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Fatores associados ao aborto espontâneo: uma revisão sistemática

Resumo

Objetivos:

compilar estudos produzidos acerca dos fatores de risco genéticos e não genéticos associados a ocorrência de aborto espontâneo.

Métodos:

trata-se de um artigo de revisão sistemática, com estudos publicados entre janeiro de 2008 a novembro de 2018 nas bases de dados SciELO, PubMed, Lilacs e BVS.

Resultados:

um total de 567 artigos foram encontrados. Após aplicação dos critérios de elegibilidade definidos, 44 artigos compuseram a presente revisão com a maioria publicada na Ásia, entre os anos de 2008 a 2011, e 10 artigos publicados no Brasil. Causas não genéticas, como fatores sociodemográficos e estado de saúde, estiveram entre as condições mais associadas ao abortamento espontâneo. No continente asiático houve predominância na correlação do aborto espontâneo com fatores relacionados ao estilo de vida como obesidade, tabagismo e atividades laborais; já nas Américas destacam-se causas relacionadas aos fatores sociodemográficos, como baixa renda e baixa escolaridade.

Conclusões:

os fatores de risco diferem em relação a região de ocorrência, sendo importante a realização de estudos detalhados para que sejam capazes de subsidiar a implantação de políticas públicas e, assim, minorar a ocorrência de abortos.

Palavras-chave:
Aborto espontâneo; Fatores de risco; Reprodução; Revisão sistemática

Abstract

Objectives:

to compile studies produced regardinggenetic and non-genetic risks factors associated with occurrence of spontaneous abortion.

Methods:

it talks about a systematic review article, with studies between January of 2008 to November of 2018 according to SciELO, PubMed, Lilacs and BVS.

Results:

in total, 567 articles were found. After applying the definedeligibility criteria, 44 articles made part of the review, being the majority published on Asia between 2008 and 2011, and 10 articles published on Brazil. Not genetic causes like sociodemographic factors and healthy state were among the most associated conditions of spontaneous abortion. Asiatic continent had predominance about the correlation of spontaneous abortion with factors related to life style like obesity, smoking and labor activities, on the other hand, in the Americas, causes related to sociodemographics factors like low pay and low studies are high-lighted.

Conclusions:

the risk factors change about the occurrence region, being important to make local studies capable of subsidize the implantation of public politics and to reduce abortions.

Key words:
Spontaneous abortion; Risk factors; Reproduction; Systematic review

Introdução

O aborto espontâneo é a adversidade gestacional mais comum, sendo, muitas vezes, de etiologia desconhecida. Na maioria das pacientes,tem causa multifatorial, o que torna sua investigação difícil.11 Xu G, Wu Y, Yang L, Yuan L, Guo H, Zhang F, Guan Y, Yao W. Risk factors for early miscarriage among Chinese: A hospital-based case-control study. Fertil Steril. 2014; 101 (6): 1663-70.

2 Kiss A, Rosa RFM, Zen PRG, Pfeil JN, Graziadio C, Paskulin GA. Anormalidades cromossômicas em casais com história de aborto recorrente. Rev Bras Ginecol Obs. 2009;31(2):68-74.
-33 Morales-Machín A, Borjas-fajardo L, Zabala W, Alvarez F, Delgado W. Polimorfismo C677T del gen de la Metiltetrahidrofolato Reductasa como factor de riesgo en mujeres con aborto recurrente . Invest Clin. 2009; 50 (3): 327-33. O problema é definido como a interrupção da gravidez de forma involuntária, até 20-22 semanas gestacionais.44 Mora-Alferez AP, Paredes D, Rodríguez O, Quispe E, Chavesta F, Zighelboim EK, Michelena M. Anomalías CromosómIicas en Abortos espontáneos. Rev Peru Ginecol Obstet. 2016;62 (2): 141-51. Sua forma recorrente é caracterizada pela perda de três ou mais gestações, de forma consecutiva.22 Kiss A, Rosa RFM, Zen PRG, Pfeil JN, Graziadio C, Paskulin GA. Anormalidades cromossômicas em casais com história de aborto recorrente. Rev Bras Ginecol Obs. 2009;31(2):68-74.

De todas as gestações diagnosticadas, 15 a 20% terminam em aborto espontâneo, a maioria dentro das primeiras 13 semanas de gestação.44 Mora-Alferez AP, Paredes D, Rodríguez O, Quispe E, Chavesta F, Zighelboim EK, Michelena M. Anomalías CromosómIicas en Abortos espontáneos. Rev Peru Ginecol Obstet. 2016;62 (2): 141-51.,55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016....
Entre as consequências, destacam-se os prejuízos emocionais e psicológicos para os casais envolvidos, existindo ainda o risco de morte da gestante em decorrência de complicações,além de custo elevado para os cofre públicos, constituindo importante problema de Saúde Pública.66 Nery IS, Gomes IS. Motivos e sentimentos de mulheres acerca do aborto espontâneo Metodologia Referencial Teórico. Enferm Obs. 2014; 1 (1): 19-24.

O aborto espontâneo possui origem multifatorial, de causas genéticas e não genéticas, que podem estar interligadas. Dentre os fatores genéticos, destacam-se as anormalidades cromossômicase polimorfismos; como causas não genéticas, sobressaem a presença de agentes infecciosos, causas socioeconômicas, ambientais, ocupacionais, história de vida e distúrbios endócrinos e trombofílicos.55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
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,77 Diejomaoh MFE. Recurrent Spontaneous Miscarriage Is Still a Challenging Diagnostic and Therapeutic Quagmire. Med Princ Pract. 2015; 24 (suppl. 1):38-55. Estima-se que 25% dos abortos espontâneos seriam evitáveis se os fatores de risco pudessem ser atenuados. Entretanto, cerca de 50% dos casos de aborto tem causas desconhecidas.55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016....
,88 Pang L, Wei Z, Li O, Huang R, Qin J, Chen H, Fan X, Chen Z J. An Increase in Vascular Endothelial Growth Factor ( VEGF ) and VEGF Soluble Receptor-1 ( sFlt-1 ) Are Associated with Early Recurrent Spontaneous Abortion. PLoS One. 2013;8(9):1-6.

Diante do exposto e da grande variedade de estudos que abordaram possíveis causas e fatores de risco acerca do aborto espontâneo e, levando em consideração as variações relacionadas a população e região estudada, este estudo teve como objetivo revisar o conhecimento científico produzido nos últimos 10 anos sobre o tema.

Existe um grande número de publicações relacionadas aos fatores de risco associados ao aborto espontâneo. Entretanto, devido às diferenças acerca de hábitos de vida, comportamentos e circunstâncias ambientais, torna-se difícil extrapolar as causas para todas as mulheres do mundo. Foi possível verificar que existe um grande empenho da comunidade científica em investigar os vários fatores de risco envolvidos com essa adversidade gestacional. Contudo, é necessário fazer um levantamento das possíveis causas de maneira regionalizada, para que sejam implementadas políticas públicas de investigação e tratamento/atenuação dos principais fatores de risco, adequados às suas populações, afim de contribuir para a redução das taxas de aborto espontâneo.

Métodos

Trata-se de uma revisão sistemática que foi conduzida de acordo com a recomendação PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises).

Critérios de elegibilidade

  1. Tipos de estudos: Artigos que evolveram investigações de fatores associados ao aborto espontâneo, no período de janeiro de 2008 a novembro de 2018, publicados em inglês, português e espanhol. Foram incluídos artigos clínicos originais, experimentais, séries e relatos de casos, e excluídos artigos de revisão, pesquisas com fertilização in vitro. Foram consideradas perdas para esta revisão a indisponibilidade do artigo completo em versão gratuita.

  2. Tipos de participantes: Pacientes que apresentaram aborto espontâneo isolado ou recorrente. Foram incluídos trabalhos com aborto voluntário que apresentaram dados isolados de aborto espontâneo.

  3. Tipos de intervenção: Os artigos que englobam a presente revisão tratam da investigação de fatores genéticos e não genéticos associados ao abortamento espontâneo em qualquer idade gestacional, com diagnóstico precoce ou tardio, porém dada a natureza do evento, houve acompanhamento (coorte, caso-controle) sem intervenção.

  4. Tipos de resultados: Identificação dos fatores de risco que contribuíram para o abortamento espontâneo.

Fontes de informação

A busca de artigos foi realizada entre outubro e dezembro de 2018, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), United States National Library of Medicine (PubMed), Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

A estratégia de busca utilizada para todas as bases de dados com utilização de unitermos foi: spontaneous abortion or miscarriage, aborto ou aborto espontâneo, ou aborto espontâneo e fatores de risco.

A seleção de artigos foi realizada de forma independente por dois autores (Oliveira MTS e Oliveira CNT). Em seguida realizou-se a verificação da duplicidade dos artigos nas bases de dados e a leitura dos resumos, excluindo aqueles que não abordavam fatores de risco do aborto espontâneo. Por fim, estabeleceu-se a leitura na íntegra dos artigos, incluindo apenas os que abordavam fatores de risco associados ao desenvolvimento de aborto espontâneo. Dúvidas foram resolvidas pelo consenso das autoras.

Após a leitura dos artigos já apontados, extraíram-se os dados de cada estudo incluído na presente revisão,utilizando um formulário padronizado disponível em material suplementar.

Foram extraídas informações de cada estudo sobre: (1) características dos estudos (ano de publicação, idioma, localização geográfica e metodologia utilizada); (2) objetivos dos estudos (fatores de risco genéticos e não genéticos).

Dois revisores trabalharam de maneira independente e determinaram os principais riscos de viés nos estudos avaliados, verificando que o viés de seleção, sobrevivência e de Berkson foram os principais para estudos caso-controle. Para os estudos transversais, observou-se maior risco para viés de instrumento, de entrevistador, de detecção e memória. Para os estudos de coorte, verificou-se maior risco para viés de perda de acompanhamento e de memória.

Resultados

Após a aplicação dos unitermos,foram encontrados 567 artigos, distribuídos da seguinte forma: 82 na SciELO, 370 na PubMed, 13 na Lilacs, e 102 na BVS. Foram identificados os artigos presentes em mais de uma base de dados e utilizando critérios de elegibilidade previamente estabelecidos, ao final, 44 artigos foram selecionados e compõem a presente revisão. A Figura 1 mostra a seleção e a distribuição dos artigos, segundo as bases de dados pesquisadas, desde a primeira busca até aplicação de todos os critérios de seleção.

Figura 1
Fluxograma de seleção de estudos, Adaptado do PRISMA.

A maior parte dos artigos foi publicada no período de 2008 a 2011 (38,6% / n = 17). O restante, entre 2012 a 2015 (34,1% / n = 15) e 2016 a 2018 (27,3% / n = 12). O idioma predominante das publicações foi o inglês (75,0% / n = 33), seguido do português (18,2% / n=8) e espanhol (6,8% / n = 3).

Sobre a distribuição dos artigos quanto à localização geográfica, foi verificado que a América do Sul (31,8% / n = 14) e Ásia (34,1% / n = 16) foram os continentes com maior produção sobre o tema. No Brasil, foram escritos 22,7% (n = 10) estudos tratando do tema.

No que diz respeito às metodologias utilizadas nos estudos, a maior parte dos artigos utilizou a estratégia caso-controle (54,5% / n = 24), e, com relação a fonte de dados, a maioria foi realizada através da coleta e análise de material biológico (31,8%/ n=14). As amostras biológicas consistiram, em sua maioria,por sangue periférico, tecido placentário e secreção vaginal (Tabela 1).

Tabela 1
Características metodológicas dos estudos.

Sobre o objetivo principal, 25 artigos (56,8%) versaram sobre fatores de risco não genéticos e 19 (43,2%) sobre fatores de risco genéticos. Dentre as causas não genéticas, destacam-se: fatores sociodemográficos que envolve idade materna > 35 anos, menor escolaridade, caracterizado por mulheres que tiveram até 8 anos de estudo, multiparidade, menarca precoce, e menor renda familiar, e estado de saúde (hipertensão, cardiopatias, sobrepeso e obesidade) (38,6%/n = 17), além de fatores infecciosos, que englobam a infecção por citomegalovírus, rubéola, toxoplasmose, vaginose bacteriana (11,3%/ n = 5), contaminantes ambientais (2,3%/ n=1) e alterações hormonais, incluindo progesterona, hiperinsulinemia e hiperandrogenia (4,6%/n = 2). As causas genéticas incluíram: polimorfismos gênicos e, HLA-A*31, HLA-A*24, HLA-B*35, -1154G>, fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF, SFt-1), citocinas (IL-18, IL-1β, IL-10), genótipos (MTHFR, Tim 3), alte-rações cromossômicas, doenças cardíacas congênitas e receptores para vitamina D (VDR). As principais características dos artigos estudados estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2
Caracterização dos artigos selecionados para a revisão.

Discussão

Ao analisar os 44 estudos incluídos nesta revisão, observou-se que grande parte dos artigos era destinada a identificação de fatores relacionados ao aborto espontâneo idiopático ou recorrente. Existem várias causas hereditárias do aborto espontâneo, que incluem anormalidades cromossômicas estruturais e numéricas, mutações, polimorfismos genéticos. Entretanto, vários pesquisadores no mundo começaram a investigar também os fatores não genéticos.99 Zhang BY, Wei YS, Niu JM, Li Y, Miao ZL, Wang ZN. Risk factors for unexplained recurrent spontaneous abortion in a population from southern China. Int J Gynecol Obstet. 2010; 108 (2): 135-8. Nesta revisão, verificou-se que as publicações dos últimos 10 anos abordaram fatores genéticos e não-genéticos de maneira equivalente (43,2% e 56,8%, respectivamente). Entretanto, alguns artigos que abordavam as características genéticas também abordavam fatores não genéticos associados ao abortamento espontâneo, evidenciando a necessidade de investigar quais outras causas poderiam apresentar um papel importante nesta complicação obstétrica.

Em relação à metodologia utilizada pelos estudos, a maior parte utilizou caso-controle, que é eficaz para investigar causalidade ou fatores de risco. É importante salientar que a maioria dos estudos apresentou critérios bem estabelecidos no grupo controle, no qual as mulheres não poderiam possuir história de aborto espontâneo e ter no mínimo um filho nascido vivo e, no grupo de caso, deveriam apresentar história de mais de um aborto. Também foi possível verificar que os trabalhos sempre apresentavam comparação de resultados em relação a outros estudos. Entretanto alguns enfatizavam que os fatores de risco não deveriam ser extrapolados para outros países ou nacionalidades devido a diferenças nos hábitos de vida e circunstâncias ambientais.11 Xu G, Wu Y, Yang L, Yuan L, Guo H, Zhang F, Guan Y, Yao W. Risk factors for early miscarriage among Chinese: A hospital-based case-control study. Fertil Steril. 2014; 101 (6): 1663-70. Esta revisão traz abordagens em diferentes países dos principais continentes do mundo em relação as causas genéticas e não genéticas.

Dentre os principais fatores associados ao aborto espontâneo de causas não genéticas, chama atenção o fato de que, no continente Asiático, houve predominância de fatores relacionados ao estilo de vida como obesidade, tabagismo e atividades laborais; já nas Américas destacam-se as causas relacionadas a fatores sociodemográficos como baixa renda e baixa escolaridade.

Sobre os fatores de risco não genéticospara o aborto espontâneo, destacaram-se, neste levantamento: fatores sociodemográficos (idade materna, idade na menarca, escolaridade e renda), estado de saúde (IMC, obesidade), estilo de vida (tabagismo), histórico gestacional (aborto pregresso, aborto familiar), excesso de atividade laboral, fatores infecciosos (contaminação por citomegalovírus, rubéola, toxoplasma e vaginose bacteriana) e hormonais (alteração de progesterona, hiperinsulinemia e hiperandrogenia).

A idade materna elevada, acima de 35 anos, foi considerada fator de risco para o aborto espontâneo e malformações fetais devido a senilidade dos óvulos que ficam mais sujeitos a alterações cromossômica, em caso de fertilização.1010 Curcio HR, Hernández, Katiuska M, Colón JA. Enfermedad trofoblástica gestacional diagnosticada en restos ovulares obtenidos de pacientes con abortos espontáneos. Rev Obs Ginecol Venez. 2016;76(2):76-84. Um aumento de 5 anos na idade materna eleva o risco de aborto espontâneo em 1,5 vezes.55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016....
,1111 Rashid H, Ma E, Ferdous F, Ekström EC, Wagatsuma Y. First-trimester fetal growth restriction and the occurrence of miscarriage in rural Bangladesh : A prospective cohort study. PLoS One. 2017;12 (7): 1-11.,1212 Cecatti JG, Guerra GV de QL, Sousa MH, Menezes GM de S. Aborto no Brasil : um enfoque demográfico. Rev Bras Ginecol Obs. 2010;32(3):105-11.,1313 Whitcomb BW, Schisterman EF, Klebanoff MA, Baumgarten M, Luo X, Chegini N. Circulating levels of cytokines during pregnancy: thrombopoietin is elevated in miscarriage. Fertil Steril. 2008;89(6):1795-802. No entanto, alguns estudos encontraram associação contrária.11 Xu G, Wu Y, Yang L, Yuan L, Guo H, Zhang F, Guan Y, Yao W. Risk factors for early miscarriage among Chinese: A hospital-based case-control study. Fertil Steril. 2014; 101 (6): 1663-70.,1414 Correia LL, Rocha HAL, Leite ÁJM, Campos JS, Silva AC, Machado MMT, Rocha SGMO, Gomes TN, Cunha AJLA. Tendência de abortos espontâneos e induzidos na região semiárida do Nordeste do Brasil : uma série transversal. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2018;18(1):133-42.

15 Miskovic S, Culic V, Konjevoda P, Pavelic J. Positive reproductive family history for spontaneous abortion: Predictor for recurrent miscarriage in young couples. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2012;161(2):182-6.

16 Al-Khateeb GM, Sater MS, Finan RR, Mustafa FE, AlBusaidi AS, Al-Sulaiti MA, Almawi WY. Analysis of interleukin-18 promoter polymorphisms and changes in interleukin-18 serum levels underscores the involvement of interleukin-18 in recurrent spontaneous miscarriage. Fertil Steril. 2011;96(4):921-6.

17 Madar T, Shahaf G, Sheiner E, Brazg J, Levinson J, Yaniv Salem SY, Twina G, Baron J, Mozar M, Holcberg G, Lewis. Low levels of circulating alpha-1 antitrypsin are associated with spontaneous abortions. J Matern Neonatal Med. 2013;26(18):1782-7.
-1818 Alijotas-Reig J, Ferrer-Oliveras R, Rodrigo-Anoro MJ, Farran-Codina I, Cabero-Roura L, Vilardell-Tarres M. Antiß2-glycoprotein-I and anti-phosphatidylserine antibodies in women with spontaneous pregnancy loss. Fertil Steril. 2010;93(7):2330-6. Uma explicação para essa divergência reside no fato de que os estudos que associaram a idade materna acima de 35 anos com o aborto foram realizados em países desenvolvidos, onde as mulheres, provavelmente, engravidam com idade mais avançada; e os estudos que abordam idade materna abaixo de 35 anos como fator de risco foram realizados em países em desenvolvimento, onde as mulheres engravidam mais cedo,elevando a probabilidade de aborto. A menarca precoce foi outro importante fator associado ao aborto espontâneo, por acelerar a puberdade e a ocorrência de gestação em idades menores, quando o corpo da mulher ainda não tem a completa maturidade.1414 Correia LL, Rocha HAL, Leite ÁJM, Campos JS, Silva AC, Machado MMT, Rocha SGMO, Gomes TN, Cunha AJLA. Tendência de abortos espontâneos e induzidos na região semiárida do Nordeste do Brasil : uma série transversal. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2018;18(1):133-42.,1919 Noguez PT, Muccillo-baisch AL, Cezar-vaz MR, Cristina M. Aborto espontâneo em mulheres residentes nas proximidades do parque industrial do município do Rio Grande - RS. Texto Context Enferm. 2008;17(3):435-46.

Nesta revisão, a menor escolaridade (mulheres que tiveram até 8 anos de estudo) foi um importante fator de risco para a ocorrência do aborto espontâneo. A desinformação leva um atraso no pré-natal, o que dificulta a identificação precoce de alterações gestacionais, tornando difícil a realizações de ações preventivas e terapêuticas em tempo de evitar o aborto.1212 Cecatti JG, Guerra GV de QL, Sousa MH, Menezes GM de S. Aborto no Brasil : um enfoque demográfico. Rev Bras Ginecol Obs. 2010;32(3):105-11.,1414 Correia LL, Rocha HAL, Leite ÁJM, Campos JS, Silva AC, Machado MMT, Rocha SGMO, Gomes TN, Cunha AJLA. Tendência de abortos espontâneos e induzidos na região semiárida do Nordeste do Brasil : uma série transversal. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2018;18(1):133-42. Vale ressaltar que estes estudos foram realizados no Brasil. Devido à sua dimensão continental,estes dados podem variar em relação ao contexto regional, e o menor acesso às informações e serviços de saúde está relacionado também com a renda baixa de mulheres.1111 Rashid H, Ma E, Ferdous F, Ekström EC, Wagatsuma Y. First-trimester fetal growth restriction and the occurrence of miscarriage in rural Bangladesh : A prospective cohort study. PLoS One. 2017;12 (7): 1-11.,2020 Borsari CMG, Nomura RMY, Benute GRG, Lucia MCS, Francisco RP, Zugaib M. Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo : vivência e aspectos socioeconômicos. Rev Bras Ginecol Obs. 2013;35(1):27-32.,2121 Bhandari HM, Tan BK, Quenby S. Superfertility is more prevalent in obese women with recurrent early pregnancy miscarriage. BJOG. 2015;123:217-22.

Em relação aos fatores de risco para o abortamento espontâneo relacionados ao estado de saúde, destaca-se o aumento de peso corporal, caracterizado pelo sobrepeso e obesidade. Esta associação pode ser explicada pelas várias alterações endócrinas e metabólicas, como secreção alterada e ação ineficaz da insulina, leptina, resistina, grelina, além de alterações no metabolismo dos esteroides que podem conduzir ao aborto espontâneo.55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016....
,99 Zhang BY, Wei YS, Niu JM, Li Y, Miao ZL, Wang ZN. Risk factors for unexplained recurrent spontaneous abortion in a population from southern China. Int J Gynecol Obstet. 2010; 108 (2): 135-8.,1111 Rashid H, Ma E, Ferdous F, Ekström EC, Wagatsuma Y. First-trimester fetal growth restriction and the occurrence of miscarriage in rural Bangladesh : A prospective cohort study. PLoS One. 2017;12 (7): 1-11.,1616 Al-Khateeb GM, Sater MS, Finan RR, Mustafa FE, AlBusaidi AS, Al-Sulaiti MA, Almawi WY. Analysis of interleukin-18 promoter polymorphisms and changes in interleukin-18 serum levels underscores the involvement of interleukin-18 in recurrent spontaneous miscarriage. Fertil Steril. 2011;96(4):921-6.,2121 Bhandari HM, Tan BK, Quenby S. Superfertility is more prevalent in obese women with recurrent early pregnancy miscarriage. BJOG. 2015;123:217-22.,2222 O'Dwyer V, Monaghan B, Kennelly MM, Turner MJ, Farah N. Miscarriage after Sonographic Confirmation of an Ongoing Pregnancy in Women with Moderate and Severe Obesity. Obes Facts. 2012;5:393-8. Em contrapartida, esta associação não foi verificada em outros estudos,99 Zhang BY, Wei YS, Niu JM, Li Y, Miao ZL, Wang ZN. Risk factors for unexplained recurrent spontaneous abortion in a population from southern China. Int J Gynecol Obstet. 2010; 108 (2): 135-8.,1818 Alijotas-Reig J, Ferrer-Oliveras R, Rodrigo-Anoro MJ, Farran-Codina I, Cabero-Roura L, Vilardell-Tarres M. Antiß2-glycoprotein-I and anti-phosphatidylserine antibodies in women with spontaneous pregnancy loss. Fertil Steril. 2010;93(7):2330-6.,2020 Borsari CMG, Nomura RMY, Benute GRG, Lucia MCS, Francisco RP, Zugaib M. Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo : vivência e aspectos socioeconômicos. Rev Bras Ginecol Obs. 2013;35(1):27-32. que encontraram uma fertilidade aumentada em mulheres obesas. Contudo, a chance de abortamento nestas mulheres também foi maior do que nas eutróficas. Este achado demonstra que os distúrbios metabólicos causados pela obesidade podem alterar o organismo da mulher e afetar o desenvolvimento fetal, levando a um abortamento.

Entre os fatores de risco associados ao estilo de vida, o tabagismo materno proporciona um efeito aditivo no desenvolvimento do aborto espontâneo, devido à calcificação e insuficiência placentária com hipóxia fetal por privação de fluxo sanguíneo, além de desencadear placenta prévia, deslocamento prematuro de placenta e, ainda, atravessar a barreira transplacentária, causando problemas ao feto como restrição do crescimento fetal.2323 Baba S, Noda H, Nakayama M, Waguri M, Mitsuda N, Iso H. Risk factors of early spontaneous abortions among Japanese: A matched casecontrol study. Hum Reprod. 2011;26(2):466-72.

24 McElroy JA, Bloom T, Moore K, Geden B, Everett K, Bullock LF. Perinatal Mortality and Adverse Pregnancy Outcomes in a LowIncome Rural Population of Women who Smoke. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol. 2012; 94 (4): 223-9.

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-2626 Guimarães MT, Cunha MG, Carvalho DP, Sampaio T, Braga ALF, Pereira LAA. Desfechos relacionados à gravidez em áreas contaminadas, SP, Brasil. Rev. bras. epidemiol. 2011; 14(4):598-608. Como em outros casos, esta relação não foi identificada em outros estudos.99 Zhang BY, Wei YS, Niu JM, Li Y, Miao ZL, Wang ZN. Risk factors for unexplained recurrent spontaneous abortion in a population from southern China. Int J Gynecol Obstet. 2010; 108 (2): 135-8.,1616 Al-Khateeb GM, Sater MS, Finan RR, Mustafa FE, AlBusaidi AS, Al-Sulaiti MA, Almawi WY. Analysis of interleukin-18 promoter polymorphisms and changes in interleukin-18 serum levels underscores the involvement of interleukin-18 in recurrent spontaneous miscarriage. Fertil Steril. 2011;96(4):921-6.,1818 Alijotas-Reig J, Ferrer-Oliveras R, Rodrigo-Anoro MJ, Farran-Codina I, Cabero-Roura L, Vilardell-Tarres M. Antiß2-glycoprotein-I and anti-phosphatidylserine antibodies in women with spontaneous pregnancy loss. Fertil Steril. 2010;93(7):2330-6. O aborto espontâneo foi associado também ao tabagismo passivo em mulheres jovens japonesas,99 Zhang BY, Wei YS, Niu JM, Li Y, Miao ZL, Wang ZN. Risk factors for unexplained recurrent spontaneous abortion in a population from southern China. Int J Gynecol Obstet. 2010; 108 (2): 135-8.,2323 Baba S, Noda H, Nakayama M, Waguri M, Mitsuda N, Iso H. Risk factors of early spontaneous abortions among Japanese: A matched casecontrol study. Hum Reprod. 2011;26(2):466-72.,2727 Zhao R, Wu Y, Zhao F, Lv Y, Huang D, Wei J, Ruan C, Huang M, Deng J, Huang D, Qiu X. The risk of missed abortion associated with the levels of tobacco, heavy metals and phthalate in hair of pregnant woman. Medicine (Baltimore). 2017; 96 (51): e9388. com aumento de 11,5% em mulheres de 20 a 29 anos e 5,8% em mulheres de 30 a 39 anos, constituindo um problema emergente de saúde pública no Japão para mulheres em idade reprodutiva.

A história pregressa de aborto espontâneo também é relatada como um importante fator de risco. Esta associação indica que a etiologia do aborto espontâneo pode ser de ordem genética, sendo uma das explicações para aborto espontâneo recorrente.11 Xu G, Wu Y, Yang L, Yuan L, Guo H, Zhang F, Guan Y, Yao W. Risk factors for early miscarriage among Chinese: A hospital-based case-control study. Fertil Steril. 2014; 101 (6): 1663-70.,55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016....
,99 Zhang BY, Wei YS, Niu JM, Li Y, Miao ZL, Wang ZN. Risk factors for unexplained recurrent spontaneous abortion in a population from southern China. Int J Gynecol Obstet. 2010; 108 (2): 135-8.,1515 Miskovic S, Culic V, Konjevoda P, Pavelic J. Positive reproductive family history for spontaneous abortion: Predictor for recurrent miscarriage in young couples. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2012;161(2):182-6.,1818 Alijotas-Reig J, Ferrer-Oliveras R, Rodrigo-Anoro MJ, Farran-Codina I, Cabero-Roura L, Vilardell-Tarres M. Antiß2-glycoprotein-I and anti-phosphatidylserine antibodies in women with spontaneous pregnancy loss. Fertil Steril. 2010;93(7):2330-6.,2323 Baba S, Noda H, Nakayama M, Waguri M, Mitsuda N, Iso H. Risk factors of early spontaneous abortions among Japanese: A matched casecontrol study. Hum Reprod. 2011;26(2):466-72.

A jornada de trabalho materna, caracterizada pelo trabalho noturno e carga horária elevada, também foi verificada como fator de risco para aborto espontâneo em mulheres japonesas,2323 Baba S, Noda H, Nakayama M, Waguri M, Mitsuda N, Iso H. Risk factors of early spontaneous abortions among Japanese: A matched casecontrol study. Hum Reprod. 2011;26(2):466-72. chinesas11 Xu G, Wu Y, Yang L, Yuan L, Guo H, Zhang F, Guan Y, Yao W. Risk factors for early miscarriage among Chinese: A hospital-based case-control study. Fertil Steril. 2014; 101 (6): 1663-70. e mexicanas.2828 Rodríguez-guillén MR, Torres-sánchez L, Chen J, Galván-M, Silva-zolezzi I, Blanco-muñoz J, Hernández-Valero MA, López-Carrilho L. Dietary consumption of B vitamins, maternal MTHFR polymorphisms and risk for spontaneous abortion. Salud Publica Mex. 2010;51(655):19-25. O estresse no trabalho em mulheres que possuem jornada de trabalho integral associa-se à distúrbios menstruais, interferindo, dessa forma, na saúde reprodutiva, podendo elevar o risco de aborto espontâneo.2323 Baba S, Noda H, Nakayama M, Waguri M, Mitsuda N, Iso H. Risk factors of early spontaneous abortions among Japanese: A matched casecontrol study. Hum Reprod. 2011;26(2):466-72.

A redução do progestogênio em mulheres também se mostrou associada à ameaça ou abortamento concretizado, sendo importante hormônio na formação do corpo lúteo no início da gestação, podendo desencadear sangramentos e aborto.2929 Garcia CAB, Novak AP, Maygua JO. Progesterone as a forecasting factor for threats of abortion. Gac Médica Boliv. 2009;32(2):11-6.

Em relação aos fatores infecciosos, foi verificada associação entre o aborto espontâneo e a microbiota vaginal, com presença de microrganismos causadores da vaginose bacteriana, sendo necessários novos estudos para verificar esta relação.3030 Seo SS, Arokiyaraj S, Kim MK, Oh HY, Kwon M, Kong JS, Shin MK, Yu YL, Lee JK. High Prevalence of Leptotrichia amnionii, Atopobium vaginae, Sneathia sanguinegens, and Factor 1 Microbes and Association of Spontaneous Abortion among Korean Women. Biomed Res Int. 2017;2017: 5435089.,3131 Mengistie Z, Woldeamanuel Y, Asrat D, Adera A. Prevalence of bacterial vaginosis among pregnant women attending antenatal care in Tikur Anbessa University Hospital, Addis Ababa, Ethiopia. BMC Res Notes. 2014;7:1-5. Um estudo realizado na Inglaterra pesquisou a prevalência de Clamydia em gestantes, mas não foi observada associação com o aborto espontâneo.3232 Reid F, Oakeshott P, Kerry SR, Hay PE, Jensen JS. Chlamydia related bacteria (Chlamydiales) in early pregnancy : community-based cohort study. Clin Microbiol Infect. 2017;23(2):119.e9-119.e14. Foi identificada, também, relação positiva entre Toxoplasma gondii e aborto espontâneo.3333 Barbaresco AA, Costa TL, Avelar JB, Rodrigues IMX, Amaral WN , Castro AM. Infecções de transmissão vertical em material abortivo e sangue com ênfase em Toxoplasmose gondii. Rev Bras Ginecol Obs. 2014;36(1):17-22.,3434 Matin S, Shahbazi G, Namin ST, Moradpour R, Feizi F, Piri-dogahe H. Comparison of Placenta PCR and Maternal Serology of Aborted Women for Detection of Toxoplasma gondii in Ardabil, Iran. Korean J Parasitol. 2017;55(6):607-11. Estes estudos demonstram, ainda, que a soropositividade de um agente infeccioso causador da toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus, pode ocasionar o aborto espontâneo. A realização de exames laboratoriais, que demonstram infecção prévia para citomegalovírus antes da gestação, também esteve associada a maior risco para o aborto espontâneo.55 Zhou H, Liu Y, Liu L, Zhang M, Chen X, Qi Y. Maternal pre-pregnancy risk factors for miscarriage from a prevention perspective: a cohort study in China. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol [Internet]. 2016;206:57-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016.07.514
http://dx.doi.org/10.1016/j.ejogrb.2016....

No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) preconiza a realização do exame ginecológico com exame especular e coleta para exame citopatológico logo na primeira consulta de pré-natal, e realização de sorologias para sífilis, HIV, toxoplasmose IgG e IgM, Hepatite B, exame de urina e Urocultura. A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomenda, além dos exames já citados, a realização de sorologias para Hepatite C, Rubéola e pesquisa de Clamydia trachomatis.Estes achados têm importante impacto no desfecho da gravidez, e confirmam a necessidade da realização do diagnóstico precoce da gestação e realização de exames dentro dos prazos preconizados, de forma que possa estabelecer tratamento em tempo hábil e redução das chances de aborto espontâneo, além de incorporar ações de aconselhamento preconcepção e triagem da população de alto risco.3535 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Cadernos de Atenção Básica: Aenção ao Pré-natal de Baixo Risco. 1 ed. Brasília, DF; 2013.,3636 FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Manual de Assistência Pré-natal 2014. 2 ed. São Paulo; 2014. Available from: isbn: 978-85-64319-24-0

Além da pesquisa de microrganismos que podem estar associados ao aborto espontâneo, vale salientar que alguns trabalhos também identificaram elevações nas concentrações de citocinas como IL-1, IL-18 e IL-10. No período da implantação do óvulo, é necessária a invasão dos blastocistos e a angiogênese. Este processo é mediado pela exposição precoce das citocinas pró-inflamatórias do perfil TH1. Entretanto, se esta exposição permanecer por um período mais prolongado, pode ser severamente prejudicial e ocasionar o aborto espontâneo.3737 Parveen F, Shukla A, Agarwal S. Cytokine gene polymorphisms in northern Indian women with recurrent miscarriages. Fertil Steril. 2013;99(2):433-440.e2. Os trabalhos analisados identificaram alterações de citocinas pró-inflamatórias como IL-1β, IL-181313 Whitcomb BW, Schisterman EF, Klebanoff MA, Baumgarten M, Luo X, Chegini N. Circulating levels of cytokines during pregnancy: thrombopoietin is elevated in miscarriage. Fertil Steril. 2008;89(6):1795-802.,1616 Al-Khateeb GM, Sater MS, Finan RR, Mustafa FE, AlBusaidi AS, Al-Sulaiti MA, Almawi WY. Analysis of interleukin-18 promoter polymorphisms and changes in interleukin-18 serum levels underscores the involvement of interleukin-18 in recurrent spontaneous miscarriage. Fertil Steril. 2011;96(4):921-6.,1717 Madar T, Shahaf G, Sheiner E, Brazg J, Levinson J, Yaniv Salem SY, Twina G, Baron J, Mozar M, Holcberg G, Lewis. Low levels of circulating alpha-1 antitrypsin are associated with spontaneous abortions. J Matern Neonatal Med. 2013;26(18):1782-7.,3838 Li N, Wu HM, Hang F, Zhang YS, Li MJ. Women with recurrent spontaneous abortion have decreased 25 ( OH ) vitamin D and VDR at the fetal-maternal interface. Brazilian J Med Biol Res. 2017;50(11):1-6.,3939 Zhuang X, Xia X, Liu L, Zhang Y, Zhang X, Wang C. Expression of Tim-3 in peripheral blood mononuclear cells and placental tissue in unexplained recurrent spontaneous abortion. Medicine (Baltimore). 2018;97(38):1-4. e a IL-10, que pode ter efeito antiinflamatório ou pró-inflamatório.3737 Parveen F, Shukla A, Agarwal S. Cytokine gene polymorphisms in northern Indian women with recurrent miscarriages. Fertil Steril. 2013;99(2):433-440.e2.,4040 Vidyadhari M, Sujatha M, Krupa P, Jyothy A, Nallari P, Venkateshwari A. A functional polymorphism in the promoter region of interleukin-10 gene increases the risk for spontaneous abortions - a triad study. J Assist Reprod Genet. 2015;32(7):1129-34. Outra contribuição do sistema imune no aborto espontâneo refere-se como uma alorresposta, em que os Antígenos Leucocitários Humanos (HLA) estimulam o sistema imune materno contra a presença do feto.4141 Silva FF, Mesquita ERRBPL, Patricio FJB, Corrêa R da GCF, Ferreira ECMF, Chein MB da C, Brito LMO. Associação de alelos HLA e aborto espontâneo recorrente em uma população de São Luís/Maranhão, na região Nordeste do Brasil. Rev Bras Ginecol Obs. 2015;37(8):347-52. Em relação às alterações genéticas, destacam-se os polimorfismos do fator de crescimento endotelial vascular - VEGF (sendo este um importante fator na regulação da angiogênese fetal e placentária),88 Pang L, Wei Z, Li O, Huang R, Qin J, Chen H, Fan X, Chen Z J. An Increase in Vascular Endothelial Growth Factor ( VEGF ) and VEGF Soluble Receptor-1 ( sFlt-1 ) Are Associated with Early Recurrent Spontaneous Abortion. PLoS One. 2013;8(9):1-6.,4242 Lee HH, Hong SH, Shin SJ, Ko JJ, Oh D, Kim NK. Association study of vascular endothelial growth factor polymorphisms with the risk of recurrent spontaneous abortion. Fertil Steril. 2010;93(4):1244-7. polimorfismo do receptor de VEGF4343 Rah H, Jeon YJ, Lee BE, Choi DH, Yoon TK, Lee WS, Kim NK. Association of kinase insert domain-containing receptor (KDR) gene polymorphisms with idiopathic recurrent spontaneous abortion in Korean women. Fertil Steril. 2013;99(3):753-60.e8. e polimorfismo do fator de crescimento semelhante à insulina-2 - IGF-2 (principal fator de crescimento fetoplacentário que estimula a invasão e crescimento de trofoblastos).4444 Ostojic S, Pereza N, Volk M, Kapovic M, Peterlin B. Genetic predisposition to idiopathic recurrent spontaneous abortion: Contribution of genetic variations in IGF-2 and H19 imprinted genes. Am J Reprod Immunol. 2008;60(2):111-7.

As anormalidades cromossômicas representam uma das principais causas de perda gestacional, sendo necessária uma análise cariótipica nos casais. Essas alterações foram encontradas em 9,3% dos casos com predominância mosaicismo,22 Kiss A, Rosa RFM, Zen PRG, Pfeil JN, Graziadio C, Paskulin GA. Anormalidades cromossômicas em casais com história de aborto recorrente. Rev Bras Ginecol Obs. 2009;31(2):68-74. 68,8% com predominância de trissomia autossômica,44 Mora-Alferez AP, Paredes D, Rodríguez O, Quispe E, Chavesta F, Zighelboim EK, Michelena M. Anomalías CromosómIicas en Abortos espontáneos. Rev Peru Ginecol Obstet. 2016;62 (2): 141-51. e 55,4% com predominância da trissomia do cromossomo 16.4545 Rolnik DL, Carvalho MHB, Catelani ALPM, Pinto APAR, Lira JBG, Kusagari NK, Belline P, Chauffaille ML. Análise citogenética em material de abortamento espontâneo. Rev Assoc Med Bras. 2010; 56 (6): 681-3.

Distúrbios venosos e cardiovasculares podem estar associados ao aborto espontâneo. Foi observada associação de trombofilia e o aborto espontâneo,4646 Ruiz-Delgado GJ, Cantero-Fortiz Y, Mendez-Huerta MA, Leon-Gonzalez M, Nunez-Cortes AK, Leon-Pena AA, Olivares-Gazca JC, Ruiz-Arguelles GJ. Primary Thrombophilia in Mexico XII : Miscarriages Are More Frequent in People with Sticky Platelet Syndrome. Turk J Hematol. 2017; 34: 239-43.,4747 Kazerooni T, Ghaffarpasand F, Asadi N, Dehkhoda Z. Correlation between thrombophilia and recurrent pregnancy loss in patients with polycystic ovary syndrome : A comparative study. J Chinese Med Assoc. 2013; 76 (5): 282-8. podendo desencadear trombose venosa útero-placentária, caracterizando uma possível etiologia para o aborto espontâneo. Um estudo que foi realizado em três países (Japão, Hungria e Alemanha) demonstrou que mulheres com cardiopatias congênitas tem risco aumentado de desenvolver aborto espontâneo se comparadas às mulheres saudáveis.4848 Koerten M, Niwa K, Szatmári A, Hajnalka B, Ruzsa Z, Nagdyman N, Niggemeyer E, Peters B, Schneider KM, Kuschel B, Mizuno Y, Berger F, Kaemmerer H, Bauer UMM. Frequency of Miscarriage/Stillbirth and Terminations of Pregnancy Among Women With Congenital Heart Disease in Germany, Hungary and Japan. Circ J. 2016; 80 (8): 1846-51.

Como pode ser observado, a etiologia do aborto espontâneo é bastante heterogênea e 50% não possuem causas identificadas. Entre os fatores genéticos abordados nesta revisão, estiveram associados ao aborto espontâneo: desequilíbrio de citocinas, polimorfismos em alelos, fatores de crescimento endotelial vascular, genótipos, alterações cromossômicas, doenças cardíacas congênitas e receptores para vitamina D. E, dentre os fatores de risco não genéticos, destacam-se os fatores sociodemográficos, como idade, escolaridade, fatores endócrinos e infecciosos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Ago 2020
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2020

Histórico

  • Recebido
    03 Maio 2019
  • Aceito
    04 Mar 2020
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