov 2017
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