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Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e leishmanioses no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil: reflexos do ambiente antrópico

Phlebotomine (Diptera: Psychodidae) and leishmaniasis in Rio Grande do Norte State Brazil: anthropic environment responses

Resumos

As alterações ambientais, naturais ou resultantes de ações antrópicas e seu impacto sobre as doenças infecciosas têm sido avaliados em diversos estudos. Com o objetivo de analisar possíveis correlações entre o ambiente antrópico, flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e leishmanioses no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, foram associadas informações relativas à distribuição de espécies vetoras em áreas de leishmaniose visceral e tegumentar ao registro de casos notificados pelos órgãos de saúde pública. A análise aponta para a existência de associações entre as espécies vetoras e distribuição da doença com características demográficas, fisionômicas, crescimento desordenado da área metropolitana, condições de vida e degradação ambiental do Litoral Oriental, principal área de notificação de casos de leishmaniose visceral.

Inseto vetor; saúde pública


Natural environmental changes or those resulting from anthropic factors and their impact on infectious diseases have been evaluated in several studies. The objective of this work was to analyze the correlation between the anthropic environment, phlebotomine and leishmaniases in Rio Grande do Norte State, in Northeast Brazil. Information relative to the distribution of vector species in visceral and tegumentary leishmaniasis areas was associated to the record of cases notified by Public Health organs. The analysis suggests associations between the vector species and distribution of the disease with demographic and physionomic characteristics, disorderly growth in the metropolitan area, living conditions and environmental degradation of the Eastern Littoral, the principal area of notified visceral leishmaniasis cases.

Sand fly; public health


PUBLIC HEALTH

Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e leishmanioses no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil - reflexos do ambiente antrópico

Phlebotomine (Diptera: Psychodidae) and leishmaniasis in Rio Grande do Norte State Brazil – anthropic environment responses

Maria de F.F. de M. XimenesI; Virgínia P.M. e SilvaI; Paula V. S. de QueirozI; Maria M. RegoI; Analuísa M. CortezI; Leopoldina M. de M. BatistaII; Arlinete S. de MedeirosIII; Selma M.B. JeronimioIV

IDepto. Microbiologia e Parasitologia, Centro de Biociências, Univ. Federal do Rio Grande do Norte, 59.072-970, Natal, RN

IICentro de Controle de Zoonoses de Natal, Avenida das Fronteiras, s/n, Conjunto Santa Catarina, Natal, RN

IIISecretaria de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte, Av. Junqueira Aires, 488, Centro, Natal, RN

IVDepto. Bioquímica, Centro de Biociências, Univ. Federal do Rio Grande do Norte, 59.072-970, Natal, RN

RESUMO

As alterações ambientais, naturais ou resultantes de ações antrópicas e seu impacto sobre as doenças infecciosas têm sido avaliados em diversos estudos. Com o objetivo de analisar possíveis correlações entre o ambiente antrópico, flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e leishmanioses no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, foram associadas informações relativas à distribuição de espécies vetoras em áreas de leishmaniose visceral e tegumentar ao registro de casos notificados pelos órgãos de saúde pública. A análise aponta para a existência de associações entre as espécies vetoras e distribuição da doença com características demográficas, fisionômicas, crescimento desordenado da área metropolitana, condições de vida e degradação ambiental do Litoral Oriental, principal área de notificação de casos de leishmaniose visceral.

Palavras-chave: Inseto vetor, saúde pública

ABSTRACT

Natural environmental changes or those resulting from anthropic factors and their impact on infectious diseases have been evaluated in several studies. The objective of this work was to analyze the correlation between the anthropic environment, phlebotomine and leishmaniases in Rio Grande do Norte State, in Northeast Brazil. Information relative to the distribution of vector species in visceral and tegumentary leishmaniasis areas was associated to the record of cases notified by Public Health organs. The analysis suggests associations between the vector species and distribution of the disease with demographic and physionomic characteristics, disorderly growth in the metropolitan area, living conditions and environmental degradation of the Eastern Littoral, the principal area of notified visceral leishmaniasis cases.

Key words: Sand fly, public health

Nos últimos dez anos, as alterações ambientais, climáticas ou resultantes de ações antrópicas, e possíveis reflexos na distribuição de doenças tropicais têm sido analisados por diversos autores (Ambroise-Thomas 2000, Curtis et al. 2000, Patz et al. 2000, Petney 2001, Molineux 2006). As mudanças globais e a avaliação do impacto sobre a saúde humana têm sido foco de atenção em comitês e órgãos internacionais que analisam o sistema climático terrestre e as repercussões para a saúde humana (WHO 1995).

Destruição de habitats, mudanças no padrão demográfico das cidades, costumes, nível sócio-econômico, qualidade dos serviços de saúde, educação etc. isoladamente ou em associação, aproximam hospedeiros definitivos e intermediários, vetores e parasitos e determinam mudanças nos níveis endêmico ou epidêmico de doenças infecciosas (Ambroise-Thomas et al. 2000, Curtis et al. 2000, Patz et al. 2000).

A manutenção de uma endemia em determinada área, particularmente aquelas transmitidas por vetores, depende da presença de populações de espécies envolvidas na cadeia de transmissão (agentes etiológicos, reservatórios e vetores) e condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento. Tais condições são naturalmente encontradas, como podem ser propiciadas pelas alterações causadas pelo homem, levando à adaptação de espécies às novas condições criadas. Como exemplo, destaca-se a distribuição e flexibilidade genética de Aedes albopictus Skuse (Diptera: Culicidae), que suporta frio extremo, transmite vírus da dengue, febre amarela, encefalites e se reproduz em áreas urbanas e rurais de regiões tropicais (Knudsen 1995). No Sudão, o processo migratório para áreas endêmicas de leishmaniose visceral introduziu alterações ecológicas que resultaram em aumento da densidade de Phlebotomus orientalis Parrot (Diptera: Psychodidae), espécie vetora, e consequentemente surtos epidêmicos importantes de leishmaniose visceral foram observados na região (Seaman et al. 1996, Molyneux 1998).

Movimentos migratórios também ocorreram no Brasil, em particular na década de 70, como resultado da seca no Nordeste, com deslocamento de pessoas para a Região Amazônica, seguido de substituição extensiva de áreas de mata nativa para desenvolvimento da agricultura, canaviais e criação de animais (Coimbra-Filho 1996, Guillen 2001, Cavalcanti 2002).

O crescimento de cidades em áreas originalmente endêmicas de leishmaniose visceral americana (LVA) resultou na expansão da doença no Nordeste ao mesmo tempo em que se evidenciou a adaptação de Lutzomyia longipalpis Lutz & Neiva (Diptera: Psychodidae), o mais importante vetor de Leishmania (L.) infantum chagasi Nicolle (Kinetoplastida: Trypanosomatidae) nas Américas, ao ambiente periurbano (Lainson & Shaw 1978, Walsh et al. 1993, Sherlock 1996, Lainson & Rangel 2005). Tanto a LVA quanto a leishmaniose tegumentar americana (LTA) vêm aumentando nos últimos dez anos, com descrição em áreas urbanas de importantes cidades no Brasil. Embora o número de casos de LVA notificados na região Nordeste tenha se reduzido, quando comparado à década de 90, cerca de 70% destes encontram-se ainda nessa região, enquanto a LTA é descrita em quatro das cinco regiões do país, com incidências mais elevadas no Norte e Nordeste (MS 2005). No Rio Grande do Norte, RN, a incidência de LTA é baixa quando comparada a outros estados do Nordeste e concentra-se em uma das oito zonas geográficas do estado.

Dados do IBGE e IDEMA (IBGE 1991, 2000a, 2000b; IDEMA 2002) mostram que a população urbana brasileira é cerca de quatro vezes maior que a população rural. Em 1991, o grau de urbanização era de 75% e passou para 81% em 2000. No Nordeste, também se observou aumento da urbanização. No RN, 73% da população reside em área urbana com metade da população vivendo na região metropolitana de Natal, capital do estado, que representa apenas 3,3% do território estadual. Essa região situa-se no nível do mar, com temperaturas variando entre 23ºC e 31ºC, umidade relativa do ar entre 60-80% e pluviometria entre 1000 mm e 1600 mm. Todas as regiões estaduais apresentam padrão de chuvas irregular, ocorrendo apenas em três ou quatro meses do ano, os demais meses são extremamente secos. O solo da região metropolitana é seco, arenoso e a cobertura vegetal é composta de vegetação com influência marinha (restingas) ou fluviomarinha (mangues e campos salinos). A população de Natal aumentou de 250.000 em 1970 para 709.536 pessoas em 2000, distribuída em 35 bairros nas quatro zonas administrativas: norte, sul, leste e oeste; na zona norte da cidade a população triplicou em vinte anos (IBGE 1991, 2000).

O objetivo desse estudo foi avaliar possíveis associações entre a distribuição de insetos vetores, alterações ambientais, urbanização e ocorrência de casos humanos de LVA e LTA como forma de contribuição às ações de vigilância e controle da doença no Rio Grande do Norte, com ênfase às questões relacionadas à degradação ambiental.

Material e Métodos

Captura de flebotomíneos. Os flebotomíneos foram coletados com armadilhas luminosas tipo CDC (Haushers Machine Works, New Jersey, Estados Unidos) instaladas entre 17:30h e 6:00h em 30 municípios das oito zonas geográficas do Rio Grande do Norte (Litoral Oriental, Litoral Norte, Agreste, Currais Novos, Caicó, Serras Centrais, Mossoró e Alto Apodi) (Ximenes et al. 2000). Três armadilhas foram instaladas em ambiente extradomiciliar situado a mais de 500 m de residências, em meio à vegetação, durante três dias consecutivos em meses secos de 1996 e 1997. A partir desses dados foi analisada a diversidade, abundância e relação entre as espécies capturadas, expressos através dos índices de diversidade de Margalef e quociente de similaridade de Sorensen, conforme Magurran (1988).

Em Nísia Floresta, um dos municípios que compõem a região metropolitana de Natal (Fig. 1) foram realizadas capturas quinzenais entre os anos 1995 e 1998, em um mesmo local em áreas extra, peri e intradomiciliar de um pequeno sítio, nas proximidades da Lagoa do Bomfim, com armadilhas luminosas CDC instaladas entre 17:30h e 6:00h. O ambiente extradomiciliar foi estabelecido como aquele situado a aproximadamente 100 m da residência e dos abrigos dos animais do peridomicílio. Nessa área ainda se observa vegetação remanescente de Mata Atlântica e pequenos mamíferos silvestres.


Em Natal foram realizadas capturas entre os anos de 1994 e 2005, em bairros e localidades da cidade. Entre 1999 e 2005 foram selecionadas áreas com e sem casos de LVA, nas quatro zonas da cidade e instaladas seis armadilhas CDC entre os meses de março a julho de cada ano, durante três dias consecutivos no mês. Na zona norte foram investigados ambientes peridomiciliares dos bairros ou localidades: Pajuçara, Potengi, Conjunto Santa Catarina, Brasil Novo, Alvorada II, Loteamento Progresso, Alto da Colina, Gramorezinho e Vilage das Dunas. Na zona sul, os bairros Lagoa Nova; Ponta Negra (conjunto e vila) e Conjuntos Cidade Satélite, Bancários e Vale do Pitimbu (Pitimbu). Na zona oeste nos bairros e localidades Guarapes, Planalto, Bom Pastor, Felipe Camarão e Cidade da Esperança em residências com animais no peridomicílio e na zona leste em residências nos bairros de Mãe Luiza e Rocas.

Os insetos capturados foram triados e acondicionados em frascos contendo álcool a 70% e a identificação das espécies de Phlebotominae seguiu as chaves de identificação de Young & Duncan (1994).

Resultados e Discussão

Leishmaniose visceral no RN. A Fig. 1 mostra os municípios da região metropolitana de Natal com destaque para as áreas com casos de LVA em Natal e a Fig. 2 mostra os casos de LVA e LTA notificados no RN desde o primeiro registro no estado em 1934. A notificação cumulativa dos casos indica que 82% e 16% dos municípios estaduais notificaram casos de LVA e LTA respectivamente. O coeficiente de incidência cumulativa de LVA na década de 80 foi de 10,4 casos, aumentando para 67 casos por 100.000 pessoas nos anos 90. A distribuição espacial de casos de LVA mostra que 66% dos casos foram notificados no Litoral Oriental, área mais úmida do RN, e os demais distribuídos nas outras zonas estaduais (Fig. 3). A expansão da doença nas áreas estaduais teve início em 1983 com notificação em 28 municípios, aumentando para 40 em 1994 e para 133, dos 166 municípios estaduais (FUNASA 1994, SESAP 1997), no ano 2000. O número de casos de LTA no RN é consideravelmente menor do que LVA, entretanto em 1987 um pico acentuado foi notificado na zona do Alto Apodi.



Os pacientes com leishmaniose visceral apresentam sinais e sintomas similares aos descritos anteriormente em Natal e outras áreas do Nordeste (Evans et al. 1992). No RN, 68% dos 136 pacientes com LVA eram menores de 15 anos (Jerônimo et al. 2004). Em 1989, 50% dos 316 eram crianças menores de cinco anos (Jeronimo et al. 1994). A maioria dos casos responde à terapia antimonial, a sobreposição com HIV é baixa. Alguns casos de LVA com desordens neoplásicas também foram vistos; a taxa de mortalidade varia entre 5% e 10%.

O número de casos de LVA oscilou ao longo dos anos indicando um possível ciclo a cada dez anos. A curva de distribuição mostra um segundo pico da doença cerca de dez anos após o primeiro surto epidêmico registrado, à semelhança do Piauí e Maranhão (Arias & Monteiro 1996). No Ceará e na Paraíba, estados vizinhos ao RN, o número de casos também aumentou a partir de 1995 (MS 2005). Padrões cíclicos na incidência de leishmaniose visceral foram também descritos na Índia (Thakur 1984) e na África (Southgate 1964). As explicações para a oscilação na ocorrência de algumas doenças causadas por protozoários, vírus e bactérias são agrupadas em quatro categorias: aparecimento e desaparecimento do patógeno; oscilações cíclicas na temperatura, umidade, chuvas e ventos; mudanças comportamentais dos hospedeiros e alterações fisiológicas na susceptibilidade do hospedeiro humano ao patógeno, cujas oscilações rítmicas seriam sincronizadas pelo ciclo claro-escuro ambiental (Dowel 2001, Altizer et al. 2006). Embora o fenômeno ENSO (El-Ñino / Southern Oscillation) tenha sido associado à periodicidade e reemergência da leishmaniose visceral no Brasil (Franke et al. 2002), a influência sobre os insetos vetores, agente etiológico e/ou hospedeiro humano ainda carece de estudos.

Flebotomíneos, habitats e pressões antrópicas no litoral oriental do RN. Nas oito zonas estaduais foram capturados 7201 flebotomíneos pertencentes a 12 espécies do gênero Lutzomyia (Ximenes et al. 2000). A análise da relação entre os índices de diversidade das espécies nessas zonas revelou maior diversidade de flebotomíneos para a zona do Alto Apodi (Fig. 4), seguida pelo Litoral Oriental, em particular nos municípios que formam a região metropolitana. L. longipalpis foi mais abundante na região metropolitana.


Em função da composição de espécies presentes nas duas zonas, o coeficiente de Sorensen revelou similaridade de aproximadamente 58% entre os habitats das duas áreas geográficas. Os índices de diversidade das espécies de Phlebotominae são mostrados na Fig. 4 como se segue: Litoral Oriental, a = 0,79; Litoral Norte, aa = 0,70; Agreste, aa = 0.49; Currais Novos, aa = 0,53; Caicó, aa = 0,48; Serras Centrais aa = 0,62; Mossoró, aa = 0,74; Alto Apodi, aa = 1,32. Dentre as espécies identificadas, L. longipalpis, vetor da leishmaniose visceral, foi a espécie mais abundante no RN (Ximenes et al. 2000), Lutzomyia intermedia Lutz & Neiva e L. migonei França, suspeitas de transmissão de LTA ocorreram principalmente na zona do Alto Apodi, área endêmica de LTA no RN.

A abundância de L. longipalpis nas áreas periurbanas do Litoral Oriental, incluindo a região metropolitana de Natal, demonstra o acentuado grau de adaptação dessa espécie às áreas sob influência antrópica. Além disso, a criação de animais no peridomicílio de áreas rurais e urbanas fornece suporte à colonização de flebotomíneos que encontram abrigo e alimento nesses locais (Ximenes et al. 1999) aumentando o risco de transmissão de L. chagasi.

No RN, o crescimento populacional e movimentos migratórios de áreas rurais contribuíram com a diminuição das áreas de vegetação nativa. Os desmatamentos de áreas remanescentes de mata atlântica interferiram com a dinâmica ambiental afetando potencialmente nichos ecológicos dos vetores de Leishmania. Imagens de satélites e mapas de vegetação mostram uma diminuição das áreas naturais e aumento de áreas sob influência antrópica, nas últimas três décadas (IBGE 2000a). Nessa zona, extensas áreas de cultivo de cana-de-açúcar, coco e caju; estradas, indústrias, hotéis, pousadas e casas de veraneio substituíram áreas de mata atlântica e atualmente essa região é considerada como área de elevada pressão antrópica (MMA 2004).

A maior diversidade de flebotomíneos encontrada no Alto Apodi, provavelmente se deve ao menor nível de degradação ambiental das áreas serranas. Nessa região predomina o clima sub-úmido seco (Thornmhwaite), chove menos que no litoral e a umidade relativa do ar situa-se em torno de 70%. A comparação entre as zonas do Litoral Oriental e do Alto Apodi revela semelhanças climáticas e florísticas com formações vegetais típicas de caatinga e formações associadas à Mata Atlântica (Figs. 3 e 4), que provavelmente contribuem com a distribuição de espécies de flebotomíneos por meio da manutenção de níveis de umidade e temperatura favoráveis ao desenvolvimento desses insetos.

Ecótopos de flebotomíneos e LVA na região metropolitana de Natal. As capturas realizadas tanto em Nísia Floresta quanto em Natal revelam que L. Longipalpis é encontrada tanto no interior dos domicílios quanto no ambiente externo. No ambiente peridomiciliar os flebotomíneos são capturados em associação a galinhas, porcos, cavalos e outros animais. Essa espécie corresponde a 70% dos flebotomíneos capturados no peridomicílio e cerca de 40% dos flebotomíneos capturados no interior das residências (Tabela 1)

Na região metropolitana destacam-se três espécies: L. longipalpis, L. evandroi Costa Lima & Antunes, segunda espécie em abundância, nos mesmos ecótopos de L. longipalpis, embora até o presente não tenha se mostrado como vetor das leishmanioses e L. lenti Mangabeira encontrada em menor abundância. Essa espécie foi encontrada infectada com promastigotas na Bahia (Sherlock 1996) e o autor relata antropofilia elevada na população do RN.

Em Natal, casos de LVA foram notificados em diferentes bairros das quatro zonas, com diminuição de casos nos últimos cinco anos. A Fig. 5 mostra uma concentração de LVA na zona norte seguida pela zona oeste. L. longipalpis foi mais abundante nas áreas peridomiciliares das zonas norte e oeste em locais próximos às áreas de proteção ambiental (Tabela 2), no entanto foi também capturada em bairros com infra-estrutura urbana e nível sócio-econômico mais elevado que nas zonas norte e oeste. A captura de flebotomíneos na zona sul deu-se principalmente, em áreas periféricas de bairros localizados em área com vegetação de dunas. Embora os casos de LVA notificados nas zonas sul e leste em 2005 necessitem de confirmação quanto à procedência, é provável que se tenha o surgimento de novos casos pela presença do vetor em algumas áreas da zona sul.


Ao longo do presente estudo, fêmeas L. longipalpis foram capturadas no interior das residências, ingurgitadas após repasto sanguíneo no homem ou outros animais, reforçando o processo de adaptação do inseto a áreas antropizadas, seu comportamento endofílico e talvez antropofílico ou oportunista, como sugerido em outros estudos (Quinnel et al. 1992, Morrison et al. 1993). Essa espécie e outros flebotomíneos foram capturados em Natal, em ambientes essencialmente urbanos como em uma sucata de automóveis e um viveiro de plantas ornamentais. A região, denominada de Pitimbu, possui grandes conjuntos residenciais, totalizando 5.500 residências. Nos limites dos bairros Pitimbu (zona sul) e Guarapes (zona oeste) há uma extensa área denominada Planalto, onde há cerca de vinte anos havia áreas verdes e granjas. O processo de degradação ambiental se deu progressivamente e a paisagem foi alterada pela construção de acessos rodoviários e residências com infra-estrutura precária. Casos de LVA foram notificados no primeiro surto em Natal e ainda continuam sendo notificados no Planalto (Jerônimo et al. 1994, 2004).

Em 1981, residia em Natal 70% da população do RN, cerca de vinte anos depois a densidade demográfica passou de aproximadamente 53 para 203 hab/km2 (IDEMA 2002). A cidade se expandiu em direção às zonas norte e oeste, ambas carecem de infra-estrutura urbana. A população da zona norte aumentou de 40.479 em 1980 para 146.935 em 1991 e sua original paisagem natural e ecossistemas, ricos em recursos biológicos, foram alterados pelas condições precárias de habitabilidade de pessoas vindas do interior do RN e outros locais, além dos conjuntos habitacionais e indústrias que se instalaram na região.

Segundo Vidal (1998), a acentuada mobilidade intra-urbana e redirecionamento da população pobre para a zona norte reproduziram o modelo excludente das grandes cidades e contribuiu para consolidar a segregação sócio-espacial característica das cidades brasileiras. As zonas norte e oeste apresentam o maior número de favelas, com pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza e sobrevivendo com menos de um salário mínimo. Além disso, ambas foram focos de LVA no surto ocorrido entre 1989 e 1992 (Jerônimo et al. 1994). A ocorrência de surtos epidêmicos associados a favelas ou áreas de mata foi também registrada em Santarém (Lainson et al. 1985) e em Teresina (Werneck & Maguirre 2002).

Nos últimos cinco anos, a maioria dos casos humanos de LVA notificados em Natal, nas regiões norte e oeste são provenientes de localidades próximas à bacia do rio Potengi que tem como afluentes os rios Jundiaí e Doce, onde estão situadas as atuais zonas de proteção ambiental: complexo de lagoas e dunas ao longo do Rio Doce (ZPA 9); estuário do Rio Potengi e manguezais, na zona norte (8) e cordões de dunas do Guarapes na zona oeste (4). Além desses locais, também foram notificados casos nas proximidades da região de Lagoinha, na zona sul, onde há um complexo de dunas e lagoas (ZPA5). Nos locais citados ainda restam áreas verdes com espécies animais representativas da fauna local, e certamente temperatura e umidade favoráveis ao desenvolvimento dos flebotomíneos nas duas zonas, norte e oeste. É possível que espécies dessas áreas, hospedeiros vertebrados e invertebrados de leishmanias, pressionadas pelas alterações em seu ambiente primitivo migrem e encontrem condições de sobrevivência em áreas degradadas pela urbanização.

A preservação das áreas verdes e estudos do impacto ambiental causado pela ampliação de áreas residenciais próximas às zonas de proteção poderão evitar a expansão geográfica da doença em Natal. As causas e repercussões da urbanização desordenada, migração, aumento populacional e degradação ambiental em diferentes países ou regiões, são múltiplas e complexas tanto quanto a compreensão do processo de adaptação de insetos vetores, vírus, bactérias ou protozoários existentes em ambientes naturais a novos habitats em áreas antropizadas.

Leishmaniose tegumentar no RN. As serras úmidas do Alto Apodi parecem favorecer o desenvolvimento de flebotomíneos transmissores da leishmaniose tegumentar, onde L. intermedia apresenta-se como a espécie mais abundante nos meses chuvosos e em áreas com e sem casos de LTA (P. V. Queiroz manuscrito em preparação). A infecção parece ocorrer no entorno das residências nas áreas rurais de São Miguel, município situado na zona do Alto Apodi (Oliveira et al. 2004).

Os casos de LTA notificados no Brasil até os anos 80 eram associados a práticas de agricultura, garimpo e exploração de florestas (Alcântara et al. 1989). Entretanto casos em áreas perimetropolitanas foram notificados em Manaus, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Barret & Senra 1989, Passos et al. 1993). No RN, a incidência de LTA é baixa, embora um surto, insuficientemente compreendido, tenha sido notificado em 1987, no Alto Apodi, fronteira com o Ceará, endêmico para Leishmania braziliensis Vianna e apresentando mais de 700 casos tratados. O número de casos de LTA na região é provavelmente subestimado em função das dificuldades de acesso aos serviços de saúde pública e condições para o diagnóstico precoce da doença. As espécies L. intermedia e L. migonei associadas com a transmissão de L. braziliensis em outras áreas do Brasil (Rangel et al. 1984, Young & Arias 1991, Galati et al. 1996) foram capturadas em municípios do Alto Apodi (Ximenes et al. 2000, P. V. S. Queiroz, manuscrito em preparação). A espécie L. intermedia foi capturada nas áreas peridomiciliares e no interior de residências com casos humanos de LTA (observação pessoal) (Fig. 4). L. braziliensis é o agente etiológico da LTA na região (Oliveira et al. 2004). Tanto L. intermedia quanto L. migonei se mostraram susceptíveis ao desenvolvimento de L. braziliensis em condições experimentais (Rangel et al. 1992, Nieves & Pimenta 2000).

O presente estudo corrobora outros resultados e discussões acerca das relações entre ambiente, proliferação de insetos vetores e saúde humana, apontando para o paradigma do desenvolvimento econômico com sustentabilidade ecológica, que a despeito da complexidade de implementação em uma região com os indicadores de pobreza do Nordeste, talvez represente a única forma capaz de impedir o processo de degradação ambiental e consequentemente a emergência ou reemergência de doenças e patógenos transmitidos por insetos.

Agradecimentos

Ao Sr. Edson Santana, técnico em laboratório do Depto. de Microbiologia e Parasitologia (UFRN); Dra Rosa Lima Rodrigues (SESAP-RN); Dr. Geraldo Queiroz (IDEMA-RN) pela liberação dos mapas estaduais no início desse estudo; Dra Rosane Marinho da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo por ter cedido os mapas da região metropolitana e a Dra. Regina Maria de Oliveira e Sra. Josefa Nivam Costa (FUNASA) pelo auxílio no resgate de informações sobre as leishmanioses no RN.

Received 31/I/06. Accepted 29/IX/06.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Mar 2007
  • Data do Fascículo
    Fev 2007

Histórico

  • Aceito
    29 Set 2006
  • Recebido
    31 Jan 2006
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