Parasitismo de ovos de Tibraca limbativentris Stal (Hemiptera: Pentatomidae) na cultura do arroz no Maranhão

Natural egg parasitism of Tibraca limbativentris Stal (Hemiptera: Pentatomidae) in rice crop in the State of Maranhão, Brazil

SCIENTIFIC NOTE

Parasitismo de ovos de Tibraca limbativentris Stal (Hemiptera: Pentatomidae) na cultura do arroz no Maranhão

Natural egg parasitism of Tibraca limbativentris Stal (Hemiptera: Pentatomidae) in rice crop in the State of Maranhão, Brazil

Alba A.S. Maciel^I; Raimunda N.S. de Lemos^II; Joseane R. de Souza^I; Valmir A. Costa^III; José A.F. Barrigossi^IV; Evandro F. das Chagas^II

^IAcadêmica do Curso de Agronomia / UEMA, C. postal 9, 65055-098, São Luís, MA, [e-mail]

^IIDepto. Fitotecnia e Fitossanidade, CCA UEMA, C. postal 9, 65055-098, São Luís, MA

^IIICentro Experimental do Instituto Biológico, C. postal 70, 13001-970, Campinas, SP

^IVEmbrapa Arroz e Feijão, C. postal 179, 75375-000, Sto. Antônio de Goiás, GO

RESUMO

O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal, é um dos insetos mais prejudiciais à cultura do arroz no Brasil. Este trabalho avaliou a ocorrência de parasitóides em ovos de T. limbativentris no Maranhão. Os ovos coletados apresentaram em média um parasitismo de 32%. Os parasitóides identificados foram Telenomus podisi (Ashmead), Trissolcus urichi (Crawford) (Hymenoptera: Scelionidae) e Oencyrtus submetallicus (Howard) (Hymenoptera: Encyrtidae).

Palavras-chave:Oryza sativa, percevejo-do-colmo, inimigo natural

ABSTRACT

The rice stem bug, Tibraca limbativentris Stal, is an important pest of rice in Brazil. This work evaluated the occurrence of parasitoids in eggs of T.limbativentris egg parasitism in rice crops in the Maranhão State. The eggs collected exhibited an average parasitism of 32%. The parasitoids collected were Telenomus podisi (Ashmead), Trissolcus urichi (Crawford) (Hymenoptera: Scelionidae) and Oencyrtus submetallicus (Howard) (Hymenoptera: Encyrtidae).

Key words:Oryza sativa, rice stalk stink bug, natural enemy

O Maranhão é o maior produtor de arroz do Nordeste. Nacionalmente, o estado se destaca por ter a segunda maior área cultivada com o cereal, atingindo a produção de 718 mil toneladas na safra 2004/05 (CONAB 2006). Essa produção é predominantemente oriunda de agricultores com menor grau técnico que utilizam o arroz como principal fonte de alimento (Mendez Del Villar et al. 2001).

O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal, conhecido regionalmente como cangapara (Pereira 2002), ocorre na maioria das regiões orizícolas do Brasil (Ferreira et al. 1986). Atinge facilmente a condição de praga na cultura do arroz por causar danos severos às plantas, na maioria das safras, que podem reduzir em até 90% a produtividade de grãos (Ferreira et al. 1997).

No manejo integrado de insetos-praga, a ação de inimigos naturais desponta como uma alternativa de redução populacional de insetos-praga, existindo evidencias de que os parasitóides promovem significante controle natural desses organismos na cultura do arroz, principalmente de lagartas e percevejos (Martins et al. 2004). Os parasitóides de ovos são considerados, em vários países, como os principais inimigos naturais dos percevejos da família Pentatomidae (Pacheco & Corrêa-Ferreira 2000). Segundo Silva et al. (1968), são parasitóides de ovos do percevejo-do-colmo: Oencyrtus fasciatus (Mercet) (Hymenoptera: Encyrtidae) e Telenomus sp. (Hymenoptera: Scelionidae). Na Bolívia, em lavouras de arroz não tratadas com inseticidas, uma espécie de Scelionidae parasitava até 41% dos ovos de T.limbativentris (Terán 1971). Rizzo (1976) também relatou o parasitismo de ovos do percevejo por microhimenópteros scelionídeos na Argentina. Há escassez de trabalhos que relacionem espécies de himenópteros parasitóides de T. limbativentris, tornando necessário aumentar o conhecimento sobre inimigos naturais, que possam atuar de forma efetiva na regulação da população do inseto.

Este trabalho objetivou verificar a ocorrência de parasitóides em ovos de T. limbativentris, em arroz, nos municípios de Miranda do Norte, Matões do Norte e Arari no Maranhão.

As coletas foram realizadas em plantas de arroz livres da aplicação de inseticidas, aos trinta dias após a semeadura. As posturas foram coletadas diretamente nas folhas e nos colmos de arroz e acondicionadas em copos de plásticos de 100 ml, contendo papel filtro levemente umedecido com água destilada. No Laboratório de Entomologia do Núcleo de Biotecnologia Agronômica da Universidade Estadual do Maranhão, procedeu-se à limpeza dos ovos coletados, os quais foram mantidos a 25°C ± 2°C, UR 70-80% e fotofase de 12h. Diariamente, foi registrado o número de parasitóides emergidos, acondicionado-os em frascos de 1,5 ml contendo álcool 70%, para posterior identificação.

Dos 2479 ovos coletados de T. limbativentris, a taxa de parasitismo foi de 23,4% (Tabela 1). As espécies identificadas foram: Telenomus podisi (Ashmead), Trissolcus urichi (Crawford) (Hymenoptera: Scelionidae) e Oencyrtus submetallicus (Howard) (Hymenoptera: Encyrtidae) nos ovos de T. limbativentris (Tabela 2). O teste c² evidenciou diferença entre a freqüência das espécies de parasitóides emergidos dos ovos de T. limbativentris nas localidades estudadas (c² = 42,86; 4 gl; P < 0,0001) (Tabela 2).

Essas espécies parecem ser generalistas sobre ovos de percevejos Pentatomidae. Godoy et al. (2005) constataram parasitismo desses em Euschistus heros e Piezodorus guildini (Hemiptera: Pentatomidae), pragas da cultura da soja em São Gabriel do Oeste (MS). Da mesma forma, T. podisi e O. submetallicus são comumente encontradas parasitando tanto espécies fitófagas como espécies predadoras de Pentatomidade em plantios de soja no Paraná (Corrêa-Ferreira & Moscardi 1995), eucalipto no Cerrado de Minas Gerais (Torres et al. 1996) e no Pará (Zanuncio et al. 2000), sugerindo que esses parasitóides estão bem adaptados a variações climáticas e podem contribuir significativamente no controle biológico de T. limbativentris.

Este foi o primeiro registro da ocorrência de espécies microhimenópteros parasitando ovos de T. limbativentris atacando o arroz no Maranhão. A presença desses parasitóides em áreas orizícolas do estado é importante para o sistema de manejo integrado do percevejo-do-colmo, devendo ser adotadas medidas que otimizem sua ação, principalmente, considerando que o controle químico é predominante na região.

Agradecimentos

Ao Dr. Valmir Antônio Costa do Centro Experimental do Instituto Biológico, pela identificação das espécies de parasitóides e à Universidade Estadual do Maranhão, pela concessão da Bolsa de Iniciação Cientifica ao primeiro autor (BIC-UEMA).

Received 18/X/06. Accepted 18/I/07.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  02 Out 2007
• Data do Fascículo
  Ago 2007

Histórico

• Aceito
  18 Jan 2007
• Recebido
  18 Out 2006