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Adoção Obrigatória do IFRS no Brasil (2010): Índice de Conformidade das Empresas com a Divulgação Requerida e Alguns Fatores Explicativos* * Trabalho apresentado no VII Congresso AnpCONT, Fortaleza, Brasil, 2013, e American Accounting Association Annual Meeting, Anaheim, EUA, 2013.

Resumos

Avaliamos o grau de conformidade (compliance) das empresas com a divulgação requerida pelo padrão International Financial Reporting Standards (IFRS)no primeiro ano de sua adoção plena obrigatória no Brasil (2010), a partir do exame,nas Notas Explicativas das 366 empresas não financeiras listadas na bolsa de valores brasileira (BM&FBovespa), do grau de atendimento a 638 itens de divulgação requeridos por 28 normas (IFRS).Mensuramos os níveis de conformidade com a divulgação calculando um índice de conformidade, tanto geral como para cada norma, e investigamos associações entre os níveis de divulgação e características das empresas, como potenciais fatores explicativos do grau de conformidade com a divulgação requerida. Foram encontrados baixos níveis totais de conformidade com a divulgação requerida no ano analisado: o nível médio de atendimento à divulgação requerida pelas IFRS mostrou-se muito sensível à abordagem adotada, variando de 16,04% (critério rigoroso e abordagem dicotômica) a 33,72% (critério tolerante e abordagem do cumprimento parcial não ponderado). Na linha da experiência de outros países ilustrada na literatura, esses resultados enfatizam a importância de melhorar as condições de suporte institucional para reforçar mecanismos de enforcement, possibilitando às empresas brasileiras alcançar plenamente os benefícios econômicos esperados pela adoção do padrão internacional. Em todas as nossas análises, tamanho da empresa e auditoria por uma "Big 4" tiveram associação positiva com a variável dependente em todos os modelos utilizados para determinar o índice de conformidade com a divulgação requerida, possibilitando concluir que esses fatores produzem um impacto positivo significativo no nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS.

Conformidade; Evidenciação; Divulgação obrigatória; Fatores explicativos; IFRS; Brasil


We evaluate firms' compliance with required International Financial Reporting Standards (IFRS) disclosure in the first mandatory adoption year of IFRS in Brazil (2010), by comprehensively examining 638 disclosure required items from 28 encompassing IFRSs in the Notes to Financial Statements of all (366) Brazilian non-financial corporations listed on the Brazilian stock exchange (BM&FBovespa). We measure disclosure compliance levels by calculating the respective index, both overall and for each standard, and investigate associations between disclosure levels and firm's characteristics as potential explanatory disclosure compliance factors. Our findings show overall low levels of disclosure compliance in the analyzed year: the average level of compliance with IFRS required disclosure was very sensible to the approach employed, varying from 16.04% (strict criterion and dichotomous approach) to 33.72% (tolerant criterion and partial compliance unweighted approach). In line with other countries experience illustrated by the international literature, these results emphasize the importance of increasing institutional support conditions for enhanced enforcement mechanisms, enabling the Brazilian firms to better attain the full economic benefits of IFRS adoption. In all our analyses, company size and "Big 4" auditing were positively associated with the dependent variable, independent of the model employed to determine the compliance disclosure index, making it possible to conclude that these factors produce a significant positive impact on compliance with the IFRS disclosure requirement levels of Brazilian firms.

Compliance; Mandatory disclosure; Explanatory factors; IFRS; Brazil


1 INTRODUÇÃO

A adoção obrigatória plena do padrão International Financial Reporting Standards (IFRS) teve início no Brasil em 2010, após um períodode transiçãoiniciado em 2008. Entretanto, apesar desse período de transição, uma implementação abrangente e perfeita de um sistema enraizado na common law, de tradição anglo-americana, como o IFRS, na prática contábil de um país emergente e fundado na codelaw, de tradição latina e eurocontinental, como o Brasil, dificilmente poderia ser esperada no primeiro ano de sua adoção. Respondendo à emergência da demandapor se estudar essa implementação, este trabalho investiga o nível de conformidade (compliance) das empresas brasileiras com os itens de divulgação requeridos pelas IFRS no primeiro ano da adoção obrigatória do padrão internacional (2010) e examina fatores explicativos chave de diferenças no graude divulgação.

Com a convergência para o IFRS, o Brasil participa de um sistema de informação global comparável e transparente, que pode incrementar a qualidade contábil e resultar em benefícios para as empresas no mercado de capitais, como redução de custo do capital, maior liquidez com menor spread entre compra e venda, e redução dos erros de previsão dos analistas. No entanto, a obtenção de tais benefícios, apesar de fundada na excelência comparativa do padrão IFRS per se, ou qualidade de jure, depende de sua efetivaimplementação nos relatórios das empresas, isto é, de seu cumprimento de facto (Ball, 2006Ball, R. (2006). International Financial Reporting Standards (IFRS): pros and cons for investors. Accounting and Business Research, 36(1),5-27.; Daske & Gebhardt, 2006Daske, H., & Gebhardt, G. (2006). International Financial Reporting Standards and experts' perceptions of disclosure quality. Abacus, 42(3/4),461-498.; Barth, Landsman, & Lang, 2008Barth, M. E., Landsman, W. R., & Lang, M. H. (2008). International accounting standards and accounting quality. Journal of Accounting Research,46(3),467-498.; Hodgdon, Tondkar, Harless, & Adhikari,2008Hodgdon C., Tondkar, R. H., Harless, D. W., & Adhikari, A. (2008). Compliance with IFRS disclosure requirements and individual analysts forecast errors. Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, 17(1),1-13.; Leuz & Wysocki, 2008Leuz, C., & Wysocki, D P. (2008). Economic consequences of financial reporting and disclosure regulation: a review and suggestions for future research. Working Paper. Retrieved from http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1105398.
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; Daske, Hail, Leuz, & Verdi, 2008Daske, H., Hail, L., Leuz, C., & Verdi, R. (2008). Mandatory IFRS reporting around the world: early evidence on the economic consequences. Journal of Accounting Research, 46(5),1085-1142.; Armstrong, Barth, & Riedl, 2010Armstrong, C. S., Barth, M. E., & Riedl, E. J. (2010). Market reaction to the adoption of IFRS in Europe. The Accounting Review, 85(1),31-61.).

Contudo, um estudo de Street e Gray (2002)Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76. verifica a existência de "uma magnitude significativa de não conformidade"com as normas internacionais, especialmente com os requisitos de divulgação. Recentemente, uma análise realizada pela Securities and Exchange Commission (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) (SEC, 2011) que abrangeu 183 empresas ao redor do mundo que adotam o IFRS, incluindo algumas do Brasil, concluiu que

(...) muitas empresas não parecem fornecer detalhamento ou clareza suficientesna divulgação de suas políticas contábeis para embasar uma compreensão do investidor acerca das demonstrações financeiras, inclusive em áreas que elas determinaram como tendo impacto mais significativo nos valores reconhecidos em suas demonstrações financeiras.

(...) a diversidade encontrada na aplicação do IFRS representa verdadeiros desafios para a comparação das demonstrações financeiras entre países e setores (SEC, 2011, p. 2).

Diante dessa qualidade heterogênea de implementação, Daske, Hail, Leuz, e Verdi (2008, p. 1085)Daske, H., Hail, L., Leuz, C., & Verdi, R. (2008). Mandatory IFRS reporting around the world: early evidence on the economic consequences. Journal of Accounting Research, 46(5),1085-1142. constataram que "os benefícios esperados para o mercado de capitais ocorrem somente em países onde as empresas têm incentivos para serem transparentes e nos quais o enforcement legal é forte, ressaltando o papel central dos incentivos das empresas ao reporting e do enforcement institucional do país para aqualidade das demonstrações financeiras". Na mesma linha, Armstrong, Barth, e Riedl (2010)Armstrong, C. S., Barth, M. E., & Riedl, E. J. (2010). Market reaction to the adoption of IFRS in Europe. The Accounting Review, 85(1),31-61. identificaram uma reação negativa do mercado à adoção do IFRS por empresas domiciliadas em países de codelaw, consistente com a preocupação dos investidores quanto ao enforcement do IFRS nesses países (ver também Christensen, Lee, & Walker, 2007Christensen, H. B., Lee., E., & Walker, M. (2007). Cross-sectional variation in the economic consequences of international harmonization: the case of mandatory IFRS adoption in UK. The International Journal of Accounting, 42(4),341-379.; Hail & Leuz, 2007Hail, L., & Leuz, C. (2007). Capital market effects of mandatory IFRS reporting in EU: empirical evidence. Working Paper. Retrieved from http://ssrn.com/abstract=1511671.
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). Daske, Hail, Leuz, e Verdi (2013) propõem uma distinção entre empresas que adotam o IFRS "apenas como marca" (label adopters) das que adotam o padrão "de modo sério" (serious adopters), e confirmam que o aumento da liquidez no mercado e a redução dos custos do capital são obtidos apenas pelas que adotam "de modo sério".

A relevância de examinar a qualidade da implementação do IFRS no Brasil deriva do fato de que, por um lado, há um crescente mercado de capitais no país (em 2011, a bolsa de valores brasileira - BM&FBovespa era a oitava do mundo em volume). Por outro lado, a contabilidade tradicional brasileira decorre de posturas euro continentais derivadas do direito romano que, durante séculos, têm priorizado abordagens jurídico-formalistas e fiscais sobre a representação da realidade econômica. Por exemplo, a transição para o IFRS inaugurou a separação entre a contabilidade financeira e a fiscal, alterando, assim, padrões e valores culturais tradicionais da contabilidade brasileira, que favoreciam o controle estatutário sobre o profissionalismo, a uniformidade na aplicação das normas sobre a flexibilidade diante das circunstâncias percebidas individualmente pelasempresas, o conservadorismo sobre o otimismo na mensuração, e a secretividade sobre a transparência (Gray, 1988Gray, S. J. (1988). Towards a theory of cultural influence on development of accounting systems internationally. Abacus, 24(1),1-15.; Doupnick & Riccio, 2006; Santos & Calixto, 2010Santos, E. S., & Calixto, L. (2010). Impactos do início da harmonização contábil internacional (Lei 11.638/07) nos resultados das empresas abertas. RAE Eletrônica, 9(1),1-26.; Santos, Cia, & Cia, 2011Santos, E. S., Cia, J. N. S., & Cia, J. C. (2011). U.S. GAAP x normas brasileiras: mensuração do impacto das diferenças de normas no lucro duplamente reportado pelas empresas brasileiras emissoras de ADRs na NYSE. Revista de Administração do Mackenzie, 12(1),82-111.). Além disso, diferentemente da Europa, que determinou a adoção plena do IFRS de uma só vez em 2005, os reguladores brasileiros optaram por estabelecer o processo de convergência em duas fases: a primeira fase de transição a partir de 2008, com um pacote parcial de IFRS, ea segunda e última fase, com a adoção plena do IFRS a partir de 2010. Em cada uma dessas fases, as IFRS foram adaptadas com pequenas diferenças locais (proibição da reavaliação dos ativosfixos, ajustes na definição dos equivalentes de caixa, entre outros). As IFRS tornaram-se obrigatórias para as demonstrações financeiras consolidadas e individuais, começando pelas companhiaslistadas e grandes empresas privadas e, mais recentemente, abrangendo todas as firmas, inclusive as pequenas e médias empresas (PME).

Nesse contexto, duas questões inter-relacionadas surgem como foco deste estudo: Qual é o nível de conformidade, por parte das empresas (não financeiras) brasileiras, com a divulgação requerida pelas IFRS no primeiro ano de sua adoção? Que fatores e características das empresas podem explicar diferenças no graude divulgação entre as empresas?

Alguns estudos anteriores abordam questões semelhantes examinando a divulgação em um país, como Cooke (1992)Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237. no Japão, Raffournier (1995)Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280. na Suíça, Leuz e Verrecchia (2000)Leuz, C., & Verrecchia, R. (2000). The economic consequences of increased disclosure. Journal of Accounting Research, 38(suppl.),91-124. na Alemanha, e Lanzana (2004)Lanzana, A. (2004). Relação entre o disclosure e governança corporativa das empresas brasileiras. Dissertação de mestrado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. no Brasil. Outros comparam a divulgação entre países, como Zarzesky (1996)Zarzesky, M. T. (1996). Spontaneous harmonization effects of culture and market forces on accounting disclosure practices. Accounting Horizons, 10(1),18-37. e Archambault e Archambault (2003)Archambaut, J. J., & Archambaut, M. E. (2003). A multinational test of determinants of corporate disclosure. The International Journal of Accounting,38(2),173-194.. Diversos estudos enfocam a divulgação requerida pelo IFRS em um país que o adota, como Miihkinen (2008)Miihkinen, A. (2008). Efficiency of authoritative disclosure recommendations: evidence from IFRS transition disclosure in Finland. Journal of Financial Regulation and Compliance, 16(4),384-413. na Finlândia;Palmer (2008)Palmer, P. D. (2008). Disclosure of the impacts of adopting Australian equivalents of International Financial Reporting Standards. Accounting and Finance,48(5),847-870. na Austrália; Fekete, Matis, e Lukács (2008)Fekete, S., Matis, D., & Lukács, J. (2008). Factors influencing the extent of corporate compliance with IFRS - the case of Hungarian listed companies. Retrieved on April, 20, 2012, from http://ssrn.com/abstract=1295722.
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na Hungria;Chen e Zangh (2010)Chen, J. J., & Zangh, H. (2010). The impact of regulatory enforcement and audit upon IFRS compliance - evidence from China. European Accounting Review, 19(4),665-692. na China; Bova e Pereira (2012)Bova, F., & Pereira, R. (2012). The determinants and consequences of heterogeneous IFRS compliance levels following mandatory IFRS adoption: evidence from a developing country. Journal of International Accounting Research, 11(1),83-111. no Quênia; e Lima, V., Lima, G., Lima, I., e Carvalho (2010)Lima, V. S., Lima, G. A. S. F., Lima, I. S., & Carvalho, L. N. G. (2010). Determinantes da convergência aos padrões internacionais de contabilidade no Brasil. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Natal, RN, Brasil, 4. no Brasil. A análise do grau de conformidade com a divulgação requerida pelasIFRS simultaneamente em diversos países é estudadapor Street e Gray (2002)Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76., Daske e Gebhardt (2006)Daske, H., & Gebhardt, G. (2006). International Financial Reporting Standards and experts' perceptions of disclosure quality. Abacus, 42(3/4),461-498., Daske et al. (2013)Daske, H., & Gebhardt, G. (2006). International Financial Reporting Standards and experts' perceptions of disclosure quality. Abacus, 42(3/4),461-498., Hodgdon, Tondkar, Harless, e Adhikari (2008)Hodgdon C., Tondkar, R. H., Harless, D. W., & Adhikari, A. (2008). Compliance with IFRS disclosure requirements and individual analysts forecast errors. Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, 17(1),1-13. e Verriest, Gaereminck, e Thornton (2012)Verriest, A., Gaereminck, A., & Thornton, D. B. (2012). Corporate governance and properties of IFRS adoption. Working Paper. Retrieved on http://www.econtrack.nl/uploads/document/coporate%20governance%20and%20properties%20of%20IFRS%20Adoption.pdf.
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, entre outros.

Para responder à primeira questão, este estudo examinou a conformidade com os 638 itens de divulgação obrigatória requeridos por 28 IFRS nas Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) das 366 empresas não financeiras listadas na BM&FBovespa. Isso possibilitou a identificação do nível de conformidade das empresas brasileiras com os requisitos de divulgação das IFRS no primeiro ano (2010) de sua adoção plena no Brasil. Nossos resultados mostram um baixo nível geral de conformidade com ositens de divulgação requerida pelo IFRS por parte das empresas brasileiras. Também foi possível detectar o cumprimento das normas individuais, o que pode mostrar-se particularmente útil aos reguladores e agentes de mercado no processo de consolidação da implementação do IFRS no Brasil.

A segunda questão foi abordada pelo teste de associações entre o nível de conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS e características das empresas, como tamanho, rentabilidade, alavancagem financeira, listagem internacional, auditoria por uma das "Big 4" (Ernst & Young, Deloitte, KPMG e PwC), governança corporativa e setor. Nossos resultados mostram correlações significativas entre os níveis de conformidade e algumas dessas características, principalmente tamanho e auditoria por uma das "Big 4", consistentes com pesquisas anteriores.

Este trabalho difere de estudos anteriores sobre a divulgaçãorequerida pelo IFRS no Brasil: por exemplo, Lima et al. (2010)Lopes, A. B., & Alencar. R. C. (2010). Disclosure and cost of equity capital in emerging markets: the Brazilian case. The International Journal of Accounting, 45(4),443-464. investigaram 50 dasmaiores empresas listadas em bolsa quanto à conformidade com algumas normas da primeira fase da transição (2008) para o IFRS, e constataram associações com fatores de influência; e Maia e Formigoni (2011)Mapurunga, P. V. R., Ponte, V. M. R., Coelho, A. C. D., & Meneses, A. F. (2011). Determinantes do nível de disclosure de instrumentos financeiros derivativos em firmas brasileiras. Revista Contabilidade e Finanças, 22(57),263-278. calcularam um índice de divulgação obrigatória, que inclui 72 itens de divulgação requerida por CPC (pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis), também aplicados em 2008 e 2009. Outros estudos abordam normas específicas, seja da primeira fase de transição (Santos & Calixto, 2010Santos, E. S., Cia, J. N. S., & Cia, J. C. (2011). U.S. GAAP x normas brasileiras: mensuração do impacto das diferenças de normas no lucro duplamente reportado pelas empresas brasileiras emissoras de ADRs na NYSE. Revista de Administração do Mackenzie, 12(1),82-111.; Ponte, Luca, & Cavalcante, 2010Ponte, V. M. R., Luca, M. M. M., Oliveira, M. C., & Aquino, L. D. P. (2010b). Análise do grau de cumprimento das práticas de divulgação definidas pelo Pronunciamento Técnico CPC 13 no âmbito das companhias abertas. Working Paper. Anais do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil, 8.a; Ponte, Luca, Oliveira, & Aquino, 2010Ponte, V. M. R., Luca, M. M. M., Oliveira, M. C., & Aquino, L. D. P. (2010b). Análise do grau de cumprimento das práticas de divulgação definidas pelo Pronunciamento Técnico CPC 13 no âmbito das companhias abertas. Working Paper. Anais do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil, 8.b; Loureiro, Gallon, & Luca, 2011Maia, H. A., & Formigoni, H. (2011). Empresas de auditoria e o compliance com o nível de evidenciação obrigatório durante o processo de convergência às normas internacionais de contabilidade no Brasil. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Vitória, ES, Brasil, 5., entre outros), sejada fase final de adoçãoplena do IFRS (Mapurunga, Ponte, Coelho, & Meneses, 2011Martins, D. (2011). Adoção de IFRS dobrará notas explicativas do BNDES. Jornal Valor Econômico, 25 de outubro., entre outros). Uma análise qualitativa de 16 temas contábeis, incluindo divulgação, nas demonstrações financeiras de 56 empresas listadas, após a adoção plena do IFRS, foi apresentada pela Ernest & Young e Fipecafi (2011).

Estruturamos o restante deste artigo da seguinte forma: na seção 2 discutimos a literatura sobre o tema e elaboramos as hipóteses a serem testadas; na seção 3 descrevemos o modelo de pesquisa adotado, incluindoa métrica de divulgação, amostra, coleta de dados e determinação dos testes; na seção 4 apresentamos e discutimos nossos resultados; e na seção 5 sintetizamos e concluímos nosso estudo.

2 PESQUISA ANTERIOR E DESENVOLVIMENTO DE HIPÓTESES

A divulgação de informações pelas empresas é um componente fundamental da eficiência de mercado, pois aumenta ex ante o conhecimento (awareness) do mercado sobre as decisões de investimento e assegura ex post o cumprimento de contratos de agência entre acionistas e gestores (Jensen & Meckling, 1976Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1976). Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, 3(4),305-360.; Healey & Palepu, 2001Healy, P. M., & Palepu, K. G. (2001). Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital markets: a review of the empirical disclosure literature. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),405-440.). Empresas realizam divulgação voluntária para obter benefícios de mercado (menor custode capital e maior liquidez de mercado) e reduzir a incerteza dos investidores quanto ao seu desempenho (Leuz & Verrecchia, 2000Leuz, C., & Verrecchia, R. (2000). The economic consequences of increased disclosure. Journal of Accounting Research, 38(suppl.),91-124.; Healey & Palepu, 2001Healy, P. M., & Palepu, K. G. (2001). Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital markets: a review of the empirical disclosure literature. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),405-440.).

A divulgação voluntária, como "um caso especial da teoria dos jogos", implica que as entidades tendem a divulgar informações favoráveis e a não divulgar informaçõesdesfavoráveis. Pesquisasdevem considerar tanto os incentivos para que as empresas divulguemcomo os motivos para a não divulgação, a fim de "interpretar o silêncio" - como quando um vendedor não responde a uma pergunta específica do comprador ou quando um empregador observa uma lacunade tempo no currículo do candidato a uma vaga de emprego (Dye, 2001, p. 184Dye, R. A. (2001).An evaluation of "essays on disclosure" and the disclosure literature in accounting. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),181-185.).

Alguns autores adotam o exemplo do mercado de automóveis usados, mencionado na Economia da Informação, segundo o qual os vendedores, ao esconderem dos compradores os defeitos dos carros ruins, transformam-nos em "limões", o que termina por sobre desvalorizar todos os carros usados, incluindo os bons (as "cerejas"); isso afasta os bons vendedores do mercado de automóveis e pode destruir o mercado (Akerlof, 1970Akerlof, G. (1970). The market for "lemons": quality uncertainty and the market mechanism. Quarterly Journal of Economics,84(3),488-500.). Da mesma forma, os mercados financeiros antecipam e precificam não apenas as informações positivas ou negativas, mas também a falta de informações, de modo que a divulgação deficiente pode levar a grandes mudanças no mercado, afastando os investidores, aumentando os custos de capital e diminuindo o valor das empresas boas por seleção adversa (Healy & Palepu, 2001Hodgdon C., Tondkar, R. H., Harless, D. W., & Adhikari, A. (2008). Compliance with IFRS disclosure requirements and individual analysts forecast errors. Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, 17(1),1-13.; Verrecchia, 2001; Dye, 2001Dye, R. A. (2001).An evaluation of "essays on disclosure" and the disclosure literature in accounting. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),181-185.; Lopes & Alencar, 2010Loureiro, D. Q., Gallon, A. V., & Luca, M. M. M. de. (2011). Subvenções e assistências governamentais (SAG): evidenciação e rentabilidade das maiores empresas brasileiras. Revista de Contabilidade e Organizações, 5(13),34-54.).

Como, empiricamente, a divulgação voluntária parece ser insuficiente para eliminar as falhas de mercado e proteger os investidores inexperientes, as informações contábeis são consideradas um "bem público" (Healy & Palepu, 2001, p. 401Healy, P. M., & Palepu, K. G. (2001). Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital markets: a review of the empirical disclosure literature. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),405-440.) ou uma externalidade governável (Dye, 1990Dye, R. A. (1990). Mandatory versus voluntary disclosures: the cases financial and real externalities. The Accounting Review, 65(1),1-24.), o que requer e justifica a divulgação obrigatória (Sengupta, 1998Sengupta, P. (1998). Corporate disclosure quality and the cost of debt. The Accounting Review, 73(4),459-474.; Healey & Palepu, 2001Healy, P. M., & Palepu, K. G. (2001). Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital markets: a review of the empirical disclosure literature. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),405-440.; Dye, 1990Dye, R. A. (2001).An evaluation of "essays on disclosure" and the disclosure literature in accounting. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),181-185.; Leuz & Wysocki, 2008Leuz, C., & Wysocki, D P. (2008). Economic consequences of financial reporting and disclosure regulation: a review and suggestions for future research. Working Paper. Retrieved from http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1105398.
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). Isso é evidenciado pelo fato de que "nos mercados e nas economias bem-sucedidos, as atividades de elaboração de relatórios e divulgação de informações pelas empresas são normalmente fortemente reguladas" (Leuz & Wysocki, 2008, p. 68Leuz, C., & Wysocki, D P. (2008). Economic consequences of financial reporting and disclosure regulation: a review and suggestions for future research. Working Paper. Retrieved from http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1105398.
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).

Na verdade, a divulgação obrigatória é vantajosa não só nos mercados locais, mas na concorrência informacional entre países nos mercados de capitais internacionais (Sunder, 2002Sunder, S. (2002). Regulatory competition among accounting standards within and across international boudaries. The Journal of Accounting and Public Policy, 21(3),219-234.). De fato, quando a empresa de um país emergente opta pela listagem cruzadanos EUA, tornando-se sujeita a "aumentar substancialmente sua divulgação (pelo Formulário 20-F)", elaestá sinalizando que a legislação mais rigorosa dos EUA poderia "assegurar direitos mais sólidos aos investidores estrangeiros" (Leuz & Wysocki, 2008, p. 55Leuz, C., & Wysocki, D P. (2008). Economic consequences of financial reporting and disclosure regulation: a review and suggestions for future research. Working Paper. Retrieved from http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1105398.
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). Isso significa que, no mercado informacional global, a conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS, independentemente do (sempre necessário) enforcement, mostra-se uma escolha competitiva da empresa para obter os mesmos benefícios de mercado que tornam atrativaa adoção voluntária do IFRS.

Verrecchia (2001, p. 99)Verrecchia, R. E. (2001). Essays on disclosure., Journal of Accounting and Economics 32(1-3),97-180. distingue três categorias de pesquisa sobre divulgação (disclosure): divulgação baseada em associação, que leva em conta os impactos da divulgação no mercado, relacionados às decisões dos investidores e ao volume dosnegócios; divulgação baseada em discricionariedade, que examina como gestores/empresas aplicam a discricionariedade na divulgação das informações; e divulgação baseada na eficiência, que examina arranjos de divulgação incondicionalmente ótimos (como um ótimo de Pareto).

Para esse autor, uma teoria de divulgação tem que integrar as três categorias; no entanto, em mercados mais eficientes, comonos EUA, osaprimoramentos da divulgação são meramente incrementais e não é fácil detectá-los. Assim, o autor sugere que os pesquisadores enfoquem "mercados de capitais menos desenvolvidos" (Verrecchia, 2001, pp. 173-174Verrecchia, R. E. (2001). Essays on disclosure., Journal of Accounting and Economics 32(1-3),97-180.) - o que enfatiza a relevância da nossa investigação sobre a divulgação do IFRS no Brasil.

Este estudo visa a estabelecer um índice de conformidade (compliance) das empresas brasileiras coma divulgação (disclosure) requerida pelo IFRS. Além disso, na linha da literatura internacional (comentadajuntamente com as hipóteses apresentadas adiante), este estudo examina a associação desse índice com as seguintes características das empresas, querepresentam alguns dos possíveis fatores explicativos do grau de divulgação: tamanho, rentabilidade, alavancagem financeira, firma de auditoria, listagem internacional, governança corporativa e setor. Seguindo o exemplo do duplo modeloda Economia da Informação de que "a educação aumenta o capital humano e também serve como um sinal" (Spence, 2002, p. 414Spence, A. M. (2002). Signaling in retrospect and the informational structure of markets. The American Economic Review, 92(3),434-459.), esses fatores sinalizam, em um primeiro momento, a expectativa de um nível superior de conformidade com a divulgação, como expresso por nossas hipóteses a seguir formuladas. Em um segundo momento, por corroboração, esses fatores mostram-se como sinais confirmados de uma excelência contábil adicional (maior conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS).

Nossas hipóteses em relaçãoaos potenciais fatores explicativos são:

Tamanho

Vários estudos convergem quanto à existência de uma associação positiva entre o tamanho da empresa e o nível de divulgação: grandes empresas podem melhor suportar e diluir os custos da divulgação, elas são mais sensíveis à visibilidade de mercado para melhor atrair um volume expressivo de capital a custos mais baixos, elas em geraltêm acionistas múltiplos e institucionais que exigem divulgação, eestão mais sujeitas ao escrutínio político e social da transparência (Cooke, 1992Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237.; Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.; Street & Gray, 2002Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76.; Archambault & Archambault, 2003Archambaut, J. J., & Archambaut, M. E. (2003). A multinational test of determinants of corporate disclosure. The International Journal of Accounting,38(2),173-194.; Zarzeski, 1996Zarzesky, M. T. (1996). Spontaneous harmonization effects of culture and market forces on accounting disclosure practices. Accounting Horizons, 10(1),18-37.; Lima, V., Lima, G., Lima, I., & Carvalho, 2010Lima, V. S., Lima, G. A. S. F., Lima, I. S., & Carvalho, L. N. G. (2010). Determinantes da convergência aos padrões internacionais de contabilidade no Brasil. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Natal, RN, Brasil, 4.). Assim, formulamos a seguinte hipótese:

H1: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está positivamente associado ao tamanho da empresa.

Rentabilidade

As pesquisas anteriores sobre a associação entre a rentabilidade e o nível de conformidade com a divulgação não são convergentes (Street & Gray, 2002Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76.). Alguns autores (Cooke, 1992Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237.; Zarzeski, 1996Zarzesky, M. T. (1996). Spontaneous harmonization effects of culture and market forces on accounting disclosure practices. Accounting Horizons, 10(1),18-37.; Lima et al., 2010)Lima, V. S., Lima, G. A. S. F., Lima, I. S., & Carvalho, L. N. G. (2010). Determinantes da convergência aos padrões internacionais de contabilidade no Brasil. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Natal, RN, Brasil, 4. não incluem a rentabilidade entre os fatores explicativos da divulgação das empresas. Outros, apesar de incluir esse fator em seus estudos, não detectaram significância estatística (Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.; Street & Gray, 2002Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76.; Miihkinen, 2008Miihkinen, A. (2008). Efficiency of authoritative disclosure recommendations: evidence from IFRS transition disclosure in Finland. Journal of Financial Regulation and Compliance, 16(4),384-413.; Palmer, 2008Palmer, P. D. (2008). Disclosure of the impacts of adopting Australian equivalents of International Financial Reporting Standards. Accounting and Finance,48(5),847-870.). Por outro lado, para Raffournier (1995)Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280., a associação entre rentabilidade e maior divulgação parece "evidente". De fato, os gestores são motivados a divulgar a rentabilidade da empresa, que aumenta a valorizaçãode suas ações no mercado, a confiança dos acionistas na gestão e a compensação e reputação dos gestores (Verrecchia, 2001Verriest, A., Gaereminck, A., & Thornton, D. B. (2012). Corporate governance and properties of IFRS adoption. Working Paper. Retrieved on http://www.econtrack.nl/uploads/document/coporate%20governance%20and%20properties%20of%20IFRS%20Adoption.pdf.
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; Dye, 2001Dye, R. A. (2001).An evaluation of "essays on disclosure" and the disclosure literature in accounting. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3),181-185.; Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.). Para resolver esse problema de tendências aparentemente contraditórias sobre a relação entre rentabilidade e divulgação, Verrecchia (1983)Verriest, A., Gaereminck, A., & Thornton, D. B. (2012). Corporate governance and properties of IFRS adoption. Working Paper. Retrieved on http://www.econtrack.nl/uploads/document/coporate%20governance%20and%20properties%20of%20IFRS%20Adoption.pdf.
http://www.econtrack.nl/uploads/document...
demonstra que a divulgação (voluntária) plena nem sempre criao melhor valor (custos versus benefícios) para os gestores, acionistas e potenciais investidores. O autor propõe a consideração de um "limite" (threshold level) que separa as notícias "ruins" (a serem divulgadas) das "não boas o suficiente" para justificar a divulgação, o que permanece sujeitoà discrição dos gestores, dependendo de uma ponderação entre custo e benefício (por exemplo, diante de informação privada sensível, perante aquisição hostil etc.). Assim, foi formulada a seguinte hipótese:

H2: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está positivamente associado à rentabilidade da empresa.

Alavancagem Financeira

Diversos autores observam que a associação entre o grau dealavancagem financeira da empresa e a conformidadecom a divulgação nem sempre é unívoca (Archambault & Archambault, 2003Archambaut, J. J., & Archambaut, M. E. (2003). A multinational test of determinants of corporate disclosure. The International Journal of Accounting,38(2),173-194.; Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.; Gallery, Cooper, & Sweeting, 2008Gallery, G., Cooper, E., & Sweeting, J. (2008). Corporate disclosure quality: lessons from Australian companies on the impact of adopting International Financial Reporting Standards. Australian Accounting Review, 46(3),257-273.). Muitas vezes, empresas endividadas são pressionadas pelos credores para aumentar a divulgação e o monitoramento (Palmer, 2008Palmer, P. D. (2008). Disclosure of the impacts of adopting Australian equivalents of International Financial Reporting Standards. Accounting and Finance,48(5),847-870.; Lanzana, 2004Lanzana, A. (2004). Relação entre o disclosure e governança corporativa das empresas brasileiras. Dissertação de mestrado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.), ou sua divulgação também pode aumentar antes da emissão de novos títulos (Miihkinen, 2008Miihkinen, A. (2008). Efficiency of authoritative disclosure recommendations: evidence from IFRS transition disclosure in Finland. Journal of Financial Regulation and Compliance, 16(4),384-413.; Lima et al., 2010Lima, V. S., Lima, G. A. S. F., Lima, I. S., & Carvalho, L. N. G. (2010). Determinantes da convergência aos padrões internacionais de contabilidade no Brasil. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Natal, RN, Brasil, 4.), principalmente se estão entrando no mercado financeiro internacional (Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.). Em outros casos, acordos privados (covenants) com os credores podem amenizar essa pressão por divulgação, mas, novamente, a divulgação pode aumentar quando esses acordos terminam ou são violados (Gallery et al., 2008Gallery, G., Cooper, E., & Sweeting, J. (2008). Corporate disclosure quality: lessons from Australian companies on the impact of adopting International Financial Reporting Standards. Australian Accounting Review, 46(3),257-273.). Outros estudos constataram que as empresas com baixo endividamento tendem a aumentar a divulgação voltadaao investidor, a fim de atrair melhores benefícios do mercado (menores custos de capital, maior liquidez) (Zarzesky, 1996Zarzesky, M. T. (1996). Spontaneous harmonization effects of culture and market forces on accounting disclosure practices. Accounting Horizons, 10(1),18-37.; Gallery et al., 2008Gallery, G., Cooper, E., & Sweeting, J. (2008). Corporate disclosure quality: lessons from Australian companies on the impact of adopting International Financial Reporting Standards. Australian Accounting Review, 46(3),257-273.). Em relação à alavancagem financeira, formulamos a seguinte hipótese:

H3: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está positivamente associado ao grau dealavancagem financeira da empresa.

Listagem Internacional

Pesquisas anteriores demonstram que alistagem de uma empresa em bolsa internacional pode ser associadaa uma maior divulgação (Archambault & Archambault, 2003Archambaut, J. J., & Archambaut, M. E. (2003). A multinational test of determinants of corporate disclosure. The International Journal of Accounting,38(2),173-194.; Leuz & Wysocky, 2008Leuz, C., & Wysocki, D P. (2008). Economic consequences of financial reporting and disclosure regulation: a review and suggestions for future research. Working Paper. Retrieved from http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1105398.
http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?a...
), principalmente quando a empresa está listadaem uma bolsa de valores dos EUA (Street & Bryant, 2000) ou em múltiplas bolsas internacionais (Cooke, 1992Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237.; Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.). A maior divulgação resulta da experiência com demandas contábeis eculturais de dois ou mais países (Zarzeski, 1996; Raffournier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.). Assim, o grau de conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS por parte de emissoras de American Depositary Receipts (ADR) também aumenta (Street & Bryant 2000). A esse respeito, formulamos a hipótese:

H4: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está positivamente associado à listagem internacional da empresa.

Auditoria das "Big 4"

O tipo de auditor, principalmente se se trata de uma empresa de auditoria multinacional, é apontado por Street e Gray (2002)Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76.como significativamente associado à maior conformidade com a informação requerida pelo IFRS. A empresa de auditoria também está associadaao aumento da divulgação voluntária, como demonstrou Raffournier (1995)Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.. Palmer (2008)Palmer, P. D. (2008). Disclosure of the impacts of adopting Australian equivalents of International Financial Reporting Standards. Accounting and Finance,48(5),847-870. considera que a qualidade da divulgação é maior em empresas que utilizam uma das "Big 4",empresas internacionais de auditoria (Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PwC), do que naquelas que utilizam empresas de auditoria menores. Todos esses autores apontam que as grandes empresas de auditoria exercem, de fato, influência nas políticas de divulgação das empresas que contratam seus serviços, já que essas auditoriasestão expostas ao ambiente regulatório de diversos paísese são submetidas a especial exame dos órgãos reguladores. No que diz respeito ao tipo de auditoria, nossa hipótese é:

H5: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está positivamente associado aser auditada por uma das "Big 4".

Governança Corporativa

A associação entre padrões elevados degovernança corporativa e maior conformidade com a divulgação requeridapelo IFRS é enfatizada por Verriest et al. (2012)Verriest, A., Gaereminck, A., & Thornton, D. B. (2012). Corporate governance and properties of IFRS adoption. Working Paper. Retrieved on http://www.econtrack.nl/uploads/document/coporate%20governance%20and%20properties%20of%20IFRS%20Adoption.pdf.
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, entre outros estudos (Archambault & Archambault, 2003Archambaut, J. J., & Archambaut, M. E. (2003). A multinational test of determinants of corporate disclosure. The International Journal of Accounting,38(2),173-194.; Daske & Gebhardt, 2006Daske, H., & Gebhardt, G. (2006). International Financial Reporting Standards and experts' perceptions of disclosure quality. Abacus, 42(3/4),461-498.; Gallery et al., 2008Gallery, G., Cooper, E., & Sweeting, J. (2008). Corporate disclosure quality: lessons from Australian companies on the impact of adopting International Financial Reporting Standards. Australian Accounting Review, 46(3),257-273.). No Brasil, Lanzana (2004)Lanzana, A. (2004). Relação entre o disclosure e governança corporativa das empresas brasileiras. Dissertação de mestrado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. demonstra associações significativas entre o nível de governança corporativa e a divulgação voluntária. Em 2000, a BM&FBovespa criou segmentos especiais de listagem do "Novo Mercado":

O Novo Mercado é um segmento de listagemdesenhado para ações emitidas por empresas que se comprometem voluntariamente a cumprir boas práticas de governança corporativa e requisitos de transparência adicionais aos já requeridos pela legislação brasileira e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Baseia-se na premissa de que a valorização e liquidez das ações são positivamente impactadas e asseguradas pelos direitos dos acionistas e pela qualidade das informações das empresas. A admissão no Novo Mercado implica o cumprimento das regras corporativas, conhecidas como "boas práticas de governança corporativa", que são mais rígidas que aquelas exigidas pela legislação vigente no Brasil (BM&FBovespa, 2008).

Assim, formulamos a seguinte hipótese:

H6: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está positivamente associado a estar listadaem um dos segmentos especiais de governança corporativa da BM&FBovespa.

Setor

O grau de conformidade com a divulgação requerida pelas IFRS pode variar entre os setores (dependendo do nível de globalização, de regulações específicas e outras características do setor). Cooke (1992)Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237. considera que as empresas japonesas de manufatura divulgam muito mais informações que as outras empresas. Até certo ponto, isso também foi constatado por Raffournier (1995)Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280. ao estudar empresas suíças de manufatura, uma vez que também são as mais internacionalizadas do país. Daske et al. (2009) controlam pela variável setoros efeitos no capital associados à adoção voluntária do IFRS. A esse respeito, formulamos uma hipótese mais ampla que possibilita detectar melhor as variações do nível de divulgação entre os setores de atuação:

H7: O nível de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelas IFRS está associado a pertencer a um setor específico.

3 METODOLOGIA

Seleção da Amostra e Fontes de Dados

A amostra inicial abrangeuas 445 empresas listadas na BM&FBovespa em 31 de dezembro de 2010. Foram excluídas as 66 empresas do setor financeiro, que possuem regulação específica pelo Banco Central e tiveram um processo de adoção do IFRS diferente das demais empresas listadas. Também foram excluídas 13 empresas cujos relatórios anuais de 2010 não estavam disponíveis no site da BM&FBovespa no momento deste estudo. A amostra final total abrangeu os relatórios financeiros anuais1 1 Note-se que os relatórios financeiros de todas as empresas listadas sãopor lei submetidos a auditoria externa, mas a coleta de dados focou as Notas Explicativas, não analisando os relatórios da auditoria externa. de 366 empresas.

O ativo totaldas empresas, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) ENT#91;lucro líquido/ patrimônio líquido (saldo final)ENT#93;, a alavancagem financeira (passivo financeiro / ativo total) e os dados de classificação setorial foram obtidos da base de dados consolidados da Economática (ECOW). As empresas com ROE negativo foram excluídas da análise de regressão.

As empresas brasileiras negociadas em bolsas de valores internacionais, suas respectivas empresas de auditoria e as empresas listadas nos segmentos especiais de governança corporativa da BM&FBovespa foram identificadas a partir do site da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br).

Avaliando a Conformidade com a Divulgação Requerida pelo IFRS: Elaboração do Checklist

Inicialmente, foram coletadas todas as normas contábeis aplicáveis em 2010 emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) - o órgão brasileiro emissor de normas contábeis criado para operacionalizar a convergência das normas brasileiras (Generally Accepted Accounting Principles in Brazil - BR GAAP) parao IFRS. As normas que não contêm requisitos de divulgação e as relacionadas a atividades específicas e eventos incomuns foram excluídas. Obtivemos 28 normas restantes, incluindo 26 pronunciamentos (CPC), 1 orientação técnica (OCPC) e 1 interpretação (ICPC). Para facilitar a coleta e análise de dados, desdobramos algumas normas e combinamos outras, obtendo, assim, 30 normas temáticas. A seguir o termo norma é utilizado em sentido amplo, referindo-se às 30 normas temáticas. A Tabela 1 apresenta as 30 normas temáticas e seus CPC e IFRS correspondentes.

Tabela 1
Normas consideradas no índice de conformidade com a divulgação e referência às IAS/IFRS

Desenvolvemos um checklist abrangente pela extração de todos os parágrafos das normas que mencionam requisitos de divulgação, num total de 183 parágrafos. Como diversos parágrafos contêm mais de um requisito de divulgação, subdividimos os parágrafos em itens, obtendo 638 itens de divulgação requerida.

Ao aplicar o checklist, cada item de divulgação requerida pelas IFRS foi codificado como divulgado (1), não divulgado (0) ou não aplicável (NA).

Para minimizar o viés subjetivo durante a verificação do cumprimento pelas empresas, cada norma (e seus respectivos itens) foi atribuída ao mesmo pesquisador treinado, que codificou os mesmos itens para todas as 366 empresas - embora, sem dúvida, seja impossível excluir totalmente a subjetividade do pesquisador.

Critérios para a Aplicabilidade de uma Norma a uma Empresa

Em alguns casos, a aplicabilidade de umanorma pode ser verificada diretamente pela existência de umacontadetalhada no Balanço Patrimonial ou na Demonstração do Resultado. Em outros, as informações sobre a aplicabilidade de umanorma podem ser encontradas apenas nas Notas Explicativas. Por exemplo, a aplicabilidade da norma de leasing financeiro a uma empresa pode ser verificada pela existência de um saldo diferente de zero na conta Ativo Imobilizado Arrendado2 2 Naturalmente, não se pode excluir a possibilidade de haver arrendamento mercantil em Propriedades para Investimento; no entanto, isso não pôde ser verificado neste estudo devido à indisponibilidade de dados, já que a CVM não exige a divulgação dessa informação em conta específicana estrutura das Demonstrações Financeiras Padronizadas. no Balanço Patrimonial; porém, para o arrendamento operacional, não há uma conta de despesa específica na Demonstração de Resultados, fazendo com que a aplicabilidade dessa norma a uma empresa seja verificável apenas pela existência de uma divulgação específica nas Notas Explicativas.

Durante a coleta dos dados, constatamos que inúmeras empresas não mencionam em suas Notas Explicativas algumas normas, não sendo possível, portanto, chegar a qualquer conclusão a respeito de sua aplicabilidade ou não à empresa. Mas também verificamos quediversas empresas relataram de modo explícito nas Notas que uma norma específica não lhes era aplicável. De fato, não é possível supor que uma norma não é aplicável a uma empresa simplesmente porque nada é mencionado sobre essa norma nas Notas Explicativas da empresa. Por outro lado, não há um requerimento formal nas normas de que as empresas devem indicar de modo explícito nas Notas Explicativas que uma norma não lhes é aplicável. Como essa questão fica à discrição das empresas, estabelecemos para esses casos dois critérios alternativos para mensurar o cumprimento das exigências de divulgação das IFRS:

Critério 1 (rigoroso): Se não houver nenhuma informação nas Notas a respeito de uma norma, essa norma é considerada aplicável (interpretando-se que a empresa deve indicar de modo explícito que uma norma não lhe é aplicável); portanto, todos os seus itens são codificados como não divulgados (0). Esse critério mais rigoroso enfatiza uma penalidade para as empresas que ocultam informações relevantes ao induzir o usuário a crer que a norma não lhe é aplicável, quando na verdade é. Por outro lado, esse critério assume o risco de penalizar as empresas que omitiram apenas as informações que de fato não lhes eram aplicáveis.

Critério 2 (tolerante): Se não houver nenhuma informação nas Notas Explicativas sobre uma norma, considera-se que essa norma não aplicável (interpretando, assim, que as empresas não necessitam explicitar os casos não aplicáveis); logo, seus itens são excluídos da pontuação. Esse critério não penaliza uma empresa que omitiu corretamente as informações que não lhes eram aplicáveis. Por outro lado, esse critério assume o risco de considerar que todas as informações omitidas referem-se apenas a normas não aplicáveis.

Essa abordagem baseada em dois critérios possibilita mensurar o nível de conformidade considerando cada uma das duas interpretações possíveis para a não aplicabilidade de uma norma: a norma não é aplicável a uma empresa apenas se tal foi declarado de modo explícito ou a norma também não lhe é aplicável se simplesmente nada foi mencionado a seu respeito. Além disso, essa abordagem proporciona o estabelecimento de um nível de conformidade máximo (tolerante) e mínimo (rigoroso), possibilitando, assim, avaliar a sensibilidade dos resultados à interpretação adotada.

Abordagens de Acumulação do Índice de Conformidade

Duas abordagens distintas de acumulação foram utilizadas em estudos anteriores para mensurar o índice de divulgação, como descrito por Tsalavoutas, Evans, e Smith (2010)Tsalavoutas, I., Evans, L., & Smith, M. (2010).Comparison of two methods or measuring compliance with IFRS mandatory disclosure requirements. Journal of Applied Accounting Research, 11(3),213-228.:

(1) "Abordagem de divulgação dicotômica" (DD); e

(2) "Abordagem de conformidade parcial não ponderada" (DP).

Na abordagem dicotômica, cada item de divulgação recebe peso igual, atribuindo, assim, maior peso às normas que contêm mais itens a divulgar. O número total de itens de divulgação obrigatória apresentado pela empresa (para todas as IFRS em análise) é dividido pelo número de itens de divulgação a ela aplicável (Cooke, 1992Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237.; Craig & Diga, 1998Craig, H., & Diga, J. (1998). Corporate accounting disclosure in Asean. Journal of International Financial Management and Accounting, 9(3),246-274.; Street & Gray, 2002Street, D. L., & Bryant, S. M. (2000). Disclosure level and compliance with IASs: a comparison of companies with and without U.S. listings and filings., The International Journal of Accounting 35(3),305-329.; Hodgdon et al., 2008Hodgdon C., Tondkar, R. H., Harless, D. W., & Adhikari, A. (2008). Compliance with IFRS disclosure requirements and individual analysts forecast errors. Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, 17(1),1-13.; Tsalavoutas, Evans, & Smith, 2010Tsalavoutas, I., Evans, L., & Smith, M. (2010).Comparison of two methods or measuring compliance with IFRS mandatory disclosure requirements. Journal of Applied Accounting Research, 11(3),213-228., e outros), utilizando a equação (1):

Onde:

DDx é o índice de conformidade com a divulgação da empresa x de acordo com a abordagem dicotômica (0 ≤ DDx ≤ 1); TTx é o número total de itens divulgados pela empresa x para todas as normas maplicáveis à empresa x; e ATx é o número de itens aplicáveis à empresa x para todas as normas m aplicáveis à empresa x (Tx,y é explicado adiante).

A abordagem da conformidade parcial não ponderada assume que cada norma tem igual importância e, consequentemente, atribui um peso igual a cada norma (Street & Gray, 2002Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76.; Tsalavoutas et al., 2010Tsalavoutas, I., Evans, L., & Smith, M. (2010).Comparison of two methods or measuring compliance with IFRS mandatory disclosure requirements. Journal of Applied Accounting Research, 11(3),213-228.). De acordo com esse método, o índice é calculado por etapas, utilizando-se duas equações.

Primeiramente, a pontuação de conformidade com a divulgação de uma empresa referente a uma norma é calculada por meio da equação (2):

Onde:

Dx,y é a pontuação da conformidade com a divulgação referente à norma y (0 ≤ Dx,y ≤ 1) da empresa x; Tx,y é o número total de itens divulgados pela empresa x em relação à norma y; e Ax,y é o número de itens aplicáveis à empresa x referentes à norma y.

Em seguida, o índice de conformidade com a divulgação da empresa é calculado pela equação (3):

Onde:

DPx é o índice de conformidade geral da empresa x de acordo com a abordagem da conformidade parcial não ponderada (0 ≤ DPx ≤ 1); Dx,y é a pontuação da conformidade da divulgação em relação à norma y por parte da empresa x; e m é o número de normas aplicáveis à empresa x.

A abordagem da conformidade parcial tem a vantagem de evitar o problema da abordagem dicotômica de se atribuir maior peso às normas que contêm mais itens. Além disso, ela possibilita aos pesquisadores analisar a não conformidade por norma, conjuntos ou grupos e explorar suas correlações com outras variáveis, como tamanho, tipo de auditoria etc. (Tsalavoutas et al., 2010Tsalavoutas, I., Evans, L., & Smith, M. (2010).Comparison of two methods or measuring compliance with IFRS mandatory disclosure requirements. Journal of Applied Accounting Research, 11(3),213-228.). Na linha desses autores, este estudo efetua suas análises considerando ambas as abordagens para minimizar o viés de mensuração.

Modelagem Estatística

Empregamos o teste de Kruskal-Wallis e o teste U de Mann-Whitney para avaliar a significância das diferenças de médias do índice de conformidade para cada fator explicativo qualitativo (setor, listagem internacional, auditoria por uma das "Big 4" e governança corporativa). Foram empregados testes não paramétricos porque o teste de Kolmogorov-Smirnov indicou uma distribuição não normal.

O seguinte modelo de regressão linear (equação 4) foi adotado para testar as hipóteses de fatores explicativos do grau de conformidade com a divulgação requerida pelas IFRS:

Onde:

DISC: índice de conformidade com a divulgação requerida;

SIZE: tamanho da empresa (logaritmo do ativo total);

PROF: rentabilidade (ROE);

LEV: alavancagem financeira (dívida/ativo total);

INT: listagem internacional (1 se a empresa estiver listada em bolsa de valores internacional e 0 se não);

BIG4: empresa de auditoria (1 se a empresa for auditada pela Ernest & Young, Deloitte, PwC ou KPMG e 0 se não);

GOV: governança corporativa (1 se a empresa for listada em um dos segmentos de governança corporativa da BM&FBovespa e 0 se não);

IND: 19 setores segundo a classificação da Economática (1 se a empresa pertencer a um dos 19 setores e 0 se não);

β: coeficientes do modelo;

ε: erro do modelo.

4 RESULTADOS

Nesta seção, primeiramente apresentamos o nível de conformidade das empresas com a divulgação requerida pelas IFRS para cada norma e, a seguir, o índice geral de conformidade com a divulgação requerida pelo padrão IFRS. Em seguida, comparamos os valores médios do índice para cada fator explicativo qualitativo e testamossuas diferenças. Por fim, efetuamos análises de regressão para testar as hipóteses de associação entre o grau de conformidade com a informação requerida e possíveis fatores explicativos.

Nível de Conformidade das Empresas por Norma

Para 15 normas, a aplicabilidade às empresas só pôde ser verificada nas Notas Explicativas, como indicado na seção de metodologia. Isso é apresentado na Tabela 2, que indica: (1) o número de empresas que declararam a aplicabilidade da norma; (2) o número de empresas que declararam a não aplicabilidade da norma; e (3) o número de empresas que não apresentaram qualquer informação relativa à aplicabilidade da norma.

Tabela 2
Análise de aplicabilidade: resultados para normas cuja aplicabilidade só pôde ser verificada nas notas explicativas

Como mostrado na Tabela 2, algumas empresas, apesar de confirmarem a aplicabilidade de determinada norma em suas Notas Explicativas, não divulgaram as informações requeridas (por exemplo, embora 17 empresas tenham informado combinações de negócios, elas não apresentaram nenhuma das divulgações requeridas por essa norma). Nesse caso, as empresas estavam claramente conscientes de que os itens de divulgação requeridos por essa norma lhes eram cabíveis, mas optaram por não cumpri-los.

Outras empresas declararam a não aplicabilidade de determinada norma, a qual, então, foi excluída da mensuração do índice de conformidade dessas empresas. As normas declaradas com maior frequência pelas empresas como não aplicáveis a elas foram instrumentos financeiros (155 empresas), pagamento baseado em ações (70 empresas) e redução ao valor recuperável de ativos (60 empresas).

Um número considerável de empresas não mencionou nada sobre a aplicabilidade de algumas normas. Por exemplo, 9 normas não foram mencionadas por mais da metade das empresas da amostra. Como explicado na seção de metodologia, empregamos dois critérios alternativos para estabelecer a conformidade, como indicado na Tabela 3.

Tabela 3
Estatística descritiva do índice de conformidade com a divulgação para cada norma

A Tabela 3 apresenta as estatísticas descritivas do índice de conformidade com a divulgação para cada norma e indica o número de empresas para as quais determinada norma foi ou não considerada aplicável. As normas cuja aplicabilidade pôde ser verificada por meio de uma conta específica nas demonstrações financeiras são apresentadas no painel A e as normas cuja aplicabilidade só pôde ser verificada nas Notas Explicativas são apresentadas no Painel B, de acordo com os critérios 1 e 2.

A Tabela 3 mostra que o nível de divulgação foi baixo para a maioria das normas, especialmente quando o critério 1 (rigoroso) foi aplicado. Uma das principais razões é que, como mostra a Tabela 2, nenhuma informação foi fornecida por muitas empresas sobre diversas normas. Isso mostra como o nível de conformidade é sensível ao critério adotado. Por exemplo, em relação à norma "Retificação de Erro", as empresas brasileiras cumpriram apenas 1,24% das divulgações requeridas pelas IFRS de acordo com o critério rigoroso; porém, o índice sobe para 64,28%segundo o critério tolerante, o qual assume que essa norma não é aplicável as 357 empresas (Tabela 2) que não forneceram nenhuma informação acerca dessa norma em suas Notas Explicativas.

É importante enfatizar que algumas normas apresentaram divulgação muito baixa, independentemente do critério adotado. No caso de "Impairment", em que as empresas cumpriram 1,89% da divulgação requerida pelas IFRS segundo o critério rigoroso, o nível de conformidade permanece baixo em 13,74%, mesmo se adotado o critério tolerante. Esse também é o caso da norma "Combinação de Negócios", que obteve um índice de 2,57% pelo critério 1 e 12,48% pelo critério 2.

No entanto, para várias outras normas cuja aplicabilidade foi verificada por uma conta específica nas demonstrações financeiras das empresas (portanto, sem depender das informações nas Notas Explicativas), tais como "Propriedade para Investimento" e "Divulgação sobre Partes Relacionadas", os níveis de conformidade também foram muito baixos, 6,51% e 11,42%, respectivamente. Além disso, vale salientar que apenas duas normas atingiram um nível de conformidade superior a 80% - "Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos", com 87,58% e "Mudança de Estimativa", com 81,12%, - adotando-se o critério 2 (tolerante).

Nível Geral de Conformidade das Empresas

A Tabela 4 apresenta as estatísticas descritivas do índice geral de conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS, de acordo com quatro modelos de mensuração obtidos por meio da combinação dos dois critérios de aplicabilidade das normas com as duas abordagens de acumulaçãodo índice geral.

Tabela 4
Estatística descritiva do índice Geral de conformidade com a divulgação conforme cada modelo

O nível médio de conformidadecom a divulgação requerida pelo IFRS mostrou-se muito sensível ao modelo adotado, variando em mais de 100%, ou seja, de 16,04% (modelo 1) a 33,72% (modelo 4). Independentemente do modelo, nenhuma das 366 empresas da amostra cumpriu mais de 55% dos requisitos de divulgação que lhes eram aplicáveis.

De acordo com a Tabela 4, o nível de conformidade foi menor (em torno de 50%) para as normas que continham um número maior itens de divulgação requeridos. De fato, os níveis de conformidade obtidos por atribuição de igual peso a cada item exigido (abordagem dicotômica) foram menores que os níveis obtidos atribuindo-se peso igual a cada norma (abordagem parcial não ponderada), respectivamente, 16,04% e 24,19%; e 23,69% e 33,72%.

Essesresultados confirmam a utilidade da adoção de dois critérios para avaliar a não aplicabilidade de uma norma. De fato, as variações entre os critérios 1 (rigoroso) e 2 (tolerante) atingiram quase 50% (respectivamente, 16,04% a 23,69%; e 24,19% a 33,72%). Presume-se que essa ampla variação constitui informação relevante tanto para reguladores como para o mercado, na avaliação do comportamento das empresas na adoção do IFRS.

Além disso, essa combinação possibilita concluir que - seja qual for a interpretação acerca de como as empresas devem divulgar em caso de não aplicabilidade de uma norma e de que pesos devem ser atribuídos na acumulação do índice geral - o índice geral de conformidade das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelo IFRS no seu primeiro ano de adoção não foi inferior a 16% nem superior a 34%. O quão baixo esse desempenho das empresas pode ser considerado depende do julgamento do avaliador, bem como de pesquisas ulteriores.

Testando as Diferenças de Média para os Fatores Explicativos Qualitativos

Para verificar a possível relação entre o nível de divulgação e a listagem internacional, auditoria por uma das "Big 4" e governança corporativa, e setor da empresa,as médias foram calculadas e comparadas estatisticamente.

A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos quando o modelo 1 (anteriormente descrito na Tabela 4) foi aplicado.

A Tabela 5 mostra que os maiores níveis médios do índice de conformidade com a divulgação requerida foram observados para as empresas: com listagem internacional, do setor de telecomunicações, listadas em um dos segmentos especiais de governança corporativa da BM&FBovespa e auditadas por uma das "Big 4".

Tabela 5
Comparação dos índices médios de conformidade com a divulgação requerida para cada grupo de características qualitativas da empresa - Modelo 1

Os testes estatísticos para os valores médios mostram que, com exceção do setor, todos os grupos apresentaram diferenças estatisticamente significativas ao nível de 1%. Ou seja, empresas listadas em bolsas internacionais e/ou auditadas por uma das "Big 4" e/ou listadas em um dos segmentos especiais de governança corporativa da BM&FBovespa apresentaram um índice de conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS maior do que as empresas não pertencentes a esses grupos.

Quando o modelo 4 (descrito anteriormente na Tabela 4) foi adotado, os índices de conformidade com a divulgação foram um pouco mais elevados (Tabela 6). No entanto, apesar de pequenas diferenças (por exemplo, o setor da empresa tornou-se significativo), o comportamento foi semelhante nas duas abordagens: a conformidade com os requisitos de divulgação do IFRS foi mais bem explicada pelas características elencadas das empresas analisadas.

Tabela 6
Comparação dos índices médios de conformidade com a divulgação para cada grupo de características qualitativas da empresa - Modelo 4

As estatísticas das tabelas correspondentes aplicando-seos modelos 2 e 3 (descritos anteriormente na Tabela 4) também foram calculadas, e resultaram em valores semelhantes; por isso, não serãoaqui apresentadas.

Análise de Regressão

Realizamos quatro análises de regressão de acordo com os quatro modelos de mensuração (descritos anteriormente na Tabela 4) da variável dependente, a fim de testar o poder explicativo dos fatores descritos na hipótese.

Inicialmente, as correlações foram analisadas para testar a existência de multicolinearidade entre as variáveis independentes (Tabela 4). Seis valores atípicos foram excluídos, restando uma amostra de 360 empresas.

As análises não revelaram qualquer evidência de multicolinearidade entre as variáveis ​​independentes (Tabela 7).

Tabela 7
Matriz de correlação entre as variáveis independentes

Além disso, o pressuposto de normalidade dos resíduos foi alcançado pela aplicaçãodo teorema do limite central, tendo em vista o grande número de empresas da amostra. Os resíduos foram submetidos ao teste de Breusch-Pagan e foram considerados homoscedásticos. Como a amostra foi transversal e não foram utilizadas séries temporais, a autocorrelação não está em questão.

A análise de regressão com a variável dependente calculada pelos quatro modelos (descritos anteriormente na Tabela 4) foi precedida por uma análise de correlação para verificar a existência de associações entre a variável dependente e as variáveis independentes.

Foram identificadas quatro associações significativas e positivas (Tabela 8). Tamanho da empresa, listagem internacional, auditoria por "Big 4" e listagem em um dos segmentos especiais de governança corporativa da BM&FBovespa foram positiva e significativamente associados à variável dependente ao nível de significância de 1%, seja qual for o modelo utilizado, indicando que os níveis mais elevados de divulgação foram associados a maiores valores dessas variáveis independentes. A associação entre alavancagem financeira eo cumprimento da divulgação foi significativa ao nível de 5% apenas quando a abordagem dicotômica foi utilizada (modelos 1 e 2).

Tabela 8
Matriz de correlação entre as variáveis independentes e o índice de conformidade com a divulgação requerida

Além disso, os elevados coeficientes observados para as variáveis independentes tamanho da empresa e auditoria por "Big 4" indicam uma forte associação com a variável dependente.

As correspondentes matrizes de correlação utilizando-se os modelos 2 e 3 (ver Tabela 4) também foram calculadas e obtiveram resultados muito semelhantes, por isso não foram aqui apresentadas.

A Tabela 9 apresenta os resultados da análise de regressão utilizando cada um dos quatro modelos como variável dependente.

Tabela 9
Análise de regressão com variável dependente calculada de acordo com os modelos 1, 2, 3 e 4

Os resultados apresentados na Tabela 9 indicam que, no conjunto, os quatro modelos são significativos ao nível de 1%, com um valor F de 0,00 e um poder explicativo R² - ajustado de 59,61% para o modelo 1; 57,04% para o modelo 2; 60,98% para o modelo 3; e 59,92% para o modelo 4.

Alguns resultados variam dependendo do modelo adotado, mas o tamanho da empresa e a auditoria por "Big 4" influenciam de modo significativo e positivo o índice de conformidade com a divulgação ao nível de significância de 1%, seja qual for o modelo utilizado. Assim, as hipóteses 1 e 5 deste estudo não podem ser rejeitadas, tornando possível concluir que esses fatores produzem um impacto positivo significativo sobre os níveis de conformidade por parte das empresas brasileiras com a divulgação requerida pelo IFRS.

Esses resultados confirmam a existência, também no Brasil, de uma associação positiva entre o tamanho da empresa e o nível de divulgação. De fato, empresas de grande porte conseguem absorver melhor os custos da divulgação, são mais sensíveis à visibilidade a fim de atrair capitais e, normalmente, são submetidas a exigências de divulgação mais elevadas por parte de acionistas múltiplos e institucionais e por stakeholders políticos e sociais. Esses resultados estão em linha comdiversos estudos internacionais sobre divulgação voluntária e/ou sobre divulgação obrigatória requerida pelas normas internacionais (Cooke, 1992Cooke, T. E. (1992). The impact of size, stock market listing and industry type on disclosure in the annual reports of Japanese listed corporations. Accounting and Business Research, 22(87),229-237.; Raffounier, 1995Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280.; e outros). Esses resultados também são consistentes com estudos brasileiros sobre divulgação (Lanzana, 2004Lanzana, A. (2004). Relação entre o disclosure e governança corporativa das empresas brasileiras. Dissertação de mestrado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.; Lima et al., 2010Lima, V. S., Lima, G. A. S. F., Lima, I. S., & Carvalho, L. N. G. (2010). Determinantes da convergência aos padrões internacionais de contabilidade no Brasil. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Natal, RN, Brasil, 4.; Mapurunga et al., 2011Mapurunga, P. V. R., Ponte, V. M. R., Coelho, A. C. D., & Meneses, A. F. (2011). Determinantes do nível de disclosure de instrumentos financeiros derivativos em firmas brasileiras. Revista Contabilidade e Finanças, 22(57),263-278.; e outros).

Além disso, essesresultados também confirmam a influência dasquatro maiores empresas de auditoria (Big4) no grau de compliance das empresas brasileiras, uma vez que esses auditores exercem influência em relação às políticas de divulgação das empresas clientese são submetidos aescrutínio especial por parte dos órgãos reguladores. Ademais, pode-se supor que as auditorias multinacionais tendem a transferir para seus clientes brasileirosas melhores práticas de divulgação em nível mundial. Nossas observações a respeito da variável empresa de auditoria são corroboradas pelas conclusões de Raffounier (1995)Raffournier, B. (1995). The determinants of voluntary financial by Swiss listed companies. The European Accounting Review, 4(2),261-280., Street e Gray (2002)Street, D. L., & Gray. S. J. (2002). Factors influencing the extent of corporate compliance with International Accounting Standards: summary of a research monography., Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 11(1),51-76. e Murcia e Santos (2010)Murcia, F. D., & Santos, A. (2010). Teoria do disclosure discricionário: evidências do mercado brasileiro no período 2006-2008. Working Paper. Anais do Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Natal, RN, Brasil, 4..

Dependendo do modelo adotado, também encontramos influência positiva significativa de outros dois fatores explicativos: listagem internacional (a 5% se o modelo 1for utilizado) e rentabilidade (a 10% se o modelo 2 for usado). Isso não chega a surpreender, já que as empresas negociadas em mais de um mercado de capitais, doméstico e internacional, estão sujeitas a maiores exigências de informação que suas similarespresentesapenas no mercado doméstico. Além disso, os resultados acerca da rentabilidade constituem uma contribuição à discussão mencionada anteriormente sobre a relevância do uso da rentabilidade como fator explicativo do nível de divulgação.

Os resultados relativos à influência do setor foram mistos, como esperado. Para as empresas dos setores de comércio, mineração e petróleo e gás, os resultados foram estatisticamente significativos em três modelos (2, 3 e 4): a associação com oíndice de conformidade com a divulgação foi positiva para o setor de comércio, mas negativa para os setores de mineração e de petróleo e gás. Para outros dois setores, a significância dependeu da abordagem adotada: a associação com o setor de construção foi significativa e negativa quando a abordagem dicotômica foi utilizada (modelos 1 e 2); e a associação com o setor têxtil foi significativa e positiva quando aplicada a abordagem de conformidade parcial (modelos 3 e 4). Os setores de alimentos e bebidas e de veículos e peças mostraram associação positiva significativa quando o modelo 2 foi utilizado, e o setor de energia elétrica mostrou associação negativa significativa quando foi adotado o modelo 3.

5 CONCLUSÃO

Este estudo desenvolveu um diagnóstico abrangente do nível de conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS em seu primeiro ano de adoção plena no Brasil, mensurando tanto o índice de conformidade geral como os índices para cada norma. Foram analisados ​​638 itens de divulgação obrigatória, requeridos por 28 IFRS, para as 366 empresas brasileiras não financeiras listadas na BM&FBovespa.

Na análise, foram combinadas duas possíveis interpretações sobre o modo como as empresas devem divulgar em caso de não aplicação de uma norma (declarar de modo explícito sua não aplicabilidade ou simplesmente não mencioná-la nas Notas Explicativas), comduas abordagens de ponderação para a acumulaçãodo índice (atribuição de pesos por item ou por norma). Constatamos que o índice de conformidade geral das empresas brasileiras no primeiro ano de adoção do IFRS não foi inferior a 16% nem superior a 34%. Ou seja, na melhor das hipóteses, aconformidade foi apenas parcial.

Esse nível presumivelmente baixo de cumprimento das exigências de divulgação das IFRS contrasta com a percepção do mercado (ver, por exemplo, Martins, 2011Martins, D. (2011). Adoção de IFRS dobrará notas explicativas do BNDES. Jornal Valor Econômico, 25 de outubro. e Torres, 2012Torres, F. (2012, setembro 11). Na briga da essência contra a forma prevalece o "medo".. Jornal Valor Econômico) de que as Notas Explicativas tornaram-se muito extensas após a adoção do IFRS no Brasil, indicando que tal aumento do volume de informações parece não ter sido acompanhado por incremento proporcional de conteúdo informacional.

Entre as possíveis razões para os baixos níveis de compliance por parte das empresas brasileiras, pode-se citar que 2010 foi o primeiro ano de adoção do IFRS, portanto, um primeiro passo de aprendizagem para as empresas brasileiras na assimilação de um sistema contábil novo, fundado em tradições culturais e institucionais (common law) diferentes das raízes da contabilidade brasileira (codelaw). Além disso, dificilmente se poderia esperar que o enforcement institucional - de acordo com as pesquisas internacionais, considerado menor em países de direito romano-germânico, em comparação com os países de influência anglo-americana - fosse radicalmente incrementado nesse primeiro ano de adoção no Brasil.

Por outro lado, é necessário considerar que a divulgação deficiente, nos dias de hoje, não constitui um problema apenas no Brasil, mas tem ensejado uma viva discussão nos EUA (Financial Accounting Standards Board -FASB, 2012), na Europa (European Financial Reporting Advisory Group - EFRAG, 2012, 2013) e, também,no próprio IASB (International Financial Reporting Standards -IFRS, 2013), o que aponta para possíveis melhorias futuras nas normas de divulgação.

Nesse sentido, nosso estudo constatou que o nível de conformidade foi cerca de 50% mais baixo para as normas que exigem muitos itens de divulgação, em comparação às normas que requerem poucos itens. Isso sugere que a recente política dos órgãos reguladores de aumento do número de requisitos de divulgação em uma norma para aumentar a transparência não parece necessariamente eficaz, pois as empresas tenderiam a compensar um número excessivo de requisitos simplesmente desconsiderando alguns deles.

Outra implicação desses resultados para a discussão normativa decorre da variação expressiva (50%) entre os valores obtidos para o índice geral, dependendo da interpretação sobre o modo como as empresas devem divulgar em caso de não aplicabilidade de uma norma (declaração explícita de não aplicabilidade da norma ou simplesmente nenhuma menção), sugerindo, assim, aos órgãos reguladores a relevância de uma discussão sobre a melhor política de divulgação nesses casos.

Note-se que, apesar do nível relativamente baixo de conformidade com os requisitos de divulgação do IFRS observado entre as empresas brasileiras, a adoção do IFRS no Brasil, que visa a incrementar a transparência, aumentou consideravelmente a quantidade de informações requeridas, o que demanda um grande esforço de adaptação das empresas. Por outro lado, poderíamos considerar que, mesmo revelando baixos níveis de conformidade com a divulgação requerida pelo IFRS, o primeiro ano da adoção ensejou uma melhoria na transparência das empresas. Por exemplo, a Ernest Young e Fipecafi (2011) identificaram um aumento dos níveis de divulgação associados auma regulamentação mais rigorosa, mesmo observando que diversas empresas apresentaram Notas Explicativas padronizadas e/ou informações insuficientes sobre determinados itens.

Também foram investigados alguns fatores-chave associados ao nível de divulgação, de acordo coma literatura internacional, e confirmado que tamanho da empresa e auditoria por "Big 4"estão positivamente associados a diferenças no nível de conformidade pelas empresas brasileiras com a divulgação requerida pelo IFRS no seu primeiro ano de adoção.

Entre as limitações deste estudo, primeiramente há de se mencionar que ele se concentra no primeiro ano da adoção plena do IFRS e que não se mostra completamente imune ao viés de julgamento dos pesquisadores. Ademais, este estudo teve por objetivo verificar a conformidade pela presença ou ausência dos conteúdos de divulgação requerida nas Notas Explicativas, obviamente sem questionar a qualidade das informações exigidase sem avaliar a clareza e relevância do conteúdo divulgado. Essas limitações abrem caminho para novas pesquisas sobre essas questões, bem como sobre possíveis associações entre o índice de conformidade com a divulgação requerida e os atributos da qualidade da informação contábil e suas implicações. Nossa abordagem dos fatores explicativos das diferenças no nível de compliance entre as empresas, apesar de baseada em pesquisas internacionais, também pode ser considerada uma limitação, uma vez que permanece aberta a uma análise mais profunda, com a inclusão de outros fatores específicos à realidade brasileira. Embora os estudos internacionais sobre compliance raramente analisem a materialidade do conteúdo informado, também consideramos a falta de análise da materialidade uma limitação deste estudo. Que essas limitações possam conduzir ao desenvolvimento de pesquisas futuras.

Apesar dessas limitações, que tornam este estudo de certa forma exploratório, esta investigação censitária e, nesse sentido, singular, espera ter contribuído com resultados relevantes para a atual discussão internacional sobre as Notas Explicativas e para a consolidação da implantação do IFRS no Brasil.

  • *
    Trabalho apresentado no VII Congresso AnpCONT, Fortaleza, Brasil, 2013, e American Accounting Association Annual Meeting, Anaheim, EUA, 2013.
  • 1
    Note-se que os relatórios financeiros de todas as empresas listadas sãopor lei submetidos a auditoria externa, mas a coleta de dados focou as Notas Explicativas, não analisando os relatórios da auditoria externa.
  • 2
    Naturalmente, não se pode excluir a possibilidade de haver arrendamento mercantil em Propriedades para Investimento; no entanto, isso não pôde ser verificado neste estudo devido à indisponibilidade de dados, já que a CVM não exige a divulgação dessa informação em conta específicana estrutura das Demonstrações Financeiras Padronizadas.
  • 3
    Apenas uma empresa obteve o índice geral igual a zero. Ela faz parte da indústria Outras e tinha apenas resultados financeiros. Essa empresa tinha itens aplicáveis,mesmo de acordo com o critério 2, tolerante. Como diversas outras empresas também obtiveram índices baixos e o tamanho da amostra é grande, não excluímos nenhuma empresa das estatísticas descritivas. Outliers foram eliminados apenas nos testes.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2014

Histórico

  • Recebido
    30 Abr 2013
  • Revisado
    06 Maio 2013
  • Aceito
    18 Mar 2014
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