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Preparação financeira para aposentadoria: análise multidimensional da percepção dos brasileiros

RESUMO

O objetivo deste artigo foi avaliar a percepção da preparação financeira para aposentadoria na população brasileira não aposentada. Complementarmente, busca identificar como variáveis socioeconômicas, demográficas e comportamentais influenciam a preparação financeira para aposentadoria. Este estudo avança por utilizar uma medida multidimensional de preparação financeira para aposentadoria em uma amostra abrangente de brasileiros, trazendo importantes contribuições para que novas políticas públicas sejam implementadas para grupos mais vulneráveis. Identificar o nível de preparação financeira para aposentadoria e os grupos mais vulneráveis é fundamental para um melhor entendimento do impacto da previdência social e da aposentadoria na vida dos cidadãos brasileiros. No contexto brasileiro, a Escala de Preparação Financeira para Aposentadoria (EPFA) possibilita avaliar as políticas públicas desenvolvidas bem como servirá de parâmetro para que estas sejam reformuladas, com o objetivo de melhorar a preparação financeira para aposentadoria dos grupos mais vulneráveis. Esta é uma pesquisa survey, com 2.920 respondentes de todas as regiões brasileiras. Como técnicas de análise foram utilizadas estatísticas descritivas, teste de associação e análise de regressão múltipla. A maioria dos brasileiros possui uma preparação financeira para aposentadoria baixa ou muito baixa. Identificou-se que de 3 a cada 4 brasileiros, sequer parou para pensar em quanto precisaria economizar para sua aposentadoria. Apesar de conseguirem realizar algum planejamento financeiro para aposentadoria, grande parte dos brasileiros não consegue ter boas expectativas futuras e comportamento de poupança. As mulheres, jovens, divorciados/separados, negros, com até o nível educacional fundamental completo, moradia emprestada, desempregados, com renda mensal bruta familiar de até R$ 1.100,00 e com 4 ou mais dependentes formam o perfil de cidadãos menos capazes de lidar com a preparação financeira para aposentadoria.

Palavras-chave:
preparação financeira; aposentadoria; Reforma da Previdência Social; alfabetização financeira; finanças comportamentais

ABSTRACT

This article aims to assess the perception of financial preparation for retirement in the non-retired Brazilian population. Also, it seeks to identify how socioeconomic, demographic, and behavioral variables influence financial preparation for retirement. This study advances by using a multidimensional measure of financial preparation for retirement in a comprehensive sample of Brazilians, bringing significant contributions to the implementation of new public policies for the most vulnerable groups. Identifying the level of financial preparation for retirement and the most vulnerable groups is key for a better understanding of the impact of social security and retirement on the lives of Brazilian citizens. In the Brazilian context, the Financial Preparation for Retirement Scale (FPRS) makes it possible to assess the public policies designed and it serves as a parameter for them to be reformulated, with a view to improving financial preparation for retirement in the most vulnerable groups. This is a survey, with 2,920 respondents from all Brazilian regions. The analysis techniques consisted in descriptive statistics, association test, and multiple regression analysis. Most Brazilians show low or very low financial preparation for retirement. It has been identified that 3 out of 4 Brazilians stop to think about how much they would need to save for their retirement. Despite being able to carry out some financial planning for retirement, most Brazilians cannot have good future expectations and savings behavior. Women, young people, divorced/separated persons, black persons, individuals with up to complete elementary education, borrowed housing, unemployed, with a gross monthly family income of up to R$ 1,100.00 and having 4 or more dependent persons constitute the profile of citizens less capable of dealing with financial preparation for retirement.

Keywords:
financial preparation; retirement; Social Security Reform; financial literacy; behavioral finance

1. INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida traz impactos negativos na economia e expõe as fragilidades dos regimes públicos de pensões, atualmente financiados por repartição (Alonso-García & Rosado-Cebrian, 2021Alonso-García, J., & Rosado-Cebrian, B. (2021). Financial crisis and pension reform in Spain: The effect of labour market dynamics.Journal of Economic Policy Reform,24(2), 201-218.; Martinez et al., 2021Martinez, R., Morsch, P., Soliz, P., Hommes, C., Ordunez, P., & Vega, E. (2021). Life expectancy, healthy life expectancy, and burden of disease in older people in the Americas, 1990-2019: A population-based study.Revista Panamericana de Salud Pública,45, 1-14.), ou seja, trabalhadores formais e empresas realizam o custeio das contas da previdência. Em 2019, a relação era de, em média, 5 trabalhadores para o financiamento de 1 aposentadoria, porém, com o aumento da expectativa da vida, a projeção é que em 2060 seja de 2 trabalhadores para cada aposentado (Ministério do Trabalho e Previdência, 2022Ministério do Trabalho e Previdência. (2022). Projeções financeiras e atuariais para o regime geral de previdência social. https://www25.senado.leg.br/documents/59501/122948047/IV.5+ -+Proje%C3%A7%C3%B5es+Atuariais+para+o+RGPS.pdf/e619e768-7f9f-415b-b945-ec9f65db4f71
https://www25.senado.leg.br/documents/59...
).

Do ponto de vista econômico, existirá um descompassado entre população ativa e aposentados que poderá impactar na qualidade de vida dos indivíduos (Ruthbah, 2021Ruthbah, U. (2021). The retirement puzzle.Australian Journal of Management, 47 (2), 1-26.) devido à redução do benefício concedido e a ampliação da idade mínima para aposentadoria. Aumentar a idade de aposentadoria em um contexto de longevidade implica um aumento da desigualdade social (Culotta, 2021Culotta, F. (2021). Life expectancy heterogeneity and pension fairness: An Italian north-south divide.Risks, 9(3), 57. ). E reduzir o benefício de aposentadoria significa impactar nos hábitos de consumo dos idosos e do grupo familiar o qual pertence, visto que o cidadão começa a se preparar financeiramente para aposentadoria baseado na percepção de sua renda pré-aposentadoria (Niu et al., 2020Niu, G., Zhou, Y., & Gan, H. (2020). Financial literacy and retirement preparation in China.Pacific-Basin Finance Journal,59, 101262.).

Portanto, em um cenário de déficit previdenciário e de mudanças nas regras e expectativas de renda na aposentadoria, a responsabilidade do indivíduo na tomada de decisões financeiras corretas, que lhe permitam aproveitar a vida e manter a qualidade de vida ao se aposentar, é substancialmente aumentada, ampliando a importância do planejamento e preparação para aposentadoria (Bravo & Herce, 2022Bravo, J. M., & Herce, J. A. (2022). Career breaks, broken pensions? Long-run effects of early and late-career unemployment spells on pension entitlements.Journal of Pension Economics & Finance,21(2), 191-217. ; Chen & Zurlo, 2022Chen, Z., & Zurlo, K. A. (2022). The role of secured and unsecured debt in retirement planning.Journal of Family and Economic Issues, (February 26, 2022), 1-11.).

O propósito do planejamento financeiro para aposentadoria é assegurar que o indivíduo possua condições financeiras de manter o seu estilo de vida mesmo após a aposentadoria (Fan et al., 2021Fan, L., Stebbins, R., & Kim, K. T. (2021). Skint: Retirement? Financial hardship and retirement planning behaviors.Journal of Family and Economic Issues, (July 3, 2021), 1-14. ). Quanto maior a expectativa de vida, maior deverá ser a poupança nas fases que a antecedem (Jantan, 2020Jantan, M. S. (2020). The improvement in life expectancy: Systematic literature review of retirement saving.SSRN, (May 18, 2020).). Todavia, pesquisas indicam que a população têm acumulado dívidas e aplicações inadequadas, chegando à idade da aposentadoria com pouco ou nenhum dinheiro (Baulkaran, 2022Baulkaran, V. (2022). Personal bankruptcy and consumer credit delinquency: The case of personal finance education.International Review of Financial Analysis,81, 102098. ; Lichtenstern et al., 2021Lichtenstern, A., Shevchenko, P. V., & Zagst, R. (2021). Optimal life-cycle consumption and investment decisions under age-dependent risk preferences.Mathematics and Financial Economics,15(2), 275-313. ), e acabam se tornando dependentes exclusivamente da renda advinda do benefício assistencial e demandando crédito para complementação da renda (Camarano, 2020Camarano, A. A. (2020). Depending on the income of older adults and the coronavirus: orphans or newly poor? Ciência & Saúde Coletiva,25, 4169-4176.; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2019aInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019a). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Rio de Janeiro: IBGE.).

Em países emergentes esse cenário é mais crítico, uma vez que em grande parte das famílias a aposentadoria será incorporada ao orçamento familiar, sustentando, muitas vezes, toda a família. No ano de 2019, dentre os lares brasileiros em que habitam idosos, 53,19% sobreviviam somente da renda advinda da aposentadoria (Camarano, 2020Camarano, A. A. (2020). Depending on the income of older adults and the coronavirus: orphans or newly poor? Ciência & Saúde Coletiva,25, 4169-4176.; IBGE, 2019aInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019a). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Rio de Janeiro: IBGE.). Assim, o montante adquirido para usufruir no último estágio do ciclo da vida (Lichtenstern et al., 2021Lichtenstern, A., Shevchenko, P. V., & Zagst, R. (2021). Optimal life-cycle consumption and investment decisions under age-dependent risk preferences.Mathematics and Financial Economics,15(2), 275-313. ) é relevante, pois sua redução ou inexistência poderá ter impactos em todo o sistema familiar de mais da metade dos lares. Sem uma preparação financeira para aposentadoria, o indivíduo poderá permanecer dependente de crédito, elevando os níveis de endividamento e desencadeando implicações na economia e no sistema financeiro (De Bruijn & Antonides, 2020De Bruijn, E. J., & Antonides, G. (2020). Determinants of financial worry and rumination.Journal of Economic Psychology,76, 102233. ; Hansson et al., 2019Hansson, I., Buratti, S., Johansson, B., & Berg, A. I. (2019). Beyond health and economy: Resource interactions in retirement adjustment.Aging & Mental Health,23(11), 1546-1554. ).

É importante destacar, ainda, que cada indivíduo apresenta características comportamentais e socioeconômicas que poderão influenciar na preparação financeira para aposentadoria. Fatores sociais, financeiros e psicológicos influenciam a percepção da renda adequada à aposentadoria (Herrador-Alcaide et al., 2021Herrador-Alcaide, T. C., Hernández-Solís, M., & Topa, G. (2021). A model for personal financial planning towards retirement.Journal of Business Economics and Management,22(2), 482-502. ; Hershey et al., 2012Hershey, D. A., Jacobs-Lawson, J. M., & James, T. A. (2012). Effective financial planning for retirement. In M. Wang (Ed.), The Oxford Handbook of Retirement (pp. 402-430). Oxford University Press.) e existem diferenças significativas de preparação financeira para aposentadoria entre diferentes perfis socioeconômicos e demográficos. Não existe um consenso sobre as diferenças de preparação financeira para aposentadoria segundo o sexo (Kumar et al., 2019Kumar, S., Tomar, S. & Verma, D. (2019). Women’s financial planning for retirement: Systematic literature review and future research agenda.International Journal of Bank Marketing,37(1), 120-141. ; Noone et al., 2010Noone, J. H., Stephens, C., & Alpass, F. (2010). The Process of Retirement Planning Scale (PRePS): Development and validation.Psychological Assessment,22(3), 520. ) e a idade (Agabalinda & Isoh, 2020Agabalinda, C., & Isoh, A. V. N. (2020). Moderating effects of social learning on the usage of formal financial services in Kampala, Uganda.Journal of Economics and International Finance,12(3), 120-129.; Witvorapong et al., 2022Witvorapong, N., Yoon, Y., & Pothisiri, W. (2022). Do expectations for post-retirement family and government support crowd out pre-retirement savings? Insights from the working-age population in Thailand.Journal of Pension Economics & Finance,21(2), 218-236.). Já para as variáveis estado civil, dependentes, escolaridade, renda, raça e ocupação (cf. Bucher-Koenen et al., 2021Bucher-Koenen, T., Alessie, R. J., Lusardi, A., & Van Rooij, M. (2021).Fearless woman: Financial literacy and stock market participation. National Bureau of Economic Research, 28723. e outros), há evidências de que casados, brancos, sem dependentes, com maior escolaridade e renda são mais capazes de se preparar financeiramente para aposentadoria. Sobre a moradia, acredita-se que não possuí reflexos no nível de poupança para aposentadoria (Suari‐Andreu et al., 2019Suari‐Andreu, E., Alessie, R., & Angelini, V. (2019). The retirement‐savings puzzle reviewed: The role of housing and bequests.Journal of Economic Surveys,33(1), 195-225. ).

Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a percepção da preparação financeira para aposentadoria na população brasileira não aposentada. Complementarmente, busca-se identificar como variáveis socioeconômicas, demográficas e comportamentais influenciam a preparação financeira para aposentadoria.

A preparação financeira para aposentadoria é um problema relevante de saúde pública e econômica, na medida em que se relaciona com outros aspectos da vida, como depressão (Da Silva et al., 2018Da Silva, M. M., Turra, V., & Chariglione, I. P. F. S. (2018). Idoso, depressão e aposentadoria: Uma revisão sistemática da literatura.Revista de Psicologia da IMED,10(2), 119-136.) e aumento dos níveis de endividamento, devido à renda desproporcional ao se atingir a idade de 60 anos ou mais, impactando negativamente no bom funcionamento do sistema financeiro (Abrantes-Braga & Veludo-de-Oliveira, 2020Abrantes-Braga, F. D. M., & Veludo-de-Oliveira, T. (2020). Help me, I can’t afford it! Antecedents and consequence of risky indebtedness behaviour.European Journal of Marketing, 54(9), 2223-2244. ; Lusardi et al., 2020Lusardi, A., Mitchell, O. S., & Oggero, N. (2020). Debt and financial vulnerability on the verge of retirement.Journal of Money, Credit and Banking,52(5), 1005-1034. ). Mapear a preparação financeira para aposentadoria pode ajudar os gestores públicos a compreender os comportamentos e necessidades da população, mostrando-se útil na formulação de estratégias que estimulem a preparação adequada para aposentadoria, em um cenário em que o sistema de previdência comum não conseguirá sozinho atender adequadamente a toda população.

O estudo inova em quatro aspectos principais. Primeiro, por avaliar pela primeira vez a preparação financeira para aposentadoria de maneira multidimensional, a partir da proposição de uma metodologia. Segundo por ser pioneiro na avaliação da temática em uma amostra abrangente de brasileiros. Terceiro, por avaliar diferenças na preparação financeira para aposentadoria segundo os perfis socioeconômico e demográfico. E quarto, por buscar identificar o impacto de comportamentos financeiros, tempo para aposentadoria e outras variáveis na preparação.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Preparação Financeira para Aposentadoria

A preparação para aposentadoria pode ser definida como um projeto de vida que tem por objetivo manter o estilo de consumo e o padrão de vida em um nível semelhante ao que o indivíduo possuía antes de se aposentar (Han et al., 2019Han, J.; Ko, D., & Choe, H. (2019). Classifying retirement preparation planners and doers: A multi-country study. Sustainability, 11(10), 2815. ). Nesse sentido, Chan et al. (2021Chan, M. C., Chung, E. K., & Yeung, D. Y. (2021). Attitudes toward retirement drive the effects of retirement preparation on psychological and physical well-being of Hong Kong Chinese retirees over time.The International Journal of Aging and Human Development,93(1), 584-600.) destacam que o planejamento e as atitudes referentes a preparação financeira para aposentadoria impactam a vida dos indivíduos, influenciando na saúde e no bem-estar geral.

Diversos autores buscam investigar a preparação para aposentadoria em países como os Estados Unidos (Clark et al., 2019Clark, R. L., Hammond, R. G., & Khalaf, C. (2019). Planning for retirement? The importance of time preferences.Journal of Labor Research,40(2), 127-150.; Lusardi & Mitchell, 2011aLusardi, A., & Mitchell, O. S. (2011a). Financial literacy and retirement planning in the United States.Journal of Pension Economics & Finance,10(4), 509-525.), a Austrália (Burnett et al., 2018Burnett, J., Davis, K., Murawski, C., Wilkins, R., & Wilkinson, N. (2018). Measuring the adequacy of retirement savings.Review of Income and Wealth,64(4), 900-927.; Kopanidis et al., 2017Kopanidis, F. Z., Robinson, L. J., & Reid, M. (2017). To stay or to go? Postretirement housing choices of single baby boomer women.Journal of Women & Aging,29(5), 417-427.), o Reino Unido (Platts et al., 2019Platts, L. G., Corna, L. M., Worts, D., McDonough, P., Price, D., & Glaser, K. (2019). Returns to work after retirement: A prospective study of unretirement in the United Kingdom.Ageing & Society,39(3), 439-464.), a Malásia (Tan & Singaravelloo, 2020Tan, S., & Singaravelloo, K. (2020). Financial literacy and retirement planning among government officers in Malaysia.International Journal of Public Administration,43(6), 486-498.) e a Turquia (Akben-Selcuk & Aydin, 2021Akben-Selcuk, E., & Aydin, A. E. (2021). Ready or not, here it comes: A model of perceived financial preparation for retirement.Journal of Adult Development,28(4), 346-357.). Tais estudos investigam como diversos fatores (conhecimento financeiro, planejamento financeiro, alfabetização financeira) influenciam as atitudes voltadas à preparação financeira para aposentadoria (Cupák et al., 2019Cupák, A., Kolev, G. I., & Brokešová, Z. (2019). Financial literacy and voluntary savings for retirement: novel causal evidence.The European Journal of Finance,25(16), 1606-1625.; Seidl et al., 2021Seidl, J., Neiva, E. R., Noone, J. H., & Topa, G. (2021). Process of retirement planning scale: Psychometric properties of the complete and short Spanish versions.Work, Aging and Retirement, 7(2), 154-165.).

No Brasil, esses estudos ainda são incipientes (Schuabb & França, 2020Schuabb, T. C., & França, L. H. D. F. P. (2020). Planejamento financeiro para a aposentadoria: Uma revisão sistemática da literatura nacional sob o viés da psicologia.Estudos e Pesquisas em Psicologia,20(1), 73-98.; Freitas Vieira & Graeff, 2020Freitas Vieira, J. F., & Graeff, B. (2020). Programas de preparação para aposentadoria no Brasil: Uma revisão de literatura.Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento,25(3), 345-362.). A maioria dos estudos analisa públicos específicos, como instituições privadas (Schuabb et al., 2019Schuabb, T. C., França, L. H. D. F. P., & Amorim, S. M. (2019). Retirement savings model tested with Brazilian private health care workers.Frontiers in Psychology, 10, 1701.; Silva & Rodrigues, 2016Silva, R. S., & Rodrigues, N. D. (2016). Saúde emocional: A importância de planejar a aposentadoria.Ensaios e Ciências Biológicas Agrárias e da Saúde,20(2), 116-121.), universidades (Krawulski et al., 2017Krawulski, E., Boehs, S. D. T. M., Cruz, K. D. O., & Medina, P. F. (2017). Voluntary teaching in retirement: A transition between work and non-work.Psicologia: Teoria e Prática,19(1), 55-66.; Macedo et al., 2017Macedo, L. S. S., Bendassolli, P. F., & Torres, T. D. L. (2017). Representações sociais da aposentadoria e intenção de continuar trabalhando.Psicologia & Sociedade,29, e145010.) e órgãos públicos (Leandro-França et al., 2018Leandro-França, C., Iglesias, F., & Murta, S. G. (2018). Future and retirement: Evidence of validity for a measure of temporal perspective.Revista Psicologia Organizações e Trabalho,18(2), 390-395.; Seidl et al., 2018Seidl, J., Leandro-França, C., & Murta, S. G. (2018). Impact and support evaluation of a retirement planning course.Revista Psicologia Organizações e Trabalho,18(4), 494-502.), realçando a necessidade de estudos sobre a população brasileira.

Notoriamente, o principal motivo pelo qual a temática tem ganhado relevância no mundo é o aumento na expectativa de vida, que implica a necessidade de preparação para aposentadoria por um período substancial do ciclo de vida (Sharpe, 2021Sharpe, D. L. (2021). Reinventing retirement.Journal of Family and Economic Issues,42(1), 11-19.). Han et al. (2019Han, J.; Ko, D., & Choe, H. (2019). Classifying retirement preparation planners and doers: A multi-country study. Sustainability, 11(10), 2815. ) salientam que a ciência tem elevado a expectativa média de vida, dessa forma, a vida após a aposentadoria cresce a cada ano, aliada as baixas taxas de natalidade.

Niu et al. (2020Niu, G., Zhou, Y., & Gan, H. (2020). Financial literacy and retirement preparation in China.Pacific-Basin Finance Journal,59, 101262.) acrescentam que os hábitos de consumo dos idosos estão baseados em sua renda pré-aposentadoria. Dessa forma, o cálculo para reserva adequada para aposentadoria deve estar sustentado sobre a expectativa e o padrão de vida, além de manter o bem-estar financeiro (Brüggen et al., 2017Brüggen, E. C., Hogreve, J., Holmlund, M., Kabadayi, S., & Löfgren, M. (2017). Financial well-being: A conceptualization and research agenda.Journal of Business Research,79, 228-237.). Birkenmaier et al. (2021Birkenmaier, J., Kim, Y., & Maynard, B. (2021). Financial outcomes of interventions designed to improve retirement savings: A systematic review.Journal of Gerontological Social Work,64(3), 238-256.) ressaltam que a preparação financeira inadequada para aposentadoria acarretará na sobrecarga da seguridade social, destacando a importância de políticas de incentivo para o comportamento de poupança entre a população mais jovem.

Em 2015, o Brasil possuía 25.038.352 idosos, este número saltou para 31.330.235 em 2021, representando um aumento de 6.291.883 de idosos em 6 anos (IBGE, 2019bInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019b). Projeção da população. https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html
https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/p...
). Nas projeções para o ano de 2030, estima-se que a população com 60 anos ou mais ultrapasse 41,5 milhões de pessoas (IBGE, 2019bInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019b). Projeção da população. https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html
https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/p...
). Essas projeções somadas ao déficit do sistema previdenciário, poderão ampliar o desequilíbrio do fundo de previdência público (Ataides & Santos, 2017Ataides, C. M., & Santos, M. S. (2017). A reforma previdenciária: Uma análise do saldo deficitário do regime geral de previdência social e sua relação com as mudanças demográficas do Brasil.Revista de Auditoria Governança e Contabilidade, 5(19), 78-94.).

Na medida em que a população envelhece e aumenta a expectativa de vida, os países se veem obrigados a promover ajustes em seus sistemas de fundo de previdência público. No Brasil, a última reforma ocorreu com a Emenda Constitucional n. 103 (2019), na qual dentre as alterações relevantes, destaca-se a idade para solicitação da aposentadoria, que deixou de ser 55 anos e passou a ser 62 anos para as mulheres e de 60 anos para 65 anos para os homens. E, as mudanças no cálculo para média salarial, bem como pagamento de alíquotas para os servidores públicos e trabalhadores de empresas privadas (Nulle & Moreira, 2019Nulle, A. L., & Moreira, C. S. (2019). A previdência social: Reforma ou há alternativas?Economia e Sociedade,28, 791-819.). Tais medidas impactam a vida financeira do indivíduo tanto na redução do valor quanto no prazo para recebimento da aposentadoria, afetando a programação de vida individual e familiar (Carneiro et al., 2021Carneiro, M. D. F. C., Alves, V. P., & Silva, H. S. D. (2021). Aposentadoria e planejamento para vida pós-trabalho: um estudo com servidores de um instituto federal de educação.Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia,24(1), 1-13.).

Nesse contexto, a adoção de políticas que visem a conscientizar e melhorar a preparação para aposentadoria da população são fundamentais. Os Programas de Preparação para Aposentadoria (PPA) surgiram no Brasil há menos de trinta anos, impulsionado pela criação da Política Nacional do Idoso (PNI), que prevê a implementação e manutenção de programas sobre o tema nos setores públicos e privados com antecedência mínima de 2 anos antes do desligamento. No ano de 2003, foi criado o Estatuto do Idoso que ressalta novamente a importância desses programas e reduz o prazo de antecedência mínima para preparação para aposentadoria até 1 ano antes do desligamento (Lei n. 10.741 [Estatuto do Idoso], 2003Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. 2003. Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...
).

Evidências indicam que no Brasil alguns indivíduos que já estão aposentados necessitam permanecer trabalhando para manter o estilo de vida financeiro pré-aposentadoria (Boehs et al., 2016Boehs, S. D. T. M., Costa, A. B., & Schmitt, J. (2016). Razões para retorno ao trabalho na aposentadoria: Estudo com servidores de uma universidade brasileira. Kairós-Gerontologia,19(3), 225-244.; Macedo et al., 2017Macedo, L. S. S., Bendassolli, P. F., & Torres, T. D. L. (2017). Representações sociais da aposentadoria e intenção de continuar trabalhando.Psicologia & Sociedade,29, e145010.) bem como há um contingente de indivíduos que postergam sua aposentadoria (Figueira et al. 2017Figueira, D. A. M., Haddad, M. D. C. L., Gvozd, R., & Pissinati, P. S. C. (2017). A tomada de decisão da aposentadoria influenciada pelas relações familiares e laborais.Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 20(2), 207-215. ; Marangoni & Mangabeira, 2014Marangoni, J. F. C., & Mangabeira, J. A. (2014). Política integrada de atenção à saúde do servidor público do Distrito Federal: O programa de preparação para o período pós-carreira.Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 12(1), 8-15.) devido à necessidade de garantia de renda. Assim, em um contexto em que o fundo de previdência público não garante a manutenção do mesmo padrão de vida do indivíduo no pós-aposentadoria, amplia-se a necessidade de que o cidadão desenvolva conhecimentos para tomar decisões financeiras que subsidiem seu bem-estar financeiro (Anderson et al., 2017Anderson, A., Baker, F., & Robinson, D. T. (2017). Precautionary savings, retirement planning and misperceptions of financial literacy.Journal of Financial Economics,126(2), 383-398. ; Kumar et al., 2019Kumar, S., Tomar, S. & Verma, D. (2019). Women’s financial planning for retirement: Systematic literature review and future research agenda.International Journal of Bank Marketing,37(1), 120-141. ).

O desconhecimento de conceitos financeiros para a administração de recursos impacta na preparação para aposentadoria (Lusardi & Mitchell, 2014Lusardi, A., & Mitchell, O. S. (2014). The economic importance of financial literacy: Theory and evidence.Journal of Economic Literature,52(1), 5-44., 2017Lusardi, A., & Mitchell, O. S. (2017). How ordinary consumers make complex economic decisions: Financial literacy and retirement readiness.Quarterly Journal of Finance, 7(3), 1750008.). Assim, o colapso financeiro assola muitos indivíduos que sobrevivem de salário em salário, com o rendimento já comprometido pelas necessidades mensais e até diárias (Morduch & Schneider, 2017Morduch, J., & Schneider, R. (2017). The financial diaries: How American families cope in a world of uncertainty. Princeton University Press.). Dessa forma, além de analisar o ciclo de vida das pessoas é salutar compreender o contexto de vida delas e como se comportam diante da realidade financeira (Lusardi & Mitchell, 2017Lusardi, A., & Mitchell, O. S. (2017). How ordinary consumers make complex economic decisions: Financial literacy and retirement readiness.Quarterly Journal of Finance, 7(3), 1750008.). Assim, tão importante quanto identificar o nível de preparação financeira para aposentadoria é analisar as diferenças de percepção sob o ponto de vista dos perfis socioeconômicos e demográficos (Tabela 1).

Tabela 1
Síntese da relação entre as variáveis socioeconômicas e demográficas e a preparação financeira para aposentadoria

Em relação aos perfis sociodemográficos e econômicos, observaram-se diferenciações expressivas quanto à preparação e planejamento financeiro para aposentadoria que variam de acordo com o gênero, com ênfase negativa para as mulheres solteiras, com dependentes, sem residência própria e com baixa escolaridade (Kumar et al., 2019Kumar, S., Tomar, S. & Verma, D. (2019). Women’s financial planning for retirement: Systematic literature review and future research agenda.International Journal of Bank Marketing,37(1), 120-141. ; Niu et al., 2020Niu, G., Zhou, Y., & Gan, H. (2020). Financial literacy and retirement preparation in China.Pacific-Basin Finance Journal,59, 101262.; Rai et al., 2019Rai, K., Dua, S., & Yadav, M. (2019). Association of financial attitude, financial behaviour and financial knowledge towards financial literacy: A structural equation modeling approach.FIIB Business Review, 8(1), 51-60.). Contrapondo-se, os homens possuem maior alfabetização financeira, consequentemente, possuem maior planejamento e preparação financeira para aposentadoria, independentemente de sua idade, estado civil, escolaridade e ocupação (Clark et al., 2019Clark, R. L., Hammond, R. G., & Khalaf, C. (2019). Planning for retirement? The importance of time preferences.Journal of Labor Research,40(2), 127-150.; De los Santos et al., 2020De los Santos, J. A. A., Labrague, L. J., & Milla, N. E. (2020). Happiness and retirement readiness among pre-retiring employees: A cross-sectional study.Ageing International,45(1), 85-98.; Niu et al., 2020Niu, G., Zhou, Y., & Gan, H. (2020). Financial literacy and retirement preparation in China.Pacific-Basin Finance Journal,59, 101262.). Tais evidências refletem que as políticas públicas deverão ter como foco prioritário as mulheres, para que elas possam adquirir novas habilidades e confiança para poupar e investir (Yeh & Ling, 2022Yeh, T. M., & Ling, Y. (2022). Confidence in financial literacy, stock market participation, and retirement planning.Journal of Family and Economic Issues,43(1), 169-186.).

Quanto às formas de mensuração para a preparação financeira para aposentadoria, Hershey et al. (2010Hershey, D. A., Henkens, K., & Van Dalen, H. P. (2010). Aging and financial planning for retirement: Interdisciplinary influences viewed through a cross-cultural lens.The International Journal of Aging and Human Development,70(1), 1-38.) propuseram o Modelo de Planejamento Financeiro Interdisciplinar. Tal modelo engloba os fatores psicológicos, os indicadores de apoio social e forças econômicas que contribuem para a decisão de planejar e poupar de cada indivíduo (Hershey et al., 2010Hershey, D. A., Henkens, K., & Van Dalen, H. P. (2010). Aging and financial planning for retirement: Interdisciplinary influences viewed through a cross-cultural lens.The International Journal of Aging and Human Development,70(1), 1-38.). Mais recentemente, Akben-Selcuk e Aydin (2021Akben-Selcuk, E., & Aydin, A. E. (2021). Ready or not, here it comes: A model of perceived financial preparation for retirement.Journal of Adult Development,28(4), 346-357.) desenvolveram o modelo de percepção para preparação financeira para aposentadoria na Turquia. Outras escalas analisaram o planejamento financeiro juntamente com outras dimensões (Leandro-França et al., 2014Leandro-França, C., Murta, S. G., & Iglesias, F. (2014). Planejamento da aposentadoria: Uma escala de mudança de comportamento.Revista Brasileira de Orientação Profissional, 15(1), 75-84. ) e a percepção de futuro de aposentadoria (Rafalski & Andrade, 2017Rafalski, J. C., & Andrade, A. L. (2017). Desenvolvimento da Escala de Percepção de Futuro da Aposentadoria (EPFA) e correlatos psicossociais.Psico-USF, 22(1), 49-62. ).

Para o contexto brasileiro, Vieira et al. (2022Vieira, K. M., Rosenblum, T. O. A., & Matheis, T. K. (2022). And tomorrow, how will it be? Developing a Financial Preparation for Retirement Scale (FPRS).Journal of Behavioral and Experimental Finance, 35, 100709.) desenvolveram a EPFA, a qual é composta por três dimensões (“Expectativa Futura”, “Planejamento Financeiro” e “Comportamento de Poupança”). Tal escala visa compreender a percepção do indivíduo quanto à sua preparação financeira para aposentadoria, ou seja, contempla o aspecto subjetivo e identifica o comportamento financeiro ao longo da vida. Neste estudo, optou-se pela EPFA por ser uma escala multidimensional e adaptada para o contexto brasileiro.

3. MÉTODO

Realizou-se uma survey com um questionário estruturado em 3 blocos. O primeiro é formado por 8 itens que investigam o tempo faltante para aposentadoria, a economia para aposentadoria, a escolha por algum planejamento financeiro específico para aposentadoria, o sentimento de preparação financeira para aposentadoria, a comparação da situação financeira atual e futura, a dependência de ajuda financeira de alguém, se é possuidor de crédito consignado e como se sente em relação aos seus gastos.

Já o segundo é composto por 13 questões, que avaliam o nível de percepção da preparação financeira para aposentadoria. Tais questões são oriundas da EPFA de Vieira et al. (2022Vieira, K. M., Rosenblum, T. O. A., & Matheis, T. K. (2022). And tomorrow, how will it be? Developing a Financial Preparation for Retirement Scale (FPRS).Journal of Behavioral and Experimental Finance, 35, 100709.). Por fim, o terceiro bloco consiste em 9 questões para identificar o perfil dos respondentes, com variáveis de sexo, idade, estado civil, raça/etnia, nível de escolaridade, se possui ou não dependentes financeiros, tipo de moradia, ocupação e faixa de renda mensal própria e familiar.

Considerando uma população de 190.755.799 brasileiros (IBGE, 2010Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010). Censo 2010. Resultados. http://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados_do_censo2 010.php
http://www.censo2010.ibge.gov.br/resulta...
), um nível de confiança de 95% e um erro de 2%, a amostra mínima desejada era de 2.401 entrevistados, distribuída proporcionalmente entre as regiões brasileiras. Dez entrevistadores foram previamente treinados pelos pesquisadores para aplicação da pesquisa. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE n. 53589721.5.0000.5346) e os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Como procedimentos de análise de dados foram utilizados estatística descritiva, teste qui-quadrado e regressão. O teste qui-quadrado tem como hipótese nula a ausência de associação entre as variáveis. O modelo de regressão tem como variável dependente a preparação financeira para aposentadoria e como variáveis independentes dummy (moradia, escolaridade, crédito consignado, gastos, economizar para aposentadoria) o quanto você se sente preparado financeiramente para aposentadoria, com quantos bancos/cooperativas você tem relacionamento e compara-se a situação de hoje com aquela que se acredita ter quando chegar à idade da aposentadoria. Quanto aos pressupostos, foram testados a normalidade dos erros (teste Kolmogorov-Smirnov) e a homocedasticidade (teste Pesarán-Pesarán) e também foi analisada a ausência de multicolinearidade a partir dos fatores de inflação da variância (FIV).

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A coleta de dados ocorreu em 12 capitais e 20 cidades interioranas no período de outubro de 2021 e janeiro de 2022. Foi obtida uma amostra total de 2.920 respondentes ainda não aposentados, distribuídos entre as regiões da seguinte maneira: 28% no Sul, 41% no Sudeste, 6% no Centro-Oeste, 19% no Nordeste e 6% no Norte. Dentre os respondentes, a predominância é do sexo feminino (60,6%). A idade média é de 38 anos (desvio padrão de 12 anos). Referente ao estado civil, 48,7% são casados ou possuem relação estável. Sobre a raça/etnia a maioria (68,5%) dos respondentes são brancos. Quanto ao nível de escolaridade, 42,9% informaram ter concluíram o ensino médio ou menos. Em relação ao tipo de moradia, 54,7% responderam ter sua própria moradia. Já sobre a ocupação, a categoria empregado assalariado (36,2%) predominou entre as respostas. A Tabela 2 aponta o perfil econômico dos respondentes.

Tabela 2
Perfil econômico dos respondentes segundo as variáveis renda mensal própria bruta, renda mensal familiar bruta, dependentes, crédito consignado e gastos

As variáveis de renda são bastante heterogêneas, com maior representatividade na renda própria entre R$ 1.100,00 e R$ 2.200,00 e na renda mensal familiar a categoria de R$ 5.500,01 a R$ 8.800,00 (17%). Aproximadamente 1/3 dos respondentes não possuem nenhum dependente financeiro, a maioria não possui crédito consignado (84,4%). A Tabela 3 descreve questões sobre a aposentadoria.

Tabela 3
Perfil dos respondentes segundo as variáveis quanto ao tempo que falta até a aposentadoria, conhecimento sobre economia para aposentadoria, planejamento específico para aposentadoria

Observa-se que parte da amostra não sabe o tempo que falta para se aposentar, dado que demonstra uma falta de preparação para aposentadoria. Quanto ao planejamento específico para aposentadoria, 48,8% contribui para o fundo de previdência público, informação que pode ser associada ao número expressivo de empregados assalariados. Destaca-se que 32,2% não possui nenhum planejamento específico para aposentadoria e que os investimentos (ações, títulos de investimento, fundos de pensão e previdência privada) ficaram abaixo de 10%. A Tabela 4 mostra o perfil dos respondentes em relação a percepções da preparação para aposentadoria.

Tabela 4
Perfil dos respondentes segundo as variáveis sentimento de preparação financeira para aposentadoria, comparação situação financeira atual e futura e, dependência de ajuda financeira

Grande parte dos respondentes não se sente preparada financeiramente para aposentadoria (33,5%). No entanto, acredita-se que a situação atual é igual à que terá quando se aposentar (33,3%), seguida por uma visão otimista em que 28,3% dos entrevistados acredita que será melhor do que a situação financeira que possui hoje em dia. E, atualmente, a maioria não depende da ajuda financeira de alguém para manter as despesas mensais (59,7%). A Tabela 5 exibe as médias e percentuais válidos dos itens e dimensões correspondentes a EPFA.

Tabela 5
Média e percentuais válidos das variáveis e dimensões da Escala de Preparação Financeira para Aposentadoria

Na dimensão Expectativa Futura, observa-se que em 3 itens a resposta predominante foi nunca, refletindo a incapacidade e insegurança, bem como a falta de projeções financeiras futuras. No entanto, a frequência foi elevada para “Penso muito sobre finanças futuras”, o que denota uma preocupação com o futuro, ratificada pela resposta preponderante “Às vezes” para o item “Sinto que alcançarei os objetivos financeiros que estabeleci para mim”. Quanto ao Planejamento Financeiro, a resposta mais marcada foi “Às vezes” para 3 itens. Contudo, para o item “Costumo falar com minha família sobre questões financeiras para pessoas aposentadas”, a alternativa “Nunca” foi a mais preponderante, o que demonstra que o indivíduo pensa, se preocupa, mas não fala com sua família, influenciando diretamente o planejamento financeiro individual.

Sobre o Comportamento de Poupança, 4 itens apresentaram “Nunca” como a resposta mais escolhida o que demonstra que a amostra não economiza, nem poupa para o futuro. O único item que os respondentes marcaram “Às vezes” se refere à economia para a concretização dos sonhos. Em seguida, foram construídas as 3 dimensões da escala e a EPFA a partir da metodologia proposta. Destaca-se na Figura 1 a distribuição da frequência das respostas e na Tabela 6 as médias e desvios padrões.

Figura 1
Distribuição de frequência das dimensões e da Escala de Preparação Financeira para Aposentadoria

Tabela 6
Média, desvio padrão e classificação da Escala de Preparação Financeira para aposentadoria

A média está em torno de 2,5, a qual segundo a classificação da escala indica uma preparação financeira baixa. Em 2 dimensões, “Expectativa Futura” e “Comportamento de Poupança”, e na EPFA mais de 50% dos entrevistados são classificados nas categorias muito baixa ou baixa. O resultado para a dimensão “Planejamento Financeiro” é um pouco melhor com mais entrevistados classificados nas categorias alta e muito alta. Para mais de 1/3 dos entrevistados a preparação financeira para aposentadoria é baixa, e para 16,2% muito baixa, ou seja, uma parcela significativa da população percebe que não consegue atingir um nível de preparação financeira para aposentadoria adequado.

Após a identificação dos níveis de preparação para a aposentaria buscou-se avaliar as diferenças segundo os perfis socioeconômicos e demográficos (Tabela 7).

Tabela 7
Preparação financeira para aposentadoria x variáveis explicativas

Percebe-se que existe uma relação de dependência estatisticamente significativa ao nível de 1% entre a preparação financeira para aposentadoria para todas as variáveis testadas. A maioria dos homens apresenta alta ou muito alta preparação financeira, enquanto entre as mulheres predominam as categorias baixa e muito baixa, ratificando o estudo de diversos autores (Kalmi & Ruuskanen, 2018Kalmi, P., & Ruuskanen, O. P. (2018). Financial literacy and retirement planning in Finland.Journal of Pension Economics & Finance,17(3), 335-362.; Potrich et al., 2018Potrich, A. C. G., Vieira, K. M., & Kirch, G. (2018). How well do women do when it comes to financial literacy? Proposition of an indicator and analysis of gender differences.Journal of Behavioral and Experimental Finance,17, 28-41.). Quanto ao nível de escolaridade, Clark et al. (2019Clark, R. L., Hammond, R. G., & Khalaf, C. (2019). Planning for retirement? The importance of time preferences.Journal of Labor Research,40(2), 127-150.) e Niu et al. (2020Niu, G., Zhou, Y., & Gan, H. (2020). Financial literacy and retirement preparation in China.Pacific-Basin Finance Journal,59, 101262.) já identificaram que quanto maior o nível educacional, maior a preparação financeira para aposentadoria, tais resultados foram reafirmados nesta pesquisa.

Além disso, observa-se que os funcionários públicos e proprietários de empresa apresentam níveis mais alto de preparação financeira para aposentadoria. Também se constata que categorias com faixas de renda mais elevadas possuem maiores percentuais de alta e muito alta preparação financeira para aposentadoria, corroborando os estudos de Clark et al. (2019Clark, R. L., Hammond, R. G., & Khalaf, C. (2019). Planning for retirement? The importance of time preferences.Journal of Labor Research,40(2), 127-150.), Cupák et al. (2019Cupák, A., Kolev, G. I., & Brokešová, Z. (2019). Financial literacy and voluntary savings for retirement: novel causal evidence.The European Journal of Finance,25(16), 1606-1625.) e Rai et al. (2019Rai, K., Dua, S., & Yadav, M. (2019). Association of financial attitude, financial behaviour and financial knowledge towards financial literacy: A structural equation modeling approach.FIIB Business Review, 8(1), 51-60.).

Finalmente buscou-se avaliar a influência dos fatores socioeconômicos, demográficos e das variáveis de comportamento na preparação financeira para aposentadoria mediante análise de regressão linear. A Tabela 8 apresenta os resultados da estimação robusta matriz de covariância consistente de heterocedasticidade (heteroskedasticity consistent covariance matrix [HCCM]) (White, 1980White, H. (1980). A heteroskedasticity-consistent covariance matrix estimator and a direct test for heteroskedasticity. Econometrica: Journal of The Econometric Society, 48(4), 817-838.).

Tabela 8
Modelo de regressão estimado para a preparação financeira para aposentadoria

O coeficiente de determinação ajustado é 0,423. O teste KS não rejeitou a hipótese nula, indicando que os erros possuem distribuição normal (valor 0,019 e sig. 0,057). Todos os fatores de inflação (FIV) são menores que 10, atendendo ao pressuposto da ausência de multicolinearidade.

A variável que apresentou o maior coeficiente positivo foi o conhecimento do valor que precisa economizar para aposentadoria, seguindo de como o indivíduo se sente preparado financeiramente para aposentadoria, indicando que quanto maior conhecimento e sentimento em relação à gestão financeira, maior a percepção de preparação financeira para aposentadoria. Já a presença de crédito consignado e de gastos acima da renda apresentaram valores negativos, diminuindo a preparação financeira para aposentadoria.

Em relação às variáveis econômicas e demográficas, verificou-se que os respondentes que possuem casa própria e têm escolaridade a partir do Ensino Superior apresentam maior preparação financeira para aposentadoria do que os demais, informação análoga ao estudo de De los Santos (2020De los Santos, J. A. A., Labrague, L. J., & Milla, N. E. (2020). Happiness and retirement readiness among pre-retiring employees: A cross-sectional study.Ageing International,45(1), 85-98.). Outro fator de destaque é que os mais jovens se preparam menos para aposentadoria ‒ tal relação também foi retratada por Clark et al. (2019Clark, R. L., Hammond, R. G., & Khalaf, C. (2019). Planning for retirement? The importance of time preferences.Journal of Labor Research,40(2), 127-150.).

5. DISCUSSÃO E IMPLICAÇÕES PRÁTICAS

As reformas previdenciárias possuem impactos econômicos e sociais abrangentes em parcelas significativas da população, principalmente quando se trata de reformas realizadas em economias emergentes. Para cada 4 entrevistados, 3 sequer param para pensar o quanto precisariam economizar para aposentadoria, além de mostrarem excesso de confiança no futuro benefício que será concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social.

Além disso, a maneira como cada governo administra as pensões públicas, pode ter efeitos significativos e duradouros nas políticas de igualdade de renda e no bem-estar geral. No Brasil, os regimes de previdência estão conectados as contribuições individuais e históricos de emprego (Bravo & Herce, 2022Bravo, J. M., & Herce, J. A. (2022). Career breaks, broken pensions? Long-run effects of early and late-career unemployment spells on pension entitlements.Journal of Pension Economics & Finance,21(2), 191-217. ). No país, 12% da população em idade laborativa está desempregada; 40,8% se dedicam ao trabalho informal (Komatsu & Menezes-Filho, 2020Komatsu, B. K., & Menezes-Filho, N. (2020). Simulações de impactos da COVID-19 e da renda básica emergencial sobre o desemprego, renda, pobreza e desigualdade (Policy Paper, no. 43). Insper.), no qual não existem garantias como a aposentadoria, e outra parcela significativa tem seu planejamento para aposentadoria pautado principalmente na contribuição ao sistema público previdenciário. Nesse cenário, evidencia-se a vulnerabilidade da população quanto a sua capacidade de economizar para o futuro, a dificuldade de garantir alguma renda com o propósito de se aposentar e a dependência daqueles que conseguem contribuir em relação ao sistema de previdência.

Esse panorama contribui diretamente para explicar os baixos resultados para as dimensões “Comportamento de Poupança” e “Expectativa Futura”. Sem um conjunto de políticas públicas voltadas para o pleno emprego, ampliação da Educação Superior e programas para alfabetização financeira e preparação para aposentadoria, ambos associados a uma legislação que regule a oferta e demanda de crédito, os mais vulneráveis permanecerão sem expectativas futuras sobre as suas finanças.

Também foi possível identificar que mulheres, jovens, divorciados/separados, negros, com até o nível educacional fundamental completo, moradia emprestada, desempregados, com renda mensal bruta familiar de até R$ 1.100,00 e com 4 ou mais dependentes formam o perfil de cidadãos menos capazes de lidar com a preparação financeira para aposentadoria. Esses grupos com altas vulnerabilidades relacionadas a renda, emprego, escolaridade e administração inadequada dos gastos são, portanto, os mais dependentes das políticas públicas.

A promoção de intervenções específicas destinadas a redução das desigualdades sociais, podem levar a uma melhora no custeio do sistema previdenciário, bem como, a redução do nível de endividamento do país. Ao mesmo tempo a adoção de políticas educacionais efetivas, como a inserção das temáticas de preparação para aposentadoria nos currículos escolares que cultivem a melhora nos níveis de educação e alfabetização financeira (França & Hershey, 2018França, L. H., & Hershey, D. A. (2018). Financial preparation for retirement in Brazil: A cross-cultural test of the interdisciplinary financial planning model.Journal of Cross-Cultural Gerontology,33(1), 43-64.; Nolan & Doorley, 2019Nolan, A., & Doorley, K. (2019). Financial literacy and preparation for retirement (IZA Discussion Papers, no. 12187). IZA - Institute of Labor Economics.), o amparo na criação de um planejamento eficaz (Han et al., 2019Han, J.; Ko, D., & Choe, H. (2019). Classifying retirement preparation planners and doers: A multi-country study. Sustainability, 11(10), 2815. ) e capacitação contínua sobre os aspectos psicológicos e financeiros para um estilo de vida saudável (Nansubuga, 2018Nansubuga, F. (2018). The role of self-efficacy in explaining psychological and financial preparation for retirement: A behavioural study of retirement transitioning in Uganda.Journal of Adult Development,25(4), 297-308.) são alternativas que podem auxiliar na ampliação da preparação financeira para aposentadoria.

O sistema financeiro tem sido responsável pela oferta de créditos facilitados (Lusardi & Mitchell, 2011bLusardi, A., & Mitchell, O. S. (2011b). Financial literacy around the world: an overview.Journal of Pension Economics & Finance,10(4), 497-508.; Tiryaki et al., 2017Tiryaki, G. F., Gavazza, I. D. O., Andrade, C. M., & Mota, A. L. (2017). Ciclos de crédito, inadimplência e as flutuações econômicas no Brasil.Revista de Economia Contemporânea,21(1), 1-33.) e pela falta de clareza das condições desses empréstimos (Garz et al., 2021Garz, S., Giné, X., Karlan, D., Mazer, R., Sanford, C., & Zinman, J. (2021). Consumer protection for financial inclusion in low-and middle-income countries: Bridging regulator and academic perspectives.Annual Review of Financial Economics,13, 219-246.). O acesso a produtos e serviços financeiros foi de 85% em 2019 para 96% em 2021, um dos motivos desta potencialização foi o pagamento do auxílio emergencial concedido durante a pandemia de doença por coronavírus 2019 (COVID-19) (Banco Central do Brasil, 2021Banco Central do Brasil. (2021). Relatório de Cidadania Financeira 2021. https://www.bcb.gov.br/content/cidadaniafinanceira/documentos_cidadania/RIF/Relatorio_de_Cidadania_Financeira_2021.pdf
https://www.bcb.gov.br/content/cidadania...
). A crise sanitária impulsionou a abertura de contas para recebimento do auxílio, ocasionando a expansão das fintechs (Furlani & Carvalho Dias, 2021Furlani, C., & Carvalho Dias, M. (2021). Transformações recentes no sistema financeiro nacional: O caso das fintechs.Revista Tecnológica da Fatec Americana, 9(1), 1-12.). Assim, essas entidades passaram a contribuir para o endividamento familiar e a diminuição de poupança para aposentadoria mediante disponibilização de cartões de crédito, financiamentos e principalmente, crédito consignado. Nessas circunstâncias são ampliadas, ainda, as situações de superendividamento e a discriminação, já que grupos potencialmente vulneráveis possuem taxas de aprovação de crédito reduzidas ou recebem ofertas de crédito mais caras que os demais (Garz et al., 2021Garz, S., Giné, X., Karlan, D., Mazer, R., Sanford, C., & Zinman, J. (2021). Consumer protection for financial inclusion in low-and middle-income countries: Bridging regulator and academic perspectives.Annual Review of Financial Economics,13, 219-246.). Portanto, é necessário e urgente que o sistema financeiro assuma o papel de proteção do consumidor, aplicação da suitability e promoção de ações que visem à alfabetização financeira dos clientes.

Desse modo, mostra-se indispensável a ampliação da Estratégia Nacional de Educacional Financeira (ENEF) e dos PPAs. É preciso que o governo, Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), agentes financeiros e sociedade (organizações não governamentais [ONGs], influenciadores digitais) façam um esforço conjunto em prol de um maior alcance das iniciativas de ampliação dos conhecimentos financeiros e melhoria dos comportamentos financeiros da população.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se trata da preparação para aposentadoria, observa-se que o Brasil apresenta um cenário muito distinto dos identificados em países desenvolvidos. Nesses países, a existência da preparação financeira para aposentadoria é um fato para a maioria da população (Ruthbah, 2021Ruthbah, U. (2021). The retirement puzzle.Australian Journal of Management, 47 (2), 1-26.), o que se discute é se essa preparação possui um nível adequado (Han et al., 2019Han, J.; Ko, D., & Choe, H. (2019). Classifying retirement preparation planners and doers: A multi-country study. Sustainability, 11(10), 2815. ) e se o cidadão é capaz decidir a aplicação dos recursos e a composição dos investimentos de forma adequada (Baulkaran, 2022Baulkaran, V. (2022). Personal bankruptcy and consumer credit delinquency: The case of personal finance education.International Review of Financial Analysis,81, 102098. ; França & Hershey, 2018França, L. H., & Hershey, D. A. (2018). Financial preparation for retirement in Brazil: A cross-cultural test of the interdisciplinary financial planning model.Journal of Cross-Cultural Gerontology,33(1), 43-64.; Nolan & Doorley, 2019Nolan, A., & Doorley, K. (2019). Financial literacy and preparation for retirement (IZA Discussion Papers, no. 12187). IZA - Institute of Labor Economics.). Ao passo que no Brasil o cenário é de uma grande incapacidade de preparação financeira para aposentadoria para parcela significativa da população.

Quanto ao objetivo de avaliar a percepção da preparação financeira para aposentadoria na população brasileira não aposentada, identificou-se que a grande maioria dos brasileiros apresentou uma baixa/muito baixa preparação. Na análise da influência das variáveis socioeconômicas, demográficas e comportamentais identificou-se que os grupos com mulheres, jovens, divorciados/separados, negros, com até o nível educacional fundamental completo, moradia emprestada, desempregados, com renda mensal bruta familiar de até R$ 1.100,00 e com 4 ou mais dependentes são os mais vulneráveis. Sem qualquer capacidade de poupança, gastando mais do que ganha e dependendo de empréstimos consignados e outros créditos para “passar o mês”, o grupo mais vulnerável não consegue pensar nem mensurar o quanto precisaria desembolsar para sua aposentadoria e, consequentemente, possui baixas expectativas financeiras futuras.

Portanto, do ponto de vista prático, o cenário é desafiador e o futuro em muito dependerá da capacidade do Estado e do sistema financeiro. A existência de uma política pública de Estado para a previdência social consistente, efetiva e de longo prazo e um amplo esforço de alfabetização financeira da população são condições indispensáveis para que a expectativa financeira futura seja melhor do que o hoje e o país consiga ampliar o bem-estar financeiro dos cidadãos. Do ponto de vista teórico metodológico, até onde temos conhecimento, este é o primeiro estudo a apresentar um retrato da percepção dos cidadãos quanto à preparação financeira para aposentadoria em uma amostra abrangente de brasileiros.

Uma das limitações desta pesquisa é o uso da metodologia survey a qual está sujeita a alguns vieses dos respondentes, como, por exemplo, fornecer respostas socialmente desejáveis. As pesquisas nessa temática no contexto brasileiro ainda permanecem incipientes. Pesquisas futuras podem avançar tanto na busca de novos antecedentes (econômicos, sociais, culturais etc.) quanto dos impactos (bem-estar financeiro, qualidade de vida, cidadania financeira etc.) da preparação financeira para aposentadoria.

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    As autoras agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Processo n. 303731/2018-4) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) (Processo n. 21/2551-0002134-9) pelo apoio financeiro.

Editado por

Editor-Chefe:

Fábio Frezatti

Editor Associado:

Luís Eduardo Afonso

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    29 Abr 2022
  • Revisado
    20 Maio 2022
  • Aceito
    28 Ago 2022
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