Ocorrência de Halysidota orientalis Rothschild (Lepidoptera: Arctiidae) em amoreira (Morus alba L.) no Estado de São Paulo

Ocurrence of Halysidota orientalis Rothschild (Lepidoptera: Arctiidae) on mulberry (Morus alba L.) in São Paulo State, Brazil

COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS

Ocorrência de Halysidota orientalis Rothschild (Lepidoptera: Arctiidae) em amoreira (Morus alba L.) no Estado de São Paulo

Ocurrence of Halysidota orientalis Rothschild (Lepidoptera: Arctiidae) on mulberry (Morus alba L.) in São Paulo State, Brazil

Saúl Sánchez-Soto^I; Fabiana C.B. Romano^II; Octavio Nakano^II

^ICampus Tabasco, Colegio de Postgraduados, Apdo. postal 24, 86500, H. Cárdenas, Tabasco, México

^IIDepto. Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP, C. postal 9, 13418-900, Piracicaba, SP

RESUMO

É registrada pela primeira vez a ocorrência de lagartas de Halysidota orientalis Rothschild em plantas de amoreira (Morus alba L.) no estado de São Paulo. Alguns aspectos da morfologia externa do adulto, larva e pupa são descritos.

Palavras-chave: Insecta, Morus alba, primeiro registro

ABSTRACT

The occurrence of larvae of Halysidota orientalis Rothschild on mulberry plants (Morus alba L.) is recorded for the first time in São Paulo, Brazil. Morphological aspects of adult, larva and pupa are described.

Key words: Insect, first record, Morus alba

Halysidota orientalis Rothschild foi considerada originalmente subespécie de H. underwoodi Rothschild, de material coletado em Trinidad (Rothschild 1909). Posteriormente foi elevada a espécie, diferindo de H. underwoodi, entre outros aspectos, pelas características da genitália do macho e pela ausência de um traço longitudinal preto na tégula de muitos espécimes (Watson 1980). A ocorrência de H. orientalis tem sido registrada no México, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela, Granada, Trinidad, Guiana, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Brasil (Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro), desconhecendo-se as fases imaturas e plantas hospedeiras (Watson 1980).

Uma quantidade considerável de larvas de H. orientalis foi encontrada em abril de 2003 alimentando-se das folhas de amoreira (Morus alba L.) da área experimental do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP, em Piracicaba, SP. Embora todas fossem alimentadas com folhas de amoreira, em laboratório, somente cinco atingiram a fase adulta (1e 4), que foi identificada com base em Watson (1980). Tal como ocorre em outras espécies de Halysidota Hübner (Watson 1980), constataram-se variações no padrão de manchas das asas anteriores de H. orientalis. Dois machos apresentaram a mácula reniforme unida com a faixa medial na região costal e a faixa pós-medial incompleta (Fig. 1B); nos outros espécimes a mácula reniforme está separada da faixa medial, e a faixa pós-medial é completa (Fig. 1A). Os exemplares (e ) foram depositados na coleção de insetos do referido departamento.

As larvas desenvolvidas de H. orientalis medem aproximadamente 45 mm de comprimento e 7 mm de largura; a cabeça é marrom escura, o corpo é coberto de pelos escuros e acinzentados. No tórax e no extremo do abdome existem oito e dois grupos de pelos longos esbranquiçados, respectivamente; a região ventral do corpo é marrom amarelada (Fig. 2). As pupas são marrom-escuras, de aproximadamente 19 mm de comprimento e 7,6 mm de largura; palpos labiais são visíveis atingindo aproximadamente a sexta parte do comprimento dos palpos maxilares. Apresentam mesonoto convexo, concavidade na altura do metanoto e segmentos abdominais moderadamente achatados; tecas alares anteriores, antenas e palpos maxilares terminam sobre o quarto segmento abdominal; tíbias e tarsos das pernas protorácicas e mesotorácicas são evidentes; ápice do abdome arredondado com um grupo de cerdas de cor marrom-claros de ponta curvada. Casulo oval de cor escuro-acinzentado com aproximadamente 22 mm de comprimento e 10 mm de largura. A exposição dos palpos labiais e seu comprimento com relação aos palpos maxilares, são duas características que permitem diferenciar as pupas do gênero Halysidota de outros gêneros da família Arctiidae (Mosher 1969).

Silva et al. (1968) registraram a ocorrência de H. interlineata Walker, em amoreira no estado de Rio de Janeiro. Esta espécie difere de H. orientalis em vários aspectos da sua morfologia, incluindo a genitália do macho, e separa-se de H. orientalis pelo aspecto da faixa subterminal das asas anteriores (Watson 1980). Embora essas espécies sejam registradas danificando plantas de amoreira no Brasil, a única espécie de Lepidoptera citada como praga dessa cultura no país é Automeris memusae (Walker) (Saturniidae), cujas larvas podem causar forte desfolha (Fonseca & Fonseca 1986, Gallo et al. 2002).

Agradecimentos

A Patrícia Milano, pela realização dos desenhos.

Literatura Citada

Received 13/08/03. Accepted 30/03/04.

• Fonseca, A.S. & T.C. Fonseca. 1986. A cultura da amoreira e criação do bicho da seda: Sericicultura. São Paulo, Nobel, 246p.
• Gallo, D., O. Nakano, S.S. Neto, R.P.L. Carvalho, G.C. Batista, E.B. Filho, J.R.P. Parra, R.A. Zucchi, S.B. Alves, J.D. Vendramim, L.C. Marchini, J.R.S. Lopes & C. Omoto. 2002. Entomologia agrícola. Piracicaba, FEALQ, 920p.
• Mosher, E.1969. Lepidoptera pupae: Five collected works on the pupae of North American Lepidoptera. Michigan, ERS, 323p.
• Rothschild, L.W. 1909. Description of some new South American Arctiidae, with notes. Novit. Zool. 16: 268-299.
• Silva, A.G.A., C.R. Gonçalves, D.M. Galvão, A.J.L. Gonçalves, J. Gomes, M.N. Silva & L. Simoni. 1968. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil. Seus parasitos e predadores. Parte 2, Tomo 1º, insetos, hospedeiros e inimigos naturais. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, 622p.
• Watson, A. 1980. A revision of the Halysidota tessellaris species-group (Halysidota sensu stricto) (Lepidoptera: Arctiidae). Bull. Br. Mus. (Nat. Hist.) Entomol. Ser. 40: 36-38.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  24 Set 2004
• Data do Fascículo
  Ago 2004

Histórico

• Recebido
  13 Ago 2003
• Aceito
  30 Mar 2004