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Editorial

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OS 60 ANOS DE CONTABILIDADE NA FEA/USP

I am sure that all of our colleagues look upon accounting as an intruder,

a Saul among the prophets, a pariah whose very presence detracts somewhat

from the sanctity of the academic walls.

Henry Rand Hatfield, December 20, 1923.

Em 1945, era esse mesmo clima de resistência à Contabilidade, como área de estudos científicos, que prevalecia entre nossas autoridades educacionais. Foi graças à ousadia, argumentação criativa e habilidade política de alguns colegas nossos que o Governo Federal se convenceu da necessidade de o Brasil ter um curso de Ciências Contábeis e Atuariais em nível superior. Isso se tornou realidade através do Decreto-lei nº 7988 de 22 de setembro de 1945. No ano seguinte, pelo Decreto-lei nº 15601 do Estado de São Paulo, de 26 de janeiro de 1946, foi autorizada a criação da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, como, então, se denominava a atual Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, que iniciava suas atividades oferecendo seus primeiros cursos de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis e Atuariais. Todavia, por se tratar de uma faculdade nova, ministrando cursos desconhecidos para grande parte da sociedade daquele tempo, teve o seu corpo discente bastante reduzido, por vários anos. Esse fenômeno se fez sentir mais agudamente no curso de Ciências Contábeis e Atuariais. Como ocorreu o crescimento e o reconhecimento da Contabilidade como ciência nos 60 anos da FEA/USP?

Nos seus 60 anos de existência, o Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP trabalhou duramente para consolidar a imagem de qualidade do seu curso de Ciências Contábeis e Atuariais. Os esforços desenvolvidos pelos docentes do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP, em matéria de ensino e pesquisa em Contabilidade e Atuária, nas décadas de 60 e 70, bem como a criação da FIPECAFI, em 1974, foram, certamente, os principais direcionadores do desenvolvimento científico das Ciências Contábeis e Atuariais no País. Trabalhos de pesquisa, realmente inovadores e pioneiros desse período, tais como: os relacionados com as teorias dos Ajustamentos Contábeis, Amortização e Depreciação, Avaliação do Goodwill, Custos Standard constituem, ainda hoje, a matriz inspiradora do pensamento contábil brasileiro.

O QUE ESPERAR DA CONTABILIDADE NO FUTURO?

A Contabilidade reflete um dos anseios mais arraigados no homem hedonístico,

isto é, põe ordem nos lugares em que reinava o caos.

Sérgio de Iudícibus, 1979.

Parece não restar mais dúvidas de que a lei Sarbanes-Oxley será considerada como o novo marco da Contabilidade do século XXI e promete contribuir para por ordem nos lugares em que reinava o caos. Estariam a Contabilidade e o Contador preparados para exercer esse papel na sociedade contemporânea? Já se disse, até mesmo, que seria impossível imaginar o capitalismo sem a Contabilidade. Entretanto, fatos recentes motivados pela insana ganância de alguns executivos, corrupção na gestão de negócios públicos e privados, quebra de princípios básicos da ética e moral ocorridos em nível global, mostram, claramente, que a Contabilidade só conseguirá por ordem onde surgir, ou melhor, onde houver possibilidade de se gerenciar o risco de surgir o caos, formando parcerias efetivas e sustentáveis, no mínimo, com o Direito e a Economia. Sob a perspectiva pragmática, no EAC da FEA/USP, vêm-se realizando pesquisas tanto de natureza positiva como normativa, com foco na visão fenomenológica dos eventos e transações de interesse da Contabilidade. Com relação ao aspecto sintático da Contabilidade, criou-se, recentemente, no Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), para se estudarem possíveis convergências das normas contábeis brasileiras com as que estão surgindo no cenário da Contabilidade Internacional. Já com relação ao aspecto semântico da Contabilidade, alguns pesquisadores do EAC vêm se dedicando ao estudo da importância que tem a Semiótica aplicada à Contabilidade no desenho de sistemas de informações contábeis, com base nas implicações estratégicas das novas teorias institucionais. O que esperar, pois, da Contabilidade no futuro? Possivelmente, a resposta surgirá quando se conseguir proporcionar a seus usuários o verdadeiro sentido da Contabilidade. Recentemente, a FIPECAFI aprovou e já está implementando o projeto Jovens Talentos em Contabilidade.

Masayuki Nakagawa

Professor Titular do Departamento de

Contabilidade e Atuária da FEA/USP

e Pesquisador da FIPECAFI

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Maio 2011
  • Data do Fascículo
    Ago 2006
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