Acessibilidade / Reportar erro

Estudos romanis (ciganos) na América Latina e no Caribe: temas emergentes e estado do campo em Argentina, Colômbia e México

Romani Studies in Latin America and the Caribbean: emerging themes and state of the field in Argentina, Colombia and Mexico

Estudios romaníes en América Latina y el Caribe: temas emergentes y el estado de la cuestión en Argentina, Colombia y México

Resumo:

Os acadêmicos brasileiros geralmente não participam do desenvolvimento dos estudos ciganos em outros países da América Latina e Caribe (ALC). Para estimular esse intercâmbio e dar a visibilidade que esses conhecimentos continentais emergentes merecem, este artigo fornece uma introdução aos estudos ciganos na região. A primeira parte do artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que realizamos entre acadêmicos em 2021 e que identificou os principais temas e preocupações nos estudos ciganos na ALC. A segunda parte oferece um retrato da área em três países onde, além do Brasil, a atividade foi mais alta: Argentina, Colômbia e México. Apresenta os principais autores de cada país, áreas de investigação e publicações-chave. Na terceira parte argumentamos que os estudos ciganos na ALC formam um campo de investigação moldado por suas próprias questões e preocupações. Esses desafiam a compreensão eurocentrista da diáspora cigana que domina os estudos ciganos no âmbito internacional, e conclamam explorações das experiências ciganas junto a outras comunidades.

Palavras-chave:
Ciganos (povos romanis) na América Latina; Estudos ciganos na América Latina; Racialização; Eurocentrismo

Abstract:

Brazilian scholars of Romani studies have not generally engaged with the field’s development in other Latin American countries and the Caribbean (LAC). To stimulate such an exchange and give this emerging continental scholarship the visibility it deserves, this article provides an introduction to Romani studies in the region. The first part of the article presents the results of a survey we conducted among scholars in 2021, which identified main themes and concerns in LAC Romani studies. The second section provides a portrait of the field in the three LAC countries aside from Brazil where the activity in the field has been the highest: Argentina, Colombia, and Mexico. It introduces each country’s main authors, areas of inquiry, and key publications. In the third section, we argue that LAC Romani studies is an emergent field of inquiry shaped by its own questions and concerns. It challenges the Europe-centric understanding of the Romani diaspora that dominates the field internationally and calls for an exploration of Romani experiences alongside other communities.

Keywords:
Romanies in Latin America; Romani studies in Latin America; Racialisation; Europecentrism

Resumen:

Los estudiosos brasileños no suelen estar comprometidos con el desarrollo de los estudios romaníes en otros países de América Latina y el Caribe (ALC). Para estimular este intercambio y dar a esta línea de investigación continental emergente la visibilidad que merece, este artículo ofrece una introducción a los estudios romaníes en la región. La primera parte del artículo presenta los resultados de una encuesta que realizamos entre académicos en 2021 y que identificó los principales temas y preocupaciones en los estudios romaníes de ALC. La segunda sección ofrece un retrato del campo en tres países donde, además de Brasil, la actividad ha sido mayor: Argentina, Colombia y México. Presentamos los principales autores, las áreas de investigación y las principales publicaciones de cada país. En la tercera sección, argumentamos que los estudios romaníes de la ALC son un campo de investigación emergente conformado por sus propias preguntas y preocupaciones. Este desafía la comprensión eurocéntrica de la diáspora romaní que domina el campo a nivel internacional y reclama la exploración de las experiencias romaníes junto a otras comunidades.

Palabras clave:
Gitanos en América Latina; Estudios sobre los gitanos en América Latina; Racialización; Eurocentrismo

Introdução2 2 Gostaríamos de agradecer a todos que responderam à nossa pesquisa e, especialmente, a Esteban Acuña Cabanzo e Matías Domínguez que, generosamente, compartilharam conosco seus conhecimentos sobre os estudos ciganos na Colômbia e na Argentina, respectivamente. A preparação deste artigo foi apoiada pelo Prêmio Lumina Quaeruntur, da Academia Tcheca de Ciências (LQ300582201).

Na América Latina e no Caribe (ALC), os estudos ciganos (estudos romanis) continuam sendo uma área de interesse acadêmico pouco desenvolvida. Em alguns países, incluindo o Brasil, onde o número de pesquisadores vem aumentando gradativamente, esta área ganhou vida nos últimos anos. No geral, no entanto, os estudos ciganos na ALC permanecem fragmentados, pouco institucionalizados e rudimentares. Até o momento, o campo não gerou nenhum debate relevante que envolvesse vários pesquisadores. Não há departamentos de estudos ciganos, nem periódicos, e existem apenas algumas poucas publicações em forma de livro. Apenas um número limitado de acadêmicos mantém contato com acadêmicos na Europa. Acadêmicos estrangeiros que realizaram pesquisas (especialmente para sua graduação) na região, frequentemente vêm da Europa Centro-Oriental (por exemplo, Polônia, Romênia, República Tcheca, Eslováquia). Eles e elas são, sem dúvida, inspirados pela presença e posição social dos ciganos em seus próprios países. Em geral, no entanto, os estudos ciganos na ALC têm se desenvolvido independentemente dos estudos ciganos europeus e norte-americanos. Os acadêmicos da ALC que trabalham nesse campo atuam então em certo isolamento, muitas vezes, desconhecendo até mesmo o trabalho realizado em outros países da ALC.

Apesar dessas inconveniências, o número de publicações, conferências, teses e dissertações na área tem aumentado constantemente em toda a região (Ferrari e Fotta 2014Ferrari, Florencia, Martin Fotta. 2014. Brazilian Gypsiology: a view from anthropology. Romani Studies 24 (2): 111-37. https://doi.org/10.3828/rs.2014.6.
https://doi.org/10.3828/rs.2014.6...
; Galletti 2021bGalletti, Patricia Cecilia. 2021b. Lo romaní-gitano en la órbita antropológica. Inicios y perspectivas en el campo de estudios hispanoamericanos. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 80-92.). Diferentemente da Europa ou da América do Norte, a agenda de pesquisa foi fortemente moldada pela participação de acadêmicos de ascendência cigana, que desafiaram o olhar colonial e modos de representação dominantes e exigiram que os pesquisadores e pesquisadoras prestassem mais contas às comunidades com as quais trabalham. Também há um esforço incipiente para fazer com que estudiosos de todo o continente conversem entre si.

Este artigo é uma primeira tentativa de oferecer uma visão abrangente desta área de pesquisa emergente. O artigo mostra que o campo dos estudos ciganos na ALC é moldado por suas próprias preocupações e levanta suas próprias questões. A primeira parte apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em 2021 entre acadêmicos da ALC que atuam na área. A segunda parte apresenta os principais autores, temas e obras de três países onde a atividade acadêmica tem sido mais elevada: México, Argentina e Colômbia. A última parte argumenta que o foco nas vidas, experiências e histórias ciganas na ALC traz novos olhares para a compreensão da diáspora cigana, interrompendo um foco predominante na Europa através do qual a história da diáspora cigana moderna é habitualmente contada. Também destaca a natureza contextual da racialização dos grupos ciganos.

Estudos ciganos na América Latina e no Caribe – um levantamento

Sobre o levantamento

A fim de obter uma visão geral dos estudos ciganos na ALC realizamos, no início de 2021, um levantamento entre pesquisadores que haviam publicado trabalhos acadêmicos sobre os ciganos dessas regiões. Identificamos uma produção acadêmica em 9 dos 33 países da ALC: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru e Uruguai. Em muitos outros países, especialmente, na América Central e no Caribe, ainda não é claro se realmente existem comunidades ciganas. Em alguns casos — Peru, Cuba, Uruguai e Equador — encontramos referências apenas a trabalhos de pesquisadores individuais (vide, por exemplo, Balsechi 2005Balsechi, Elisa D. 2005. Soy gitano, soy diferente: Je suis Gitan, je suis différent. Etudes tsiganes 23: 139-57.; Pardo-Figueroa Thays 2013Pardo-Figueroa Thays, Carlos. 2013. Gitanos en Lima: historia, cultura e imágenes de los rom, los ludar y los calé peruanos. Lima: Pontificia Universidad Católica del Perú.; Salinas 1988Salinas, Nelly. 1988. Religiosidad entre los Rom Montenegrinos de Uruguay. La Palabra y el Hombre 68: 108-14.; Villota Mera 2019Villota Mera, Jesús E. 2019. Efectos de las interacciones interétnicas en las relaciones de género de la kumpania de gitanos en Quito. Revista interdisciplinaria de estudios de género de El Colegio de México 5: e358. https://doi.org/10.24201/eg.v5i0.358.
https://doi.org/10.24201/eg.v5i0.358...
). Portanto, como avaliação geral, podemos dizer que, quando comparado à Europa ou à América do Norte, o número de estudiosos trabalhando nessa região permanece baixo.

Enviamos e-mail para 57 acadêmicos, dos quais 24 completaram o questionário; alguns e-mails voltaram, alguns acadêmicos não estão mais ativos na área ou tiveram outros motivos para não responder. Dos respondentes, 20 trabalham e vivem na América Latina, principalmente, no Brasil (9) e na Argentina (6). A maioria (15) identificou a antropologia como sua principal disciplina, seguida pela história (4). Pedimos aos participantes da pesquisa que resumissem suas trajetórias profissionais e de trabalho; que listassem os trabalhos acadêmicos mais importantes; que descrevessem a arte cigana em seus países; e que nos dessem suas opiniões quanto aos estudos ciganos na ALC.

A amostra deste levantamento não foi construída de maneira representativa. Para identificar potenciais respondentes, baseamo-nos no nosso próprio conhecimento e nas bases de dados disponíveis. Também pedimos a alguns colegas para acrescentarem outros nomes à nossa lista. O questionário estava disponível em três línguas: português, espanhol e inglês. Ainda assim, as respostas nos permitiram obter uma visão geral e fazer um balanço sobre esta área em toda a região. Devemos destacar aqui uma solução autoral específica que adotamos neste artigo: ao longo deste artigo, citamos literalmente respostas que ilustram percepções mais gerais, colocando-os “entre aspas”, mas sem outras referências (a fim de não quebrar o fluxo e repetir “Anônimo”).

Este levantamento pode fornecer apenas retratos instantâneos de um desenvolvimento mais amplo e não pode substituir um diálogo mais sustentado. No entanto, acreditamos que fornece uma visão geral útil tanto para pesquisadores experientes quanto para os principiantes.

Principais temas nos estudos ciganos na ALC

Perguntamos aos respondentes sobre os tópicos nos quais trabalhavam e os quais associavam aos estudos ciganos na ALC. Agrupamos esses temas em sete áreas:

(1) Cultura e identidade (incluindo resistência cultural);

(2) Relações estado-minorias (incluindo reconhecimento étnico-cultural e política de direitos humanos);

(3) Discriminação e estereótipos raciais e culturais;

(4) Relações interétnicas (incluindo interculturalismo e conflitos étnicos);

(5) Migração e mobilidade (incluindo circulação profissional e translocal, e pertencimento);

(6) Educação e escolaridade;

(7) Linguagem e linguística (incluindo fonologia e contato linguístico).

Estas áreas podem ser consideradas de interesse primordial para os entrevistados, que também listaram várias publicações relacionadas a elas. Muitos outros tópicos importantes são menos desenvolvidos, incluindo memória, economia, gênero ou religião; o que não significa que nenhuma pesquisa foi feita nestas áreas. Por exemplo, o pentecostalismo é uma das áreas de interesse na Argentina e no México.

O sétimo tema – linguagem e linguística – é específico principalmente do Chile, México e Colômbia, onde a maioria da pesquisa linguística tem sido feita até o momento. Em outros países, a linguística romani é apenas incipiente ou inexistente (vide, por exemplo, Ferrari e Fotta 2014Ferrari, Florencia, Martin Fotta. 2014. Brazilian Gypsiology: a view from anthropology. Romani Studies 24 (2): 111-37. https://doi.org/10.3828/rs.2014.6.
https://doi.org/10.3828/rs.2014.6...
, 120). Uma série de estudos sobre línguas dos ciganos xoraxanés chilenos por Gastón Salamanca e seus colegas é provavelmente o conjunto de trabalhos linguísticos mais importante sobre a língua romani na América Latina (por exemplo, Lizarralde e Salamanca 2017Salamanca, Gastón. 2017. Morfología del rromané en una canción (llilí) y dos cuentos tradicionales gitanos (paramíchura). O Tchatchipen: lil ada trin tchona rodipen romani/Revista trimestral de investigación gitana 97: 43-53.; Salamanca 2017Salamanca, Gastón. 2017. Morfología del rromané en una canción (llilí) y dos cuentos tradicionales gitanos (paramíchura). O Tchatchipen: lil ada trin tchona rodipen romani/Revista trimestral de investigación gitana 97: 43-53.; Salamanca e González 1999Salamanca, Gastón e Alvaro González. 1999. Gitanos de Chile: un acercamiento etnolingüístico. Atenea: Revista de ciencias, artes y letras 480: 141-78.). Além de uma análise sólida da gramática e semântica xoraxané, este trabalho também fornece valiosas descrições etnográficas (vide também Irizarri 2021Irizarri, Pablo. 2021. Chilští Romové ze skupiny Chorachane: etnografické poznámky lingvisty. Romano džaniben 28, 2: 31-55.).

Problemas e desafios

Os respondentes argumentaram que, apesar do aumento do interesse pelos estudos ciganos nos últimos anos, pesquisas rigorosas ainda eram raras. Um historiador observou que um dos maiores desafios tem sido a falta de “pesquisa arquivística sólida”. Na etnografia, foram relatados problemas semelhantes. Uma antropóloga elaborou a seguinte colocação: “Acho que os estudos sobre os ciganos no Brasil carecem do desenvolvimento de etnografias mais robustas e precisam dialogar com as teorias antropológicas contemporâneas”. Outros sugeriram que, muitas vezes, era dada demasiada credibilidade a entrevistas individuais, usadas depois para extrapolar, digamos, a história da migração familiar ou relações interétnicas locais. Uma maior triangulação era raramente feita — por meio de pesquisa de arquivo, trabalho de campo etnográfico ampliado ou comparações com a literatura de estudos ciganos existente — que ajudaria a contextualizar uma percepção qualquer.

Um obstáculo para o maior desenvolvimento dos estudos ciganos na região revelado pela pesquisa é o baixo número de pesquisadoras e pesquisadores ativos e nenhum centro real de estudos ciganos. Tradicionalmente, a pesquisa em ciências sociais e humanas na região tem focado em outros grupos e ainda há necessidade de aumentar a visibilidade dos estudos ciganos e promover de uma forma mais ampla o reconhecimento, por parte da sociedade, da presença cigana. Relacionado a isso, um desafio relativamente intransponível, compartilhado pelas ciências sociais e humanas, em geral, é a falta de financiamento para pesquisas e outras atividades acadêmicas. Isso significa que, apesar das melhorias nas últimas décadas, pesquisas originais sólidas aparecerão apenas esporadicamente nos próximos anos.

Na maioria das vezes, o desenvolvimento dos estudos ciganos na região prossegue sem envolver debates mais amplos no âmbito das ciências sociais e humanas. Também raramente se envolve em trabalhos dos estudos ciganos internacionais; sendo a produção mexicana uma exceção notável (veja a seguir). Isso bloqueia a recepção de alguns desenvolvimentos importantes. Por um lado, o isolamento dos acadêmicos continua, devido às barreiras linguísticas. Com poucas exceções, os estudiosos não se envolvem com a literatura produzida na Europa (escrita em inglês ou francês, muito menos em tcheco ou húngaro). Segundo as respostas, estudiosos da América do Sul de língua espanhola dificilmente leem trabalhos dos brasileiros, em português, e vice-versa. Além disso, muitos trabalhos foram publicados por jornais locais de baixa circulação ou em pequenos periódicos universitários. Esta situação mudou, certamente, graças à disseminação das publicações eletrônicas. No entanto, os respondentes reconheceram que, segundo um deles, “en general lo que falta es dejar de trabajar cada quien por su cuenta, en silos nacionales o de lenguajes específicos” e os estudiosos terminam como que “reinventando la rueda cada vez que se escribe una publicación”.

De acordo com muitos respondentes, o status dos estudos ciganos na região poderia ser aprimorado com a criação de uma rede acadêmica regional. Isso permitiria conhecer o trabalho que está sendo realizado em diferentes países e em diferentes idiomas. Um entrevistado brasileiro resumiu os desafios que estão diante dos estudiosos da ALC da seguinte maneira: “precisamos primeiramente criar uma rede de pesquisa latino-americana, que praticamente não existe. Depois entrar em discussão constante com pesquisadores norte-americanos e europeus. Poucos pesquisadores brasileiros conseguem fazer isto por enquanto, desafortunadamente.”

Perfis dos países

A maioria dos participantes da pesquisa foi do Brasil e da Argentina. Isso não é surpreendente, uma vez que, com o México e a Colômbia, a maioria das pesquisas se concentra nas comunidades ciganas que vivem nesses quatro países. Visto de uma perspectiva regional, os estudos ciganos (e o ativismo cigano) nesses países são os mais desenvolvidos. Nesta seção, delineamos brevemente a área dos estudos ciganos na Argentina, Colômbia e México. Uma vez que este artigo está voltado principalmente para o público brasileiro e que já existe uma visão geral dos estudos ciganos brasileiros (por exemplo, Ferrari e Fotta 2014Ferrari, Florencia, Martin Fotta. 2014. Brazilian Gypsiology: a view from anthropology. Romani Studies 24 (2): 111-37. https://doi.org/10.3828/rs.2014.6.
https://doi.org/10.3828/rs.2014.6...
), o Brasil não está incluído aqui.

Argentina

Na Argentina, o número de pesquisadores e pesquisadoras, bem como o número de publicações, vêm aumentando constantemente. O envolvimento ativo de autores e autoras ludar e roma tem sido um diferencial dos estudos ciganos argentinos. Jorge Nedich e Jorge Bernal são os mais conhecidos nacional e internacionalmente. Bernal é um ativista também interessado em linguística e tradição oral. Sua obra mais importante é a antologia bilíngue Historias, leyendas y tradiciones gitanas (2014). Nedich é provavelmente o escritor cigano mais conhecido da América Latina. Escreveu muitos contos e romances, como El aliento negro de los romaníes (2004) e El alma de los parias (2010). A obra de Nedich foi analisada, na sua tese, pela poeta e literária argentino-brasileira Voria Stefanovsky (Paula Soria), creditada como a primeira mulher cigana a obter um doutorado na América Latina (Soria 2015Soria, Ana Paula C.B. 2015. “Juncos ao vento”: literatura e identidade romani (cigana). El alma de los parias, de Jorge Nedich. Tese em Literatura, Universidade de Brasília.; ver também Stefanovsky 2020Stefanovsky, Voria. 2020. La literatura romaní: una escritura de reconstrucción. In Ästhetik(en) der Roma, organizado por Marina O. M. Hertrampf e Kirsten von Hagen, 119-45. München AVM.).

As autoetnografias de autores e autoras ciganos são também notáveis, pois fornecem relatos em primeira mão sobre a vida em diferentes grupos ciganos. A autora mais prolífica é Perla Migueli que publicou Los Gitanos. Orígenes, vida y costumbres (1991) e que também explorou temas como esoterismo e música. Outros trabalhos notáveis são de Ana Perla Miguel (2013)Miguel, Ana Perla. 2013. Los Gitanos. Origen, vida y costumbres. Córdoba: Tinta Libre., Juan Cristo Elías (2003)Ferrari, Florencia, Martin Fotta. 2014. Brazilian Gypsiology: a view from anthropology. Romani Studies 24 (2): 111-37. https://doi.org/10.3828/rs.2014.6.
https://doi.org/10.3828/rs.2014.6...
e um Glossário romani (2021Traico, Juan Carlos. 2021. Diccionario de la lengua gitana: para la gloria de Dios. Mendoza: Tinta de Luz.), de Juan Carlos Traico.

A pesquisa relacionada a ciganos concentra-se principalmente em Buenos Aires e sua região metropolitana. A dissertação de Matías Domínguez (2022)Domínguez, Matías. 2022. Tramas de resistencia. La identidad gitana/romani en Buenos Aires: transformaciones socioculturales entre lo global y lo local. Tese em Antropologia, Universidad de Buenos Aires. é sem dúvida a mais abrangente. Com base em dez anos de pesquisa, ele discute o pertencimento étnico e a memória dentre três povos ciganos que vivem na região metropolitana de Buenos Aires. No escopo, a publicação mais ambiciosa é o trabalho do historiador amador Alberto Sarramone, cujo livro Gitanos (2007Sarramone, Alberto. 2007. Gitanos: historia, costumbres, misterio y rechazo. Azul: Biblos Azul.) se baseia em relatos orais de primeira mão e fontes secundárias para discutir vários aspectos da vida cigana na Argentina e na América Latina.

Quanto a temas, as três grandes áreas de pesquisa são (1) educação e infância, (2) história (especialmente migração do final do século 19 e início do século 20) e (3) religiosidade. Na área de educação, o trabalho de Rolando Bel (2009) concentra-se na província centro-oeste de Neuquén, o de María Agustina Romero (2015)Romero, María Agustina. 2015. La escritura alfabética en comunidades orales. Revista científica de estudios literarios y lingüísticos 2: 367-74., na província nortenha de Jujuy e, o de Omar Ferretti, na província de Santa Fé, onde coordenou o projeto “Derribando Muros”. Outras acadêmicas interessadas em pedagogia são Marisa Calcagno e Marcela Fumiere. A historiadora polonesa Aleksandra Pudliszak (2010Pudliszak, Aleksandra. 2010. Gypsyness at stake. Identity politics in Buenos Aires. Tsiganologische Mitteilungen, Dossiê, Papers Networking III: 2-10., 2012Pudliszak, Aleksandra. 2012. The dangerous strangers. Gypsies, pimps & anarchists in the formation of modern Argentina. RAI2012: Anthropology in the World. Royal Anthropological Institute. British Museum Centre for Anthropology. London.) realizou a mais sólida pesquisa arquivística sobre rotas e políticas migratórias. Com base no trabalho dela e na história oral, o historiador cigano espanhol Rafael Buhigas Jiménez (2021aJiménez, Rafael Buhigas. 2021a. Reminiscencia española o sentimiento argentino en los gitanos caló de Buenos Aires: aproximación etnográfica a la relación entre transformación identitaria y residencia en el espacio. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 118-32., 2021bJiménez, Rafael Buhigas. 2021b. La inmigración gitana ‘oficial’ a la Argentina a través del caso de migrantes Rom por vía marítima entre 1911 y 1947. International Journal of Roma Studies 3 (3): 216-42. https://doi.org/10.17583/ijrs.9220
https://doi.org/10.17583/ijrs.9220...
) concentrou-se principalmente na migração dos calé desde a Espanha. O pentecostalismo é outro importante foco de interesse (por exemplo, Carrizo 2011Carrizo-Reimann, Agustina. 2011. The forgotten children of Abraham: iglesia evangélica misionera bíblica Rom of Buenos Aires. Romani Studies 21 (2): 161-76. https://doi.org/10.3828/rs.2011.7.
https://doi.org/10.3828/rs.2011.7...
; Cichowicz 2013Cichowicz, Ana Paula C. 2013. Jesus era um bom cigano! As histórias bíblicas rom kalderash e a interface entre a romanicidade e o evangelismo. Dissertação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina.; Royo 2018Royo, Francisco J. J. 2018. Los más gitanos del mundo. Transnacionalismo etno-religioso, liderazgo y política en la iglesia filadelfia. Tese em Antropologia, Universidad de Sevilla.). Existe também uma pesquisa linguística incipiente (por exemplo, Barría Elgueta e Salamanca 2014Barría Elgueta, Pamela e Gastón Salamanca Gutiérrez. 2014. Fonemas segméntales del rromanés hablado por los gitanos grecos de Neuquén (Argentina). Literatura y lingüística 29: 272-93. https://doi.org/10.4067/S0716-58112014000100016.
https://doi.org/10.4067/S0716-5811201400...
; Bernal 1987aBernal, Jorge. 1987a. Parlate zingare in Argentina. Lacio Drom 23 (6): 18-9., 1987bBernal, Jorge. 1987b. Influenza del Lunfardo e della lingua populare nei dialetti Kalderas d’Argentina. Lacio Drom 23 (6): 19-20.; Salamanca 2002Salamanca, Gastón. 2002. Fonemas segmentales del ‘ludar’, lengua hablada por un grupo gitano de Argentina. Revista de filología y lingüística de la Universidad de Costa Rica, 28 (1): 9-135. https://doi.org/10.15517/rfl.v28i1.4506.
https://doi.org/10.15517/rfl.v28i1.4506...
).

Em geral, o campo de estudos ciganos argentino permanece fragmentado, embora alguns estudiosos tenham tentado consolidá-lo e dar-lhe uma agenda mais coerente. O esforço mais significativo foi “Cátedra Libre de Estudios Gitanos” (2018), um simpósio organizado por um coletivo de acadêmicos e ativistas ciganos e não ciganos, entre eles Juan Carlos Radovich, Carlos Reinoso, Matías Domínguez, Jorge Emilio Nedich, Voria Stefanovsky e David Lagunas, na Universidade de Buenos Aires. Mais recentemente, Patricia Galleti contribuiu para esse esforço editando, dentre outras coisas, um número de Etnografías contemporáneas (2021a). Esta edição especial é importante porque esculpe um quadro comparativo hispano-americano mais amplo no qual se pode colocar a história cigana.

Colômbia

O processo de reconhecimento étnico dos ciganos na Colômbia ocorreu na década de 1990 graças ao forte movimento associativo cigano. Este movimento continua a moldar os estudos ciganos colombianos (por exemplo, Gómez Fuentes 2000Gómez Fuentes, Venecer, Juan Carlos Gamboa Martínez, e Hugo A. Paternina Espinosa. 2000. Los Rom de Colombia: itinerario de un pueblo invisible. Colección “O Lasho Drom N0.2”. Bogotá, D. C.: Proceso organizativo del pueblo Rom (Gitano) de Colombia.; Prorom 2005Prorom. 2005. Tras el rastro de Melquíades: memoria y resistencia de los rom de Colombia. Colección “O Lasho Drom” N0.4. Bogotá, D.C.: Proceso Organizativo del Pueblo Rrom (gitano) de Colombia.) a tal ponto que podemos dizer que a maior contribuição metodológica colombiana para os estudos ciganos na ALC é a pesquisa participativa.

O movimento associativo cigano tem sido liderado por intelectuais ciganos, como Ana Dalila Gómez Baos e Venecer Gómez Fuentes,3 3 Outros importantes ativistas-estudiosos ciganos são Ana Milena Gómez Fuentes e Diego Alejandro Gómez Gómez. com o apoio dos aliados não ciganos Juan Carlos Gamboa Martínez e Hugo Paternina Espinosa. O trabalho de Gómez Baos, ativista e política, é particularmente digno de nota. Seu livro Le paramjei (paramichi) le rromenqe kai besen akana and-o Bogotá (2008) recupera histórias orais, lendas e mitos da kumpanya de Bogotá.4 4 Kumpanya (kumpania ou kumpanija) “é uma palavra da língua Romani que significa um grupo de ciganos que têm relações econômicas e estão organizados em uma base residencial; um agrupamento de famílias não necessariamente unidas por laços de parentesco, mas todas pertencentes ao mesmo grupo e ao mesmo subgrupo, ou a subgrupos relacionados”. Tchileva, Druzhemira. 2004. Emerging Romani voices from Latin America. European Roman Rights Centre, 27 May 2004. Acessado em 27 dez. 2022. https://bit.ly/3Z443hJ. Instituições públicas encarregaram este grupo de acadêmicos e ativistas, endossados pelo Proceso Organizativo del Pueblo Rom de Colombia (Prorom) e Unión Romaní, de relatar o acesso dos ciganos a serviços públicos em diferentes contextos.5 5 Uma série de livros foi publicada pela Alcaldía Mayor de Bogotá, Dirección de poblaciones del Ministerio de Cultura e pelo Departamento Administrativo Nacional de Estadística entre 1999 e 2011. O Prorom também vem colaborando com diferentes grupos da ALC no Equador e na Argentina. Esses grupos participaram em 2000 da “Conferencia contra el Racismo y la Xenofobia” em Quito com a Asociación Nacional del Pueblo Rom del Ecuador, o que levou à organização do “Congreso Rom de las Américas” no México em 2005.

Os pesquisadores e as pesquisadoras de origem europeia também ficaram intrigados com esses processos de política e reconhecimento étnicos e a singularidade do movimento associativo cigano colombiano. Eles compararam, implícita ou explicitamente, esses processos com as experiências europeias. A maioria desses acadêmicos estava associada à Universitat Autònoma de Barcelona. Koen Peeters Grietens (2004), supervisionado por Teresa San Román (uma etnógrafa pioneira dos gitanos espanhóis), examinou as relações de diferentes grupos ciganos com as sociedades majoritárias. Em sua tese de doutorado, Anna Mirga-Kruszelnicka, uma acadêmica e ativista polonesa romani, comparou a mobilização étnica cigana na Espanha e na Colômbia, expandindo posteriormente a comparação à Argentina (Mirga-Kruszelnicka 2022Mirga-Kruszelnicka, Anna. 2022. Mobilizing Romani ethnicity: Romani political activism in Argentina, Colombia and Spain. Budapest: CEU Press.). Seu orientador de doutorado, Bálint-Ábel Bereményi (2007)Bereményi, Bálint Ábel. 2007. Relaciones y experiencias de los gitanos y los rom con la escuela. Una aproximación comparativa. Perifèria. Revista d’investigació i formació en Antropologia 6 (1): 1-25. https://doi.org/10.5565/rev/periferia.167.
https://doi.org/10.5565/rev/periferia.16...
comparou as práticas educacionais espanholas e colombianas.

No contexto dos debates sobre o processo de paz colombiano, justiça transformadora e multiculturalismo, o sistema Kriss de adjudicação e solução de conflitos é outro assunto que chama atenção acadêmica (por exemplo, Cardona Fajardo 2000Fajardo, Luis Alfonso. 2000. La kriss, justicia comunitaria gitana: una opcion para la paz en colombia. Pensamiento Jurídico 12. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/peju/article/view/39235. Acesso em: 11 abr. 2023.
https://revistas.unal.edu.co/index.php/p...
; Venegas e Gamboa Martínez 2008Venegas, Claudia A. Rojas e Juan Carlos G. Martínez. 2008. La Kriss Romaní como sistema jurídico transnacional. Íconos. Revista de Ciencias Sociales 31: 43-55.; Reyes Albarracín e Gómez-Montañez 2021Reyes Albarracín, Fredy, e Pablo Felipe Gómez-Montañez. 2021. Víctimas y justicia: reflexiones sobre el Pueblo Rromaní de Colombia. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 184-210.). Na área de linguística, o antropólogo teuto-mexicano Juan A. Hasler publicou vários artigos (1970Hasler, Juan. 1970. Los gitanos o ‘húngaros’. Boletín del Instituto de Antropología III 12: 45-81., 1984Hasler, Juan. 1984. Vocabulario etimológico de los boločok suramericanos. Lingüística y Literatura 7: 53-67.) baseados não apenas em suas pesquisas na Colômbia, mas, também, no México e no Chile. Oscar António Caballero (2012)Caballero Rodríguez, Oscar A. 2012. La sílaba del rromanés bolochók de Cúcuta, Colombia. Forma y Función 25 (2): 265-83. https://doi.org/10.1590/S0102-44502012000200001.
https://doi.org/10.1590/S0102-4450201200...
, que realizou pesquisas entre os ciganos “bolochoc”, descreveu a fonologia da língua romani. A tese de doutorado de Katharina Deman (2005)Deman, Katharina. 2005. Untersuchung zur Grammatik der Romani-Varietät der Kumpanja in Bogotá/Kolumbien. Tese em Lingüística, Universität Graz, Aústria. analisou a gramática do dialeto vlach falado em Bogotá. Na área de sociolinguística, Víctor Villa Mejía (1986)Villa, Víctor. 1986: Sobre el bilingüismo diglósico de los gitanos de Santa María. Glotta 1 (2): 18-23. examinou o bilinguismo e as estratégias discursivas entre as ciganas videntes em Medellín.

Dois temas inovadores de pesquisa que surgiram nos últimos anos estão ligados ao conceito de território, que está sendo explorado por Mariana Mendoza, e a ideia de famílias ciganas como “grupos étnicos” desenvolvida por Esteban Acuña Cabanzo. Acuña Cabanzo obteve seu doutorado na Universidade de Freiburg (2019a)Acuña Cabanzo, Esteban. 2019a. Tracing the Romani Atlantic: an ethnography of translocal interconnections and mobilities among Romani groups. Tese em antropologia, Universität Freiburg., e seu trabalho aborda desde a discussão da visibilidade étnica dos ciganos (2021) até o tema do Atlântico romani (2019b), mantendo um constante diálogo com acadêmicos e organizações na Europa. Graças a isso, ele é provavelmente o estudioso da América Latina mais conhecido entre aqueles cuja língua de trabalho não é o espanhol.

México

O interesse pelos povos ciganos mexicanos não é novo. O explorador norueguês Carl Lumholtz indagou sobre a presença deles durante uma viagem ao oeste de Sierra Madre no México em 1902. Seu México desconhecido (1903Lumholtz, Carl. 1903. Unknown Mexico; a record of five years’ exploration among the tribes of the western Sierra Madre; in the tierra caliente of Tepic and Jalisco; and among the Tarascos of Michoacan. Cambridge: Cambridge University Press.) foi escrito em um estilo que se assemelha mais a um diário de viagem do que a uma etnografia. Depois disso, não há publicações acadêmicas conhecidas até a dissertação de mestrado (1962) e a tese de doutorado (1970) de David W. Pickett. De fato, os trabalhos de Pickett foram as primeiras e, durante décadas, as únicas publicações acadêmicas profissionais relacionadas aos ciganos na América Latina. Décadas depois, as atividades de dois antropólogos – Neyra Patricia Alvarado Solís (El Colegio de San Luis) e David Lagunas (Universidade de Sevilha) – foram fundamentais para o renovado interesse e a expansão dos estudos ciganos mexicanos. Por exemplo, em 2010, eles organizaram o simpósio “Gitanos de México: un acercamiento a la diversidad”. Atualmente, entre outras atividades, Alvarado Solís coordena o projeto de pesquisa Gitanos de México.6 6 Gitanos de México. Hypoteses, s/f. Acessado em 27 dez. 2022. https://gitanosdemex.hypotheses.org. O trabalho de Lagunas se concentra em grupos calé da Espanha, México e Argentina, enquanto Alvarado Solís publicou extensamente sobre os ludar, e, mais recentemente, reconstruindo a história de sua migração (Alvarado Solís 2022Alvarado Solís, Neyra P. 2022. Geografías transatlánticas de “gitanos” de México. Revista de El Colegio de San Luis 12 (23): 1-25. https://doi.org/10.21696/rcsl122320221431.
https://doi.org/10.21696/rcsl12232022143...
).

Quanto a disciplinas, a maioria das contribuições acadêmicas está relacionada à antropologia cultural e social, linguística ou etnohistória. Na área de linguística, o trabalho de pesquisa e supervisão de Evangelia Adamou (CNRS, França) desempenha um papel proeminente (por exemplo, Adamou 2013Adamou, Evangelia. 2013. Replicating Spanish estar in Mexican Romani. Linguistics 51 (6):1075-1105. https://doi.org/10.1515/ling-2013-0045.
https://doi.org/10.1515/ling-2013-0045...
; Padure et al. 2018Padure, Cristian, Stefano de Pascale, e Evangelia Adamou. 2018. Variation between the copula si ‘to be’ and the l-clitics in Romani spoken in Mexico. Romani Studies 28 (2): 263-92. https://doi.org/10.3828/rs.2018.11.
https://doi.org/10.3828/rs.2018.11...
). O linguista romeno Cristian Padure (2020)Pădure, Cristian T. 2020. La variation copule/clitique sujet en romani du Mexique au contact de ser et estar de l’espagnol. Bucharest: Bucharest University Press., um dos alunos dela, e Michael Swanton (2014) também publicaram na área. O tcheco Ivo Buzek explorou a presença de estrangeirismos oriundos do romani no espanhol mexicano (por exemplo, Buzek 2010Buzek, Ivo. 2012. Presencia del léxico de origen gitano en las variedades latinoamericanas del español: el caso del español de México y su caló. Ètudes romanes de Brno 33 (2): 201-20.). Na antropologia social, um tópico de pesquisa proeminente tem sido o pentecostalismo cigano, analisado de uma forma mais significativa por Štěpán Ripka7 7 Ripka, Štěpán. 2007. Informe de avances de investigación: gitanos pentecostales en México. Relatório. Acessado em 27 dez. 2022. https://www.aecgit.org/downloads/documentos/356/gitanos-pentecostales-en-mexico-stepan-ripka-2007.pdf. (2008Ripka, Štěpán. 2008. Romský letniční sbor v Kánchi, Mexiko. Romano džaniben 15 (3): 71-97. em tcheco, 2007 em espanhol) e Hector Muskus (2012)Muskus Guardia, Héctor I. 2012. Los Roma del centro occidente de México: religión pentecostal y organización social. Dissertação em Antropologia Social, El Colegio de San Luis.. Outro tópico tem sido a indústria do entretenimento — cinema e circo itinerantes (por exemplo, Alvarado Solís 2018Alvarado Solís, Neyra P. 2018. El espectáculo de los niños ludar ‘gitanos’ de México. In Infancias mexicanas contemporáneas en perspectiva, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, Élodie Razy, e Salvador Pérez Ramírez, 67-85. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.; Campos e García 2007Campos Cabello, Ruth e Antonio García Romero. 2007. Piel de carpa: los gitanos de México. Jaén: Alcalá.; Pérez e Armendáriz, 2001Pérez Romero, Ricardo, e Lorenzo Armendáriz. 2001. La lumea de noi: memorias de los ludar de México. Nuestra gente. México: Conaculta-Fonca.; Pickett 1962Pickett, David Wayne. 1962. Prolegomena to the study of Gypsies in Mexico. Dissertação em Antropologia, Syracuse University.). Alvarado Solís realizou pesquisas sobre a infância entre os ludar (Alvadaro Solís 2018Alvarado Solís, Neyra P. 2018. El espectáculo de los niños ludar ‘gitanos’ de México. In Infancias mexicanas contemporáneas en perspectiva, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, Élodie Razy, e Salvador Pérez Ramírez, 67-85. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.). Fernanda Baroco (2014)Baroco Galvéz, Fernanda M. 2014. La otredad invisible. estrategias culturales de los gitanos en España y la nueva España siglos XVII-XVIII. Dissertação em Etnohistória, Escuela Nacional de Antropologia y Historia. e Mariana Sabino Salazar (2013Sabino Salazar, Mariana. 2013. La población romaní, del Asia a México. ¿Brujas, vagos y bandidos? Dissertação em História, Benemérita Universidad Autónoma de Puebla., 2020)Sabino Salazar, Mariana. 2020. El proceso inquisitorial a María de la Concepción ‘de nación Gitana’ (1668-1680). In Nombrar y circular, “gitanos” entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, 165-83. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis. foram pioneiras na exploração da história colonial e atlântica, enquanto Sol-Ho Morales Muñoz (2020)Morales Muñoz, Sol-Ho. 2020. La mujer romaní, la gitana y la construcción de la alteridad. In Nombrar y circular, “gitanos” entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, 211-36. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis. se preocupou com a feminilidade cigana, especialmente, com a relação das mulheres com as práticas divinatórias. Sabino Salazar também analisou os estereótipos relacionados aos ciganos na lei (2013) e a cultura popular (2023Sabino Salazar, Mariana. 2023. The Hypersexualized Diasporic Gypsy Archetype: Carmen and Severa iterations in Mexican and Brazilian cinema (1940-1990).. Tese em Literatura e cultura ibérica e latino-americana, University of Texas at Austin.).

Vale destacar que desde Lumholz e Pickett, através das atividades de Lagunas, até os estudantes europeus trabalhando em seus projetos finais, acadêmicos estrangeiros têm contribuído constantemente para a pesquisa sobre ciganos mexicanos. Além disso, graças ao trabalho de Alvarado Solís, houve um intercâmbio contínuo com os conhecimentos europeus. Como resultado, os estudos acadêmicos no México, mais do que em qualquer outro país, vêm se desenvolvendo em diálogo com os desenvolvimentos nos estudos ciganos, em âmbito internacional. De fato, em 2019 Alvarado organizou uma conferência “Gitanos entre Europa y Las Américas. Creatividad e innovación en los procesos de inmersión, dispersión e ilegitimidad” que colocou os ciganos mexicanos em uma perspectiva comparativa e que acabou resultando no livro homônimo (Alvarado Solís 2020Alvarado Solís, Neyra P., org. 2020. Nombrar y circular, gitanos entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.).8 8 Devido ao limite de espaço, não incluímos a produção visual neste artigo. O fotógrafo mexicano Lorenzo Armendáriz, em particular, é provavelmente o mais conhecido fotógrafo latino-americano especializado na representação de ciganos. Vide, por exemplo, Armendáriz Lorenzo (2028).

Contribuição dos estudos ciganos da América Latina e do Caribe

Periferizando a Europa

Trabalhos recentes de Lagunas (2018Lagunas, David. 2018. The Spanish Gitanos of Mexico City: rhythmicity, mimesis and domestication of the Payos. Annuaire Roumain d’Anthropologie 55: 125-40., 2019)Lagunas, David. 2019. After Barth: the Mexican Calós’s lived identity. Anthropological Notebooks 25 (1): 133-50. e de Acuña Cabanzo (2019aAcuña Cabanzo, Esteban. 2019a. Tracing the Romani Atlantic: an ethnography of translocal interconnections and mobilities among Romani groups. Tese em antropologia, Universität Freiburg., 2019b)Acuña Cabanzo, Esteban. 2019b. A Transatlantic perspective on Romani thoughts, movements, and presence beyond Europe. Critical Romani Studies 2 (1): 42-60. https://doi.org/10.29098/crs.v2i1.31.
https://doi.org/10.29098/crs.v2i1.31...
reformulam os ciganos como sujeitos modernos determinados pelos mesmos processos que vêm moldando o mundo atlântico moderno. Enquanto Acuña Cabanzo examina como as metáforas de mobilidade, que impactaram a vida cigana mundialmente nos últimos 500 anos, foram moldadas pela expansão colonial, controle racial e consolidação do estado-nação, Lagunas analisa como os tropos da modernidade estão sendo assimilados na sociabilidade de kalós (calós) na Espanha e na América Latina. Trabalhos deles e de outros (por exemplo, Fotta 2020Fotta, Martin. 2020. The figure of the Gypsy (Cigano) as a signpost for crises of the social hierarchy (Bahia, 1590s–1900s). International Review of Social History 65 (2): 315-41. https://doi.org/10.1017/S0020859019000713.
https://doi.org/10.1017/S002085901900071...
; Galletti 2021cGalletti, Patricia Cecilia. 2021c. Los Gitanos como otro y como horizonte de otredad en la Hispanoamérica colonial (s. XV a XIX). International Journal of Roma Studies 3 (2): 106-30. https://doi.org/10.17583/ijrs.8527.
https://doi.org/10.17583/ijrs.8527...
) repensam o lugar dos ciganos na história da modernidade global e um enfoque na Europa que domina os estudos ciganos. Como colocou um respondente: “a história dos ciganos tem sido muitas vezes escrita a partir da Europa. Olhar para diferentes partes do mundo (incluindo a América Latina) é muito útil para entender melhor as dinâmicas sociais, culturais e espaciais.”

O que se faz necessário é reconhecer simultaneamente a diferenciação das vidas e experiências ciganas na ALC, de um lado, e as conexões e trocas entre a Europa e a ALC, do outro. Isso requer repensar como os ciganos são conceituados. Como resumiu um dos respondentes, pesquisar a presença cigana na ALC pode “abrir la perspectiva de la diáspora romaní y poner en duda que los Rom son sólo una ‘minoría europea’”. O objetivo é descentralizar a produção acadêmica e de conhecimento relacionada a ciganos, onde a Europa geralmente serve como ponto de referência e origem, e as Américas (e outros continentes) são tratadas apenas como uma reflexão tardia. Novas questões emergem quando a diáspora cigana – sua unidade, diversidade e etnogênese9 9 Entendemos “etnogênese” não apenas como “a emergência histórica de povos distintos”, mas também “uma síntese das lutas culturais e políticas de um povo para existir, bem como sua consciência histórica dessas lutas” (Hill 1996, 1-2). –, é colocada firmemente na história global e dentro de uma dinâmica colonial e póscolonial mais ampla. “Para los estudios romaníes, la investigación en Latinoamérica permite ampliar la observación a nível global de continuidades, rupturas y dinamismo entre diferentes regionales y grupales”, sugeriu um respondente à pesquisa e acrescentou: “Asimismo contribuye a reflexionar sobre tópicos, categorizaciones y conceptos que están naturalizados en producciones académicas europeas sobre la población romaní...”.

Como resultado, sugere outro respondente, tal pesquisa “contribui para descolonizar os estudos romanis europeus e eurocêntricos. No entanto, os estudos ‘decolonias’ que estão surgindo na América Latina com relação aos ciganos podem ser mais críticos do que são hoje.” Isso requer, no entanto, que as abordagens decoloniais ou pós-coloniais, que recentemente se tornaram populares nos estudos ciganos, sejam engajadas com sinceridade. Em vez de adotar modelos e estratégias desenvolvidos por outras comunidades ou em centros acadêmicos e culturais do Atlântico Norte (especialmente, nos EUA e no Reino Unido), esse engajamento precisa ser fundamentado de uma forma empírica e comparativa. Caso contrário, “sem tal especificação histórica e comparativa o pós-colonialismo será mais uma forma de imperialismo cultural, e uma forma particularmente insidiosa porque credivelmente antiimeralista” (Santos 2003Santos, Boaventura de Sousa. 2003. Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos 66: 23-52., 29). Uma maneira de se proteger contra esse perigo é estimular trocas diretas entre acadêmicos, ativistas, artistas e outros, provenientes das periferias – por exemplo, na República Tcheca e no México –, a fim de desenvolver entendimentos diretos e em uma direção única sobre as conexões e diferenças, e não por uma mediação via centros, teorias e produções de conhecimento hegemônicas.

Racialização dos ciganos em relação a outras comunidades

Observar as vidas e experiências dos ciganos na ALC permite aos estudiosos, como disse um entrevistado do levantamento, “comparar el imaginario europeo con el latinoamericano y su aplicación a los gitanos de estas tierras.” Uma tarefa é traçar as continuidades, bem como as descontinuidades nas formas como os ciganos têm sido vistos através de países e épocas, e a contingência dessas visões – por exemplo, como as experiências e a posição social dos ciganos têm sido moldadas por histórias de migração específicas e por características das sociedades hospedeiras. No processo, outras questões precisam ser desvendadas. Um problema torna-se imediatamente visível quando refletimos, sob a perspectiva da ALC, sobre a anedota comum de que os ciganos são “a maior minoria europeia”. Notavelmente, não existe uma “segunda maior” ou mesmo outra minoria “europeia”. Isto revela a posição única que os ciganos ocupam no imaginário europeu. Efetivamente, o processo de transformar os ciganos em uma minoria europeia é conceituado como não relacionado a outros projetos étnico-raciais e como ocorrendo isolado de outras comunidades. A tarefa diante dos estudiosos da ALC, no entanto, é de explorar como a racialização dos ciganos está inserida em outros relacionamentos e investigar como o pertencimento, as subjetividades e as comunidades ciganas foram moldados por dinâmicas coloniais e pós-coloniais mais amplas.

É crucial não se ater a linhas gerais, no entanto. Antes de tudo, é importante reconhecer que o lugar social, os papéis e os atributos característicos dos ciganos mudaram ao longo do tempo e do espaço e não se pode deduzir a sua posição nas colônias a partir, digamos, da situação legal na metrópole. Por exemplo, enquanto no século 18 os ciganos eram deportados desde Portugal como antissociais para povoar suas colônias ultramarinas, na maior delas, no Brasil, eles se tornaram traficantes de escravos no século 19 (Donovan 1995). Em segundo lugar, a posição do cigano em um local de um império ou dentro de uma zona de contato pós-imperial tem sido vinculada à sua posição em outro local e às relações interimperiais (Fotta 2020Fotta, Martin. 2020. The figure of the Gypsy (Cigano) as a signpost for crises of the social hierarchy (Bahia, 1590s–1900s). International Review of Social History 65 (2): 315-41. https://doi.org/10.1017/S0020859019000713.
https://doi.org/10.1017/S002085901900071...
). Terceiro, a posição social dos ciganos dependia da mudança do sistema político em cada país. Por exemplo, no final do século 19, as elites da maioria dos países da ALC estavam interessadas em atrair migrantes europeus, o que, entre outras coisas, estimulou a imigração de ciganos da Europa Central e Oriental. Por fim, a posição dos ciganos e como são racializados localmente depende menos de alguma imagem universal do “cigano”, existente desde tempos imemoráveis, e mais da forma como outras comunidades são racializadas em um local e momento histórico específico. Por exemplo, Patricia Galletti (2021c)Galletti, Patricia Cecilia. 2021c. Los Gitanos como otro y como horizonte de otredad en la Hispanoamérica colonial (s. XV a XIX). International Journal of Roma Studies 3 (2): 106-30. https://doi.org/10.17583/ijrs.8527.
https://doi.org/10.17583/ijrs.8527...
sugeriu que as visões que os administradores coloniais espanhóis tinham dos índios na América do Sul estavam relacionadas às maneiras pelas quais as classes dominantes na Espanha continental percebiam os ciganos em casa.

Este último ponto significa que, nas palavras de um entrevistado, entender

la relación de la población romaní con la sociedad culturalmente hegemónica y mayoritaria latinoamericana plantea nuevos obstáculos y desafíos analíticos, dado que es una población muy negativizada y exotizada cuyo espacio dentro de las identidades nacionales locales genera una percepción de liminaridad, peligro y extranjerización con características particulares que no se presentan en otras poblaciones.

Ao mesmo tempo, suposições sobre esses estereótipos precisam ser cuidadosamente desemaranhadas. Isso porque, como argumentou o mesmo entrevistado, analisá-los deveria “darnos descripciones de lo que es ser romaní en un contexto donde la racialización y la pobreza afectan principalmente a otras poblaciones, lo cual permite desnaturalizar estas preconcepciones tan arraigadas en los estudios romaníes europeos.”

Os estudos ciganos na ALC assim “permiten evaluar la relación entre las minorías gitanas y otras poblaciones marginales”, como sugeriu um respondente. Realmente, estudar processos de reconhecimento legal das diferenças étnicas e culturais ou de emergência de novas identidades políticas nos últimos anos são das áreas de investigação mais vitais, especialmente na Colômbia e no Brasil. É nesta área onde também podemos esperar um intercâmbio frutífero com estudiosos europeus. Primeiro, porque revela que as lutas ciganas por visibilidade, reconhecimento e direitos humanos não podem ser entendidas isoladas de outras lutas de outras comunidades. Em segundo lugar, porque lembra os estudiosos de pensar criticamente sobre até que ponto os modelos e teorias desenvolvidos para estudar os ciganos e os seus direitos em outros lugares são aplicáveis. Como um entrevistado nos lembrou, os processos de reconhecimento etnorracial de ciganos na ALC convidam “para uma reflexão sobre formas de reconhecimento étnico que diferem dos modelos europeus e americanos” (também Mirga-Kruszelnicka 2022Mirga-Kruszelnicka, Anna. 2022. Mobilizing Romani ethnicity: Romani political activism in Argentina, Colombia and Spain. Budapest: CEU Press.; Dolabela e Fotta 2021Dolabela, Helena, e Martin Fotta. 2021. Ciganos as a traditional people: Romanies and the politics of recognition in Brazil. Ethnopolitics 22 (2): 157-76 https://doi.org/10.1080/17449057.2021.2008671.
https://doi.org/10.1080/17449057.2021.20...
).

Conclusão

Como qualquer artigo de revisão, também este tem seus limites. Focamos apenas nas contribuições acadêmicas e, mesmo assim, não pudemos citar todos os autores e autoras. Resumimos o trabalho deles em algumas poucas palavras. No entanto, a mensagem geral deste artigo nos parece clara: o foco nas vidas, experiências e subjetividades dos ciganos na América Latina e no Caribe levanta novas questões e muda a nossa compreensão da diáspora cigana.

O questionário revelou que os estudiosos na ALC estão cientes da contribuição única e potencial que seu trabalho tem de trazer. Os respondentes também anseiam por uma maior consolidação dos estudos ciganos em seus próprios países. Alguns estudiosos até tomaram algumas iniciativas a este respeito e também tem havido um esforço fragmentado para trazer estudiosos de todo o continente para um diálogo, entre si e com estudiosos da Europa, especialmente, mas não apenas, da Península Ibérica (por exemplo, Alvarado Solís 2020Alvarado Solís, Neyra P., org. 2020. Nombrar y circular, gitanos entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.; Galletti 2021aGalletti, Patricia Cecilia, coord. 2021a. Etnografiar lo Romani-Gitano. Experiencias de mismidad y otredad en el trabajo de campo hispanoamericano contemporáneo, dossiê. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 80-256.).10 10 No ano em que este artigo é publicado, ocorre em São Paulo o principal congresso em estudos ciganos – “2023 Annual Meeting of the Gypsy Lore Society and Conference on Romani Studies”, conferindo à produção regional a possibilidade de uma maior visibilidade internacional. Por um lado, vários entrevistados destacaram a necessidade de criar uma rede regional ou uma associação de estudos ciganos; ou, ainda, de fundar uma revista que promova a área e que aumente sua visibilidade tanto na região quanto internacionalmente. Essas ações se fazem necessárias dado o pequeno número de pesquisadores ativos (e apenas poucos deles com cargos acadêmicos permanentes) e a falta geral de financiamento. Contudo, esses planos não parecem realistas no momento. Esperamos, ainda assim, que este artigo sirva como uma introdução útil a esta área de pesquisa e ajude os estudos ciganos na ALC a ganhar a legitimidade que eles merecem.

  • 2
    Gostaríamos de agradecer a todos que responderam à nossa pesquisa e, especialmente, a Esteban Acuña Cabanzo e Matías Domínguez que, generosamente, compartilharam conosco seus conhecimentos sobre os estudos ciganos na Colômbia e na Argentina, respectivamente. A preparação deste artigo foi apoiada pelo Prêmio Lumina Quaeruntur, da Academia Tcheca de Ciências (LQ300582201).
  • 3
    Outros importantes ativistas-estudiosos ciganos são Ana Milena Gómez Fuentes e Diego Alejandro Gómez Gómez.
  • 4
    Kumpanya (kumpania ou kumpanija) “é uma palavra da língua Romani que significa um grupo de ciganos que têm relações econômicas e estão organizados em uma base residencial; um agrupamento de famílias não necessariamente unidas por laços de parentesco, mas todas pertencentes ao mesmo grupo e ao mesmo subgrupo, ou a subgrupos relacionados”. Tchileva, Druzhemira. 2004. Emerging Romani voices from Latin America. European Roman Rights Centre, 27 May 2004. Acessado em 27 dez. 2022. https://bit.ly/3Z443hJ.
  • 5
    Uma série de livros foi publicada pela Alcaldía Mayor de Bogotá, Dirección de poblaciones del Ministerio de Cultura e pelo Departamento Administrativo Nacional de Estadística entre 1999 e 2011.
  • 6
    Gitanos de México. Hypoteses, s/f. Acessado em 27 dez. 2022. https://gitanosdemex.hypotheses.org.
  • 7
    Ripka, Štěpán. 2007. Informe de avances de investigación: gitanos pentecostales en México. Relatório. Acessado em 27 dez. 2022. https://www.aecgit.org/downloads/documentos/356/gitanos-pentecostales-en-mexico-stepan-ripka-2007.pdf.
  • 8
    Devido ao limite de espaço, não incluímos a produção visual neste artigo. O fotógrafo mexicano Lorenzo Armendáriz, em particular, é provavelmente o mais conhecido fotógrafo latino-americano especializado na representação de ciganos. Vide, por exemplo, Armendáriz Lorenzo (2028).
  • 9
    Entendemos “etnogênese” não apenas como “a emergência histórica de povos distintos”, mas também “uma síntese das lutas culturais e políticas de um povo para existir, bem como sua consciência histórica dessas lutas” (Hill 1996Hill, Jonathan D. 1996. Introduction: ethnogenesis in the Americas, 1492-1992. In History, power, and identity. Ethnogenesis in the Americas: 1492-1992, organizado por Johathan D. Hill, 1-19. Iowa City: University of Iowa Press., 1-2).
  • 10
    No ano em que este artigo é publicado, ocorre em São Paulo o principal congresso em estudos ciganos – “2023 Annual Meeting of the Gypsy Lore Society and Conference on Romani Studies”, conferindo à produção regional a possibilidade de uma maior visibilidade internacional.

Referências

  • Acuña Cabanzo, Esteban. 2019a. Tracing the Romani Atlantic: an ethnography of translocal interconnections and mobilities among Romani groups. Tese em antropologia, Universität Freiburg.
  • Acuña Cabanzo, Esteban. 2019b. A Transatlantic perspective on Romani thoughts, movements, and presence beyond Europe. Critical Romani Studies 2 (1): 42-60. https://doi.org/10.29098/crs.v2i1.31
    » https://doi.org/10.29098/crs.v2i1.31
  • Acuña Cabanzo, Esteban. 2021. “Lo gitano” y lo Rrom: representaciones, estereotipos, y performatividad en el proceso de reivindicación étnica romaní en Colombia. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 134-57.
  • Adamou, Evangelia. 2013. Replicating Spanish estar in Mexican Romani. Linguistics 51 (6):1075-1105. https://doi.org/10.1515/ling-2013-0045
    » https://doi.org/10.1515/ling-2013-0045
  • Armendáriz Lorenzo 2018. Andar para existir: un viaje al corazón del pueblo Gitano. México: Vínculos comunidad y cultura AC.
  • Alvarado Solís, Neyra P. 2022. Geografías transatlánticas de “gitanos” de México. Revista de El Colegio de San Luis 12 (23): 1-25. https://doi.org/10.21696/rcsl122320221431
    » https://doi.org/10.21696/rcsl122320221431
  • Alvarado Solís, Neyra P., org. 2020. Nombrar y circular, gitanos entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.
  • Alvarado Solís, Neyra P. 2018. El espectáculo de los niños ludar ‘gitanos’ de México. In Infancias mexicanas contemporáneas en perspectiva, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, Élodie Razy, e Salvador Pérez Ramírez, 67-85. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.
  • Balsechi, Elisa D. 2005. Soy gitano, soy diferente: Je suis Gitan, je suis différent. Etudes tsiganes 23: 139-57.
  • Baroco Galvéz, Fernanda M. 2014. La otredad invisible. estrategias culturales de los gitanos en España y la nueva España siglos XVII-XVIII. Dissertação em Etnohistória, Escuela Nacional de Antropologia y Historia.
  • Barría Elgueta, Pamela e Gastón Salamanca Gutiérrez. 2014. Fonemas segméntales del rromanés hablado por los gitanos grecos de Neuquén (Argentina). Literatura y lingüística 29: 272-93. https://doi.org/10.4067/S0716-58112014000100016
    » https://doi.org/10.4067/S0716-58112014000100016
  • Bel, Rolando. 2003. Niñas y niños gitanos en las escuelas neuquinas:¿una experiencia de educación intercultural o un proceso de culturación socioétnica? (1996-2006). Dissertação em Estudos sociais e culturais, Universidad Nacional de la Pampa.
  • Bereményi, Bálint Ábel. 2007. Relaciones y experiencias de los gitanos y los rom con la escuela. Una aproximación comparativa. Perifèria. Revista d’investigació i formació en Antropologia 6 (1): 1-25. https://doi.org/10.5565/rev/periferia.167
    » https://doi.org/10.5565/rev/periferia.167
  • Bernal, Jorge. 1987a. Parlate zingare in Argentina. Lacio Drom 23 (6): 18-9.
  • Bernal, Jorge. 1987b. Influenza del Lunfardo e della lingua populare nei dialetti Kalderas d’Argentina. Lacio Drom 23 (6): 19-20.
  • Bernal, Jorge. 2014. Historias, leyendas y tradiciones gitanas. Buenos Aires: Milena Caserota.
  • Buzek, Ivo. 2012. Presencia del léxico de origen gitano en las variedades latinoamericanas del español: el caso del español de México y su caló. Ètudes romanes de Brno 33 (2): 201-20.
  • Caballero Rodríguez, Oscar A. 2012. La sílaba del rromanés bolochók de Cúcuta, Colombia. Forma y Función 25 (2): 265-83. https://doi.org/10.1590/S0102-44502012000200001
    » https://doi.org/10.1590/S0102-44502012000200001
  • Campos Cabello, Ruth e Antonio García Romero. 2007. Piel de carpa: los gitanos de México. Jaén: Alcalá.
  • Cardona, Juan C. Bustamante. 2012. El pueblo Rrom (gitano) y la Kriss Rromaní en el ordenamiento jurídico colombiano, 1998-2010. Medellín: Universidad de Antioquia.
  • Carrizo-Reimann, Agustina. 2011. The forgotten children of Abraham: iglesia evangélica misionera bíblica Rom of Buenos Aires. Romani Studies 21 (2): 161-76. https://doi.org/10.3828/rs.2011.7
    » https://doi.org/10.3828/rs.2011.7
  • Cichowicz, Ana Paula C. 2013. Jesus era um bom cigano! As histórias bíblicas rom kalderash e a interface entre a romanicidade e o evangelismo. Dissertação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina.
  • Cristo, Juan Elías. 2003. Vida y tradición gitana (Traio domano). San Salvador de Jujuy: Secretaría de Turismo y Cultura.
  • Deman, Katharina. 2005. Untersuchung zur Grammatik der Romani-Varietät der Kumpanja in Bogotá/Kolumbien. Tese em Lingüística, Universität Graz, Aústria.
  • Dolabela, Helena, e Martin Fotta. 2021. Ciganos as a traditional people: Romanies and the politics of recognition in Brazil. Ethnopolitics 22 (2): 157-76 https://doi.org/10.1080/17449057.2021.2008671
    » https://doi.org/10.1080/17449057.2021.2008671
  • Domínguez, Matías. 2022. Tramas de resistencia. La identidad gitana/romani en Buenos Aires: transformaciones socioculturales entre lo global y lo local. Tese em Antropologia, Universidad de Buenos Aires.
  • Donovan, Bill M. 1992. Changing perceptions of social deviance: Gypsies in early modern Portugal and Brazil. Journal of social History 26 (1): 33-53. https://doi.org/10.1353/jsh/26.1.33
    » https://doi.org/10.1353/jsh/26.1.33
  • Fajardo, Luis Alfonso. 2000. La kriss, justicia comunitaria gitana: una opcion para la paz en colombia. Pensamiento Jurídico 12. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/peju/article/view/39235 Acesso em: 11 abr. 2023.
    » https://revistas.unal.edu.co/index.php/peju/article/view/39235
  • Ferrari, Florencia, Martin Fotta. 2014. Brazilian Gypsiology: a view from anthropology. Romani Studies 24 (2): 111-37. https://doi.org/10.3828/rs.2014.6
    » https://doi.org/10.3828/rs.2014.6
  • Fotta, Martin. 2020. The figure of the Gypsy (Cigano) as a signpost for crises of the social hierarchy (Bahia, 1590s–1900s). International Review of Social History 65 (2): 315-41. https://doi.org/10.1017/S0020859019000713
    » https://doi.org/10.1017/S0020859019000713
  • Galletti, Patricia Cecilia, coord. 2021a. Etnografiar lo Romani-Gitano. Experiencias de mismidad y otredad en el trabajo de campo hispanoamericano contemporáneo, dossiê. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 80-256.
  • Galletti, Patricia Cecilia. 2021b. Lo romaní-gitano en la órbita antropológica. Inicios y perspectivas en el campo de estudios hispanoamericanos. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 80-92.
  • Galletti, Patricia Cecilia. 2021c. Los Gitanos como otro y como horizonte de otredad en la Hispanoamérica colonial (s. XV a XIX). International Journal of Roma Studies 3 (2): 106-30. https://doi.org/10.17583/ijrs.8527
    » https://doi.org/10.17583/ijrs.8527
  • Gómez Baos, e Ana Dalila. 2008. Le paramichi le rromenque kaj besen akana and-o Bogotá. Bogotá: Editorial Gente Nueva.
  • Gómez Fuentes, Venecer, Juan Carlos Gamboa Martínez, e Hugo A. Paternina Espinosa. 2000. Los Rom de Colombia: itinerario de un pueblo invisible. Colección “O Lasho Drom N0.2”. Bogotá, D. C.: Proceso organizativo del pueblo Rom (Gitano) de Colombia.
  • Grietens, Koen P. 2005. Los rrom en Ecuador y el sur de Colombia. Una primera aproximación a su organización social y relación con la sociedad mayoritaria. Tese em Antropologia, Universitat Autònoma de Barcelona.
  • Hasler, Juan. 1970. Los gitanos o ‘húngaros’. Boletín del Instituto de Antropología III 12: 45-81.
  • Hasler, Juan. 1984. Vocabulario etimológico de los boločok suramericanos. Lingüística y Literatura 7: 53-67.
  • Hill, Jonathan D. 1996. Introduction: ethnogenesis in the Americas, 1492-1992. In History, power, and identity. Ethnogenesis in the Americas: 1492-1992, organizado por Johathan D. Hill, 1-19. Iowa City: University of Iowa Press.
  • Irizarri, Pablo. 2021. Chilští Romové ze skupiny Chorachane: etnografické poznámky lingvisty. Romano džaniben 28, 2: 31-55.
  • Jiménez, Rafael Buhigas. 2021a. Reminiscencia española o sentimiento argentino en los gitanos caló de Buenos Aires: aproximación etnográfica a la relación entre transformación identitaria y residencia en el espacio. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 118-32.
  • Jiménez, Rafael Buhigas. 2021b. La inmigración gitana ‘oficial’ a la Argentina a través del caso de migrantes Rom por vía marítima entre 1911 y 1947. International Journal of Roma Studies 3 (3): 216-42. https://doi.org/10.17583/ijrs.9220
    » https://doi.org/10.17583/ijrs.9220
  • Lagunas, David. 2019. After Barth: the Mexican Calós’s lived identity. Anthropological Notebooks 25 (1): 133-50.
  • Lagunas, David. 2018. The Spanish Gitanos of Mexico City: rhythmicity, mimesis and domestication of the Payos. Annuaire Roumain d’Anthropologie 55: 125-40.
  • Lizarralde, Diego C., e Gastón G. Salamanca. 2019. Deíxis espacial en el rromané jorajané hablado en Chile: uso de los demostrativos en espacio de escala menor. Alpha(Osorno) 49: 274-98. https://doi.org/10.32735/S0718-2201201900049753
    » https://doi.org/10.32735/S0718-2201201900049753
  • Lumholtz, Carl. 1903. Unknown Mexico; a record of five years’ exploration among the tribes of the western Sierra Madre; in the tierra caliente of Tepic and Jalisco; and among the Tarascos of Michoacan. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Miguel, Ana Perla. 2013. Los Gitanos. Origen, vida y costumbres. Córdoba: Tinta Libre.
  • Mirga-Kruszelnicka, Anna. 2022. Mobilizing Romani ethnicity: Romani political activism in Argentina, Colombia and Spain. Budapest: CEU Press.
  • Morales Muñoz, Sol-Ho. 2020. La mujer romaní, la gitana y la construcción de la alteridad. In Nombrar y circular, “gitanos” entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, 211-36. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.
  • Muskus Guardia, Héctor I. 2012. Los Roma del centro occidente de México: religión pentecostal y organización social. Dissertação em Antropologia Social, El Colegio de San Luis.
  • Pădure, Cristian T. 2020. La variation copule/clitique sujet en romani du Mexique au contact de ser et estar de l’espagnol. Bucharest: Bucharest University Press.
  • Padure, Cristian, Stefano de Pascale, e Evangelia Adamou. 2018. Variation between the copula si ‘to be’ and the l-clitics in Romani spoken in Mexico. Romani Studies 28 (2): 263-92. https://doi.org/10.3828/rs.2018.11
    » https://doi.org/10.3828/rs.2018.11
  • Pardo-Figueroa Thays, Carlos. 2013. Gitanos en Lima: historia, cultura e imágenes de los rom, los ludar y los calé peruanos. Lima: Pontificia Universidad Católica del Perú.
  • Pérez Romero, Ricardo, e Lorenzo Armendáriz. 2001. La lumea de noi: memorias de los ludar de México. Nuestra gente. México: Conaculta-Fonca.
  • Pickett, David Wayne. 1962. Prolegomena to the study of Gypsies in Mexico. Dissertação em Antropologia, Syracuse University.
  • Pickett, David Wayne. 1970. The Gypsies: an international community of wandering thieves. Tese em Antropologia, Syracuse University..
  • Prorom. 2005. Tras el rastro de Melquíades: memoria y resistencia de los rom de Colombia. Colección “O Lasho Drom” N0.4. Bogotá, D.C.: Proceso Organizativo del Pueblo Rrom (gitano) de Colombia.
  • Pudliszak, Aleksandra. 2010. Gypsyness at stake. Identity politics in Buenos Aires. Tsiganologische Mitteilungen, Dossiê, Papers Networking III: 2-10.
  • Pudliszak, Aleksandra. 2012. The dangerous strangers. Gypsies, pimps & anarchists in the formation of modern Argentina. RAI2012: Anthropology in the World. Royal Anthropological Institute. British Museum Centre for Anthropology. London.
  • Ripka, Štěpán. 2008. Romský letniční sbor v Kánchi, Mexiko. Romano džaniben 15 (3): 71-97.
  • Romero, María Agustina. 2015. La escritura alfabética en comunidades orales. Revista científica de estudios literarios y lingüísticos 2: 367-74.
  • Reyes Albarracín, Fredy, e Pablo Felipe Gómez-Montañez. 2021. Víctimas y justicia: reflexiones sobre el Pueblo Rromaní de Colombia. Etnografías Contemporáneas 7 (12): 184-210.
  • Royo, Francisco J. J. 2018. Los más gitanos del mundo. Transnacionalismo etno-religioso, liderazgo y política en la iglesia filadelfia. Tese em Antropologia, Universidad de Sevilla.
  • Sabino Salazar, Mariana. 2013. La población romaní, del Asia a México. ¿Brujas, vagos y bandidos? Dissertação em História, Benemérita Universidad Autónoma de Puebla.
  • Sabino Salazar, Mariana. 2020. El proceso inquisitorial a María de la Concepción ‘de nación Gitana’ (1668-1680). In Nombrar y circular, “gitanos” entre Europa y las Américas: innovación, creatividad y resistencia, organizado por Neyra P. Alvarado Solís, 165-83. San Luis Potosí: El Colegio de San Luis.
  • Sabino Salazar, Mariana. 2023. The Hypersexualized Diasporic Gypsy Archetype: Carmen and Severa iterations in Mexican and Brazilian cinema (1940-1990).. Tese em Literatura e cultura ibérica e latino-americana, University of Texas at Austin.
  • Salamanca, Gastón. 2002. Fonemas segmentales del ‘ludar’, lengua hablada por un grupo gitano de Argentina. Revista de filología y lingüística de la Universidad de Costa Rica, 28 (1): 9-135. https://doi.org/10.15517/rfl.v28i1.4506
    » https://doi.org/10.15517/rfl.v28i1.4506
  • Salamanca, Gastón. 2017. Morfología del rromané en una canción (llilí) y dos cuentos tradicionales gitanos (paramíchura). O Tchatchipen: lil ada trin tchona rodipen romani/Revista trimestral de investigación gitana 97: 43-53.
  • Salamanca, Gastón e Alvaro González. 1999. Gitanos de Chile: un acercamiento etnolingüístico. Atenea: Revista de ciencias, artes y letras 480: 141-78.
  • Salinas, Nelly. 1988. Religiosidad entre los Rom Montenegrinos de Uruguay. La Palabra y el Hombre 68: 108-14.
  • Santos, Boaventura de Sousa. 2003. Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos 66: 23-52.
  • Sarramone, Alberto. 2007. Gitanos: historia, costumbres, misterio y rechazo. Azul: Biblos Azul.
  • Soria, Ana Paula C.B. 2015. “Juncos ao vento”: literatura e identidade romani (cigana). El alma de los parias, de Jorge Nedich. Tese em Literatura, Universidade de Brasília.
  • Stefanovsky, Voria. 2020. La literatura romaní: una escritura de reconstrucción. In Ästhetik(en) der Roma, organizado por Marina O. M. Hertrampf e Kirsten von Hagen, 119-45. München AVM.
  • Traico, Juan Carlos. 2021. Diccionario de la lengua gitana: para la gloria de Dios. Mendoza: Tinta de Luz.
  • Venegas, Claudia A. Rojas e Juan Carlos G. Martínez. 2008. La Kriss Romaní como sistema jurídico transnacional. Íconos. Revista de Ciencias Sociales 31: 43-55.
  • Villa Mejía, Víctor. 1985. Algunos aspectos del evento del habla “Decir la buenaventura”. Lingüística y Literatura 8: 21-62.
  • Villa, Víctor. 1986: Sobre el bilingüismo diglósico de los gitanos de Santa María. Glotta 1 (2): 18-23.
  • Villota Mera, Jesús E. 2019. Efectos de las interacciones interétnicas en las relaciones de género de la kumpania de gitanos en Quito. Revista interdisciplinaria de estudios de género de El Colegio de México 5: e358. https://doi.org/10.24201/eg.v5i0.358
    » https://doi.org/10.24201/eg.v5i0.358
  • Os textos deste artigo foram revisados pela SK Revisões Acadêmicas e submetidos para validação do(s) autor(es) antes da publicação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    05 Abr 2022
  • Revisado
    07 Mar 2022
  • Aceito
    23 Ago 2023
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Av. Ipiranga, 6681 - Partenon, Cep: 90619-900, Tel: +55 51 3320 3681 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: civitas@pucrs.br