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A new species of Bricelochlorops Paganelli and the first record of Urubambina rufa (Duda) (Diptera: Chloropidae) from Brazil

Uma nova espécie de Bricelochlorops Paganelli e o primeiro registro de Urubambina rufa (Duda) (Diptera: Chloropidae) para o Brasil

Resumo

The subfamily Chloropinae comprises about 442 described species, with only one species recorded from the Brazilian Amazon. The genus Bricelochlorops Paganelli was represented by a unique species from Rio de Janeiro, Brazil. The species Urubambina rufa (Duda) is the only species of the genus Urubambina Paganelli and has been recorded only from Peru. A new species of Bricelochlorops, B. celutae sp. nov., is described here and Urubambina rufa is recorded for the first time in Brazil. Both species were collected in the state of Acre. A key to species of Bricelochlorops is provided.

Acalyptratae; Chloropinae; Acre; taxonomy


Acalyptratae; Chloropinae; Acre; taxonomy

SYSTEMATICS, MORPHOLOGY AND PHYSIOLOGY

Uma nova espécie de Bricelochlorops Paganelli e o primeiro registro de Urubambina rufa (Duda) (Diptera: Chloropidae) para o Brasil

A new species of Bricelochlorops Paganelli and the first record of Urubambina rufa (Duda) (Diptera: Chloropidae) from Brazil

Fernando S Carvalho Filho; Maria C Esposito

Lab de Invertebrados, Instituto de Ciências Biológicas, Univ Federal do Pará. Rua Augusto Corrêa 1, 66075-110, Guamá, Belém, PA, Brasil; fernanbio@yahoo.com.br; esposito@ufpa.br

ABSTRACT

The subfamily Chloropinae comprises about 442 described species, with only one species recorded from the Brazilian Amazon. The genus Bricelochlorops Paganelli was represented by a unique species from Rio de Janeiro, Brazil. The species Urubambina rufa (Duda) is the only species of the genus Urubambina Paganelli and has been recorded only from Peru. A new species of Bricelochlorops, B. celutae sp. nov., is described here and Urubambina rufa is recorded for the first time in Brazil. Both species were collected in the state of Acre. A key to species of Bricelochlorops is provided.

Key words: Acalyptratae, Chloropinae, Acre, taxonomy

Os Chloropidae são dípteros acaliptrados geralmente pequenos (1,2-5,0 mm), com poucas espécies grandes (6,0-11,5 mm), facilmente reconhecíveis pela presença de triângulo ocelar bem desenvolvido, quetotaxia reduzida, propleura com carena anterior, veia C com uma única quebra subcostal e célula cup e veia A1+CuA2 ausentes (Sabrosky 1987, Guimarães et al 2001).

A família Choloropidae compreende cerca de 2.000 espécies descritas e mais de 160 gêneros de distribuição mundial, distribuídas em três subfamílias: Choloropinae, Oscinellinae e Siphonellopsinae (Sabrosky & Paganelli 1984, Sabrosky 1987). Na região Neotropical foram registradas cerca de 442 espécies, das quais apenas nove foram registradas para a Amazônia Brasileira (Paganelli 2002, Paganelli & Papavero 2002).

Os espécimes de Chloropinae são facilmente distinguíveis das demais subfamílias pela extensão da nervura costal que atinge M1+2 (Paganelli 2002). Na Região Neotropical foram assinaladas 91 espécies de Chloropinae, sendo apenas uma para a Amazônia Brasileira.

O gênero Bricelochlorops foi erigido por Paganelli (2002) baseado em um único exemplar macho, descrito como B. peregrinus Paganelli, oriundo do Rio de Janeiro. Esse gênero apresenta caracteres únicos: segundo artículo antenal com uma protuberância na superfície dorsal que se projeta sobre o terceiro como uma aba; palpos e probóscida muito reduzidos; clípeo intumescido; mesolobo grande e bilobado e edeago com apódema muito curto.

O gênero Urubambina foi erigido por Paganelli (2002) para Steleocerus rufus Duda, coletada no Peru. Esse gênero monotípico é caracterizado principalmente pela arista subterminal em forma de fita, segundo artículo antenal alongado e várias cerdas orbitais.

Neste estudo, é descrita uma nova espécie do gênero Bricelochlorops e é registrada pela primeira vez a ocorrência de Urubambina rufa para o Brasil, ambas oriundas do Acre.

Material e Métodos

Durante o processo de identificação, o abdome do espécime macho foi removido com o auxílio de microestiletes e posto para clarear em solução de KOH 10% a frio durante cerca de 48 h. Posteriormente, foi lavado em água e depois em álcool 40% e 70%. A terminália foi montada entre lâmina e lamínula com glicerina e desenhada com auxílio de câmara clara acoplada em microscópio de luz. A terminália foi acondicionada em microtubo, com glicerina, afixado no alfinete do espécime. As identificações dos gêneros e das espécies e a terminologia foram baseadas em Paganelli (2002). Os espécimes estudados estão depositados na Coleção Entomológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Belém, PA.

BricelochloropscelutaeCarvalho-Filho & Esposito, sp. nov. (Figs 1-8)




Cabeça (Figs 1-3). Fronte projetada para frente dos olhos, amarelo-escura, cerdas orbitais numerosas e esparsas, cerdas verticais externas e ocelares perdidas. Triângulo frontal estreito terminando em ápice truncado na região anterior da fronte, de coloração geral amarela, com uma mancha preta estreita dos ocelos ao ápice do triângulo; margens laterais da base do triângulo marrom-escuras; fileira de cerdas interfrontais alinhadas em uma fileira na margem do triângulo; região marrom-escura entre a base do triângulo e os olhos, com polinosidade dourada. Olhos pequenos e ovais, obliquamente posicionados. Parafaciália larga e enrugada. Gena e pós-gena com pelos finos e escuros. Face curta com carena facial proeminente. Clípeo desenvolvido e escuro, com polinosidade prateada. Probóscida pequena e amarela; palpos diminutos e escuros. Primeiro e segundo artículos antenais amarelos, segundo artículo com uma protuberância na superfície dorsal que se projeta sobre o terceiro artículo como aba, com uma longa cerda dorsal e fileira de pequenas cerdas na margem posterior; terceiro artículo antenal arrendodado, amarelo com a metade posterior escura, coberto com polinosidade prateada. Arista pilosa, fina e esbranquiçada, com porção basal escura.

Tórax (Fig 4). Alongado, fortemente pontuado, densamente piloso, amarelo com pubescência prateada e com cinco faixas longitudinais faixa central marrom-avermelhada com base larga e ápice estreitado; faixas medianas marrom-avermelhadas, arredondadas na região entre o calo umeral e a notopleura e alongadas no restante de seu comprimento; faixas laterais pretas e baciliformes. Calo umeral com uma mancha marrom arredondada e uma cerda umeral. Cerda dorsocentral, pós-alar anterior e posterior não diferenciadas da pilosidade do mesonoto. Escutelo revestido com pelos longos e escuros, com cerda escutelar apical e lateral indistintas. Pleura amarelada com pelos curtos e claros; mesopleura com uma mancha marrom alongada próximo da margem anterior; esternopleura com os dois terços basais marrom-escuros e com longos pelos escuros marginais; espiráculos bege. Pernas. Coxas, fêmures e tíbias amarelos com pilosidade castanha e pubescência esparsa prateada; tarsômeros marrom-claros; coxa anterior com longos pelos escuros na face anterior; fêmur mediano com uma mancha marrom-clara na face anterior, larga na região basal anterior e afunila até atingir a margem dorsal próxima ao ápice; fêmur posterior com a metade ventral marrom. Asas. Hialinas com nervuras amarelas. Halteres com tronco branco e clava marrom-clara e ápice branco.

Abdome. Alongado, marrom-claro com margens laterais dos tergitos e estrenitos amarelos, coberto com pelos finos e claros. Esternitos amarelos com pelos claros.

Terminália masculina (Figs 5-8). Epândrio largo, com muitas cerdas escuras esparsamente distribuídas; surstilos curtos, com base larga e ápice estreito, fundidos ao epândrio; mesolobo desenvolvido, bilobado e coberto com cerdas longas; pós-gonitos sobrepostos aos pré-gonitos e fundidos ao esclerito falopodérmico, pós-gonitos com margem superior interna com dentículos e cobertos com cerdas esparsas e pequenos espinhos; basifalo curto; distifalo curto e mebranoso; apódema do edeago curto, com ápice bilobado, em vista lateral.

Material-tipo. Holótipo um ♂, BRASIL: Acre, Rio Branco, 25-x a 8-xi-1991, F. Ramos, A. Henriques, I.S. Gorayeb e N. Bittencourt col., Malayse, mata de terra firme. (MPEG).

Comprimento do corpo. 8,3 mm

Fêmea. Desconhecida.

Distribuição geográfica. Brasil (Acre)

Etimologia. O epíteto específico, celutae é uma homenagem à Dra. Celuta H. M. Paganelli (ENBIO), que erigiu o gênero Bricelochlorops e fez grandes contribuições ao estudo dos Chloropidae neotropicais.

Chave para as Espécies de Bricelochlorops

1. Faixa mediana escura do tórax não dividida longitudinalmente por uma estria amarela; faixas laterais escuras contínuas (Fig 4) ..................................... Bricelochlorops celutae sp. nov.

1'. Faixa mediana escura do tórax dividida longitudinalmente por uma estria amarela; faixas laterais escuras divididas transversalmente....... Bricelochlorops peregrinus Paganelli

Urubambina rufa (Duda) (Fig 9)

Espécie-tipo, Steleocerus rufus Duda, 1930: 119. Localidade-tipo: Urubamba, Peru. (Fig 9).

Material examinado. BRAZIL: Acre, Rio Branco, 25-x a 8-xi-1991, F. Ramos, A. Henriques, I.S. Gorayeb e N. Bittencourt col., Malayse, mata de terra firme, uma fêmea (MPEG).

Distribuição geográfica. Brasil (Acre), Peru

Discussão.Urubambina rufa originalmente descrita por Duda (1930) no gênero Steleocerus, posteriormente foi transferida para Urubambina, gênero erigido por Paganelli (2002) para essa espécie. O gênero é monotípico, registrado apenas no Peru, portanto Rio Branco é um novo registro de distribuição geográfica para U. rufa. Essa espécie é facilmente distinguida de todas as outras espécies de Chloropidae pela arista larga, achatada lateralmente e lanceolada e pelo segundo artículo da antena alongado, aproximadamente tão longo quanto o terceiro artículo (Fig 9). Na descrição de Paganelli (2002), a arista é totalmente preta, entretanto, no espécime examinado, a arista é preta somente no ¼ basal, o restante é amarelo com cerdas pretas.

Agradecimentos

Ao Dr. Orlando T. Silveira, curador da coleção entomológica do MPEG, por permitir o exame do material e pelo apoio. A Terezinha Pimentel pela ajuda com as referências e pelo incentivo ao estudo dos dípteros.

Received 05/V/09.

Accepted 14/VII/09.

Edited by Roberto A Zucchi - ESALQ/USP

  • Guimarães J H, Tucci E D, Barros-Battesti D M (2001) Ectoparasitos de importância veterinária. Editora Plêiade/FAPESP, São Paulo, 213p.
  • Paganelli C H M (2002) Insecta-Diptera-Chloropidae: revisão dos gêneros neotropicais de Chloropinae (Incl. Mindidae). Fauna Amaz Bras 24: 1-101.
  • Paganelli C H M, Papavero N (2002) Insecta-Diptera-Chloropidae (Oscinellinae & Siphonellopsinae). Fauna Amaz Bras 23: 1-5.
  • Sabrosky C W (1987) Chloropidae, p.1049-1067. In McAlpine J F, Peterson B V, Shewell G E, Teskey H J, Vockeroth J H, Wood D M (eds) Manual of Nearctic Diptera. Research Branch Agriculture, Ottawa, Monograph no. 99, 1332p.
  • Sabrosky C W, Paganelli C H M (1984) Family Chloropidae, p.1-63.In Papavero N (ed) A catalogue of the Diptera of the Americas south of the United States. Departamento de Zoologia, Secretaria da Agricultura, São Paulo, 63p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Nov 2010
  • Data do Fascículo
    Out 2010

Histórico

  • Recebido
    05 Maio 2009
  • Aceito
    14 Jul 2009
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