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A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios

Prezado editor,

O estudo de Cardoso et al.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8. trata de um dos muitos desafios enfrentados mundialmente, no último ano devido à pandemia da COVID-19. Embora que até o atual momento não seja permitido determinar qualquer consequência correlacionada a pandemia e a saúde materno-infantil, o estudo salienta a necessidade de atenção e o monitoramento apresentando evidências, recomendações e desafios à saúde do binômio mãe-filho.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.

O novo Coronavírus que causa a infecção humana teve os primeiros casos no final do ano de 2019 na China, emergindo mundialmente no final de 2020. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que se tratava de um novo problema de saúde pública, classificando como pandemia a COVID-19. Dentre os grupos de risco, gestantes, puérperas e crianças menores de 5 anos são consideradas susceptíveis, e apesar de apresentar uma forma leve, a doença para esse grupo é passiva para complicações da síndrome gripal, podendo apresentar desfecho negativo.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.

Até o momento é descartada a transmissão de SARS-CoV-2 via intrauterina e resultados apresentaram-se negativos identificados após análise em amostras de líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, esfregaço da garganta do neonato e leite materno, não evidenciando uma transmissão vertical.22 Mocelin HJS, Primo CC, Laignier MR. Panorama sobre asrecomendações para amamentações em tempos de COVID19. J Hum Growth Dev. 2020; 30 (3): 335-43.,33 Calil VMLT, Krebs VLJ, Carvalho WB. Guidance onbreastfeeding during the COVID-19 pandemic. Rev Assoc Med Bras. 2020; 66 (4): 541-6. Todavia, autores sugeriram um controle rigoroso de infecção de recém-nascidos (RN) e de profissionais de saúde que atuam em centros obstétricos. A implementação de medidas preventivas é indispensável desde a chegada à unidade materno-infantil, realização de partos e a permanência do binômio na unidade, evitando a transmissão do SARS-CoV-2 de procedência materna.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.

Os autores apontam que o leite materno representa proteção a milhares de crianças, desde que seja iniciada a prática da amamentação, principalmente nas primeiras horas de vida.22 Mocelin HJS, Primo CC, Laignier MR. Panorama sobre asrecomendações para amamentações em tempos de COVID19. J Hum Growth Dev. 2020; 30 (3): 335-43. Diante do contexto pandêmico, a prática é recomendada pelos especialistas, posto que, o leite materno de mãe infectada beneficiará o seu bebê com anticorpos contra SARSCov-2 considerando a insignificância da transmissibilidade de outros vírus e não apresentado registros de casos graves em RN, até o momento.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.,44 Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo Clínicoda Covid-19 na Atenção Especializada. 1 Ed revisada. Brasília, DF; 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/14/Protocolo-deManejo-Cl--nico-para-o-Covid-19.pdf
https://portalarquivos.saude.gov.br/imag...

Entretanto, observou-se que o estudo de Filho et al.55 Martins-Filho PR, Santos VS, Santos Jr HP. To breastfeedor not to breastfeed? Lack of evidence on the presence of SARS-CoV-2 in breastmilk of pregnant women with COVID-19. Rev Panam Salud Pública. 2020; 44: 1-5. evidencia a polêmica sobre as escolhas de amamentar ou não gestantes com testes positivos para a COVID-19 após o parto,55 Martins-Filho PR, Santos VS, Santos Jr HP. To breastfeedor not to breastfeed? Lack of evidence on the presence of SARS-CoV-2 in breastmilk of pregnant women with COVID-19. Rev Panam Salud Pública. 2020; 44: 1-5. além de vivenciarem um momento de medo e insegurança, levando ao desencorajamento.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.,55 Martins-Filho PR, Santos VS, Santos Jr HP. To breastfeedor not to breastfeed? Lack of evidence on the presence of SARS-CoV-2 in breastmilk of pregnant women with COVID-19. Rev Panam Salud Pública. 2020; 44: 1-5.

Haja vista que não há evidências concretas de transmissão vertical ou pelo aleitamento materno de mãe infectada para o RN, países como China e Portugal optaram em seguir medidas mais cautelosas, indiferentemente a mãe ser suspeita ou confirmada com COVID-19, a prática de amamentação fora desaconselhada.22 Mocelin HJS, Primo CC, Laignier MR. Panorama sobre asrecomendações para amamentações em tempos de COVID19. J Hum Growth Dev. 2020; 30 (3): 335-43. Certamente há uma sólida preocupação à frente das incertezas sobre as expe-riências ocorridas durante o ciclo gravídico e sobre o contexto pandêmico, contudo, as unidades obstétricas são incumbidas de iniciar o cuidado materno-infantil, considerando a segurança do binômio mãe-filho.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8. Embora seja de grande preocupação a separação do binômio, se faz necessário o isolamento, quando a mãe ou o bebê apresentam instabilidade em seu quadro clínico.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.

2 Mocelin HJS, Primo CC, Laignier MR. Panorama sobre asrecomendações para amamentações em tempos de COVID19. J Hum Growth Dev. 2020; 30 (3): 335-43.
-33 Calil VMLT, Krebs VLJ, Carvalho WB. Guidance onbreastfeeding during the COVID-19 pandemic. Rev Assoc Med Bras. 2020; 66 (4): 541-6. Bem como, o estabelecimento do vínculo precisa ser garantido imediatamente em tempo hábil.11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8.

Em síntese, o estudo de Cardoso et al.,11 Cardoso PC, Souza TM, Rocha DS, Menezes LRD, Santos LC. A saúde materno-infantil no contexto da pandemia de COVID-19: evidências, recomendações e desafios. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2021; 21 (Supl. 1): S221-8. descreve a relevância do cuidado relacionado à saúde materno-infantil, embora as informações e orientações possam sofrer possíveis alterações recorrentes aos resultados da COVID-19 apresentados em estudos futuros. Em meio às circunstâncias incertas e desconhecidas é notória a incerteza de mensurar as consequências apresentadas pela nova pandemia, visto que, em meio a essa doença, que atinge o mundo, a saúde do binômio mãe-filho precisa de monitoramento e atenção, que se faz necessário o isolamento ou o desencorajamento a amamentação somente diante de um quadro de instabilidade.

References

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Out 2021
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2021

Histórico

  • Recebido
    12 Abr 2021
  • Revisado
    08 Maio 2021
  • Aceito
    17 Jun 2021
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