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Financial distress em bancos brasileiros: um modelo de alerta antecipado* * Trabalho apresentado no XL Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Costa do Sauipe, BA, Brasil, setembro de 2016. ,** ** O conteúdo desta pesquisa reflete exclusivamente o trabalho dos autores e não necessariamente a posição do Banco Central do Brasil ou de seus membros.

RESUMO

Este estudo tem como objetivo a proposição de um modelo de alerta antecipado para predição de eventos de financial distress (estresse financeiro) em instituições bancárias brasileiras. Preliminarmente, avalia-se um conjunto de indicadores econômico-financeiros apontados pela literatura de gestão de riscos para discriminação de situações de insolvência bancária, tendo em conta, exclusivamente, informações públicas. Para essa finalidade, são utilizadas regressões logísticas multivariadas, tendo como variáveis independentes indicadores financeiros das dimensões de adequação de capital, qualidade dos ativos, qualidade da gestão, lucratividade e liquidez. A análise empírica considerou uma amostra de 142 instituições financeiras de capital aberto ou fechado, de controle público ou privado, acompanhadas mensalmente no período de 2006 a 2014, o que gerou um painel de dados contendo 12.136 observações. Na janela amostral ocorreram nove casos de intervenção pelo Banco Central do Brasil ou de fusão e aquisição motivados por estresse financeiro. Os resultados foram avaliados com base na estimação dos parâmetros na amostra, testes fora da amostra e em sinalizações do modelo de alerta antecipado no horizonte temporal de 12 meses, obtendo-se, respectivamente, taxas de verdadeiro-positivos de 81%, 94% e 89%. Concluiu-se que os indicadores típicos de análise de balanço são significativos para as sinalizações antecipadas de situações de estresse financeiro em bancos brasileiros, o que contribui para a literatura sobre risco de crédito de intermediários financeiros, sobretudo sob a ótica dos agentes supervisores bancários com ações para a estabilidade financeira.

Palavras-chave:
instituições financeiras; gestão de riscos; estresse financeiro; insolvência; modelo de alerta antecipado

ABSTRACT

This study aims to propose an early warning model for predicting financial distress events in Brazilian banking institutions. Initially, a set of economic-financial indicators is evaluated, suggested by the risk management literature for identifying situations of bank insolvency and exclusively taking public information into account. For this, multivariate logistic regressions are performed, using as independent variables financial indicators involving capital adequacy, asset quality, management quality, earnings, and liquidity. The empirical analysis was based on a sample of 142 financial institutions, including privately and publicly held and state-owned companies, using monthly data from 2006 to 2014, which resulted in panel data with 12,136 observations. In the sample window there were nine cases of Brazilian Central Bank intervention or mergers and acquisitions motivated by financial distress. The results were evaluated based on the estimation of the in-sample parameters, out-of-sample tests, and the early warning model signs for a 12-month forecast horizon. These obtained true positive rates of 81%, 94%, and 89%, respectively. We conclude that typical balance-sheet indicators are relevant for the early warning signs of financial distress in Brazilian banks, which contributes to the literature on financial intermediary credit risk, especially from the perspective of bank supervisory agencies acting towards financial stability.

Keywords:
financial institutions; risk management; financial distress; insolvency; early warning model

1. INTRODUÇÃO

Sobretudo em períodos subsequentes a crises financeiras - como a crise dos subprimes de 2007-2008, em que a quebra do banco Lehman Brothers evidenciou o risco sistêmico de falências em cadeia e o alto custo para a sociedade advindo de intervenções governamentais (bail-out) no setor financeiro, como nos Estados Unidos da América e em países do bloco europeu - a relevância da questão relacionada à estabilidade financeira ganha destaque, com a liderança de importantes organismos multilaterais, como o Comitê de Basileia para Supervisão Bancária, do qual o Brasil é membro desde 2009, e o Comitê de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board), ligado ao Grupo dos 20, das maiores economias mundiais.

As recomendações de Basileia são referentes a três pilares: níveis mínimos de requerimento de capital (índice de Basileia), em que as instituições financeiras devem ter capital próprio em níveis adequados em relação aos riscos de seus ativos; processos de supervisão, que dizem respeito às práticas de supervisão bancária junto às instituições financeiras; e disciplina de mercado. Neste último pilar, as instituições financeiras devem manter efetivos processos de divulgação de informação e transparência para o mercado.

Os estudos encontrados na literatura sobre a predição de estresse financeiro têm como base amostral instituições financeiras do bloco europeu (Betz, Oprica, Peltonen, & Sarlin, 2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.), russas (Peresetsky, Karminsky, & Golovan, 2011Peresetsky, A., Karminsky, A., & Golovan, S. (2011). Probability of default models of Russian banks. Economic Change and Restructuring, 44(4), 297-334.), norte-americanas (Cleary & Hebb, 2016Cleary, S., & Hebb, G. (2016). An efficient and functional model for predicting bank distress: in and out of sample evidence. Journal of Banking and Finance, 64(C), 101-111.; Lane, Looney, & Wansley, 1986Lane, W. R., Looney, S. W., & Wansley, J. W. (1986). An application of the Cox proportional hazards model to bank failure. Journal of Banking and Finance, 10(4), 511-531.), iranianas (Valahzaghard & Bahrami, 2013Valahzaghard, M. K., & Bahrami, M. (2013). Prediction of default probability in banking industry using CAMELS index: a case study of Iranian banks. Management Science Letters, 3(4), 1113-1118.), malasianas (Wanke, Azad, & Barros, 2016Wanke, P., Azad, M. A. K., & Barros, C. P. (2016). Financial distress and the Malaysian dual banking system: a dynamic slacks approach. Journal of Banking and Finance, 66(C), 1-18.) e cross-country (Liu, 2015Liu, Z. J. (2015). Cross-country study on the determinants of bank financial distress. Revista de Administração de Empresas, 55(5), 593-603.).

Contudo, constatou-se a inexistência de estudos sobre modelagem de alertas antecipados para instituições bancárias brasileiras, possivelmente devido às particularidades dos modelos de negócio da indústria bancária e do relativo baixo número de instituições financeiras de capital aberto. A partir dessa constatação, corroborando Brito, Assaf Neto e Corrar (2009Brito, G. A. S., Assaf Neto, A., & Corrar, L. J. (2009). Sistema de classificação de risco de crédito: uma aplicação a companhias abertas no Brasil. Revista Contabilidade & Finanças, 20(51), 28-43.) quanto ao potencial de exploração dessa área de conhecimento - de interesse tanto de órgãos supervisores quanto de investidores do mercado -, este estudo tem como objetivo principal a proposição de um modelo de alerta antecipado para predição de eventos de estresse financeiro em instituições bancárias brasileiras.

Em que pese a raridade de ocorrência dos eventos de interesse desta pesquisa - a amostra referente ao período de 2006 a 2014 contém nove casos no grupo de tratamento -, entende-se que a avaliação de riscos de um sistema financeiro tem por base a identificação de vulnerabilidades em seu nível micro, as quais podem desencadear eventos de risco sistêmico por meio de processos de contágio em função da interconectividade das relações financeiras entre os agentes participantes do mercado, independentemente de seu porte relativo.

Ademais, sistemas de alerta antecipado constituem importantes ferramentas do arcabouço de supervisão bancária (Pilar 2). Em busca da manutenção da estabilidade financeira, atribuição típica de banco central, a antecipação de potenciais fontes de estresse financeiro pode contribuir para a racionalização no uso de recursos na execução de políticas públicas de regulação e de supervisão, além de agregar informações ao monitoramento de risco sistêmico.

Em contrapartida, ao utilizar dados de balancetes bancários, o estudo contribui para a avaliação no país sobre práticas de disclosure (Pilar 3), relevantes também para os poupadores. O estudo lança a seguinte proposição de pesquisa: o conjunto informacional de domínio público relativo aos demonstrativos financeiros constitui-se em elemento suficiente para a modelagem de um sistema de alerta antecipado para eventos de financial distress no Brasil.

Utilizando dados mensais para composição de um painel não balanceado de dados empilhados (pooled data), conclui-se que as categorias do sistema CAMELS (capitalização, qualidade dos ativos, gestão, resultados e liquidez) constituem importantes medidas para análise de situações de financial distress bancário no Sistema Financeiro Nacional e contribuem para a modelagem de sistemas de alerta antecipado em um horizonte temporal de 12 meses.

A seguir são apresentadas as seções de revisão de literatura e de metodologia de pesquisa, seguidas das seções de análise dos resultados e da conclusão.

2. MODELAGENS INFERENCIAIS DE ESTRESSE FINANCEIRO

Desde o trabalho de Altman (1968Altman, E. I. (1968). Financial ratios, discriminant analysis and the prediction of corporate bankruptcy. The Journal of Finance, 23(4), 589-609.), com o modelo clássico denominado Z-score para análise discriminante entre grupos, a literatura acumulada sobre modelos preditivos de falências corporativas é diversificada em termos de variáveis utilizadas, bem como de metodologia para estimativas de probabilidade de default. Há modelos que extraem seus insumos de demonstrações financeiras, acrescentam indicadores macroeconômicos ou, ainda, aqueles que utilizam informações de mercado, como preços de ativos financeiros. Muitos estudos comparam as principais abordagens desenvolvidas para a discriminação da situação financeira de empresas, tais como análise discriminante, análise fatorial, modelos logit e probit, inteligência artificial e hazard models.

Nos principais periódicos nacionais encontram-se alguns estudos sobre solvência, geralmente relacionados a empresas nacionais de capital aberto, porém nenhum abrangendo bancos brasileiros em sua amostra. Dentre esses estudos estão os de Brito e Assaf Neto (2008Brito, G. A. S., & Assaf Neto, A. (2008). Modelo de classificação de risco de crédito de empresas. Revista Contabilidade & Finanças, 19(46), 18-29.), Brito, Assaf Neto e Corrar (2009), Guimarães e Alves (2009Guimarães, A. L. S., & Alves, W. O. (2009). Prevendo a insolvência de operadoras de planos de saúde. Revista de Administração de Empresas, 49(4), 459-471.), Minardi (2008Minardi, A. M. A. F. (2008). Probabilidade de inadimplência de empresas brasileiras refletida nas informações do mercado acionário. RAC-Eletrônica, 2(2), 311-329.), Minussi, Damacena e Ness Jr. (2002Minussi, J. A., Damacena, C., & Ness Jr., W. L. (2002). Um modelo de previsão de solvência utilizando regressão logística. Revista de Administração Contemporânea, 6(2), 109-128.), Onusic, Nova e Almeida (2007Onusic, L. M., Nova, S. P. C. C., & Almeida, F. C. (2007). Modelos de previsão de insolvência utilizando a análise por envoltória de dados: aplicação a empresas brasileiras. Revista de Administração Contemporânea, 11(suppl. 2), 77-97.) e Bressan, Braga e Bressan (2004Bressan, V. G. F., Braga, M. J., & Bressan, A. A. (2004). Análise do risco de insolvência pelo modelo de Cox: uma aplicação prática. Revista de Administração de Empresas, 44(0), 83-96.), sendo que este último analisa risco de insolvência em cooperativas de crédito do estado de Minas Gerais. O estudo de Liu (2015Liu, Z. J. (2015). Cross-country study on the determinants of bank financial distress. Revista de Administração de Empresas, 55(5), 593-603.), também publicado em periódico nacional, trata de fatores determinantes de dificuldades financeiras em bancos de vários países, mas não explicita, em sua amostra, quais observações foram utilizadas, além de obter baixo poder preditivo nos modelos.

A Tabela 1 apresenta um resumo da revisão de literatura sobre modelos de insolvência de empresas financeiras e não financeiras, tanto nacionais quanto internacionais.

Tabela 1
Estudos clássicos e contemporâneos sobre estresse financeiroa

2.1 Instituições Financeiras e o Sistema CAMELS

No âmbito de sistemas financeiros integrados, pesquisas buscam evidenciar indicadores para mensuração de riscos sistêmicos ou da importância de instituições sistemicamente importantes (too-big-to-fail), como em Canedo e Jaramillo (2009Canedo, J., & Jaramillo, S. (2009). A network model of systemic risk: stress testing the banking system. Intelligent Systems in Accounting, Finance and Management, 16(1-2), 87-110.), Capelletto e Corrar (2008Capelletto, L. R., & Corrar, L. J. (2008). Índices de risco sistêmico para o setor bancário. Revista Contabilidade & Finanças, 19(47), 6-18.), Fazio, Tabak e Cajueiro (2014Fazio, D. M., Tabak, B. M., & Cajueiro, D. O. (2014). Inflation targeting and banking system soundness: a comprehensive analysis. [Working Paper n. 347]. Banco Central do Brasil. Brasília, DF.) e Tabak, Fazio e Cajueiro (2013Tabak, B. M., Fazio, D. M., & Cajueiro, D. O. (2013). Systemically important banks and financial stability: the case of Latin America. Journal of Banking and Finance, 37(10), 3855-3866.). Nessa mesma linha, Souza (2014Souza, S. R. (2014). Capital requirements, liquidity and financial stability: the case of Brazil. [Working Paper n. 375]. Banco Central do Brasil. Brasília, DF .) simula os efeitos de risco crédito, de mudanças no requerimento de capital e choque de preços no sistema bancário brasileiro, evidenciando que a contribuição de bancos de médio porte também pode ser significativa para o risco sistêmico.

Conforme Chan-Lau (2006Chan-Lau, J. (2006). Fundamentals-based estimation of default probabilities: a survey. [Working Paper n. 6/149]. International Monetary Fund. Washington, DC.), a estimação de probabilidades de default para agentes individuais é o primeiro passo para a avaliação de exposição de crédito e de perdas potenciais. As probabilidades de default são, portanto, os insumos básicos para análise do risco sistêmico e testes de estresse de sistemas financeiros. É importante que a análise proativa das medidas de risco sistêmico leve em conta a avaliação individual dos riscos de falência bancária para cada instituição do sistema, seja de pequeno, médio ou grande porte.

Especificamente para o caso de bancos, a introdução do sistema de classificação CAMEL pelos reguladores americanos, em 1979, deu grande impulso para o desenvolvimento da literatura sobre falências bancárias. O acrônimo CAMEL representa capital adequacy, asset quality, management quality, earnings and liquidity e constitui uma ferramenta de supervisão bancária para avaliação da solidez de instituições financeiras. Em 1996, acrescentou-se o item sensitivity to market risk à sigla atualmente conhecida como CAMELS.

Pioneiro na utilização da regressão logística para predição de falhas bancárias, Martin (1977Martin, D. (1977). Early warning of bank failure: a logit regression approach. Journal of Banking and Finance, 1(3), 249-276.) analisa a importância de modelos de alerta antecipado, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, para medida de solidez do sistema bancário comercial e implicação para supervisores, reguladores e usuários do sistema. O autor avalia as diferentes abordagens para definição da variável dependente, isto é, o que constitui uma falha bancária: a constatação de patrimônio líquido negativo, a impossibilidade de continuar suas operações sem incorrer em perdas que resultariam em patrimônio negativo e a intervenção pela supervisão bancária para coordenação de fusões e aquisições.

Para a análise empírica, Martin (1977Martin, D. (1977). Early warning of bank failure: a logit regression approach. Journal of Banking and Finance, 1(3), 249-276.) utiliza 5.700 bancos do sistema Federal Reserve dos Estados Unidos da América, em que houve 58 casos de quebras no período entre 1970 e 1976. Com o uso da análise logit e da análise discriminante, são geradas combinações de oito variáveis independentes no ano t para analisar o modelo com maior poder explicativo no ano t + 1. Os resultados não apresentam estabilidade, sendo que algumas variáveis têm poder explicativo em alguns períodos e até sinal contrário ao esperado em períodos seguintes. O autor pondera que os critérios de solidez bancária podem variar ao longo do ciclo de negócio. Em períodos em que falências são extremamente raras, a relação entre adequação de capital, por exemplo, e ocorrência de quebras será fraca. Em períodos de estresse financeiro, as medidas de lucro e a composição dos ativos podem ser indicadoras de risco.

West (1985West, R. C. (1985). A factor-analytic approach to bank condition. Journal of Banking and Finance, 9(2), 253-266.) explora a combinação da análise de fatores e da regressão logística para medida das condições individuais de bancos comerciais e atribuição de probabilidades de problemas, tendo como variáveis explanatórias indicadores financeiros comumente utilizados e informações extraídas de inspeções bancárias. Os fatores produzidos para uso na estimação logit são similares ao sistema de classificação CAMEL utilizado nos trabalhos de campo dos supervisores bancários. São utilizadas 19 variáveis que caracterizam dependência em relação a determinadas categorias de empréstimos, fonte de captação, liquidez, adequação de capital, custos de captação, tamanho do banco, medidas de resultado, qualidade e risco da carteira.

Preocupados com as medidas de desempenho de modelos de alerta antecipado - como os de Martin (1977Martin, D. (1977). Early warning of bank failure: a logit regression approach. Journal of Banking and Finance, 1(3), 249-276.) e de West (1985West, R. C. (1985). A factor-analytic approach to bank condition. Journal of Banking and Finance, 9(2), 253-266.) - Korobow e Stuhr (1985Korobow, L., & Stuhr, D. (1985). Performance measurement of early warning models, Journal of Banking and Finance, 9(2), 267-273.) propõem uma nova medida ponderada de análise de eficiência para corrigir o problema relativo ao pequeno percentual da amostra referente a bancos problemáticos: eficiência ponderada = percentual de classificações corretas * VP/(VP+FP) * VP/(VP+FN), em que VP, FP e FN, verdadeiro-positivo, falso-positivo e falso-negativo, respectivamente, correspondem às classificações na matriz de contingência. Além de observar a existência de diferentes níveis de separação (cut off threshold) de bancos saudáveis e críticos nos modelos avaliados, os autores aplicam a nova medida proposta, evidenciando a baixa performance de modelos de alerta antecipado.

Em situações em que a amostra é composta por baixo número de eventos no grupo de tratamento (insolventes) em relação ao grupo de controle (solventes), Lane, Looney e Wansley (1986Lane, W. R., Looney, S. W., & Wansley, J. W. (1986). An application of the Cox proportional hazards model to bank failure. Journal of Banking and Finance, 10(4), 511-531.) fazem consideração importante com relação à especificação antecipada de probabilidades (prior probabilities) de pertinência a um grupo para uso na análise. Essas probabilidades devem ser definidas por uma estimativa razoável da probabilidade de um membro pertencer a um grupo da população, assumindo que a amostra é aleatória.

Um dos modelos mais utilizados como indicador de risco bancário é o Z-score (homônimo do indicador produzido por Altman, em 1968Altman, E. I. (1968). Financial ratios, discriminant analysis and the prediction of corporate bankruptcy. The Journal of Finance, 23(4), 589-609.), apresentado por Boyd e Runkle (1993Boyd, J. H., & Runkle, D. E. (1993). Size and performance of banking firms. Journal of Monetary Economics, 31(1), 47-67.), que testam duas importantes teorias aplicadas a bancos - a assimetria informacional entre os agentes e o risco moral resultante de sistemas seguradores de depósitos - que indicam correlação entre tamanho da empresa e seu desempenho. O indicador Z-score é gerado como medida de risco para bancos de grande porte, utilizando como variáveis a taxa de retornos sobre os ativos e a razão entre patrimônio e ativos. Os autores observam que as estimativas com dados contábeis para o Z-score podem não gerar bons resultados.

Chiaramonte, Croci e Poli (2015Chiaramonte, L., Croci, E., & Poli, F. (2015). Should we trust the Z-score? Evidence from European Banking Industry. Global Finance Journal, 28(C), 111-131.) usam o Z-score e avaliam que sua popularidade advém da simplicidade de seu cômputo, requerendo poucos dados: Z-score = (ROA + Equity/Asset)/σROA. Chiaramonte, Croci e Poli (2015Chiaramonte, L., Croci, E., & Poli, F. (2015). Should we trust the Z-score? Evidence from European Banking Industry. Global Finance Journal, 28(C), 111-131.) aplicam o indicador Z-score e o sistema CAMELS para uma amostra de bancos europeus, concluindo que a habilidade daquele indicador é tão boa quanto as covariáveis desse sistema para identificação de eventos de estresse financeiro e mais eficaz quando se trata de modelos de negócio sofisticados, como no caso de grandes bancos. Os autores argumentam que outras medidas, como a distância para o default de Merton (1974Merton, R. (1974). On the pricing of corporate debt: the risk structure of interest rates. The Journal of Finance, 29(2), 449-470.) e preços de credit default swaps, são inviáveis para uso na presença de bancos não listados em bolsas.

Os indicadores CAMELS também são utilizados por Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.) para analisar situações de estresse financeiro em instituições bancárias europeias, com observações trimestrais no período de 2000 a 2013. Os autores definem três categorias de dificuldade financeira: (i) falências; (ii) auxílios estatais para bancos em dificuldades, tanto pela injeção direta de capital quanto pela participação em programas de proteção ou de garantia; e (iii) soluções pelo setor privado para fusões e aquisições de entidades em dificuldades financeiras.

Como metodologia para o estudo de estresse financeiro, Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.) apontam que há preferência pela modelagem do tipo logit pooled em relação à análise de dados em painel, em função da relativa pequena quantidade de casos de crises. Ao invés de utilizar variáveis explanatórias defasadas, Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.) definem a variável dependente como “1”, nos oito trimestres anteriores ao evento de dificuldade financeira, e “0”, caso contrário, e usam um modelo logit recursivo com estimações trimestrais por meio de janelas crescentes de dados.

3. METODOLOGIA DE ANÁLISE EMPÍRICA

3.1 Fontes de Dados, Seleção da Amostra e Apoio Computacional

A base de dados para o estudo é composta de informações do Plano Contábil das Instituições Financeiras (Cosif), disponíveis no site do Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br); de séries históricas de indicadores econômicos, obtidas no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (http://www.ipea.gov.br); de índices de preços do mercado mobiliário, disponíveis no site da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) (http://www.bmfbovespa.com.br); de publicações sobre regimes especiais decretados pelo Banco Central (Regime de Administração Especial Temporária, Decreto-Lei 2.321/1987; Intervenção ou Liquidação Extrajudicial, Lei 6.024/1974) (Banco Central do Brasil, 1974Banco Central Do Brasil. (1974). Law 6,024 of March 13 1974. Dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras, e dá outras providências. Retrieved from http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/lei6024.pdf.
http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/...
, 1987Banco Central Do Brasil. (1987). Decree-Law 2,321 of February 25 1987. Institui, em defesa das finanças públicas, regime de administração especial temporária, nas instituições financeiras privadas e públicas não federais, e dá outras providências. Retrieved from http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/declei2321.pdf.
http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/...
); e de eventos de fusão e aquisição com pressupostos de dificuldades financeiras pela instituição adquirida, noticiados pela mídia do país. A janela de análise abrange o período de janeiro de 2006 a junho de 2014, o que permite incorporar o período da última crise financeira e uma série de eventos de estresse financeiro necessários ao estudo.

Ao todo, a amostra contém 142 instituições financeiras, já considerando a exclusão de 17 para as quais não foi possível calcular as variáveis independentes, e também da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por suas especificidades. A descrição da amostra encontra-se na Tabela 2. O grupo de tratamento (Tabela 3) tem nove instituições financeiras, as quais passaram por processos de intervenção e/ou liquidação ou foram consideradas pelos autores, para fins deste estudo, como eventos de fusão e aquisição com pressupostos de estresse financeiro.

Tabela 2
Descrição da amostra por atributos categóricos
Tabela 3
Amostra de instituições financeiras com pressupostos de financial distress

Os dados de balancete foram obtidos em base mensal, totalizando, aproximadamente, 2,7 milhões de registros (linhas). Utilizou-se, como forma de apoio computacional para a pesquisa, um sistema gerenciador de banco de dados, automatização de consultas estruturadas e linguagem de programação procedural para montagem do painel e implementação das sinalizações do modelo de alerta antecipado. O pacote estatístico Stata foi usado para os procedimentos econométricos.

3.2 Variáveis do Estudo

A seleção das variáveis explanatórias baseou-se nos estudos de Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.), Lane, Looney e Wansley (1986Lane, W. R., Looney, S. W., & Wansley, J. W. (1986). An application of the Cox proportional hazards model to bank failure. Journal of Banking and Finance, 10(4), 511-531.) e West (1985West, R. C. (1985). A factor-analytic approach to bank condition. Journal of Banking and Finance, 9(2), 253-266.), que utilizaram o sistema CAMELS de avaliação de instituições financeiras, e na disponibilidade de informações contábeis no Cosif (Tabela 4). A Tabela 5 apresenta a estatística descritiva das variáveis explanatórias.

Tabela 4
Variáveis do estudo
Tabela 5
Estatística descritiva das variáveis do estudo

As seguintes variáveis de controle foram adicionadas: variável contínua participação de mercado (PART_SIS); variável contínua percentual da carteira de crédito (PERC_CRED); e variável contínua percentual da carteira de títulos e valores mobiliários (PERC_TVM).

A participação de mercado foi calculada em função do total de ativos de cada instituição em relação às demais instituições da amostra. Os percentuais das carteiras de crédito e de título e valores mobiliários foram calculados em função de todas as carteiras geridas pela instituição.

Também foram utilizados os retornos acumulados de seis meses do Índice Bovespa (IBOV6M) e do índice do segmento financeiro de valores mobiliários (IFNC6M), a variação anual do produto interno bruto (CRESC_PIB) e a taxa de desemprego anual (DESEMP).

Para definição das duas variáveis dependentes relacionadas aos horizontes temporais de predição do modelo, geraram-se as variáveis Y12 e Y24, seguindo Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.):

Y 12 i , t = 1 , s e i g r u p o d e t r a t a m e n t o e d a t a d o e v e n t o i - 12 < t d a t a d o e v e n t o i 0 , c a s o c o n t r á r i o (1)

Y 24 i , t = 1 , s e ( i g r u p o d e t r a t a m e n t o ) e d a t a d o e v e n t o i - 24 < t d a t a d o e v e n t o i 0 , c a s o c o n t r á r i o (2)

Assim, conforme a equação 1, atribuíram-se sequências de 12 valores iguais a “1” para Y12 nas situações em que a instituição pertence ao grupo de tratamento e a data de referência da observação for igual ou inferior a 12 meses do evento de financial distress. Analogamente, utilizou-se a janela temporal de 24 meses para a definição de Y24.

3.3 Modelagem

A regressão logística binomial é empregada na estimação dos parâmetros do modelo para predição de probabilidades de estresse. Na regressão logística, a variável z é formada pelo vetor de covariáveis e respectivos parâmetros, sendo que a função de transformação é utilizada para gerar um valor entre 0 e 1, representando a probabilidade de ocorrência do evento de interesse para cada observação da amostra:

z = β 0 + β ' X i t (3)

P Y i t = 1 | z = e Z 1 + e Z (4)

Para um conjunto de n observações, a probabilidade conjunta e sua resolução pela função de máxima verossimilhança, respectivamente, são dadas pelas equações 5 e 6:

f Y 1 . . . Y n = 1 n f i ( Y i ) = 1 n P i Y i ( 1 - P i ) 1 - Y i (5)

ln f Y 1 . . . Y n = 1 n [ Y i ln P i + 1 - Y i ln ( 1 - P i ) ] (6)

A regressão logística com dados empilhados tem sido utilizada em estudos desse gênero, conforme analisam Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.) e Sarlin (2013Sarlin, P. (2013). On policymaker’ loss functions and the evaluation of early warning systems. Economics Letters, 119(1), 1-7.). Dessa forma, o modelo logit pooled foi utilizado para a regressão das variáveis independentes sobre a variável dependente selecionada. Os dados foram agrupados em painel, com as unidades de corte transversal acompanhadas ao longo do período amostral (dimensões espacial e temporal). O painel é do tipo não balanceado, pois, eventualmente, por falta de dados nos balancetes mensais, alguns indicadores econômico-financeiros não foram calculados. Das 12.136 observações totais do painel, 10.994 são observações completas, contendo valores para todas as variáveis independentes.

3.3.1 Sinalizações de alerta antecipado.

Tendo em conta que as observações coletadas são mensais, não seria eficiente gerar sinalizações de estresse financeiro se, por ventura, ocorresse a identificação de uma probabilidade alta isoladamente, isto é, P (Yit = 1), para uma determinada instituição financeira. Isso tenderia a gerar altos custos de erros de classificação por eventuais falsos alarmes (falso-positivos).

Assim, para fins de sinalizações de alerta antecipado, define-se, neste estudo, que as sinalizações de estresse financeiro ou de retorno à normalidade serão efetuadas quando ocorrerem sequências de seis observações com P (Yit = 1) ou P (Yit = 0), respectivamente. Dessa forma, partindo-se dos estados iniciais sem sinalização (Si,t=0 = Ø), para cada instituição financeira, para t = 0 são geradas as sinalizações indicativas de normalidade (0) e de estresse (1) para o período t = 6… T (6/2006 a 6/2014 na amostra):

S i , t = 0 , s e Y ^ i , t = [ t - 5 t ] = 0 e S i , t - 6 1 , 1 , s e Y ^ i , t = t - 5 t = 1 e S i , t - 6 0 , , c a s o c o n t r á r i o (7)

Para montagem da tabela de contingência e aferição do modelo são avaliadas as sinalizações geradas em relação ao que foi de fato observado. A avaliação das sinalizações gera as classificações de verdadeiro e falso-positivos e de verdadeiro e falso-negativos:

A S i , t = f S i , t , Y i , t = [ t , t + 12 ] = V P , s e S i , t = 1 e Y i , t = t , t + 12 = 1 F P , s e S i , t = 1 e ( Y i , t = t , t + 12 = 1 ) V N , s e S i , t = 0 e Y i , t = t , t + 12 = 0 F N , s e S i , t = 0 e Y i , t = t , t + 12 = 1 (8)

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Testes Preliminares

Realizaram-se, inicialmente, testes de comparação entre as médias amostrais dos indicadores financeiros para os dois grupos de instituições (Tabela 6), constatando-se o potencial de discriminação das variáveis selecionadas.

Também foram realizados testes univariados (Tabela 7). As variáveis têm poder preditivo com significância ao nível de 1%, sendo mais indicadas para o horizonte temporal de 12 meses, conforme denotado pelo indicador AUC (area under the curve), com exceção da variável liquidez, que mostra ligeira superioridade para regressões sobre Y24. Dessa forma, os testes posteriores dos modelos econométricos foram realizados com a variável dependente Y12.

Tabela 6
Médias amostrais por grupos (normal, estresse)
Tabela 7
Análise univariada com regressões logit pooled

Utilizando a amostra completa, testaram-se três modelos econométricos, com acréscimo sucessivo de variáveis independentes, iniciando-se pelo modelo mais simples, com apenas indicadores financeiros e variáveis de controle. No segundo modelo, incluíram-se os índices de mercado e, no terceiro, acrescentaram-se os indicadores macroeconômicos.

Constata-se, na Tabela 8, que o modelo inicial apresenta bom poder preditivo, com área sob a curva (area under the curve - AUC) ROC (receiving operating characteristics) maior que as obtidas pelas análises univariadas (Tabela 7), mas é superado pelo modelo 2, que considera indicadores de mercado na estimação dos parâmetros. O desempenho aumenta quando as covariáveis macroeconômicas são incorporadas (AUC = 89%), corroborando Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.) e Peresetsky, Karminsky e Golovan (2011Peresetsky, A., Karminsky, A., & Golovan, S. (2011). Probability of default models of Russian banks. Economic Change and Restructuring, 44(4), 297-334.), sendo o efeito benéfico de acréscimo de variáveis confirmado pelas medidas de ajustamento, como os critérios de informação de Akaike (Akaike information criterion - AIC) e de Schwarz (Bayesian information criterion - BIC).

Tabela 8
Desempenho dos modelos (n = 10.994)

Observa-se, também, que a taxa de verdadeiro-positivos aumenta para cerca de 89%, enquanto que o índice de desempenho de Korobow e Stuhr (1985Korobow, L., & Stuhr, D. (1985). Performance measurement of early warning models, Journal of Banking and Finance, 9(2), 267-273.) também demonstra essa melhora. Os erros tipo I (classificação de estresse financeiro equivocadamente como situações normais) caem para 10%. Diante desses resultados, os testes seguintes são conduzidos conforme a especificação do modelo 3.

4.2 Ajustamento, Adequação e Validação do Modelo

Tserng, Chen, Huang, Lei e Tran (2014Tserng, H. P., Chen, P. C., Huang, W. H., Lei, M. C., & Tran, Q. H. (2014). Prediction of default probability for construction firms using the logit model. Journal of Engineering and Management, 20(2), 247-255.) ressaltam que a construção de um modelo preditivo requer a validação em amostra distinta (cross-validation) da estimação, para evitar o problema de superadequação (over-fitting), que resultaria em modelos que têm bom desempenho apenas na amostra utilizada.

Para isso, dividiu-se a amostra total de 10.994 observações em dois subconjuntos: o primeiro, com 70% das observações e cinco nonos dos casos de estresse financeiro, foi utilizado na estimação dos parâmetros e o segundo, com 30% das observações e quatro nonos dos casos do evento de interesse, foi destinado aos testes de validação (out-of-sample).

A estimação do modelo encontra-se na Tabela 9. A classificação das observações da amostra de estimação encontra-se na Tabela 10.

Tabela 9
Estimação do modelo (n = 7.585)
Tabela 10
Tabela de contingência (estimação do modelo)

Considerando-se os estimadores com resíduos calculados pelo método dos mínimos quadrados, obtiveram-se quatro quintos dos indicadores financeiros com significância ao nível de 1% (capitalização, provisionamento, liquidez e retorno sobre os ativos), sendo a variável de despesas de captação significante ao nível de 5%. Quando se aplica a correção de White para presença de heterocedasticidade nos termos de erro, todos os coeficientes apresentam significância a 1%. A estimativa dos resíduos com o critério de clusterização corrobora os achados anteriores. Os sinais das variáveis foram os esperados: aumentos nos níveis de capitalização, do ROA e de liquidez diminuem a probabilidade de estresse financeiro, enquanto o aumento nas despesas de captação e de provisionamento de operações de crédito aumenta essa probabilidade.

Vale observar que o aumento de um ponto percentual no retorno sobre os ativos, tudo mais constante, diminui o risco de dificuldades financeiras em torno de 37% (razão de chances). Esse impacto é maior com relação ao indicador de liquidez, cuja inferência é de diminuição de cerca de 64% na probabilidade de estresse para o aumento de um ponto percentual.

Em contrapartida, cada ponto percentual de aumento no indicador de despesas de captação (DESP) gera um aumento da expectativa de probabilidade de estresse financeiro na ordem de 5%. Para a variável de provisionamento, o aumento é quase da mesma ordem (6%), sugerindo que a elevação de provisões de carteiras não necessariamente representa ativos de crédito de pior qualidade.

A análise dos resíduos da estimação do modelo linear generalizado (Figura 1) aponta a presença de outliers nas observações, que se referem principalmente às variáveis de capitalização e liquidez. Porém, a utilização das distribuições dessas variáveis com winsorização no 95% percentil não alterou os resultados gerais dos testes.

As curvas ROC para os testes na amostra e fora da amostra (Figura 2) evidenciam que as classificações apontadas pelo modelo em estudo diferenciam-se de uma classificação aleatória, que tem probabilidades iguais para falha e não falha (linha de referência, cuja AUC é 0,50). Percebe-se, na Figura 2, que, enquanto as classificações de verdadeiro-positivos (sensibilidade) alcançam cerca de 75%, as classificações de falso-positivos (1 - especificidade) atingem apenas cerca de 12% para um determinado cut off.

Figura 1
Resíduos de Pearson

Figura 2
Curva ROC (receiver operating characteristic)

Conforme a Tabela 11, a estimativa com dados fora da amostra corrobora o poder preditivo do modelo, tanto em relação ao percentual de acerto total quanto às classificações específicas de erro tipo I (falso-negativos) e erro tipo II (falso-positivos).

Tabela 11
Testes na amostra e fora da amostra

4.3 Sinalizações

Finalmente, aplicou-se o algoritmo para as sinalizações do modelo de alerta antecipado (equação 7) e respectivas avaliações (equação 8). Das nove instituições financeiras que passaram por estresse financeiro no período amostral, oito receberam sinalização de estresse (Tabela 12). Dentre as instituições que foram corretamente classificadas, encontra-se um caso de fraude, o que demonstra que a análise multivariada permite a conjugação de vários fatores para identificação dos eventos de interesse.

Tabela 12
Tabela de contingência (sinalizações)

A Tabela 13 apresenta o resumo do desempenho do modelo de estimação, de validação e das sinalizações do modelo de alerta antecipado. Com indicador de desempenho superior (4,95), a modelagem para sinalização de alertas, com base na necessidade de uma sequência de probabilidades mensais de estresse para caracterizar o alerta, demonstrou constituir-se em uma abordagem eficaz e tempestiva para o acompanhamento microprudencial, ao nível das instituições financeiras, bem como de produzir insumos para contribuir no monitoramento do risco sistêmico, conforme observa Chan-Lau (2006Souza, S. R. (2014). Capital requirements, liquidity and financial stability: the case of Brazil. [Working Paper n. 375]. Banco Central do Brasil. Brasília, DF .).

Tabela 13
Testes na amostra, fora da amostra e sinalizações

É importante observar que, dado o grupo de tratamento, a única instituição que não obteve sinalização de estresse financeiro (Unibanco) teve três sinalizações mensais consecutivas comP(Y)^=1 , mas o critério para sinalização como alerta requeria uma sequência de seis meses com P(Y)^=1 . Ressalta-se que a sensibilidade ao risco de mercado foi a única dimensão do sistema CAMELS não incluída no modelo de pesquisa, por inviabilidade de seu cômputo por meio dos dados utilizados. Em contrapartida, a covariável PERC_TVM busca incorporar esse aspecto ao modelo como medida do percentual da carteira de títulos e valores mobiliários, sem considerar outros fatores de risco de mercado, como exposições a derivativos (off-balance) que, em momentos de crise, como a de 2007/2008, podem gerar elevadas chamadas de margens e perdas efetivas nos contratos. Há que se ponderar, todavia, que tal instituição pode, na realidade, não ter sofrido estresse financeiro como suposto no estudo.

Geraram-se 90 sinalizações indevidas como erro tipo II, cujo custo de classificação tende a ser menor do ponto de vista da supervisão bancária, que tem como rotina o acompanhamento de todas as instituições financeiras. Como 16% desse total referem-se a bancos de controle público, o desempenho do modelo de alerta antecipado poderia aumentar se da amostra da pesquisa não participassem tais instituições. No entanto, optou-se por manter a amostra completa, com exceção das exclusões citadas na seção de metodologia. A Figura 3 apresenta as probabilidades médias de default por tipo de controle.

Figura 3
Probabilidade de default média por tipo de controle

Realizaram-se testes de robustez com a regressão probit em substituição à regressão logística, seguindo os mesmos procedimentos de estimação dos modelos e de verificação das estatísticas de classificação, o que corroborou a observação de Porath (2004Porath, D. (2004). Estimating probabilities of default for German savings banks and credit cooperatives. [Working Paper n. 6]. Deutsche Bundesbank. Frankfurt.) sobre o desempenho preditivo similar dessas funções de transformação, pois não houve alteração qualitativa dos resultados.

De forma complementar, avaliou-se o desempenho do modelo Z-score, seguindo Chiaramonte, Croci e Poli (2015Chiaramonte, L., Croci, E., & Poli, F. (2015). Should we trust the Z-score? Evidence from European Banking Industry. Global Finance Journal, 28(C), 111-131.), mas com resultados distintos. Obteve-se uma quantidade menor de acertos em relação ao modelo desenvolvido nesse estudo, o que confirma a observação de Boyd e Runkle (1993Boyd, J. H., & Runkle, D. E. (1993). Size and performance of banking firms. Journal of Monetary Economics, 31(1), 47-67.) sobre o desempenho crítico do Z-score para dados contábeis. Outro fator que pode ter influenciado esse achado refere-se à amostra conter bancos de portes variados, não exclusivamente grandes. Os testes com o Z-score resultaram em 57% de VP, 28% de FP, 70% de classificações corretas e AUC de 75%. O coeficiente da regressão obteve significância a 1%.

Com relação ao porte das instituições (Figura 4), observa-se que a probabilidade de default média calculada pelo modelo é, em geral, mais acentuada para os bancos de médio porte, o que confirma os achados de Souza (2014Souza, S. R. (2014). Capital requirements, liquidity and financial stability: the case of Brazil. [Working Paper n. 375]. Banco Central do Brasil. Brasília, DF .) sobre a relevância desse tipo de banco para a análise sistêmica. Da mesma forma, os bancos pequenos também têm probabilidades médias significativas no sistema. Observa-se, ainda, que ocorrem picos de probabilidades de estresse próximos aos encerramentos de exercício, como em 2011, 2012 e 2014.

Figura 4
Probabilidade de default média por porte

5. CONCLUSÃO

De fundamental importância para tomada de decisão de cunho macroprudencial - como a análise de risco sistêmico com foco na estabilidade financeira e o contágio interfinanceiro entre os participantes do mercado -, os estudos de solvência corporativa estão presentes na literatura de finanças desde Altman (1968Altman, E. I. (1968). Financial ratios, discriminant analysis and the prediction of corporate bankruptcy. The Journal of Finance, 23(4), 589-609.), com o modelo Z-score. Entretanto, são poucos os estudos que abordam as especificidades das instituições financeiras e, ainda em menor grau, as investigações empíricas nacionais.

Este estudo busca suprir essa lacuna, analisando a viabilidade da aplicação de indicadores financeiros para a discriminação antecipada de eventos de estresse financeiro no Brasil, aí incluídas as intervenções pela supervisão e as fusões motivadas por dificuldades financeiras, tendo como fonte de dados principal os balancetes mensais de bancos e conglomerados financeiros. Sistemas de alerta antecipado têm utilidade para ações dos órgãos de regulação e de supervisão do sistema financeiro e também para os participantes do mercado na avaliação do risco de crédito de investimentos. Podem, ainda, ser aplicados em outras áreas, como na construção civil, em estudo apresentado por Tserng, Chen, Huang, Lei e Tran (2014Tserng, H. P., Chen, P. C., Huang, W. H., Lei, M. C., & Tran, Q. H. (2014). Prediction of default probability for construction firms using the logit model. Journal of Engineering and Management, 20(2), 247-255.).

Mostraram-se significativas, na análise da regressão logística, as variáveis de capitalização, provisionamento da carteira de créditos, retorno sobre os ativos, custos de captação e liquidez, evidenciando a importância das dimensões CAMELS para análise da situação financeira bancária, em linha com outros trabalhos que utilizaram essa categorização (Betz, Oprica, Peltonen, & Sarlin, 2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.; Lane, Looney, & Wansley 1986Lane, W. R., Looney, S. W., & Wansley, J. W. (1986). An application of the Cox proportional hazards model to bank failure. Journal of Banking and Finance, 10(4), 511-531.; Wanke, Azad, & Barros, 2016Wanke, P., Azad, M. A. K., & Barros, C. P. (2016). Financial distress and the Malaysian dual banking system: a dynamic slacks approach. Journal of Banking and Finance, 66(C), 1-18.; West, 1985West, R. C. (1985). A factor-analytic approach to bank condition. Journal of Banking and Finance, 9(2), 253-266.).

Utilizando regressões logit com dados empilhados e horizonte temporal de 12 meses para a previsão de estresse, o poder preditivo dos modelos de estimação, validação e sinalizações de alerta antecipado mostrou-se com bom nível de desempenho, mesmo considerando a inclusão de bancos públicos e de investimentos na amostra. As taxas de verdadeiro-positivos dos modelos foram, respectivamente, 81%, 94% e 89%. Das nove instituições pertencentes ao grupo de tratamento, oito receberam sinalização como verdadeiro-positivo.

Considerando a análise ponderada da eficiência de sinalizações de estresse financeiro, verificou-se que o uso de dados mensais - aliado a critérios para evitar erros tipo II (falso-positivos) em demasia, devido à ocorrência de probabilidades de estresse esporádicas referentes às observações mensais - traz tempestividade na identificação dos eventos de interesse, no âmbito de um modelo de alerta antecipado. Neste estudo, definiu-se como critério para sinalização de alertas uma sequência de seis observações mensais consecutivas com P(Y)^=1 .

Em relação aos pilares estruturais das recomendações de Basileia, o estudo confirmou a importância da capitalização (Pilar 1) das instituições como uma das variáveis de modelagem, bem como ratificou a proposição desta pesquisa: o conjunto informacional de domínio público relativo aos demonstrativos financeiros constitui-se em elemento suficiente para a modelagem de um sistema de alerta antecipado para eventos de financial distress no Brasil.

Dessa forma, a análise empírica contribui para estudos sobre os processos de supervisão bancária (Pilar 2), os quais se beneficiam, na antecipação de eventuais casos de estresse financeiro, da eficácia e da eficiência na condução de suas políticas públicas para manutenção da estabilidade financeira. Ao utilizar dados de balancetes das instituições financeiras, a pesquisa contribui para a análise de disclosure (Pilar 3) no país, indo ao encontro de Brito e Assaf Neto (2008Brito, G. A. S., & Assaf Neto, A. (2008). Modelo de classificação de risco de crédito de empresas. Revista Contabilidade & Finanças, 19(46), 18-29.) e Brito, Assaf Neto e Corrar (2009Brito, G. A. S., Assaf Neto, A., & Corrar, L. J. (2009). Sistema de classificação de risco de crédito: uma aplicação a companhias abertas no Brasil. Revista Contabilidade & Finanças, 20(51), 28-43.), que utilizam informações de demonstrações contábeis para modelagem de risco de crédito em empresas nacionais.

Pesquisas futuras poderão incorporar a utilidade do modelo para os policy makers e os custos de classificação do modelo de alerta antecipado, de maneira similar a Betz, Oprica, Peltonen e Sarlin (2014Betz, F., Oprica, S., Peltonen, T., & Sarlin, P. (2014). Predicting distress in European banks. Journal of Banking and Finance, 45(C), 225-241.), em seu estudo sobre bancos europeus no período pós-crise de 2008. A utilização de métodos recursivos e janelas móveis para estimação de parâmetros e predição de probabilidades fora da amostra tende a aprimorar a comparação entre o poder preditivo de modelagens desse tipo.

As principais limitações deste trabalho foram: (i) número relativamente baixo de observações para o grupo de tratamento, tendo em conta a limitada quantidade de eventos de estresse financeiro identificados; (ii) parcela subjetiva na seleção de eventos de fusão e aquisição com pressupostos de estresse financeiro; e (iii) ausência no modelo da variável independente referente à sensibilidade ao risco de mercado da categorização CAMELS.

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    Trabalho apresentado no XL Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Costa do Sauipe, BA, Brasil, setembro de 2016.
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    O conteúdo desta pesquisa reflete exclusivamente o trabalho dos autores e não necessariamente a posição do Banco Central do Brasil ou de seus membros.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Dez 2017
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2018

Histórico

  • Recebido
    14 Jun 2016
  • Aceito
    07 Jun 2017
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