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Fatores associados à insegurança alimentar em gestantes atendidas na rede pública de saúde de Lavras - Minas Gerais

Resumo

Objetivos:

investigar fatores sociodemográficos e econômicos associados à insegurança alimentar entre gestantes atendidas pelo sistema único de saúde de Lavras - Minas Gerais.

Métodos:

características socioeconômicas, demográficas, obstétricas e nutricionais de gestantes foram coletadas em estudo transversal. Os domicílios das gestantes foram classificados em segurança ou insegurança alimentar utilizando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Estimativas de prevalência e razão de prevalência com intervalos de confiança de 95%, testaram associações entre insegurança alimentar e indicadores socioeconômicos e demográficos utilizando modelos de Poisson.

Resultados:

entre as 173 gestantes participantes deste estudo, 48% viviam em domicílios com algum nível insegurança alimentar (IA). Modelos ajustados indicaram que gestantes em IAapresentaram maior prevalência de escolaridade inferior a oito anos de estudo (aRP = 1.39, IC95% = 1.07-1.91), ser chefe de família (aRP = 1.39, IC95% = 1.02-1.87), ter renda mensal inferior a 1½ salário mínimo (aRP = 1.68, IC95% =1.11-2.25), e ser participante do Bolsa Família (aRP = 1.47, IC95% = 1.08-1.99).

Conclusão:

a alta prevalência de insegurança alimentar em gestantes do sistema público de saúde de Lavras está associado a fatores socio-estruturais. Os resultados desta pesquisapoderão contribuir com o desenvolvimento de políticas intersetoriais de saúde e nutrição para a promoção da segurança alimentar entre comunidades marginalizadas e populações vulneráveis.

Palavras-chave
Gestação; Saúde pública; Estado nutricional; Atenção primaria à saúde; Disparidades nos níveis de saúde; Política pública

Abstract

Objectives:

to investigate sociodemographic and economic factors associated with food insecurity among pregnant women assisted by the universal healthcare network of Lavras, Minas Gerais.

Methods:

a cross-sectional study investigated socioeconomic and demographic, obstetric, and nutritional conditions experienced by pregnant women. Households in which pregnant women lived were classified as food secure or food insecure using the Brazilian Food Insecurity Scale. Prevalence estimates and prevalence ratios with 95% confidence intervals were generated to test for associations between food insecurity and several socioeconomic and demographic indicators using Poisson regression analysis.

Results:

among 173 pregnant women who participated in the study, 48% lived in households with some level of food insecurity. Adjusted models showed that pregnant women living in food-insecure households had higher prevalence ratios of lower education attainment (aPR = 1.43, CI95% = 1.07-1.91), woman being the head of the household (aPR = 1.39, CI95% = 1.02-1.87), having family monthly income lower than 1 ½ MW (aPR = 1.68, CI95% = 1.11-2.52) and participating in the government cash transfer program (aPR = 1.47, CI95% = 1.08-1.99).

Conclusions:

the high prevalence of food insecurity in pregnant women assisted by the public healthcare system was associated with structural social factors. Results of this study will contribute to develop an intersectoral health and nutrition policy in order to promote food security among marginalized communities and vulnerable populations, such as pregnant women.

Key words
Pregnancy; Public health; Nutritional status; Primary health care; Health status disparities; Public policy

Introdução

Durante a gestação, a mulher passa por diversas mudanças físicas, psicológicas, emocionais e sociais que são essenciais para a maternidade. O acesso à saúde permite a promoção da saúde, assim como a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças e agravos da díade mãe-feto.11 Ministry of Health (BR). Alimentação e nutrição para as famílias do Programa Bolsa Família. Brasília (DF): Ministry of Health; 2007. O Brasil possui acesso universal à saúde, com programas especiais de atenção à saúde da gestante, que também incluem orientação nutricional. Apesar de contar com o apoio do sistema de saúde, outros determinantes, como fatores socioeconômicos e demográficos, podem influenciar a saúde e o bem-estar das gestantes.

A insegurança alimentar (IA), definida pela falta de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficientepara manter uma vida saudável e ativa, tem suas raízes nas disparidades econômicas e na pobreza, nas desigualdades sociais, nas disparidades de saúde e na educação e na fragilidade dos sistemas alimentares.11 Ministry of Health (BR). Alimentação e nutrição para as famílias do Programa Bolsa Família. Brasília (DF): Ministry of Health; 2007.

2 Kepple AW, Segall-Corrêa AM. Conceituando e medindo segurança alimentar e nutricional. Ciênc Saúde Coletiva. 2011 Jan; 16 (1): 187-99.
-33 Leddy AM, Weiser SD, Palar K, Seligman H. A conceptual model for understanding the rapid COVID-19 related in food insecurity and its impact on health and healthcare. Am J Clin Nutr. 2020 Nov; 112 (5): 1162-9. Quando simultâneos, esses elementos são capazes de influenciar o acesso aos alimentos e as escolhas alimentares, fatos especialmente importantes durante a gestação.44 Araújo AA, Santos ACO. (In)seguranca alimentar e indicadores socioeconomicos de gestantes do distrito sanitario II e III, Recife-Pernambuco. Rev APS. 2016; 19 (3): 466-75.,55 Oliveira ACM, Tavares MCM, Bezerra AR. Insegurança alimentar em gestantes da rede pública de saúde de uma capital do nordeste Brasileiro. Ciênc Saúde Coletiva. 2017; 22 (2): 519-26. Independentemente de contextos estruturais pré-existentes, a insegurança alimentar durante a gravidez foi associada a piora de indicadores de saúde, como anemia, hipertensão, hiperglicemia, depressão, estresse e ansiedade.11 Ministry of Health (BR). Alimentação e nutrição para as famílias do Programa Bolsa Família. Brasília (DF): Ministry of Health; 2007.,55 Oliveira ACM, Tavares MCM, Bezerra AR. Insegurança alimentar em gestantes da rede pública de saúde de uma capital do nordeste Brasileiro. Ciênc Saúde Coletiva. 2017; 22 (2): 519-26.,66 Laraia BA, Siega-Riz AM, Gundersen C, Dole N. Psychosocial factors and socioeconomic indicators are associated with household food insecurity among pregnant women. J Nutr. 2006 Jan; 136 (1): 177-82.

Tendo em vista que a insegurança alimentar é prejudicial à saúde e ao bem-estar das gestantes, o presente estudo teve como objetivo investigar fatores associados à insegurança alimentar durante a gestação em mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde em Lavras, município de Minas Gerais.

Métodos

Este estudo foi realizado como parte de um estudo maior, que teve como objetivo monitorar o impacto do programa da rede de segurança social brasileira Bolsa Família (PBF) na saúde, alimentação e nutrição das famílias participantes, bem como a percepção de saúde nas condicionalidades impostas aos participantes do BF pelo profissional de saúde com o objetivo de garantir a melhoria da qualidade do atendimento nutricional e, consequentemente, melhoria dos indicadores de saúde da população. Os dados foram coletados por meio de questionários validados, adaptados às necessidades do estudo.77 Ibase. Repercussoes do Programa Bolsa Família na segurança alimentar e nutricional das familias beneficiadas [Internet]. Rio de Janeiro: Ibase; 2008; [access in 2019 Dec 18]. Available from: http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_385317780.pdf
http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/d...
,88 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde 2013: ciclos de vida: Brasil e grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE; 2015.

O presente estudo tem desenho quantitativo transversal, realizado no período de abril a dezembro de 2018. A amostra foi composta por gestantes atendidas na rede pública de saúde de Lavras, localizada no sul do Estado de Minas Gerais - Brasil. As gestantes foram consideradas elegíveis independentemente das fases da gestação, que voluntariamente aceitaram participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os autores utilizaram uma amostra de conveniência, modelo também adotado por da Silva et al.99 Silva AA, Simões VM, Barbieri MA, Cardoso VC, Alves CM, Thomaz EB, et al. A protocol to identify non-classical risk factors for preterm births: the Brazilian Ribeirão Preto and São Luís prenatal cohort (Brisa). Reprod Health. 2014; 11 (1): 1-79. e Morais et al.1010 Morais AODS, Simões VMF, Rodrigues LS, Batista RFL, Lamy ZC, Carvalho CA, et al. Sintomas depressivos e de ansiedade maternos e prejuízos na relação mãe/filho em uma coorte pré-natal: Uma abordagem com modelagem de equações estruturais. Cad Saúde Pública. 2017; 33 (6): 1-16. devido à dificuldade de localização dos prontuários das gestantes necessário para compor uma amostra aleatória. A amostra final foi composta por 173 gestantes, representando 64% do total de gestantes atendidas na rede básica de Lavras em 2018.1111 Ministry of Health (BR). Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS (DEMAS). Sala de apoio à gestão estratégica do Ministério da Saúde (SAGE) [Internet]. Brasília (DF): Ministry of Health; 2019; [access in 2020 Jan 12]. Available from: https://sage.saude.gov.br/
https://sage.saude.gov.br/...
O recrutamento foi realizado por meio de recrutamento ativo, realizado durante a consulta pré-natal, com o auxílio de Enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde em todos os 17 postos de saúde da cidade de Lavras. Após esse contato inicial, a coleta de dados ocorreu no próprio posto de saúde ou em visitas domiciliares, de acordo com a preferência da entrevistada. O estudo foi aprovado pelo Instituto de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Lavras - UFLA (CAEE nº 74972517.0.0000.5148) e financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (408355/2017-4).

A insegurança alimentar domiciliar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A EBIA classifica o domicílio em quatro níveis de acordo com a pontuação resultante da soma das respostas afirmativas de cada uma das perguntas. Em domicílios com crianças são realizadas quatorze perguntas, classificando o domicílio em segurança alimentar quando pontuado zero respostas afirmativas, insegurança alimentar leve quando pontuado de 1-5 questões, insegurança alimentar moderada quando pontuado de 6 a 10 questões ou insegurança alimentar grave quando pontuado de 11-14 questões. Domicílios sem a presença de crianças respondem a oito perguntas, e são classificados nas mesmas categorias anteriormente citada, porém com sistema de pontuação diferente. As análises inferenciais foram realizadas por meio da variável insegurança alimentar dicotomizada em Segurança Alimentar ou Insegurança Alimentar, que compreendeu as categorias Insegurança Alimentar Leve, Moderada e Grave.1212 Segall-Corrêa AM. Insegurança alimentar medida a partir da percepção das pessoas. Estud Av. 2007; 21 (60): 143-54.,1313 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): segurança alimentar 2013. Rio de Janeiro: IBGE; 2014.

Foram fornecidas pela gestante informações sobre idade, raça, escolaridade, estado civil, número de residentes no domicílio, presença de menor no domicílio, chefe da família, renda familiar, participação no PTR e situação residencial.

A idade foi analisada como uma variável dicotômica (adolescente: <20 anos, adulto: ≥20 anos), sendo a categoria <20 anos de idade utilizada como risco.1414 Ministry of Health (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília (DF): Ministry of Health; 2018. A raça foi obtidade acordo com as diretrizes nacionais do Censo nas seguintes categorias: branca, preta, parda, amarela ou indígena.1515 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Metodologia do censo demográfico 2000. Rio de Janeiro: IBGE; 2003. Dado o tamanho amostral eo nível socioeconômico distinto às outras raças, as raças amarela (n = 3) eindígena (n = 1) foram excluídas da amostra. Para análises bi e multivariadas, a variável raça foi dicotomizada em preta/parda ou branca.

O nível de escolaridade baseou-se nas respostas a uma pergunta direta sobre os anos de escolaridade. Para análises bi e multivariadas, a variável foi dicotomizada em ≤8 anos ou>8 anos, que corresponde à graduação no ensino médio. O estado civil foi categorizado de acordo com asopções: solteiro, união estável, casado ou divorciado. Para as análises bi e multivariadas, as respostas foram agrupadas em duas categorias: sem companheiro (solteiro ou divorciado) ou com companheiro (união estável ou casado).

O número de moradores no domicílio foi coletado por meio de uma pergunta aberta “Quantas pessoas vivem na casa?”. Para análises bi e multivariadas, essa variável foi dicotomizada em ≤4 residentes ou>4 residentes, considerando a média de residentes desta amostra. A variável presença de menor no domicílio foi definida e dicotomizada em presença ou ausência de criança<18 anos idade. O chefe defamília poderia ser um homem ou uma mulher que fosse responsável pelas finanças no domicílio. A renda familiar foi coletada através da pergunta “Qual o total da renda mensal familiar?”. Após realizada análise de distribuição, a variável foi dicotomizada em até um salário mínimo e meio (≤1½ SM: R$1.431,00) ou mais de um salário mínimo e meio (>1½ SM: R$1.431,00). Em 2018, o salário mínimo era de R$954,00 no Brasil, o equivalente a U$246,51. A variável Programa de Transferência de Renda (PTR) foi definidacomo “sim” para famílias que recebiam transferência de renda por meio do PBF. A condição residencial foi classificada nas seguintes categorias: próprio, alugado, cedido, invadido ou outro. Para as análises bi e multivariadas, a condição residencial foi dicotomizada em estável (próprio) ou instável (alugado ou cedido), uma vez que não houve resposta para invadido ou outro.

Os dados antropométricos foram avaliados por meio das medidas de peso e estatura, seguindo as orientações propostas pelo Sistema Brasileiro de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN).1717 Ribeiro CJ, Avila JS, Marques F. Da segurança a soberania alimentar: problematizando as políticas de combate a fome. Soc Debate. 2018; 24 (2): 9-24. A idade gestacional foi calculada com base na semana gestacional referida pela gestante, confirmada através do prontuário da gestante e comparada com a data do último ciclo menstrual referido. Para análise, os trimestres gestacionais foram dicotomizados em 1º e 2º versus o 3º. Utilizando o Índice de Massa Corporal Gestacional (IMC-G) as mulheres foram classificadascomo tendo baixo peso, peso adequado, sobrepeso ou obesidade, dicotomizado como adequado ou inadequado (baixo peso, sobrepeso ou obesidade).

As análises descritivas incluíram o teste do qui-quadrado para avaliar associações com a variável dependente. Os testes-T foram realizados em variáveis contínuas (idade, escolaridade, renda, moradores no domicílio) e as médias foram comparadas entre grupos com insegurança alimentar. Em ambos, as variáveis foram consideradas significativas quando p < 0,05. A regressão de Poisson foi utilizada nas análises bi e multivariada, considerando as variáveis com p < 0,20 na bivariada elegíveis para inclusão na multivariada. Variáveis com p < 0,05 permaneceram no modelo final. Os resultados foram expressos em razões de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), tratados e gerenciados com o software SPSS Statistics 20.

Resultados

Foi estudada uma amostra de 173 gestantes usuárias da rede pública de saúde de Lavras. A média de idade foi de 25 anos, com idade mínima e máxima de 12 e 42 anos, respectivamente, sendo 17,9% deles adolescentes. Quase metade (45,5%) das mulheres se autodenominou de cor de pele parda; 24,3% preta; e 31,2% branca. Uma proporção maior de mulheres não concluiu o ensino médio (92,5%), e a maioria delas vivia em domicílios com insegurança alimentar. Além disso, a maior parte das mulheres não vivia com o companheiro (58,4%), apesar de 43,4% serem chefes de família. Dois terços das mulheres relataram viver com menos de 2 SM, montante em 2018 de quase U$500 dólares. Porém, menos mulheres referiram participar do PTR (29,5%) (Tabela 1).

Tabela 1
Características demográficas de gestantes atendidas pelo Sistema Público de Saúde de Lavras de acordo com o nível de segurança alimentar. Lavras-Brazil, 2018.

Aproximadamente 50% das gestantes referiram viver em domicílios com insegurança alimentar, 29,5%com insegurança alimentar leve, 10,4% com insegurança alimentar moderada e 8,1%com insegurança alimentar grave. Entre aquelas que viviam em insegurança alimentar, 76% tinham pelo menos uma pessoa menor de 18 anos vivendo no mesmo domicílio.

Apesar do IMC gestacional não apresentar diferença entre níveisde segurança alimentar, é importante ressaltar que apenas um terço das gestantes (34,1%) apresentava peso adequado para a idade gestacional. Sobrepeso e obesidade foram encontrados em 29,5% e 17,9% da amostra, respectivamente. No espectro oposto da curva de peso, uma em cada cinco gestantes apresentava baixo peso (20,5%).

Os modelos ajustados mostraram que as gestantes participantes do PBF eram 47% mais prevalentes em domicílios com IA em comparação com aquelas que não receberiam transferência de renda [aRP = 1,47; CI95% = 1,08-1,99]. Adicionalmente, gestantes com renda de menorque um salário mínimo e meio [aRP = 1,68; IC95% = 1,11-2,52], com escolaridade inferior a oito anos de estudo [aRP = 1,43; IC95% = 1,07-1,91] e como a principal provedor de renda familiar [aRP = 1,39; IC95% = 1,02-1,87] eram 68%, 43% e 39% mais prevalentes em famílias vivendo em IA, respectivamente (Tabela 2).

Tabela 2
Associação entre variáveis demográficas, socioeconômicas e biológicas e insegurança alimentar entre gestantes atendidas pelo Sistema Público de Saúde de Lavras. Modelo de Regressão de Poisson. Lavras-MG, 2018.

Discussão

O desenho transversal desta pesquisa não nos permite inferir causalidade. No entanto, as associações encontradas nesta pesquisa contribuem com o robusto corpo de literatura ao afirmar que a insegurança alimentar tem suas raízes no ciclo intergeracional da pobreza, perpetuado por fatores socioeconômicos e demográficos. Apesar de ser um tema estudado em demais localidades, este é o primeiro estudo na cidade de Lavras em que tais condições são investigadas. Espera-se que os resultados contribuam com o desenvolvimento de políticas intersetoriais de saúde e nutrição para promoçãoda segurança alimentar entre comunidades marginalizadas e populações vulneráveis, como as mulheres grávidas na cidade de Lavras.

O presente estudo mostrou que quase metade das gestantes desta amostra vivia em domicílios com insegurança alimentar (48%), prevalência considerada elevada quando comparada com dados da pesquisa representativa nacional (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, 2013). Na região Sudeste do Brasil - onde Lavras se localiza - a prevalência de insegurança alimentar mostrada pela PNAD foi de 14,5%. Já o estado de Minas Gerais apresentava 18,4% dos domicílios com algum grau de insegurança alimentar.1313 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): segurança alimentar 2013. Rio de Janeiro: IBGE; 2014. O Brasil está dividido em cinco regiões geográficas administrativas: Norte (N), Nordeste (NE), Centro-Oeste (CO), Sudeste (SE) e Sul (S). As regiões contrastam em termos de desenvolvimento. Norte e Nordeste são considerados menos desenvolvidos quando comparados às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Em estudo realizado com gestantes do Nordeste, foi encontrada a prevalência de 42,7% de insegurança alimentar,55 Oliveira ACM, Tavares MCM, Bezerra AR. Insegurança alimentar em gestantes da rede pública de saúde de uma capital do nordeste Brasileiro. Ciênc Saúde Coletiva. 2017; 22 (2): 519-26. semelhante à prevalência de insegurança alimentar encontrada em Lavras, localizada no Sudeste, região brasileira mais desenvolvida.

Igualmente, é importante destacar a alta prevalência de insegurança alimentar grave nesta amostra (8%), indicando que alguma pessoa da família pode ter passado por privação total de alimentos, ou seja, passado fome.1212 Segall-Corrêa AM. Insegurança alimentar medida a partir da percepção das pessoas. Estud Av. 2007; 21 (60): 143-54. A fome é um problema social não vinculado à falta de disponibilidade de alimentos, mas à falta de acesso aos alimentos, que por sua vez está ligada à falta de recursos financeiros para comprar alimentos. O Brasil é um país altamente produtivo, mas visa parte da produção de alimentos para exportação, monocultura e agronegócio, dificultando o direito à alimentaçãoa algumas pessoas. Apesar disso, a agroecologia e os mercados de produtores ainda são fortes nas comunidades brasileiras e continuam sendo uma fonte de acesso a alimentos frescos com base em produções sustentáveis.1717 Ribeiro CJ, Avila JS, Marques F. Da segurança a soberania alimentar: problematizando as políticas de combate a fome. Soc Debate. 2018; 24 (2): 9-24.

Lavras é uma cidade urbana, portanto, a insegurança alimentar está principalmente relacionada à falta de recursos financeiros para comprar alimentos, ao invés da escassez de alimentos. Gestantes que viviam com renda familiar mensal inferior a um salário mínimo e meio tiveram 68% mais chances de viver em domicílios cominsegurança alimentar quando comparadas comgestantes que viviam com renda superior a esse valor. Apesar de indiretamente correlacionada, a baixa renda familiar aumenta a probabilidade de insegurança alimentar, uma vez que o dinheiro disponível para a compra de alimentos concorre com outras necessidades básicas como aluguel, energia, água, esgoto, transporte, entre outras despesas. Este cenárioaumenta o risco de uma criança nascer em um domicílio com insegurança alimentar,1818 Dell’Osbel R, Neques L, Gregoletto MLO, Cremonese C. Insegurança alimentar em gestantes atendidas no SUS e Direitos Humanos. In: II Congresso de Direitos Humanos da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), 2018 Jun 20, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Caxias do Sul (RS): FSG; 2018. o que poderá interferir no crescimento edesenvolvimento do feto.1919 Ramalho AA, Martins FA, Koifman RJ. Food insecurity during gestational period and factors associeated with maternal and child health. J Nutr Health Food Eng. 2017; 7 (4): 337-43.

A PNAD de 2018 revelou que a renda média mensal nacional era de R$2.222 e em Minas Gerais de R$1.950. O presente estudo mostrou que a renda média mensal domiciliar com que vivia a gestante era de R$1.631, o que representa 84% e 74% das médias estaduais e nacionais, respectivamente. O PBF é voltado para populações vulneráveis, que por sua vez apresentam maior probabilidade de viver em domicílios com insegurança alimentar.2020 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L, Helito H, Pérez-Escamilla R, Santos LMP, Paes-Sousa R. Transferência de renda e segurança alimentar no Brasil: análise dos dados nacionais. Rev Nutr. 2008 Aug; 21 (Suppl 1): S39-S51. Um terço das gestantes entrevistadas (29,5%) participavam do PBF. As gestantes que participavam do programa tinham 47% maior probabilidade de viver em insegurança alimentar em comparação com as que não participavam do programa, dado que aponta a necessidade de identificação das famílias mais vulneráveis. O papel da Atenção Primária à Saúde (APS) é também de identificar famílias para encaminhamento ao PBF. No entanto, a rede ainda está obrigada a pesquisar ativamente as famílias em situação de insegurança alimentar. Para garantir a equidade e melhorar os indicadores de segurança alimentar, é necessária a inserção das questões de segurança alimentar ao longo das consultas de pré-natal.44 Araújo AA, Santos ACO. (In)seguranca alimentar e indicadores socioeconomicos de gestantes do distrito sanitario II e III, Recife-Pernambuco. Rev APS. 2016; 19 (3): 466-75.

Os benefícios da utilização de PTR são incontestáveis. Entre as 51 gestantes beneficiadas pelo PBF, 59,6% usaram o benefício na aquisição de alimentos, 57,7% relataram um aumento na variedade de alimentos e 51,9% afirmaram que a quantidade de alimentos consumidos em casa aumentou depois do recebimento do benefício. O benefício médio recebido pelas gestantes foi de R$179 (U$46,25), variando de R$39 a R$511 (U$10,07 a U$132,04). Ressalta-se que a renda familiar média das gestantes participantes do PTR era de R$ 1.076 (± R$744) ou U$278 (± U$192), o equivalente a quase 20% de sua renda.2121 Costa ROM. Fatores associados à insegurança alimentar entre gestantes atendidas na rede pública de saúde de Lavras - MG [dissertation]. Lavras (MG): Universidade Federal de Lavras (UFLA); 2019. O PBF é importante e necessário, porém o valor monetário destinado às famílias é insuficiente para complementar a renda que custeia necessidades básicas como alimentação. Apesar do real aumento da renda familiar em virtude do benefício, a vulnerabilidade social e a pobreza são variáveis que provavelmente contribuirão para a perpetuar a insegurança alimentar.2020 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L, Helito H, Pérez-Escamilla R, Santos LMP, Paes-Sousa R. Transferência de renda e segurança alimentar no Brasil: análise dos dados nacionais. Rev Nutr. 2008 Aug; 21 (Suppl 1): S39-S51.

A vulnerabilidade social também pode ser observada em outras características da amostra levantada nesta pesquisa. O papel da mulher como chefe da família, por exemplo, mostrou-se mais prevalente em domicílios com insegurança alimentar (43,4%). As mulheres foram recentemente inseridas em uma sociedade patriarcal de longa data, o que pode ser considerado uma bênção ou uma maldição. Mulheres responsáveis unicamente pelo núcleo familiar sustentam a família financeira e emocionalmente, porém muitas vezes este último é considerado como um trabalho invisível.2222 Brito JG, Costa ER. Titularidade feminina no Programa Bolsa Família: questões de gênero e segurança alimentar. Trop Comun Soc Cult. 2015; 1 (3): 1-17. Ramalho et al.2323 Ramalho AA, Holanda CM, Martins FA, Rodrigues BTC, Aguiar DM, Andrade AM, et al. Food insecurity during pregnancy in a maternal-infant cohort in Brazilian Western Amazon. Nutrients. 2020 Jun; 12 (6): 1578. também identificaram níveis mais graves de IA em domicílios em que as mulheres eram chefe de família. Neste mesmo estudo, ter uma mulher como chefe de família foi associado a um aumento de 39% de viver em insegurança alimentar em comparação comdomicílios chefiados por homens. Sendo assim, é imprescindível garantir melhor qualidade de vida e oportunidades durante e após a gravidez.2323 Ramalho AA, Holanda CM, Martins FA, Rodrigues BTC, Aguiar DM, Andrade AM, et al. Food insecurity during pregnancy in a maternal-infant cohort in Brazilian Western Amazon. Nutrients. 2020 Jun; 12 (6): 1578.

Simultaneamente ao serem “obrigadas” a liderar suas famílias, as mulheres estão tentando ganhar maior espaço na sociedade. Foi somente em 1900 que as mulheres ganharam acesso às escolas e às universidades e, consequentemente, aumentaram seu nível de educação. No entanto, isso não significa que o acesso à educação seja universal e equitativo. As oportunidades não são iguais para todos os gêneros ou raças. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando as mulheres atingem níveis de escolaridade mais elevados, recebem salários inferiores (63,4%) quando comparados aos homens com o mesmo nível de escolaridade. As iniquidades de gênero se refletem na trajetória das gestantes, pois é sua responsabilidade formar uma nova geração ao mesmo tempo que rompem com o ciclo de baixa escolaridade e pobreza, ambos diretamente ligados ao nível de segurança alimentar.2424 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Estud Pesq [Internet]. 2018; [cited 2020 Mar 05]; 38:1-13. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...

O baixo nível de escolaridade é um indicador de risco de qualidade de vida, especialmente em populações vulneráveis, como famílias que tenham crianças e gestantes em sua composição.2323 Ramalho AA, Holanda CM, Martins FA, Rodrigues BTC, Aguiar DM, Andrade AM, et al. Food insecurity during pregnancy in a maternal-infant cohort in Brazilian Western Amazon. Nutrients. 2020 Jun; 12 (6): 1578.,2525 Sperandio N, Priore SE. Prevalência de insegurança alimentar domiciliar e fatores associados em famílias com pré-escolares, beneficiárias do Programa Bolsa Família em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Epidemiol Serv Saúde. 2015 Oct/Dec; 24 (4): 739-48. Nessa amostra de gestantes, uma em cada cinco não concluiu o ensino médio. Quando comparadas com mulheres grávidas com alto nível de escolaridade (anos de escolaridade acima de 8), as gestantes com baixo nível de escolaridade tinham 43% mais probabilidade de viver em domicílioscom insegurança alimentar. O menor nível de escolaridade é um importante indicador socioeconômico, pois diminui a oportunidade de um emprego formal bem remunerado e o acesso à alimentação, perpetuando a condição domiciliar de falta de acesso aos alimentos devido à renda insuficiente.2525 Sperandio N, Priore SE. Prevalência de insegurança alimentar domiciliar e fatores associados em famílias com pré-escolares, beneficiárias do Programa Bolsa Família em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Epidemiol Serv Saúde. 2015 Oct/Dec; 24 (4): 739-48.,2626 Morais DC, Dutra LV, Franceschini SCC, Priore SE. Insegurança alimentar e indicadores antropométricos, dietéticos e sociais em estudos brasileiros: uma revisão sistemática. Ciênc Saúde Coletiva. 2014 May; 19 (5): 1475-88.

Embora o presente estudo tenha controlado a análise por raça, é importante mencionar que a insegurança alimentar costuma ser mais prevalente entre as pessoas de cor.1313 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): segurança alimentar 2013. Rio de Janeiro: IBGE; 2014. Os resultados mostraram que 77% das gestantes em situação de insegurança alimentar se auto-identificaram como pretas ou pardas. Apesar dos pequenos avanços na equidade, a pobreza e a insegurança alimentar ainda são mais prevalentes entre negros, pardos, asiáticos e indígenas quando comparados aos brancos, condição profundamente enraizada nas disparidades sociais.2323 Ramalho AA, Holanda CM, Martins FA, Rodrigues BTC, Aguiar DM, Andrade AM, et al. Food insecurity during pregnancy in a maternal-infant cohort in Brazilian Western Amazon. Nutrients. 2020 Jun; 12 (6): 1578.,2727 Leal MC, Gama SGN, Cunha CB. Racial, sociodemographic, and prenatal and childbirth care inequalities in Brazil, 1999-2001. Rev Saúde Pública. 2005 Jan; 39 (1): 100-7. Nesse sentido, fortalecer dados nacionais e locais contribui positivamente para o avanço da literatura que permitirá mudanças nos sistemas que atualmente perpetuam a insegurança alimentar. Estudos futuros devem desagregar os dados de segurança alimentar para promover o pensamento crítico sobre políticas públicas de nutrição mais equitativas voltadas para as populações vulneráveis.

Apesar de não ser prevalente o suficiente para atingir significância estatística, o IMC é um indicador de vulnerabilidade social e risco à saúde, principalmente entre aqueles que vivem com insegurança alimentar. Gestantes que apresentaram IMC gestacional adequado compõe um terço da amostra (34,1%), indicando que o restante das gestantes apresentava IMC inadequado por baixo peso ou sobrepeso/obesidade. Insegurança alimentar significa que em algum momento anterior aos três meses da entrevista houve diminuição da qualidade e/ou quantidade dos alimentos disponíveis no domicílio. Inadequações no consumo alimentar estão associadas a alterações no IMC. Há um fardo imposto às pessoas que não comem o suficiente ou comem alimentos ultraprocessados. Esses tipos de alimentos possuem em sua composição quantidades desproporcionais de sal, açúcar e/ou gordura. Adicionalmente, a insegurança alimentar está associada ao menor consumo de frutas e hortaliças, devido à falta de dinheiro ou acesso,55 Oliveira ACM, Tavares MCM, Bezerra AR. Insegurança alimentar em gestantes da rede pública de saúde de uma capital do nordeste Brasileiro. Ciênc Saúde Coletiva. 2017; 22 (2): 519-26.,1818 Dell’Osbel R, Neques L, Gregoletto MLO, Cremonese C. Insegurança alimentar em gestantes atendidas no SUS e Direitos Humanos. In: II Congresso de Direitos Humanos da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), 2018 Jun 20, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Caxias do Sul (RS): FSG; 2018. podendo agravar um peso já inadequado. Desnutrição durante a gestação está associada a um risco aumentado de morbi e mortalidade materna com vários resultados adversos à gravidez, como parto prematuro ou baixo peso ao nascer.2828 Razak F, Finlay JE, Subramanian SV. Maternal underweight an child growth and development. Lancet. 2013 Feb; 381 (9867): 626-7. Assim como a obesidade durante a gravidez está associada a um maior risco de aborto espontâneo, defeitos congênitos entre os recém-nascidos e obesidade adulta entre os filhos.2929 Deal BJ, Huffman MD, Binns H, Stone NJ. Perspective: childhood obesity requires new strategies for prevention. Adv Nutr. 2020 Sep; 11 (5): 1071-8.

Não obstante, o estudo teve uma limitação por não ser uma amostragem probabilística. A escolha pela amostra de conveniência está relacionada à discordância entre os dados entre gestantes cadastradas nos sistemas das Secretaria de Desenvolvimento Social e Secretaria de Saúde da Prefeitura de Lavras, o que impossibilitou a amostragem aleatória. Apesar desta limitação, o presente estudo tem seu ponto forte. Até onde sabemos, este é o primeiro estudo realizado com gestantes atendidas na rede pública de saúde de Lavras. Os resultados poderão permitir a estruturação de serviços e programas voltados à promoção da saúde materno-infantil, com atividades específicas de prevenção de doenças e acesso a alimentação segura e adequada. Porém, há necessidade de mais estudos em Lavras enfocando as características multifatoriais da insegurança alimentar. Promover incessantemente o tema da segurança alimentar poderá mudar o cenário futuro dos filhos dessas gestantes.

Uma alta prevalência de insegurança alimentar foi encontrada nesta amostra de gestantes atendidas na rede pública de saúde de Lavras, Brasil. Quase a metade vivia em domicílios com algum grau de insegurança alimentar, estando associada a fatores sociais estruturais como participação em PTR, baixa renda, escolaridade menor que 8 anos de estudo e a mulher ser a principal provedora familiar de suporte econômico. Assim, é necessário não só formular políticas públicas para mitigar a insegurança alimentar, mas também incluir um olhar de equidade nessas políticas onde todos possam ter as mesmas oportunidades de viver em segurança alimentar.

Agradecimentos

Ao Município de Lavras e os órgãos financiadores: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2022

Histórico

  • Recebido
    24 Fev 2021
  • Revisado
    15 Out 2021
  • Aceito
    07 Dez 2021
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