Acessibilidade / Reportar erro

Características quantitativas da carcaça de cordeiros Santa Inês, abatidos com diferentes espessuras de gordura subcutânea

Quantitative carcass characteristics from lambs slaughtered at different thickness of subcutaneous fat

Resumo

Objetivou-se avaliar as características quantitativas das carcaças de cordeiros da raça Santa Inês em confinamento, abatidos com três espessuras de gordura subcutâneas (EGS) diferentes. Foram utilizados 24 cordeiros, machos não castrados da raça Santa Inês, com aproximadamente 100 dias de idade e peso vivo de 22,7±3,75kg, divididos aleatoriamente em três tratamentos: abates com espessura de gordura subcutânea de 2,0; 3,0 e 4,0mm. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos e oito repetições por tratamento. Para as análises estatísticas utilizou-se o softwareSAEG Os cordeiros abatidos com 2,0mm apresentaram maiores rendimentos do fígado (2,12%), baço (0,32%), cabeça (6,69%) e patas (3,08%), havendo um declínio nos rendimentos com o aumento da EGS. Os rendimentos de carcaça na origem, no frigorifico, comercial e verdadeiro, sofreram interferência das EGS (p<0,05), seguindo o mesmo comportamento dos pesos corporais e pesos das carcaças, em que os cordeiros abatidos com 4,00 mm de EGS apresentaram resultados superiores aos abatidos com 2,00 mm. Com o aumento da EGS foi observado no lombo que as proporções dos tecidos apresentaram o seguinte comportamento, aumento da gordura, diminuição do osso e não alteração do músculo. Recomenda-se o abate de cordeiros Santa Inês com 3,0 mm de EGS, pois foram os que proporcionaram melhores resultados para as características quantitativas da carcaça.

componentes do peso vivo; lombo; ovino; rendimentos de carcaça; ultrassonografia

Abstract

The present work aimed to study the carcass quantitative characteristics of Santa Inês lambs in a feedlot, slaughtered of three different subcutaneous fat thickness (SFT) levels. Were used for a total of 24 uncastrated lambs with 100 days of age and 22.7 ± 3.75kg body weight. The animals were randomly distributed into one of the three groups: slaughtered at 2, 3 and 4mm of subcutaneous fat thickness (SFT) levels, with eight lambs of each SFT. The data analyses was done by SAEG software using Tukey test at 5% significance level. The lambs slaughtered at 2 mm of SFT showed higher yields of liver (2.12%), spleen (0.32%), head (6.69%) and legs (3.08%), however, for higher values of SFT the yields decreased. The carcass source yield, carcass slaughter yield, carcass commercial yield, carcass biological yield, the body weights and carcass weights were influenced by SFT (p<0.05), the lambs slaughtered at 4 mm SFT showed higher values than the lambs slaughtered at 2 mm SFT. When the level SFT was increased of Longissimus dorsi were found that increased fat proportion, decreased bone proportion and no have effect of muscle proportion. In conclusion, we recommend to slaughter lambs at 3 mm subcutaneous fat thickness level, because this provided better results for carcass quantitative characteristics.

carcass yield; lamb; loin; ultrasound

INTRODUÇÃO

Na pecuária nacional, a ovinocultura representa parte significativa na produção de carne, principalmente no Sul e Nordeste, regiões com grande potencial para consumo da carne ovina e de seus subprodutos (GERON et al., 2012GERON, L.J.V.; MEXIA, A.A.; GARCIA, J.; ZOULA, L. M.; GARCIA, R.R.F.; MOURA, D.C. Desempenho de cordeiros em terminação suplementados com caroço de algodão (Gossypium hirsutumL.) e grão de milho moído (Zea mays L.). Archives of Veterinary Science, v.17, n.4, p.34-42, 2012.).

Na produção de carne ovina, a carcaça e suas características quantitativas são de fundamental importância, uma vez que se relacionam diretamente com o produto final. Sendo considerada como carcaça ideal a que apresenta máxima proporção de músculo, mínima de osso e adequada quantidade de gordura para atender as exigências dos consumidores (OSÓRIO & OSÓRIO, 2005OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Produção de carne ovina: Técnicas de avaliação “in vivo” e na carcaça. 2.ed. Pelotas, p.82, 2005.).

Os tecidos básicos que compõem a carcaça (músculo, osso e gordura) são fundamentais para determinação do valor dacarcaça e dos seus cortes (OSÓRIO et al., 2012OSÓRIO J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; VARGAS JUNIOR, F.M.; FERNANDES, A.R.M.; SENO, L.O.; RICARDO, H.A.; ROSSINI, F.C.; ORRICO JUNIOR, M.A.P. Critérios para abate do animal e a qualidade da carne. Revista Agrarian, v.5, n.18, p.433-443, 2012.).

Além da carcaça, o peso corporal dos animais é constituído dos componentes extra carcaça, que são valorizados de acordo com a aptidão de utilização. Para Medeiros et al. (2008)MEDEIROS, G.R.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A.; ALVES, K.S.; MATTOS, C.W.; SARAIVA, T.A.; NASCIMENTO, J.F. Efeito dos níveis de concentrado sobre os componentes não-carcaça de ovinos Morada Nova em confinamento.Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.1036-1071, 2008. as vísceras (rúmen, retículo, omaso, abomaso e intestino delgado) e alguns órgãos (pulmões, coração, fígado, baço, rins e língua), além de outros componentes – sangue, gordura omental, diafragma, cabeça e patas, são bastante utilizadas no Brasil, principalmente no nordeste brasileiro, para a preparação de pratos tradicionais como o sarapatel e a “buchada”, tendo sido também foi reportado por Madruga (2003)MADRUGA, M.S. Fatores que afetam a qualidade da carne caprina e ovina. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 2., 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2003. p.417-432 e Silva Sobrinho (2003)SILVA SOBRINHO, A.G.; GASTALDI, K.A.; GARCIA, C.A; MACHADO, M.R.F. Diferentes dietas e pesos ao abate na produção de órgãos de cordeiros.Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1792-1799, 2003. Supl. 1..

Várias pesquisas foram realizadas, para desenvolver técnicas não invasivas, como a ultrassonografia, para quantificar os tecidos muscular e adiposo em animais vivos. De acordo com (McMANUS et al., 2013McMANUS, C.; PAIM, T. do P.; LOUVANDINI, H.; DALLAGO, B.S.L.; DIAS, L.T.; TEIXEIRAS, R.A. Avaliação ultrassonográfica da qualidade de carcaça de ovinos Santa Inês. Ciência Animal Brasileira, v.14, n.1, p.8-16, 2013.), a composição das carcaças pode ser estimada por meio da mensuração da área de olho de lombo (AOL) e da espessura da gordura subcutânea (EGS) tomadas na altura da inserção da 12ª e 13ª costelas, que apresentam correlação alta e positiva com a distribuição de músculos e com o teor de gordura na carcaça, respectivamente.

A maturidade fisiológica da carcaça de ovinos dos diferentes grupos genéticos apresenta especificidade para espessura de gordura subcutânea, podendo ser classificados como precoce, intermediário e tardio. Logo, o abate dos cordeiros tomando-se como referência a espessura de gordura subcutânea parece ser o mais acertado.

O objetivo desse estudo foi verificar os componentes do peso vivo e as características quantitativas das carcaças de cordeiros Santa Inês, abatidos com 2,0; 3,0 e 4,0mm de espessura de gordura subcutânea avaliada por ultrassonografia.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá (UEM), região Noroeste do Estado do Paraná. Foram utilizados 24 cordeiros, machos não castrados da raça Santa Inês, com aproximadamente 100 dias de idade e peso vivo de 22,7±3,75kg.

Os animais foram everminados utilizando-se vermífugo com Moxidectina como princípio ativo e distribuídos aleatoriamente em baias individuais cobertas com piso ripado suspenso com área de 0,75m2. Após 15 dias de adaptação à instalação e à dieta, os cordeiros foram pesados para determinar o peso vivo inicial (PVI) e a espessura de gordura subcutânea avaliada in vivo por ultrassonografia (EGS). Os tratamentos foram definidos como EGS noLongissimusdorsi, entre a 12ª e 13ª costelas, em 2,0; 3,0 e 4,0mm. A introdução dos cordeiros nos respectivos tratamentos foi orientada pela EGS inicial, para uniformidade dos grupos experimentais. Durante todo o período experimental, os animais tinham disponibilidade de água em bebedouros tipo boia e foram alimentados com ração completa peletizada, formulada para ganho de peso diário de 0,300kg (NRC, 2007NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient Requirements of Small Ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids. Washington, DC.: National Academy Press, 2007.). A dieta foi fornecida uma vez ao dia, estabelecendo-se sobras de aproximadamente 10%.A oferta da ração e a sobra erampesadas diariamente para ajuste da dieta,

Na Tabela 1 pode-se observar a composição da ração de terminação dos cordeiros que foi analisada no Laboratório de Nutrição e Alimentação Animal, pertencente ao Departamento de Zootecnia da UEM.

Tabela 1
Composição em g/kg na matéria seca dos ingredientes, químico-bromatológica e custo para produção da ração

As pesagens e avaliações por ultrassonografia foram realizadas a cada quatorze dias. Para obtenção da espessura de gordura subcutânea, foi utilizado equipamento de ultrassom, marca HONDA, modelo HS-1500 VET, com transdutor linear multifrequencial de 50mm de largura, utilizando frequência de 7,5 MHz.Para a realização das medidas os cordeiros foram imobilizados manualmente. Foi realizada tricotomia nas áreas de medição assim como aplicada mucilagem para o melhor acoplamento da probe à pele. Todas as mensurações foram realizadas pelo mesmo técnico, do lado esquerdo, entre a 12ª e 13ª costelas, a quatro centímetros da coluna vertebral. A pressão da cabeça do transdutor foi mantida mínima para evitar a compressão da gordura. Depois de capturada a imagem, a espessura da gordura subcutânea neste ponto foi medida usando-se o ponteiro eletrônico do ultrassom.

Conforme os cordeiros atingiam a espessura de gordura pré-determinada de 2,0; 3,0; e 4,0mm nas avaliações realizadas por ultrassonografia, os mesmos foram pesados para determinação do peso vivo final (PVF) e abatidos no dia seguinte às medições, independentemente do peso. Na última pesagem os cordeiros estavam com 44; 55 e 89 dias de confinamento, apresentaram médias para pesos vivos de 27,14; 33,84 e 34,85kg e ganho de peso médio de 5,93; 9,06 e 11,82kg, para os tratamentos 2,0; 3,0; e 4,0mm.

No galpão experimental (origem) antes dos animais serem submetido ao jejum, foi realizada uma pesagem, onde foi obtido o peso vivo na origem (PO), após 18h em jejum de sólidos apenas, não sendo realizado jejum hídrico, os animais foram pesados para determinação do peso corporal ao abate (PCA). Os cordeiros foram insensibilizados por meio de descarga elétrica de 220 Volts por 8 segundos, seguida pela sangria das veias jugulares e as artérias carótidas, esfola e retirada dos órgãos internos. Foram colhidos e pesados sangue, pele, aparelho reprodutor com a bexiga, rins e gordura perirrenal, baço, fígado, trato gastrintestinal vazio, conteúdo gastrintestinal, coração, aparelho respiratório, cabeça e patas, sendo determinados os rendimentos em relação ao peso corporal ao abate.

Após a evisceração, o aparelho gastrintestinal foi esvaziado para a obtenção do peso do corpo vazio (PCV), determinado pelo peso corporal ao abate (PCA) subtraído o conteúdo gastrintestinal. As carcaças foram pesadas para a obtenção do peso de carcaça quente (PCQ), e após 24h a 4°C em câmara frigorífica, foi obtido o peso de carcaça fria (PCF). Com os pesos anotados, foram calculadosa perda de peso por resfriamento (PPR = (PCQ-PCF/PCQ) *100), o rendimento da carcaça na origem (RCO = PCF/PVO*100); rendimento de carcaça no frigorífico (RCF = PCQ/PCA*100); rendimento comercial da carcaça (RCC= PCF/PCA*100) e o rendimento verdadeiro da carcaça (RVC = PCQ/PCV*100), conforme metodologia utilizada por Osório & Osório, 2005OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Produção de carne ovina: Técnicas de avaliação “in vivo” e na carcaça. 2.ed. Pelotas, p.82, 2005.).

Foram mensurados o comprimento interno da carcaça (CIC), sendo a distância máxima entre o bordo interior da sínfise ísquio-pubiana e o bordo interior da primeira costela em seu ponto médio; a largura da garupa (LG), medida máxima entre os trocânteres de ambos os fêmures, tomada com o compasso; e o comprimento da perna (CP) pela distância entre o períneo e o bordo anterior da superfície articular tarso metatarsiano.

As medidas citadas anteriormente foram utilizadas para calcular o índice de compacidade da carcaça (ICC), ICC=PCF/CIC; e o índice de compacidade da perna (ICP), ICP=LG/CP, pois esses índices permitem que seja feita uma melhor avaliação da composição muscular da carcaça, quando comparadas com as avaliações que são realizadas apenas nas medidas tomadas isoladamente (OSÓRIO & OSÓRIO, 2005OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Produção de carne ovina: Técnicas de avaliação “in vivo” e na carcaça. 2.ed. Pelotas, p.82, 2005.).

As carcaças foram seccionadas na longitudinal em duas partes, meias carcaças direita e a meias carcaças esquerda. Na meia carcaça direita no Longissimus lumborum (entre a penúltima e a última vértebra torácica), no corte denominado lombo, marcou-se a área transversal em transparência e, posteriormente, determinou-se a área de olho de lombo, através do programa computacional AUTOCAD®. Ainda no Longissimus lumborum, com auxílio de um paquímetro foi medido entre a 12ª e 13ª costelas a espessura de gordura subcutânea.

As meias carcaças esquerdas foram seccionadas em cinco cortes (pescoço, paleta, costilhar, lombo e perna), segundo adaptações da metodologia de Colomer-Rocher et al. (1987)COLOMER-ROCHER, F.C.; MORAND-FEHR, P.; KIRTON, A.H.; Standard methods and procedures for goat carcass evaluation, jointing and tissue separation. Livestock Production Science, v.17, p.149-159, 1987.. Os lombos foram acondicionados em embalagens de polietileno e armazenadosem freezer a – 180C, para posteriormente serem dissecados para determinação da composição tecidual.

Para dissecação, os lombos foram retirados do freezer 24 horas antes, colocados em geladeira doméstica para descongelar. Na dissecação foram separados os seguintes grupos de tecidos: gordura subcutânea, localizada embaixo da pele; gordura intermuscular, abaixo da fáscia profunda, entre os músculos; músculos; ossos e resíduos (tendões; nervos e vasos sanguíneos).

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos e oito repetições por tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância com utilização do teste Tukey a 5% de significância. Para as análises estatísticas utilizou-se o software SAEG - Sistema de Analises Estatísticas e Genéticas (UFV, 1997UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. Sistema para analises estatísticas e genéticas –SAEG. Versão 7.1. Viçosa, MG, 1997. 150p.) desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.

O modelo estatístico utilizado foi Yij = µ + Ti + eij

em que: Yij = valor observado da variável estudada no indivíduo j, recebendo o tratamento i; µ = constante geral; Ti = efeito do tratamento i; eij = erro aleatório associado a cada observação Yij.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os rendimentos do sangue, pele, aparelho reprodutor + bexiga, rins e gordura perirrenal, o trato gastrintestinal vazio, o conteúdo gastrintestinal, o aparelho respiratório e coração não foram influenciados (p>0,05) pelas espessuras de gordura subcutânea, os mesmos desenvolvem-se com a mesma velocidade do corpo, a medida que o peso corporal aumenta, os pesos dos componentes também aumentam, por tanto o rendimento não é influenciado (Tabela 2).

Tabela 2
Médias e desvios-padrão para os rendimentos dos componentes do peso corporal ao abate (PCA) de cordeiros Santa Inês, abatidos com diferentes espessuras de gordura subcutânea

Não houve efeito (p>0,05) da EGS sobre o conteúdo gastrintestinal, obtendo-se média de 8,27. O conteúdo gastrintestinal varia de acordo com a natureza do alimento ingerido, com a duração do jejum e com o desenvolvimento do trato digestório, que depende da idade do animal. Como os animais receberam a mesma dieta, passaram pelo mesmo tempo de jejum pré-abate e tinham idades próximas, esse comportamento pode ser considerado biologicamente normal.

O fígado e o baço foram influenciados significativamente (p<0,05) pela EGS, isso ocorreu por causa da diferença entre o período de confinamento dos animais. O fígado e o baço são órgãos que participam do metabolismo dos nutrientes ingeridos pelos animais sendo o tamanho e crescimento dos mesmos relacionados com o maior consumo de nutrientes pelo animal, como os animais abatidos com 4,0 mm de EGS ingeriram ração por mais tempo (alta densidade energética) para que conseguissem atingir a EGS de 4,0 mm que foi alcançada mais tardiamente que as demais EGS, pois a gordura é o tecido de deposição tardia, isto acarretou em um aumento dos órgãos citados inicialmente (CAMILO et al., 2012CAMILO, D.A.; PEREIRA, E.S.; PIMENTEL, P.G.; COSTA, M.R.G.F.; MIZUBUTI, I.Y.; RIBEIRO, E.L.A.; CAMPOS, A.C.N.; PINTO, A.P.; MORENO, G.M.B. Peso e rendimento dos componentes não-carcaça de ovinos Morada Nova alimentados com diferentes níveis de energia metabolizável. Semina: Ciências Agrárias, v.33, n.6, p.2429-2440, 2012.).

Os rendimentos da cabeça e das patas sofreram influência (p>0,05) da EGS, observando um efeito linear descrente, sendo maiores nos animais abatidos com 2,00mm de EGS. Esse comportamento ocorreu, pois a cabeça e as patas são considerados de crescimento precoce, diminuindo a velocidade de crescimento com o avançar da idade dos animais, porém a gordura é de crescimento tardio, continuando o seu depósito com o aumento da idade e peso dos animais (ROSA et al., 2002ROSA, G.T.; PIRES, C.C.; SILVA, J.H.S.; MOTTA, O.S. Proporções e coeficientes de crescimento dos não-componentes da carcaça de cordeiros e cordeiras em diferentes métodos de alimentação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.6, p.2290-2298, 2002.).

Silva Sobrinho et al. (2008)SILVA SOBRINHO, A.G. da; SAÑUDO, C.; OSÓRIO, J.C. da S.Produção de carne ovina. Jaboticabal, SP: FUNEP, 2008. 228p. afirmam que com o aumento da gordura corporal dos animais, haverá um aumento simultâneo do peso corporal. Podendo confirmar isto com este trabalho, pois o PVA diferiu significativamente, sendo maior nos animais abatidos com espessura de gordura subcutânea (EGS) de 4,0mm (Tabela 3).

Tabela3
Médias e desvios-padrão para características quantitativas dascarcaças de cordeiros Santa Inês, abatidos com diferentes espessuras de gordura subcutânea

O peso do corpo vazio (PCV) foi maior nos animais com 4,0mm de EGS, o qual depende do conteúdo do trato gastrintestinal, que varia de acordo com a alimentação do animal previamente antes do abate. Este resultado mostra que os cordeiros apresentaram diferentes quantidades de retenção de conteúdo gastrintestinal, o que influencia no rendimento verdadeiro da carcaça (RVC).

Os pesos de carcaça quente e fria também diferiam entre os tratamentos, apresentando um acréscimo do tratamento 2,00mm para o de 4,00mm de espessura de gordura. Isso mostra que o PVA é um bom indicador do peso da carcaça. Lawrence & Fowler (2002)LAWRENCE, T.L.J.; FOWLER, V.R.. Growth in farm animals. 2.ed. Wallingford: CAB International, 2002. 346p., afirmaram que cada componente corporal tem a sua própria curva de crescimento e a mudança de peso é o resultado do processo de desenvolvimento. Onde o aumento de peso de carcaça, devido aos animais serem abatidos mais tardiamente, favorece a maior quantidade de carnosidade, isso ocorre, pois o crescimento ósseo já está cessado, o muscular está estabilizado, enquanto o adiposo continua em aumentando (CEZAR & SOUZA, 2010CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Proposta de avaliação e classificação de carcaças de ovinos deslanados e caprinos. Revista Tecnologia & Ciência Agropecuária, v.4, n.4, p.41-51, 2010.).

As perdas de pesos por resfriamento foram influências pela EGS, sendo as carcaças dos cordeiros abatidos com 2,0mm de espessura de gordura que apresentaram as maiores perdas, ficando as carcaças de 3,0mm em segundo lugar e com menores perdas as carcaças com 4,0 mm, devido a proteção que a gordura subcutânea exerce sobre a perda de peso no resfriamento das carcaças, corroborando Amaral et al. (2011)AMARAL, R.M.; MACEDO, F.A.F.; ALCALDE, C.R.; LINO, D.N.; BANKUTI, F.I.; MACEDO, F.G.; DIAS, F.B.; GUALDA, T.P. Desempenho produtivo e econômico de cordeiros confinados abatidos com três espessuras de gordura. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal [online], v.12, n.1, p.155-165, 2011. e Macedo et al.(2014)MACEDO, F.A.F.; GUALDA, T.; MEXIA, A.A.; MACEDO, F.; MORA, N.H.A.P.; DIAS, F.B. Performance and carcass characteristics of lambs with three subcutaneous fat thichness in the loin. Archives of Veterinary Science, v.19, n.2, p.52-59, 2014.. Essa medida é importante, segundo Carvalho et al. (2012)CARVALHO, S.; PIRES, C.C.; WOMMER, T.P.; PELEGRIN, A.C.R.S.; MORO, A.B.; VENTURINI, R.S.; BRUTTI, D.D. Características da carcaça de cordeiros alimentados com dietas contendo diferentes resíduos agroindustriais.Revista Agrarian, v.5, n.18, p.409-416, 2012., pois avalia se as carcaças foram refrigeradas de forma adequada, quanto menor forem os valores quer dizer que as carcaças foram melhores manejadas para o resfriamento, e quanto menor as perdas, melhor o grau de acabamento dos animais, levando a uma adequada cobertura e distribuição de gordura nas carcaças, tornando maior a proteção das carcaças no momento do resfriamento.

Os rendimentos de carcaça podem ser apresentados de diferentes maneiras (na origem = RCO, no frigorífico = RCF, comercial = RCC, verdadeiro = RVC), expressando sempre a relação percentual entre o peso da carcaça (quente ou fria) e o peso corporal (na origem, após jejum, do corpo vazio), sendo um dos principais índices usados na comercialização dos cordeiros. Todos os rendimentos avaliados neste trabalho (RCO, RCF, RCC e RVC) sofreram interferência das espessuras de gordura subcutânea de abate dos cordeiros (p< 0,05), seguindo o mesmo comportamento dos pesos corporais e pesos das carcaças, em que os cordeiros abatidos com 4,00mm de EGS apresentaram todos os rendimentos de carcaçasempre superiores aos abatidos com 2,00mm.

O rendimento da carcaça na origem ou na fazenda (RCO) utiliza o peso da carcaça fria dividido pelo peso vivo do animal realizado na propriedade x 100, desconsiderando o sistema de terminação ou a relação volumoso:concentrado, a distância da propriedade até o abatedouro e o tempo do jejum. Esses parâmetros que interferem no RCO são responsáveis pela grande variação dos resultados encontrados na literatura, Silva Sobrinho et al. (2008)SILVA SOBRINHO, A.G. da; SAÑUDO, C.; OSÓRIO, J.C. da S.Produção de carne ovina. Jaboticabal, SP: FUNEP, 2008. 228p. encontraram de 44 a 47,2%.

O rendimento de carcaça no frigorífico (RCF) utiliza o peso da carcaça quente dividido pelo peso do animal no momento do abate (PVA) x 100, onde não se sabe a perda de peso ocasionado pelo transporte e jejum. Frigoríficos que compram ovinos para abate e comercialização utilizam o RCF como parâmetro de pagamento das carcaças.

O rendimento comercial da carcaça (RCC) utiliza o peso da carcaça fria (PCF), onde a perda de peso no resfriamento já foi descontada, dividindo-se (PCF/PVA)*100. A maioria dos sistemas de produção de carne ovina utiliza o rendimento comercial da carcaça como unidade de comercialização. Os valores constatados para rendimento comercial das carcaças dos cordeiros Santa Inês deste experimento variaram de 47,42% a 50,64%, podendo ser considerados como ótimos rendimentos.

O rendimento verdadeiro de carcaça (RVC) é o de maior acurácia para fins de publicações científicas, uma vez que é subtraído o conteúdo gastrintestinal do peso vivo ao abate, sendo nominado de peso do corpo vazio (PCV), sendo utilizado a fórmula (PCQ/PCV)*100. Neste estudo o RVC dos cordeiros abatidos com 4,00mm foi superior (p<0.05) ao dos abatidos com 2,00 mm e os valores variaram de 53,22 a 56,41%, corroborando relatos de Zundt et al. (2006)ZUNDT, M.; MACEDO, F.A.F.; ASTOLPHI, J.L.L.; MEXIA, A.A.; SAKAGUTI, E.S. Desempenho e características de carcaça de cordeiros Santa Inês confinados, filhos de ovelhas submetidas à suplementação alimentar durante a gestação.Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.928-935, 2006. e Macedo et al. (2014)MACEDO, F.A.F.; GUALDA, T.; MEXIA, A.A.; MACEDO, F.; MORA, N.H.A.P.; DIAS, F.B. Performance and carcass characteristics of lambs with three subcutaneous fat thichness in the loin. Archives of Veterinary Science, v.19, n.2, p.52-59, 2014.pesquisando cordeiros Santa Inês.

O índice de compacidade da carcaça diferiu (p<0,05) entre os tratamentos, tendo um crescimento conforme aumentou a espessura de gordura. Esse índice é um indicativo da conformação da carcaça já que avalia a quantidade de tecido muscular depositado por unidade de comprimento, isso mostra que os animais abatidos com maior EGS tem maior quantidade de tecido muscular depositado. O mercado prefere carcaças compactas, que secaracterizam como peso constante e menor comprimento interno, proporcionando assim maior compacidade.

Índices de compacidade da perna indica a quantidade e/ou capacidade de armazenamento de carne na perna, o qual não foi influenciado (p>0,05) pelas diferentes espessuras de gorduras subcutânea, obtendo-se média de 0,59, o que indica que todas as pernas apresentaram a mesma capacidade de armazenamento de tecidos. O ideal é que as pernas, a um mesmo peso, sejam mais curtas, para proporcionar uma maior compacidade (Tabela 4).

Tabela 4
Médias e desvios-padrão para características avaliadas no músculo Longissimusdorside cordeiros Santa Inês abatidos com diferentes espessuras de gorduras de subcutânea

A medida C, que corresponde a estimativa da espessura de gordura subcutânea, diferiu significativamente (p<0.05), para a medida no animal in vivoutilizando-se o ultrassom (medida C (US)) e também medida na carcaça com o paquímetro (medida C (P)). Este resultado mostra que o presente trabalho atendeu com eficiência sua proposta que era abater animais com diferentes espessuras de gordura subcutânea, avaliadas por ultrassonografia.

A área de olho de lombo (AOL) prediz a quantidade de músculo da carcaça, não sendo influenciada pelas diferentes espessuras de gordura. Mostrando que os animais estão a um nível de maturidade que já cessou o aumento da quantidade de músculo, havendo apenas o aumento da gordura corporal dos cordeiros.

Como já foi mostrado com o resultado da AOL, não houve diferença na proporção de músculo (%) no corte do lombo, porém as proporções de osso (%) e gordura (%) diferiram significativamente (p<0.05). Pode-se observar que à medida que aumenta a proporção de gordura, a proporção de osso diminui. Estes resultados corroboramStrydom et al. (2009)STRYDOM, P.E.; VAN HEERDEN, S.M.; SCHONDELT, H.C. KRUGER, R.; SMITH, M.F. The influence of fat score and fat trimming on primal cut composition of South African Lamb. South African Journal of Animal Science, v.3, n.39, p.233-242, 2009., que ao analisarem a composição dos principais cortes de carcaças de cordeiros, com cinco diferentes escores de gordura, observaram que aproporção de osso diminuiu significativamente com o aumento da gordura. Complementando essa afirmação, Cezar & Souza (2010)CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Proposta de avaliação e classificação de carcaças de ovinos deslanados e caprinos. Revista Tecnologia & Ciência Agropecuária, v.4, n.4, p.41-51, 2010. relatam que o crescimento do osso é o mais precoce, do músculo é intermediário e da gordura o mais tardio, de acordo com a maturidade fisiológica. Isso demonstra que o desenvolvimento dos tecidos não ocorre de forma isométrica, ou seja, cada um tem um impulso de crescimento em uma fase diferente de vida do animal.

Considerando-se os resultados obtidos no presente trabalho, recomenda-se o abate de cordeiros Santa Inês com 3,0 mm de espessura de gordura subcutânea, pois foram os que proporcionaram melhores resultados para as características quantitativas da carcaça.

REFERÊNCIAS

  • AMARAL, R.M.; MACEDO, F.A.F.; ALCALDE, C.R.; LINO, D.N.; BANKUTI, F.I.; MACEDO, F.G.; DIAS, F.B.; GUALDA, T.P. Desempenho produtivo e econômico de cordeiros confinados abatidos com três espessuras de gordura. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal [online], v.12, n.1, p.155-165, 2011.
  • CAMILO, D.A.; PEREIRA, E.S.; PIMENTEL, P.G.; COSTA, M.R.G.F.; MIZUBUTI, I.Y.; RIBEIRO, E.L.A.; CAMPOS, A.C.N.; PINTO, A.P.; MORENO, G.M.B. Peso e rendimento dos componentes não-carcaça de ovinos Morada Nova alimentados com diferentes níveis de energia metabolizável. Semina: Ciências Agrárias, v.33, n.6, p.2429-2440, 2012.
  • CARVALHO, S.; PIRES, C.C.; WOMMER, T.P.; PELEGRIN, A.C.R.S.; MORO, A.B.; VENTURINI, R.S.; BRUTTI, D.D. Características da carcaça de cordeiros alimentados com dietas contendo diferentes resíduos agroindustriais.Revista Agrarian, v.5, n.18, p.409-416, 2012.
  • CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Proposta de avaliação e classificação de carcaças de ovinos deslanados e caprinos. Revista Tecnologia & Ciência Agropecuária, v.4, n.4, p.41-51, 2010.
  • COLOMER-ROCHER, F.C.; MORAND-FEHR, P.; KIRTON, A.H.; Standard methods and procedures for goat carcass evaluation, jointing and tissue separation. Livestock Production Science, v.17, p.149-159, 1987.
  • GARMAN, C.L.; HOLDEN, L.A.; KANE, H.A. Comparison of in vitro dry matter digestibility of nine feedstuffs using three methods of analysis. Journal Dairy Science, v.80, S1, p.260, 1997.
  • GERON, L.J.V.; MEXIA, A.A.; GARCIA, J.; ZOULA, L. M.; GARCIA, R.R.F.; MOURA, D.C. Desempenho de cordeiros em terminação suplementados com caroço de algodão (Gossypium hirsutumL.) e grão de milho moído (Zea mays L.). Archives of Veterinary Science, v.17, n.4, p.34-42, 2012.
  • LAWRENCE, T.L.J.; FOWLER, V.R.. Growth in farm animals 2.ed. Wallingford: CAB International, 2002. 346p.
  • MACEDO, F.A.F.; GUALDA, T.; MEXIA, A.A.; MACEDO, F.; MORA, N.H.A.P.; DIAS, F.B. Performance and carcass characteristics of lambs with three subcutaneous fat thichness in the loin. Archives of Veterinary Science, v.19, n.2, p.52-59, 2014.
  • MADRUGA, M.S. Fatores que afetam a qualidade da carne caprina e ovina. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 2., 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2003. p.417-432
  • McMANUS, C.; PAIM, T. do P.; LOUVANDINI, H.; DALLAGO, B.S.L.; DIAS, L.T.; TEIXEIRAS, R.A. Avaliação ultrassonográfica da qualidade de carcaça de ovinos Santa Inês. Ciência Animal Brasileira, v.14, n.1, p.8-16, 2013.
  • MEDEIROS, G.R.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A.; ALVES, K.S.; MATTOS, C.W.; SARAIVA, T.A.; NASCIMENTO, J.F. Efeito dos níveis de concentrado sobre os componentes não-carcaça de ovinos Morada Nova em confinamento.Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.1036-1071, 2008.
  • NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient Requirements of Small Ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids. Washington, DC.: National Academy Press, 2007.
  • OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Produção de carne ovina: Técnicas de avaliação “in vivo” e na carcaça 2.ed. Pelotas, p.82, 2005.
  • OSÓRIO J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; VARGAS JUNIOR, F.M.; FERNANDES, A.R.M.; SENO, L.O.; RICARDO, H.A.; ROSSINI, F.C.; ORRICO JUNIOR, M.A.P. Critérios para abate do animal e a qualidade da carne. Revista Agrarian, v.5, n.18, p.433-443, 2012.
  • ROSA, G.T.; PIRES, C.C.; SILVA, J.H.S.; MOTTA, O.S. Proporções e coeficientes de crescimento dos não-componentes da carcaça de cordeiros e cordeiras em diferentes métodos de alimentação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.6, p.2290-2298, 2002.
  • SILVA SOBRINHO, A.G.; GASTALDI, K.A.; GARCIA, C.A; MACHADO, M.R.F. Diferentes dietas e pesos ao abate na produção de órgãos de cordeiros.Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1792-1799, 2003. Supl. 1.
  • SILVA SOBRINHO, A.G. da; SAÑUDO, C.; OSÓRIO, J.C. da S.Produção de carne ovina Jaboticabal, SP: FUNEP, 2008. 228p.
  • STRYDOM, P.E.; VAN HEERDEN, S.M.; SCHONDELT, H.C. KRUGER, R.; SMITH, M.F. The influence of fat score and fat trimming on primal cut composition of South African Lamb. South African Journal of Animal Science, v.3, n.39, p.233-242, 2009.
  • TILLEY, M.A.; TERRY, R.A. A two-stage technique for the in vitro digeston of forage, crops. Journal of the British Grassland Society, v.18, p.104-111, 1963.
  • UNDERSANDER, D.; MERTENS, D.R.; THIEX, N. Forage Analysis Procedures Omaha, NE: National Forage Testing Association. 1993. 154p.
  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. Sistema para analises estatísticas e genéticas –SAEG Versão 7.1. Viçosa, MG, 1997. 150p.
  • ZUNDT, M.; MACEDO, F.A.F.; ASTOLPHI, J.L.L.; MEXIA, A.A.; SAKAGUTI, E.S. Desempenho e características de carcaça de cordeiros Santa Inês confinados, filhos de ovelhas submetidas à suplementação alimentar durante a gestação.Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.928-935, 2006.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Set 2015

Histórico

  • Recebido
    17 Dez 2014
  • Aceito
    10 Set 2015
UFBA - Universidade Federal da Bahia Avenida Adhemar de Barros nº 500 - Ondina , CEP 41170-110 Salvador-BA Brasil, Tel. 55 71 32836725, Fax. 55 71 32836718 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: rbspa@ufba.br